Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

Quando Christopher Uckermann parou sua picape em frente à escola, tinha a cabeça cheia com uma dezena de problemas diferentes para resolver. O que fazer para o jantar das crianças. Que material usar no chão do seu projeto na Meadow Street. Como encontrar tempo para dirigir até o shopping e comprar roupas de baixo para os meninos. Na última vez em que dobrara a roupa lavada, percebera que a maior parte da roupa de baixo que tinham estava condenada à pilha de trapos. E ainda precisava lidar com uma entrega de madeira bem cedo na manhã seguinte e com um monte de papéis de trabalho ainda naquela noite. Além disso, sabia que Zeke estava preocupado com seu primeiro teste de soletrar que aconteceria em poucos dias.

Christopher guardou as chaves no bolso e alongou os músculos dos ombros. Trabalhara com um martelo pela maior parte das últimas oito horas. Não se importava com as dores. Era um tipo bom de cansaço, significava que ele realizara alguma coisa. A reforma na casa da Meadow Street estava dentro do cronograma e do orçamento. Assim que terminasse, ele precisaria decidir se a colocaria para vender ou se alugaria. Seu contador tentaria decidir por ele, mas Mac sabia que a escolha final seria dele. Era assim que preferia. Ele olhou ao redor, enquanto caminhava do estacionamento até a escola. Seu tataravô fora o fundador da cidade — que naquela época era pouco mais do que um vilarejo próximo ao riacho, o Uckermann´s Créele, e que se estendia sobre as encostas ondulantes da Uckermann´s Meadow. O velho Macauley Uckermann não era nem um pouco modesto Mas Cristopher morara em Washington por mais de 12 anos. Voltara para Uckermann´s Grove há seis anos, mas ainda não perdera o prazer, nem o orgulho, de simplesmente apreciar as colinas, as árvores e a sombra das encostas das montanhas distantes. E achava que não perderia esse prazer nunca. O ar estava fresco e uma brisa agradável vinha do oeste. Mas eles já haviam tido uma geada, apesar de as folhas ainda guardarem o verde profundo do verão. O tempo bom tornava a vida mais fácil por dois motivos: enquanto durasse, ele poderia terminar confortavelmente a parte externa do trabalho na casa; e os garotos poderiam aproveitar as tardes e noites no quintal. Christopher sentiu uma rápida pontada de culpa enquanto abria as portas pesadas e entrava na escola. O trabalho dele mantivera os filhos presos ali dentro naquela tarde. A chegada do outono significava que sua irmã mergulharia de cabeça em diversos projetos comunitários. Christopher não podia se impor a ela, pedindo que olhasse os gêmeos. A agenda de Kim depois da escola estava cada vez mais cheia e ele simplesmente não podia aceitar a ideia de que suas crianças fossem dessas que ficam sozinhas em casa enquanto os pais estão no trabalho. Assim, a solução agradara a todos. Kim levaria os meninos para seus ensaios, e ele pouparia a irmã de ter que ir à escola pegá-los e depois ainda ter que levá-los para casa.

Kim tiraria sua carteira de motorista em alguns meses. Ela não parava de lembrar a todos esse fato. Mas Christopher duvidava muito que teria coragem de sentar os filhos em um carro com sua sobrinha de 16 anos no volante, não importava o quanto a amasse e confiasse nela. Você os mima demais. Christopher revirou os olhos ao ouvir a voz da irmã em sua cabeça. Não pode ser sempre pai e mãe para eles, Mac. Se não tem interesse em encontrar uma esposa, então terá que aprender a relaxar um pouco. Ao diabo que ele faria isso, pensou Christopher. Ao se aproximar do auditório, pôde ouvir o som de vozes jovens se elevando em uma canção. Harmonia sutil. Um som sensível e agradável que o fez sorrir antes mesmo de reconhecer a melodia. Um hino de Natal. Era estranho ouvir isso agora, com o suor do dia ainda secando em suas costas. Ele empurrou as portas do auditório e a música ocupava todo o espaço. Encantado, ficou de pé no fundo, observando os cantores. Uma das alunas tocava piano. Uma moça linda, pensou Christopher, que agora olhava para cima e gesticulava para animar os colegas a se esforçarem mais. Ele conjecturava onde estaria a professora de música quando viu os filhos sentados nos assentos da primeira fileira. Christopher caminhou silenciosamente pelo corredor, acenou para Kim quando seus olhares se encontraram, sentou-se atrás dos filhos e se inclinou à frente.

— Belo show, hein?

— Papai! — Zack quase gritou, então se lembrou bem a tempo de falar em um sussurro animado. — É Natal!

— Com certeza, é como soa. Como está indo Kim?

— Ela é ótima. — Zeke agora se considerava um especialista em arranjos de corais. — Ela vai fazer um solo.

— E mesmo?

— Kim ficou com o rosto vermelho quando a srta. Saviñón lhe pediu para cantar sozinha, mas se saiu bem. — Zeke estava muito mais interessado em Dul naquele momento. — Ela é bonita, não é?

Um pouco surpreso diante da declaração do filho — os gêmeos eram apaixonados por Kim, mas não eram muito dados a elogios —, ele assentiu.

— Sim. A garota mais bonita da escola.

— Podemos convidá-la para jantar — disse Zack, esperto. — Não podemos?

Confuso, agora, Christopher emaranhou o cabelo do filho.

— Você sabe que Kim pode jantar conosco sempre que quiser.

— Kim, não. — Imitando um gesto do pai, Zack revirou os olhos. — Puxa, papai, a Srta. Saviñón.

— Quem é a srta. Saviñón?

— A mã... — a declaração de Zeke foi cortada pela cotovelada que recebeu do irmão.

— A professora — completou Zack, com um olhar irritado para Zeke. — A mais bonita. — Ele apontou e o pai acompanhou a direção até o piano.

— Ela é a professora? — Antes que Christopher pudesse reavaliar o que pensara, houve um último acorde, a música parou e Dul se levantou.

— Foi muito bom mesmo! Uma primeira passada muito consistente. — Ela colocou o cabelo alvoraçado Para trás. — Mas ainda precisamos trabalhar muito. Gostaria de marcar o próximo ensaio para segunda-feira, depois da aula. Às 15h45.

No mesmo instante começaram as conversas e a agitação, e Dull precisou subir o tom de voz para conseguir transmitir o restante das suas instruções acima do barulho. Satisfeita, virou-se para sorrir para os gêmeos e se pegou rindo para uma versão mais velha, e muito mais perturbadora, dos gêmeos Uckermann. Não havia dúvida de que era o pai deles, pensou Dul. O mesmo cabelo cheio e escuro, encaracolando sobre o colarinho de uma camiseta suja. Os mesmos olhos azul-piscina, orlados por cílios longos e escuros, a encaravam. O rosto podia não ter a delicadeza levemente arredondada das crianças, mas a versão mais rude também era muito atraente. Ele era alto e magro, e tinha o tipo de braço que parecia forte sem ser obviamente musculoso. Estava bronzeado e mais do que um pouco sujo. Ela se pegou imaginando se aparecia uma covinha no canto direito de sua boca quando ele sorria.

— Sr. Uckermann. — Em vez de descer pelas escadas, ela pulou do palco, tão ágil quanto qualquer uma de suas alunas, e estendeu a mão cheia de anéis para ele.

— Srta. Saviñón. — Ele cobriu a mão dela com as suas, calosas, lembrando-se tarde demais de que não estava lá muito limpo. — Agradeço por ter deixado as crianças ficarem aqui, enquanto Kim ensaiava.

— Sem problema. Eu trabalho melhor com plateia. — Inclinando a cabeça, ela baixou o olhar para os gêmeos. — Bem, rapazes, como nos saímos?

— Foi perfeito — falou Zeke. — As músicas de Natal são as nossas preferidas.

— São as minhas também.

Kim se juntou a eles, ainda agitada e lisonjeada pela ideia de fazer um solo.

— Olá, tio Chris. Vejo que já conheceu a srta. Saviñón.

— Sim. — Não havia muito mais a dizer. Ele ainda achava que ela parecia muito jovem para ser professora. Não a adolescente por quem a tomara, percebeu. Mas aquela pele perfeita e sedosa e o corpo pequenino realmente confundiam. E eram muito atraentes.

— Sua sobrinha é muito talentosa. — Em um movimento espontâneo, Dul envolveu os ombros de Kim com o braço. — Ela tem uma voz maravilhosa e entende rápido o que a música significa. Estou encantada por tê-la no grupo.

— Também gostamos dela — disse Chris, fazendo Kim ruborizar novamente.

Zack mudava o peso do corpo de um pé para o outro. Não era para eles estarem falando sobre a tonta da Kim. — Talvez você pudesse vir nos visitar uma hora dessas, Srta. Saviñón — ele levantou a voz. — Nós vivemos na grande casa marrom na Mountain View Road.

— Isso seria legal. — Mas Dul percebeu que o pai de Zack não confirmara o convite, nem parecera especialmente satisfeito com ele. — E vocês, rapazes, serão bem-vindos como nossa plateia sempre que quiserem. Quanto a você, Kim, trabalhe nesse solo.

— Vou trabalhar, Srta. Saviñón. Obrigada.

— Prazer em conhecê-lo, Sr. Uckermann. — Ele apenas murmurou uma resposta e Dul voltou a subir no palco para pegar suas pautas musicais.

Era lamentável, pensou ela, que o pai não tivesse o charme expansivo e a cordialidade dos filhos.