Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

EU DEVERIA TER saído da cidade por alguns dias, pensou Dul. Deveria ter ido para algum lugar. Para qualquer lugar. Não havia nada mais patético do que ficar sentada sozinha na noite de Natal, olhando pela janela e vendo as pessoas passando apressadamente na rua. Declinara de todos os convites que recebera para aquela noite. Dera desculpas que pareciam furadas até para si mesma. Estava taciturna, admitia, e isso não parecia nada com seu jeito. Mas a verdade é que nunca tivera um coração partido precisando de conserto antes. Com Bob fora apenas orgulho ferido, que se curara sozinho com incrível rapidez. Agora ela fora abandonada com as emoções em carne viva, bem na época do ano em que o amor era mais importante. Sentia saudades dele. Oh, odiava saber que sentia saudades dele. Daquele sorriso lento e hesitante, da voz calma, da gentileza de Chris. Em Nova York, ao menos, ela poderia ter se perdido na multidão, na confusão. Mas ali, para qualquer lugar que olhasse, havia alguma recordação. Vá para algum lugar, Dul. Apenas entre no carro e saia dirigindo. Seu coração doía de vontade de ver as crianças. Ficou imaginando se eles haviam levado seus trenós para fora, para aproveitar a neve fresca que caíra na véspera. Será que estavam contando as horas até o Natal, conspirando para ficarem acordados até ouvirem o barulho das renas no telhado?

Comprara presentes para eles, estavam embrulhados e esperando embaixo da árvore. Ela os mandaria por Kim ou Mira, pensou, e ficaria ainda mais arrasada por não poder ver os rostinhos deles enquanto rasgavam o papel para desembrulhá-los. Eles não são seus filhos, lembrou a si mesma. Chris sempre fora bem claro a esse respeito. Compartilhar a si mesmo já fora bastante difícil. Compartilhar os filhos teria sido mais do que ele poderia aguentar. Precisava sair, decidiu, e forçou-se a se mexer. Arrumaria uma bolsa, jogaria no carro e dirigiria até sentir vontade de parar. Tiraria uns dois dias. Diabos, tiraria uma semana. Não aguentaria ficar ali sozinha durante as festas de fim de ano. Durante os dez minutos seguintes ela se ocupou jogando coisas dentro de uma mala, sem nenhum planejamento ou senso de ordem. Agora que se decidira, queria partir logo. Fechou a mala, carregou-a para a sala e começou a procurar o casaco. A batida na porta fez com que trincasse os dentes. Se mais algum vizinho bem-intencionado quisesse lhe desejar "Feliz Natal" e convidá-la para jantar, ela começaria a gritar. Dul abriu a porta e sentiu a ferida em seu coração voltar a sangrar.

— Bem, Christopher... Veio desejar boas-festas aos seus inquilinos?

— Posso entrar?

— Por quê?

— Dul — Havia um mundo de paciência naquela única palavra. — Por favor, deixe-me entrar.

— Tudo bem, você é o proprietário. — Ela deu as costas para ele. — Sinto muito, mas não tenho nada para brindar e também não estou com humor para brindes.

— Preciso conversar com você. — Há dias ele vinha tentando encontrar a maneira certa, as palavras certas para falar com ela.

— É mesmo? Desculpe-me se não me entusiasmo com a ideia. A última vez em que você precisou falar comigo ainda está firmemente gravada na minha memória.

— Não tinha a intenção de fazê-la chorar.