Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

Capítulo Oito

ELE NÃO CONSEGUIA se saciar dela. Chris pensou que na pior das hipóteses aquilo devia ser um caso de insanidade, e, na melhor delas, uma obsessão temporária. Não importava o quanto seu tempo, seu cérebro e suas emoções fossem solicitados, ele ainda se pegava pensando em Dul nos momentos mais estranhos, de dia ou à noite. Embora soubesse que era uma visão cínica, desejava que pudesse ter sido apenas sexo. Porque, se tivesse sido só sexo, ele poderia atribuir tudo aos hormônios e voltar para suas ocupações. Mas ele não ficava apenas imaginando-a na cama, ou fantasiando sobre encontrar um momento para se perder naquele corpo pequeno e belo. Algumas vezes, quando se flagrava devaneando, ela estava diante de um grupo de crianças, regendo suas vozes com as mãos, com os braços, com o corpo todo. Ou estava sentada ao piano, com os gêmeos, um de cada lado, rindo com eles. Ou estava apenas caminhando pela cidade, com as mãos enfiadas nos bolsos e o rosto erguido para o céu. Dul o apavorava. E ela parecia tão tranquila a respeito de tudo aquilo, pensou Chris, enquanto media o rodapé. Esta é a mulher para você, decidiu ele. Não precisavam se preocupar em fazer os movimentos certos, em dizer as coisas certas. Precisavam apenas... ser, pensou. E isso era o bastante para enlouquecer um homem. 

E ele não podia se permitir enlouquecer. Tinha filhos para criar, um negócio para tocar. Droga, precisava colocar as roupas para lavar assim que chegasse a casa. E, diabo, esquecera mais uma vez de tirar o frango do freezer. Eles comeriam hambúrgueres a caminho para o concerto, disse a si mesmo. Já tinha muita coisa na cabeça para ainda precisar se preocupar com o jantar. O Natal estava quase chegando e as crianças estavam agindo de um jeito muito estranho. Apenas as bicicletas, papai, eles haviam afirmado. Papai Noel já está fazendo as bicicletas e é ele quem está cuidando também do presente maior. Que presente maior?, se perguntou Chris. Nenhuma pergunta ou truque conseguira desvendar esse mistério. Pela primeira vez seus filhos estavam impenetráveis. E essa era uma ideia que o perturbava. Sabia que em um, no máximo dois anos, se ele tivesse sorte, os dois começariam a questionar e a duvidar da existência de Papai Noel e da magia que envolvia o Natal. O fim da inocência. E fosse o que fosse que os dois estivessem esperando achar debaixo da árvore na manhã de Natal, Chris queria ter certeza de que encontrariam. Mas os garotos apenas riam quando ele os pressionava e lhe diziam que seria uma surpresa para os três. Teria que trabalhar naquilo. Chris martelou o rodapé no lugar. Ao menos eles haviam enfeitado a árvore de Natal, assado alguns biscoitos e feito fitas de pipoca para colocar na árvore. Ele ainda sentia uma pontada de culpa por ter se esquivado do oferecimento de Dul para ajudar com a decoração. E por ter ignorado os meninos quando lhe perguntaram se ela poderia decorar a árvore com eles. Será que ele era o único que percebia o erro que seria deixar que as crianças se apegassem muito a ela? Dul estava na cidade há poucos meses. E poderia partir a qualquer momento. Ela podia achar os gêmeos uma gracinha, mas não havia nada que a prendesse a eles. Maldição, agora ele é que estava fazendo com que os meninos parecessem móveis e utensílios.

Mas não era sua intenção, assegurou Chris a si mesmo. Ele simplesmente não iria permitir que ninguém abandonasse seus filhos outra vez.

Não se arriscaria a isso por nada neste mundo. Depois de prender a última parte do rodapé no lugar, ele assentiu, aprovando o trabalho. A casa estava ficando ótima. Sabia o que estava fazendo ali. Assim como sabia o que estava fazendo com os filhos. Só gostaria de ter uma ideia melhor do que fazer com Dul.

— Talvez aconteça esta noite. — Zeke observava o hálito sair como fumaça por causa do ar gelado, enquanto ele e o irmão estavam sentados na casa da árvore, protegidos do frio de dezembro por casacos e cachecóis.

— Ainda não é Natal.

— Mas é o dia do concerto de Natal — disse Zeke, obstinado. Ele já estava cansado de esperar por uma mãe. — Foi lá que nós a vimos primeiro. E vai haver música e uma árvore de Natal, e todas essas coisas, então, será como o Natal.

— Não sei. — Zack gostava da ideia, e muito, porém era mais cauteloso. — Talvez, mas nunca recebemos nenhum dos nossos presentes antes do Natal.

— Recebemos sim. Quando o sr. Perkins finge ser o Papai Noel, na festa do Corpo de Bombeiros. Isso acontece muitas semanas antes do Natal e ele dá presentes para todas as crianças.

— Mas não são os presentes de verdade. Não são as coisas que pedimos. — Mas Zack já começava a aceitar a ideia. — Talvez, se desejarmos com muita força. Papai gosta muito dela. Tia Mira estava dizendo para tio Dave que papai encontrou a mulher certa, mesmo que ele ainda não saiba disso. — Ele franziu o cenho. — Como ele poderia não saber se já a encontrou?

— Tia Mira está sempre dizendo coisas que não fazem sentido — disse Zeke, com o desdém fácil dos muito jovens. — Papai vai se casar com ela e Dul virá morar aqui em casa conosco e será nossa mãe. Ela tem que ser. Nós fomos bons garotos, não fomos?

— Hmm, hmm. — Zack brincava com a ponta da bota. — Você acha que ela vai nos amar e tudo mais? 

— Provavelmente. — Zeke olhou diretamente para o irmão. — Eu já a amo.

— Eu também. — Zack sorriu, aliviado. Finalmente, tudo iria ficar bem.

— Muito bem, pessoal. — Dul elevou a voz acima do burburinho na sala do coral. O lugar servia como bastidores nas noites de concerto, e os alunos estavam zanzando por ali, checando roupas, maquiagem e cabelos e tentando aliviar a tensão da estreia falando o mais alto possível. — Acalmem-se.