Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

Capítulo Seis

O FINAL DE OUTUBRO era a época das reuniões de pais com professores e de um muito esperado feriado para as crianças. Era também uma época de dor de cabeça para Chris. Ele precisava fazer malabarismos para deixar os gêmeos com a irmã, com Kim ou com a sra. Hollis, enquanto encaixava no tempo que tinha uma viagem para encomendar material e uma inspeção elétrica. Quando estacionou a caminhonete no pátio da escola, estava à beira de um ataque de nervos. Só Deus sabia o que iria ouvir sobre os filhos, como eles haviam se comportado enquanto estavam distantes de seu controle. Ele se preocupava por talvez não ter tido tempo suficiente para ajudá-los com os trabalhos de casa e, de algum modo, ter negligenciado alguma obrigação paterna que os pudesse ter preparado melhor para as exigências sociais, educacionais e emocionais do ensino fundamental. Por causa da incompetência dele, seus meninos se tornariam neuróticos antissociais e analfabetos. Ele sabia que estava sendo ridículo, mas não conseguia controlar o medo que não parava de perturbar seus pensamentos.

— Chris! — A buzina do carro e a voz de alguém gritando seu nome fizeram com que ele virasse e, finalmente, visse o carro da irmã. Ela abriu a janela e balançou a cabeça.

— Onde estava? Chamei você três vezes!

— Tirando meus filhos da cadeia — murmurou para si mesmo, e virou-se para caminhar para o carro dela. — Tenho uma reunião em um minuto.

— Eu sei. Acabo de sair da reunião da escola de ensino médio. Lembre-se de que comparamos nossas agendas.

— É verdade. Eu não posso me atrasar.

— Não se preocupe. Minha reunião era para levantar fundos para comprarmos novos uniformes para o coral. Aqueles garotos estão usando as mesmas velhas túnicas há 12 anos. Estamos com a esperança de conseguir verba suficiente para que eles passem a usar alguma coisa um pouco menos exagerada.

— Ótimo, farei uma doação para sua causa, mas não posso me atrasar. — Ele já estava imaginando a jovem professora de rosto redondo do ensino fundamental anotando seu atraso, mais um item na lista crescente de pontos negativos dos homens Uckermann.

— Eu só queria dizer que Dul parece estar chateada com alguma coisa.

— O quê?

— Chateada — repetiu Mira, satisfeita por finalmente ter conseguido chamar a atenção dele. — Ela apareceu com algumas boas ideias para levantarmos fundos, mas estava claramente distraída. — Mira ergueu uma sobrancelha, lançando um olhar malicioso para o irmão. — Você não fez nada para aborrecê-la, não é?

— Não. — Chris se controlou antes que começasse a mudar o peso do corpo de um pé para o outro, denunciando seu sentimento de culpa. — O que eu poderia ter feito?

— Não sei. Mas como você andou saindo com ela...

— Nós fomos ao cinema.

— E depois comeram uma pizza — acrescentou Mira. — Um casal de amigos de Kim viu vocês. A maldição das cidades pequenas, pensou Chris, e enfiou as mãos nos bolsos.

— E daí?

— E daí nada. Bom para você. Gosto muito dela. Kim é louca por ela. Acho que estou sendo apenas um pouco superprotetora Ela estava mesmo chateada, Chris, e tentando não demonstrar isso. Talvez para você ela conte o que está havendo.

— Não vou ficar me metendo na vida particular dela.

— Do meu ponto de vista, você é parte da vida pessoal dela. Vemos-nos mais tarde. Resmungando para si mesmo, Chris entrou pisando duro no prédio onde funcionava o ensino fundamental. Quando saiu, 20 minutos depois, seu humor estava muito melhor. No fim, seus filhos não haviam sido declarados como desajustados sociais com tendências homicidas. Na verdade, a professora os elogiara. Mas, é claro, ele sabia disso desde o começo. Talvez Zeke esquecesse algumas regras de vez em quando e conversasse com o colega que sentava ao seu lado. E talvez Zack fosse um pouco tímido para levantar a mão quando sabia uma resposta. Mas eles estavam se adaptando. Com o peso da entrada dos filhos no ensino fundamental fora de seus ombros, Chris continuou a caminhar. O impulso fez com que se dirigisse ao prédio da escola de ensino médio. Ele sabia que sua reunião havia sido uma das últimas do dia. Não sabia bem como as reuniões com os professores funcionavam na outra escola, mas o estacionamento estava quase vazio. De qualquer modo, ele viu o carro de Dul e decidiu que não teria problema se entrasse por um minuto. Só quando já estava no interior do prédio é que percebeu que não tinha a menor ideia de onde encontrá-la. Chris enfiou a cabeça na porta do auditório, mas estava vazio. Já que chegara até ali, voltou até o escritório principal, e perguntou a uma das secretárias, que já estava de saída. Seguindo as indicações dela, desceu por um corredor, subiu uma rampa e virou à direita. A porta da sala de aula de Dul estava aberta. Não era como nenhuma das salas onde já ficara preso quando aluno. Essa tinha um piano, um suporte para pautas musicais, instrumentos diversos, um gravador. Havia também o usual quadro-negro, muito limpo, e uma escrivaninha diante da qual Dul estava sentada, trabalhando naquele momento. Chris ficou observando-a por algum tempo. O modo como o cabelo dela descia pelas costas, o jeito como seus dedos seguravam a caneta, a forma como o suéter se dobrava no pescoço. De repente, lhe ocorreu que, se ele tivesse tido uma professora com aquela aparência, seu interesse em música seria muito maior.

 — Olá.