Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

— Seu interesse e envolvimento com os filhos e com a família. É tudo tão sólido, tão natural. — Ela jogou o cabelo para trás e começou a colocar biscoitos numa travessa. — Nem todo mundo tem tanta disposição e capacidade para investir tempo e atenção. Nem todo mundo ama com tanta dedicação. — Dul sorriu. — Agora eu o deixei encabulado.

— Não. Sim — admitiu ele e pegou um dos biscoitos. — Você não perguntou a respeito da mãe deles. — Ela não disse nada e Chris começou a falar. — Eu tinha acabado de sair da faculdade quando a conheci. Ela era uma das secretárias da imobiliária do meu pai. Era bonita. Quero dizer, era bonita de um jeito vistoso, daquele tipo que vira a cabeça de um homem. Saímos juntos algumas vezes, fomos para a cama, ela ficou grávida.

A voz inexpressiva fez com que Dul levantasse a cabeça. Chris deu outra mordida e continuou, com amargura: — Sei que isso soa como se ela tivesse feito tudo sozinha. Eu era jovem, mas tinha idade para saber o que estava fazendo, para ser responsável. Dul percebeu que ele sempre levara suas responsabilidades a sério, e que sempre levaria. Bastava olhar para Chris para perceber que era uma pessoa confiável.

— Você não falou nada sobre amor.

— Não, não falei. — Aquilo era uma coisa que ele não encarava levianamente. — Eu me sentia atraído por ela e vice-versa. Ou achei que ela sentia a mesma coisa. O que não sabia é que ela mentira sobre o fato de estar usando contraceptivos. Só depois que nos casamos foi que descobri que ela havia planejado "fisgar o filho do patrão". Estas foram as palavras dela — acrescentou Chris. — Angie viu em mim uma possibilidade de melhorar seu padrão de vida.

Ele ficou surpreso que mesmo naquele momento, depois de tanto tempo, ainda sentisse o orgulho e o coração feridos por saber que fora usado tão friamente. — Para encurtar a história — continuou, no mesmo tom inexpressivo —, ela não contava com a vinda de gêmeos, ou com as inconveniências da maternidade. Assim, cerca de um mês depois de os meninos nascerem, Angie limpou minha conta do banco e se mandou.

— Sinto muito, Chris — murmurou Dul. Ela desejou saber a palavra, o gesto certo para apagar aquela indiferença fria dos olhos dele. — Deve ter sido horrível para você.

— Poderia ter sido pior. — Ele relanceou o olhar para ela e encolheu os ombros. — Eu poderia estar apaixonado por Angie. Ela entrou em contato comigo uma vez, para me dizer que queria que eu arcasse com as custas do divórcio. Em contrapartida, eu poderia ficar com as crianças, com seu consentimento total e absoluto. Consentimento total e absoluto — repetiu Chris. — Ela falou deles como se fossem móveis e utensílios... e não crianças. Eu fiz com que cumprisse o prometido. Fim da história.

— Foi assim? — Dul foi até ele e pegou suas mãos. — Mesmo que você não a amasse, ela o magoou.

Ela ficou na ponta dos pés e beijou o rosto dele, para acalmá-lo e confortá-lo. Viu a mudança nos seus olhos... e, sim, viu mágoa também. Aquilo explicava muita coisa, pensou Dul, depois de ouvi-lo contar a história. Depois de ver aquela expressão no rosto dele. Mac ficara desiludido, devastado. Em vez de enfraquecer diante da situação, ou de se encostar nos pais para ajudá-lo com o fardo, ele pegara os filhos e começara uma vida nova com eles. Uma vida para eles.

— Ela não merecia você, ou os meninos.

— Não foi nenhuma provação. — Chris não conseguia desviar os olhos dos dela, agora. Estava impressionado, não tanto pela simpatia que ela demonstrava, mas pela compreensão dos fatos sem questionamentos. — Eles são a melhor parte de mim. Não queria que parecesse que isso é um sacrifício.

— E não parece. — O coração de Dul pareceu derreter quando ela o abraçou. O gesto tivera a intenção de confortá-lo, mas acabara mexendo com alguma emoção muito mais profunda dentro dela. — Você deixa claro que faz o que faz porque os ama. É muito atraente ouvir um homem dizer que considera seus filhos uma dádiva, e saber que ele realmente pensa assim.

Chris estava abraçado a Dul, e não tinha muita certeza de como isso acontecera. Parecia tão fácil, tão natural, tê-la aconchegada em seus braços.

— Quando recebemos um presente importante, temos que cuidar bem dele. — A voz de Chris traía uma mescla de sentimentos. Ela. Seus filhos. Alguma coisa no modo como ela erguia os olhos para ele, a forma como seus lábios se curvavam. Ele ergueu a mão e aca-riciou-lhe os cabelos, mas logo se lembrou de recuar. — Tenho que ir.

— Fique. — Dul descobriu que era fácil pedir isso a ele. Muito fácil, no fim, precisar dele. — Você sabe que quero que fique. Sabe que quero você. Chris não conseguia afastar os olhos do rosto dela, e seu desejo era muito maior e muito mais doce do que ele jamais imaginara.

— Isso pode complicar as coisas, Dul. Eu carrego uma bagagem pesada. A maior parte dela está arquivada, mas... 

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