Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

Capítulo Cinco

ELA NÃO PRECISAVA ignorá-lo tão completamente. Chris deu um gole na sidra que o cunhado havia empurrado em suas mãos e ficou olhando, ressentido, para as costas de Dul. Ela permanecia de costas para ele há uma hora. E que bela visão, por sinal, ele pensou, mal escutando o prefeito que tagarelava em seu ouvido. As costas de Dul tinham linhas suaves, encimadas pela curva delicada dos ombros, e sua postura era reta. Ela estava muito atraente na jaqueta grossa cor de ameixa, que usava sobre um vestido curto combi-nando. A mulher tinha pernas incríveis. Com certeza, não as vira antes, porque se lembraria delas. Podia afirmar que em todas as outras vezes em que haviam se encontrado, aquelas pernas estavam cobertas. E naquela noite em especial ela, provavelmente, usara um vestido apenas para atormentá-lo. Chris interrompeu o prefeito no meio da conversa e foi até Dul.

— Veja bem, isso é uma tolice. Ela levantou os olhos. Estava tendo uma conversa agradável com um grupo de amigas de Mira — e apreciando profundamente o simples ato de ignorar o irmão da anfitriã.

— Como?

— É simplesmente uma tolice — ele repetiu.

— A necessidade de angariar mais fundos para as artes nas escolas públicas é uma tolice? — perguntou Dul, totalmente consciente de que ele não se referia ao assunto que elas estavam discutindo.

— O quê? Não! Droga, você sabe o que quero dizer.

— Sinto muito. — Ela começou a se virar novamente para o círculo de mulheres, todas aparentemente muito interessadas no que acontecia, mas ele a segurou pelo braço e puxou-a de lado. — Você quer que eu faça uma cena na casa de sua irmã? — disse Dul, entre os dentes.

- Não. — Chris continuou segurando o braço enquanto abria caminho entre os convidados, contornava a mesa da sala de jantar e entrava pela porta da cozinha. A irmã estava ocupada colocando canapés em uma bandeja. — Nos dê um minuto — ele ordenou a Mira.

— Chris, estou ocupada aqui. — Distraída, Mira ajeitou os cabelos curtos e escuros. — Você poderia encontrar Dave e lhe dizer que estamos com pouca sidra? — Ela sorriu cansada para Dul. — E eu pensei que era organizada.

- Nos dê um minuto — repetiu Chris.

Mira deixou escapar um suspiro de impaciência, mas então suas sobrancelhas se ergueram de modo conspiratório.

 — Bem, bem — murmurou ela, divertida e obviamente encantada. — Já vou sair do caminho de vocês. Quero olhar mais de perto para esse rapaz por quem Kim está tão animada. — Ela pegou a bandeja de canapés e saiu da cozinha. O silêncio caiu como uma bigorna.

— Então? — Com um ar despreocupado, Dul pegou uma fatia de cenoura de uma tigela. — Tem alguma coisa em mente, Christopher? — Não vejo por que você precisa ser tão...

— Tão? — Ela deu uma mordida na cenoura. — O quê?

— Você está fazendo questão de não falar comigo. Dul sorriu.

— Sim, estou.

— Isso é uma tolice.

Ela descobriu uma garrafa aberta de vinho branco e se serviu de uma taça. Depois de dar um gole, voltou a sorrir.

— Não acho que seja. Parece-me que, sem nenhuma razão compreensível, eu o incomodo. Como estou realmente apaixonada por sua família, me parece lógico e cortês ficar longe do seu caminho tanto quanto possível. — Ela deu mais um gole na bebida. — Isso é tudo? Eu estava me divertindo muito esta noite, até agora.

— Você não me incomoda. Não exatamente. — Chris não conseguia encontrar o que fazer com as mãos, então pegou uma fatia de cenoura e partiu-a ao meio. — Me desculpe... por antes.

— Você sente muito por ter me beijado ou por ter se comportado como um imbecil depois?

Ele colocou os pedaços de cenoura sobre a bancada.

 — Você é uma mulher difícil, Dul.

— Espere. — Com os olhos arregalados, ela pressionou o ouvido com a mão. — Acho que estou escutando mal. Pensei, por um instante, ter ouvido você realmente dizer meu nome.

— Pare com isso — disse ele. E então, deliberadamente, acrescentou: — Dul.

— Este é um momento a ser registrado — declarou Dul, e ergueu a taça num brinde. — Christopher Uckermann começou uma conversa de verdade comigo, e disse meu nome. Estou emocionada.

— Veja bem — ele sentia o mau gênio rondando-o. Quase agarrou-a antes de conseguir controlar a irritação. — Eu só queria que o clima entre nós ficasse melhor.

Dul observava, fascinada, o rosto dele, agora impassível.

— Você tem um eficiente botão de autocontrole aí, Chris. É admirável. Mas me pergunto o que aconteceria se não o apertasse com tanta frequência.

— Um homem que cria dois filhos sozinho precisa saber se controlar.

— Acho que sim — murmurou Dull. — Bem, se isso é tudo...

— Me desculpe — disse ele novamente.

Dessa vez, ela foi mais suave. Não era do seu temperamento guardar rancor.

— Tudo bem. Vamos esquecer isso. Amigos — propôs, e esticou a mão para ele. Ele segurou a mão estendida. Era tão suave, tão pequena... ele não conseguiu se forçar a soltá-la de novo. Os olhos dela também eram suaves, naquele momento. Olhos grandes e líquidos como os de uma corça.

— Você... está bonita.

— Obrigada. Você também.

— Está gostando da festa?

— Gosto das pessoas. — O pulso de Dul começava a acelerar. Droga! — Sua irmã é maravilhosa. Tão cheia de energia e de ideias.

— Precisa tomar cuidado. — Os lábios de Chris se curvaram lentamente. — Ou logo estará envolvida em um dos projetos dela.

— Tarde demais. Ela já conseguiu me colocar no comitê de artes. E eu me ofereci para ajudar com a campanha de reciclagem.

— O truque é evitar o confronto direto.

— Na verdade, não me importo. Acho até que vou gostar. — Agora, Chris acariciava delicadamente o pulso dela com o dedo. — Chris, não comece uma coisa que você não tem intenção de terminar.

 Ele franziu o cenho e olhou para as mãos deles, juntas. — Eu penso em você. E não tenho tempo para pensar em você. Não quero ter tempo. Estava acontecendo de novo. As palpitações e tremores sobre os quais ela parecia não ter controle.

 — O que você quer? Chris ergueu os olhos, que ficaram presos nos dela.

 — Estou tendo alguns problemas para resolver isso. A porta foi aberta de repente e uma horda de adolescentes invadiu a cozinha. Mas logo se detiveram quando Kim, que vinha na frente, parou de repente.

A menina arregalou os olhos quando viu o tio soltando a mão da professora, e o modo como os dois se afastaram rapidamente, como adolescentes pegos em flagrante namorando no sofá.

— Desculpem. Ah, desculpem — disse Kim, revirando os olhos. — Nós só íamos... — Ela virou-se rapidamente e empurrou os amigos para fora da cozinha. Os adolescentes saíram correndo, às gargalhadas.

— Isso vai render alguns comentários — disse Dul ironicamente. Já estava na cidade tempo suficiente para saber que pela manhã todos estariam especulando a respeito de Christopher Uckermann e Dulce Saviñón. Sentindo-se mais firme, ela virou-se para ele. — Escute, por que não tentamos fazer as coisas em etapas fáceis e agradáveis? Você quer sair para jantar amanhã? Ir ao cinema ou coisa assim?

Agora foi a vez dele de encará-la com surpresa. — Um encontro? Você está me convidando para um encontro? A impaciência dela voltou.