Fanfic: TROCA DESLEAL
PRÓLOGO
Ílios Manos observava a terra adiante, que pertencia a sua família havia quase cinco séculos. Ali, naquele promontório rochoso, que se alongava pelo Mar Egeu, no nordeste da Grécia, Alexandros Manos construíra uma cópia de uma das mais famosas criações de Palladio, o grande arquiteto italiano. A Villa Emo.
A história da família Manos contava que Alexandros, um próspero comerciante grego, dono de sua própria frota mercante entre Constantinopla e Veneza, fizera negócios com a família Emo e sentira inveja da nova mansão da família. Ele copiara secretamente as plantas da Villa, as levara com ele para a Grécia, onde construiu a sua própria, e a batizou de Villa Manos. Declarou que tanto a casa quanto a terra na qual fora erguida eram um "dever sagrado", que seria passado de geração em geração, e jamais deveria cair nas mãos de um homem que não tivesse o sangue da família correndo nas veias. Ali Alexandre Manos criara o que era, na verdade, um feudo pessoal, um pequeno reino do qual ele era o ditador.
Ílios sabia que aquele lugar significara tudo para seu avô, e o próprio pai de Ílios dera vida para protegê-la. Para proteger a terra. Mas o avô não se preocupara em proteger os próprios filhos, sacrificando-os para manter seu dever de honra, tanto com o passado quanto com o futuro.
Ílios aprendera muito com o avô. Aprendera que quando alguém carrega a responsabilidade de ser descendente de Alexandros Manos, deve olhar além de suas próprias emoções — até mesmo negá-las se for preciso, a fim de se assegurar de que a tocha sagrada, seu dever para com a Villa, fosse passada adiante. A mão que carregava a tocha podia ser mortal, mas a tocha era eterna. Ílios crescera ouvindo o avô repetir o que significava ter o sangue de Alexandros Manos correndo nas veias, e que isso exigia que ele estivesse preparado para sacrificar qualquer coisa e qualquer pessoa para se assegurar de que a tocha fosse passada em segurança. Agora era dever de Ílios carregá-la. Assim como também era dele o dever de fazer o que o avô não fora capaz de fazer... Recuperar a fortuna da família e sua grandeza.
Quando ainda era menino, Ílios prometera ao avô que encontraria um modo de recuperar toda aquela grandeza e seu primo Tino rira dele. Tino rira novamente quando Ílios lhe dissera que só pagaria as dívidas de jogo do primo se ele lhe vendesse a metade da propriedade que o avô lhe deixara de herança.
Ílios olhou para a construção diante dele, a bela fachada marcada pela história de tantas gerações de homens poderosos e obstinados. Tino já não ria mais dele. Mas deveria estar planejando a vingança, como sempre fizera desde que ambos eram ainda crianças.
Ílios conhecia sua própria reputação de ser rígido nos negócios e de exigir o impossível dos que trabalhavam para ele a fim de criar o impossível para aqueles que o pagavam para isso. Não havia magia, nem artes das trevas, como alguns pareciam supor para justificar o modo como Ílios fizera fortuna no negócio da construção civil. O segredo era apenas determinação e trabalho duro, paciência e obsessão em ser bem-sucedido. Ílios sabia que a jornada que fizera da pobreza da infância para a fortuna que tinha agora enchia outros homens de inveja. Diziam que nenhum homem ia da penúria à riqueza que Ílios possuía — contada em bilhões, não em milhões — apenas por caminhos honestos. E ele sabia também que poucos homens o invejavam mais, ou teriam mais prazer com sua queda, do que seu próprio primo.
O sol nascente se refletia no perfil de Ílios, que por alguns instantes, banhado pela luz dourada, fez lembrar a máscara do mais famoso de todos os macedônios, Alexandre, o Grande. Ele nascera naquela parte da Grécia, e de acordo com as lendas contadas na família, caminhara por aquela península com os ancestrais de Ílios.
A alguns metros distante, um dos seus contramestres o esperava, assim como os condutores dos equipamentos de construção pesados que estavam atrás de Ílios.
— O que quer que eu faça? — perguntou o contramestre.
Ílios olhou de cara fechada para o prédio diante dele.
— Destrua-o. Coloque-o abaixo e nivele o terreno.
O contramestre pareceu chocado.
— Mas seu primo...?
— Meu primo não pode opinar sobre o que acontece aqui. Derrube tudo.
O contramestre fez sinal para os condutores, e as mandíbulas da maquinaria pesada começaram a devorar o prédio. Ílios virou-se e partiu.
Autor(a): Duda
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OIIIIIIIIIIIII bom estou aqui so para esclarece que essa web nao e minha na verdade ela e um livro . Eu o li e amei, então resolvi postar ele aqui espero que gostem. Não posso postar todos os dias. Não gosto ou melhor tenho medo de leitores fantasmas, então se comuniquem... Mesmo sendo um livro aceito a opinião de vocês assim poden ...
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