Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

Ela levantou rapidamente a cabeça. Havia um brilho agressivo em seus olhos que se refletia na rigidez do maxilar. Ele a viu respirar fundo e se esforçar para sorrir. — Olá, Chris. Seja bem-vindo ao caos. — Parece mesmo é uma grande quantidade de trabalho. — Ele entrou na sala e foi até a mesa. Estava coberta de papéis, livros, folhas impressas do computador e pautas musicais, tudo arrumado em pilhas aparentemente organizadas. — Estou finalizando as primeiras anotações do período, vendo as notas dos alunos, organizando os planejamentos de aula, criando estratégias para levantar fundos, dando os toques finais na apresentação do fim do ano... e tentando esticar o orçamento para conseguir produzir o musical de primavera. — Numa tentativa de manter seu péssimo humor para si mesma, ela se recostou e perguntou: — Então, como foi seu dia?

— Muito bom. Acabei de ter uma reunião com a professora dos gêmeos. Eles estão indo bem. Posso parar de me preocupar com os boletins.

— Eles são meninos fantásticos. Você não precisa se preocupar.

— A preocupação é parte do pacote. E, por falar nisso, o que a está preocupando? — ele perguntou, esquecendo-se de que estava determinado a não se meter.

— Quanto tempo você tem? — ela devolveu.

— Bastante. — Curioso, ele apoiou o quadril na beira da escrivaninha. E percebeu que estava com vontade de acariciar o rosto dela até ver desaparecer aquela leve ruga entre as sobrancelhas. — Dia difícil?

Ela deu de ombros e então se levantou da escrivaninha. Sempre que estava de mau humor precisava manter-se em movimento.

— Já tive melhores. Você tem ideia de quanto dinheiro o time de futebol recebe em contribuições da escola e da cidade? De quanto recebem todos os times esportivos? — Dul começou a jogar algumas fitas cassete em uma caixa; qualquer coisa estava valendo para manter as mãos ocupadas. — Até a banda recebe incentivo. Mas, para o coral, precisamos implorar por cada dólar.

— Você está aborrecida por causa do orçamento?

— E não deveria estar? — Dul virou-se rapidamente para ele, os olhos chispando. — Não há problema em conseguir equipamento para o time de futebol, para que um bando de garotos possa entrar em campo e atacar uns aos outros, mas eu preciso implorar de joelhos por uma hora se preciso de 80 dólares para mandar afinar o piano. — Ela se controlou, suspirando. — Não tenho nada contra futebol. Até gosto. Os esportes são importantes no ensino médio.

— Conheço uma pessoa que afina pianos — disse Chris. — Ele provavelmente doaria seu tempo. Dul passou a mão pelo rosto e levou-a até a nuca, onde a tensão se concentrava. Papai dá um jeito em tudo, ela pensou, exatamente como os gêmeos haviam anunciado. Está com algum problema? Chame o Chris.

— Isso seria ótimo — disse ela, e conseguiu dar um sorriso de verdade. — Mas antes preciso andar com toda a papelada e conseguir aprovação. Não se pode aceitar nem mesmo doações voluntárias sem o consentimento do conselho diretor. — A questão a irritou, como sempre. — Um dos piores aspectos de ser professora é a burocracia. Talvez eu devesse ter continuado a me apresentar em clubes noturnos.

— Você se apresentava na noite?

— Em outra vida — ela resmungou, afastando a ideia com um aceno. — Algumas canções que ajudavam a pagar minha faculdade. Era melhor do que ser garçonete. De qualquer modo, o problema não é o orçamento. Nem a falta de interesse da comunidade. Estou acostumada com isso.

— Você quer me contar o que está acontecendo ou prefere ficar remoendo a respeito?

— Estava tendo bons momentos remoendo a respeito. — Ela voltou a suspirar, e levantou os olhos para ele. Chris parecia tão sólido, tão confiável! — Talvez eu seja mesmo urbana demais, no fim das contas. Tive meu primeiro embate com o jeito antiquado do campo e estou desconcertada. Você conhece Hank Rohrer?

— Claro. Ele tem uma fazenda de gado leiteiro na Old Oak Road. Acho que o filho mais velho dele está na mesma turma de Kim.

— Hank Jr. Sim. Júnior é um dos meus alunos, um barítono muito potente. O rapaz tem um interesse verdadeiro por música. Até compõe.

— E mesmo? Isso é ótimo.

— Você acha isso, não é? — Dul jogou o cabelo para trás e foi até a escrivaninha, onde começou a arrumar os papéis que já estavam arrumados. — Bem, eu pedi ao Sr. e à sra. Rohrer que viessem até aqui esta manhã, porque Júnior decidiu não participar das provas de voz para o festival estadual, neste final de semana. Sei que ele tem uma boa chance de ter sucesso, e queria conversar com os pais a respeito de uma bolsa de estudos para música. Quando eu disse a eles como Júnior é talentoso e como eu tinha esperanças de que encorajassem o filho a mudar de ideia sobre as provas de voz, Hank, o pai, agiu como eu o estivesse insultando. Ele ficou horrorizado. — Havia amargura na voz dela, agora, e raiva também. — Nenhum filho dele iria perder tempo cantando ou compondo, como algum...

Ela se interrompeu, furiosa demais para repetir a opinião do homem sobre as pessoas que trabalhavam com música.

— Eles nem mesmo sabiam que Júnior estava na minha turma. Pensavam que ele havia escolhido a oficina de marcenaria como eletiva este ano. Tentei amaciá-los, disse que Júnior precisava de um crédito em belas-artes para se formar. Não me saí muito bem. O sr. Rohrer mal conseguiu engolir a ideia de Júnior permanecer na minha turma. Ele continuou resmungando que o filho não precisava de lições de canto para tocar uma fazenda. E que, com certeza, não iria permitir que Júnior tirasse um sábado para ir a um teste quando o garoto tem trabalho para fazer lá onde moram. E disse, ainda, que eu parasse de colocar ideias absurdas na cabeça do garoto.

— Eles têm quatro filhos — disse Chris lentamente. — Instrução deve ser um problema.

— Se esse fosse o único obstáculo, eles deveriam ficar gratos diante da possibilidade de uma bolsa de estudos. — Ela fechou com força o caderno onde anotava as notas dos alunos. — O que temos é um rapaz brilhante e talentoso, que tem sonhos. Sonhos que nunca vai poder levar adiante porque seus pais não irão permitir. Ou o pai não vai — acrescentou. — A mãe não disse nem duas palavras durante todo o tempo em que estiveram aqui.

— Talvez ela prefira conversar com ele a respeito quando estiverem sozinhos.

— Ou talvez ele a contamine com a contrariedade que sente a meu respeito.

— Hank não é assim. Ele está acomodado no seu jeito de ser e acha que tem todas as respostas, mas não é um homem mau.

— É difícil para mim tentar ver alguma virtude no homem, depois de ele ter me chamado de... — ela parou e respirou fundo — uma moça da cidade grande, de mãos lisinhas, que estava desperdiçando o dinheiro suado dos impostos que ele pagava. Eu poderia ter feito alguma diferença na vida daquele garoto — murmurou Dul, sentando-se novamente. — Sei disso.

— Tudo bem, talvez você não consiga fazer a diferença com Júnior, mas fará com outra pessoa. Aliás, já fez, com Kim.

— Obrigada. — Dul deu um rápido sorriso. — Isso ajuda um pouco.