Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

Capítulo Quatro

DUL PAROU NO centro do palco e ergueu as mãos. Ela esperou até ter certeza de que os olhos de todos os estudantes estivessem concentrados nela e movimentou os braços para que a magia acontecesse. Havia poucas coisas que lhe davam mais prazer do que o som de vozes jovens se elevando numa canção. Ela deixou que o som a invadisse, mantendo os olhos e ouvidos atentos enquanto se movia em torno do palco, regendo. E não pôde evitar um sorriso. Os garotos estavam se empenhando. A versão de Bruce Springsteen e da E Street Band para a música "Santa Claus Is Corning to Town", que ensaiavam naquele momento, era uma mudança e tanto em relação aos clássicos cantos de Natal e hinos que o antigo regente do coral repetia ano após ano. Dul podia ver os olhos dos alunos brilhando quando eles entravam no ritmo. Agora com vigor, ela pensou, exigindo mais dos baixos quando eles se juntaram ao coro. Divirtam-se. Agora os sopranos, alto e claro... E os altos... Tenores... Baixos... Ela abriu um sorriso largo para sinalizar sua aprovação quando o coro floresceu novamente.

—Bom trabalho — declarou ela. — Tenores, caprichem um pouco mais da próxima vez. Não deixem que os baixos abafem vocês. Holly, você está deixando seu queixo cair novamente. Agora temos tempo para fazer mais uma passagem rápida de "I`ll Be Home for Christmas". Kim?

Kim tentou ignorar a leve palpitação e a cotovelada de Holly. Ela desceu de sua posição na segunda fila e ficou de pé em frente ao microfone de solo como se estivesse diante de um pelotão de fuzilamento.

— Fica melhor se você sorrir, você sabe — disse-lhe Dul gentilmente. — E lembre-se da respiração. Cante para a última fila da plateia e não se esqueça de sentir as palavras. Tracy. — Ela ergueu o dedo na direção da pianista, uma aluna de sua turma de música do segundo período que convencera a tocar na apresentação. A introdução começou lentamente. Dul usou as mãos, o rosto e os olhos para assinalar o começo do murmúrio harmonioso e suave das vozes em segundo plano. E Kim começou a cantar. No princípio, muito hesitante. Dul sabia que elas teriam que trabalhar para superar esse nervosismo inicial. Mas a menina tinha talento, e sentimento. Três compassos depois, Kim já estava tão imersa na música que se esquecera de ficar nervosa. Ela estava indo muito bem, pensou Dul satisfeita. Kim aprendera algumas coisas sobre estilo nas últimas semanas. A música sentimental combinava com ela, com a extensão da sua voz, com sua aparência. Dul sinalizou a entrada do coro, mas o manteve sob controle. Eles agora eram apenas o fundo para a voz forte e romântica de Kim. Quando sentiu os olhos marejados, Dul pensou que se na noite do concerto eles se apresentassem tão bem quanto estavam fazendo naquele instante não haveria nenhum olho seco no teatro. — Adorável — disse ela, quando as últimas notas morreram. — Realmente adorável. Pessoal, vocês percorreram um longo caminho em muito pouco tempo. Estou muito orgulhosa de vocês. Agora podem ir para casa, e tenham um ótimo final de semana! Dul foi até o piano para recolher as pautas, enquanto ouvia a conversa atrás de si.

— Você cantou bem de verdade — disse Holly a Kim.

— Mesmo?

— Mesmo. Brad também achou. — Holly ergueu os olhos cautelosamente na direção do garoto mais cobiçado do colégio, que estava vestindo a jaqueta.

— Ele nem sabe que eu existo.

— Agora sabe, sim. Ele estava olhando para você o tempo todo. E sei disso porque eu estava olhando para ele o tempo todo. — Holly suspirou. — Se eu fosse parecida com a Srta. Saviñón, ele estaria olhando para mim.

Kim riu, mas deu uma rápida olhada na direção de Brad.

— Ela é mesmo o máximo. Só o jeito como fala conosco e nos orienta... O sr. Striker sempre resmungava.

— O sr. Striker era um resmungão. Vejo você mais tarde, certo?

— Certo. — Isso foi tudo o que Kim conseguiu dizer, porque parecia — parecia mesmo! — que Brad estava vindo em sua direção. Ele estava olhando para ela.

— Oi. — Ele sorriu mostrando os dentes muito brancos, um deles um pouco torto, e Kim sentiu o coração afundar no peito. — Você esteve mesmo muito bem.

— Obrigada. — Ela sentia como se alguém tivesse dado um nó em sua língua. Um veterano. Capitão do time de futebol. Presidente do grêmio dos estudantes. Muito louro e de olhos verdes.

— A srta. Saviñón é muito legal, não é?

— Sim. — Diga alguma coisa, ela ordenou a si mesma. — Ela vai a uma festa em minha casa hoje. Minha mãe está reunindo algumas pessoas.

— Só adultos, é?

— Não. Holly vai estar lá, com mais alguns amigos meus. — Kim sentia o coração trovejar nos ouvidos, enquanto tentava reunir coragem. — Você pode aparecer, se quiser.

— Seria legal. A que horas?

Ela teve dificuldades para fechar a boca e engoliu em seco.

— Oh, por volta das 20h — disse, esforçando-se para imprimir um tom casual à voz. — Eu moro na...

— Sei onde você mora. — Ele voltou a sorrir para ela e o coração já acelerado de Kim quase parou. — Ei, você não está mais saindo com Chuck, está?

— Chuck? — Quem era Chuck? — Oh, não. Nós ficamos juntos por um tempo, mas terminamos depois do verão.

— Ótimo. Vejo você mais tarde.

Brad deixou-a e se juntou a um grupo de rapazes que saía na direção dos bastidores.

— É um belo rapaz — comentou Dul atrás de Kim.

— Sim. — A palavra saiu como um suspiro. Os olhos da moça brilhavam como estrelas.

— Kimmy tem um namorado — entoou Zeke, no tom de voz agudo e irritante que reservava para irmãos pequenos... ou para primas.

— Quieto, pirralho!

O menino riu e começou a dançar ao redor do palco, repetindo a musiquinha que inventara. Dul viu o brilho assassino nos olhos de Kim e logo inventou alguma coisa para distraí-lo.

— Bem, acho que vocês, meninos, não querem praticar "Jingle Bells" hoje, não é?