Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

Queremos sim! — Zack parou de dar voltas no palco com o irmão e correu na direção do piano. — Eu sei qual dessas é — disse ele, atacando a pilha bem organizada de pautas musicais de Dul. — Posso achar.

— Eu é que vou encontrar — disse Zeke, mas seu irmão já segurava a folha triunfalmente.

— Bom trabalho! — Dul se acomodou no banco, com um garoto de cada lado. Ela tocou um acorde de introdução dramático, o que fez com que os dois caissem na gargalhada. — Por favor, música é um assunto sério. E um, e dois, e...

Os dois realmente cantaram, então, em vez de apenas gritar, como haviam feito na primeira vez em que ela os convidara a tentar. O que lhes faltava em estilo, lhes sobrava em entusiasmo. E como! Até Kim estava rindo quando eles terminaram.

— Agora a senhora canta uma, srta. Saviñón — Zack lhe deu um dos seus olhares irresistíveis. — Por favor.

— O pai de vocês provavelmente está esperando.

— Só uma.

— E, só uma — ecoou Zeke.

Em apenas poucas semanas já se tornara impossível para Dul resistir aos gêmeos.

— Só uma, então — concordou, e procurou na agora bagunçada pilha de partituras. — Peguei uma que acho que vocês já devem ter ouvido no cinema do shopping. Aposto que já viram A Pequena Sereia.

— Um monte de vezes — gabou-se Zeke. — Temos o DVD e tudo mais.

— Então vão reconhecer isso. — Ela tocou a abertura de "Part of Your World".

Chris curvou os ombros para se proteger do vento, enquanto ia para a escola. Já estava cansado de esperar no estacionamento. Vira os outros alunos saindo há mais de dez minutos. Ele tinha coisas para fazer, droga. Ainda mais naquele dia, em que não tivera como se desvencilhar da festa na casa de Mira. Odiava festas. Ele entrou pisando forte no corredor. E a ouviu. Não as palavras. Não conseguia distinguir as palavras, porque estavam abafadas pelas portas do auditório. Mas ouviu o som da voz dela, profunda e poderosa. Uma voz de "uísque com soda", ele já pensara mais de uma vez. Sensual, sedutora. Sexy. Abriu a porta. Precisava fazer isso. E sentiu o desejo invadir todo o seu corpo. Uma música para crianças. Ele a reconheceu agora, do filme da sereia pelo qual os meninos eram loucos. Chris disse a si mesmo que nenhum homem em sã consciência sentiria o corpo ferver ao ouvir uma mulher cantar uma música de crianças. Mas ele não estava se sentindo muito são. E já não vinha se sentindo desde que cometera o enorme erro de beijá-la. E Chris sabia que se Dul não estivesse sozinha ele teria caminhado até o piano e a teria beijado novamente. Mas ela não estava só. Kim estava parada atrás dela e seus filhos, um de cada lado do banco onde Dul se sentava. De vez em quando, ela relanceava o olhar para eles enquanto cantava, e sorria. Zack estava encostado nela, sua cabeça inclinada do mesmo jeito que o menino fazia pouco antes de subir no colo do pai. Alguma coisa aconteceu dentro dele quando viu a cena. Foi doloroso e assustador. E muito, muito doce. Abalado, Chris enfiou as mãos fechadas nos bolsos. Aquilo precisava parar. O que quer que estivesse acontecendo com ele, precisava parar. Respirou fundo quando a música terminou. E pensou — tolamente, ele sabia — que havia um sussurro mágico no instante de silêncio que se seguiu.

— Nós estamos com pressa — ele avisou, determinado a quebrar o encanto. Quatro cabeças se viraram em sua direção. Os gêmeos começaram a pular no banco.

— Papai! Ei, papai! Nós conseguimos cantar "Jingle Bells" bem de verdade. Quer ouvir?

— Não posso. — Quando viu Zack fazendo bico, ele tentou sorrir para atenuar o golpe. — Eu realmente estou com pressa, meninos.

— Desculpe, tio Chris. — Kim vestiu o casaco. — Nós acabamos perdendo a hora.

Enquanto Chris se mexia, desconfortável, Dul inclinou-se e murmurou alguma coisa para os filhos dele. Alguma coisa, percebeu, que colocou um sorriso no rosto de Chris e acabou com o olhar rebelde de Zeke. Então, os dois meninos jogaram os braços ao redor do pescoço de Dul e a beijaram, antes de correrem para os bastidores para pegar os casacos.

— Tchau, Srta. Saviñón! Tchau!

— Obrigada, Srta. Saviñón — completou Kim. — Vejo a senhorita mais tarde. Dul soltou um murmúrio como resposta e levantou-se para arrumar suas pautas musicais. Chris sentiu o impacto da frieza dela enquanto se virava para sair do auditório.

— Ah, obrigada por entretê-los — ele voltou-se para dizer em voz alta. Dul levantou a cabeça. Chris podia vê-la claramente sob as luzes do palco. Tão claramente que conseguiu distinguir o erguer de sobrancelhas e a frieza dos lábios que não sorriam, antes que ela voltasse a baixar a cabeça.

Está certo, ele disse a si mesmo, enquanto pegava os meninos que chegavam correndo. Não queria mesmo conversar com ela.