Fanfic: Nosso pedido de Natal adaptada vondy terminada

Capítulo Dois

POUCAS COISAS ERAM melhores do que um passeio de carro pelo campo numa tarde agradável de outono. Dul se lembrou de como costumava passar seus sábados livres em Nova York. Algumas compras — se ela sentia falta de alguma coisa em Manhattan, era das compras —, talvez um passeio pelo parque. Nunca uma corrida. Dul não acreditava em corridas — afinal, andando se chegava ao mesmo lugar. E dirigir, bem, isso era ainda melhor. Até aquele momento, ela não se dera conta do prazer que era não apenas ter um carro, mas ser capaz de andar em boa velocidade pelas curvas das estradas do interior, com as janelas abertas e o rádio tocando. As folhas estavam começando a cair, quando setembro já estava em seu auge. O vermelho já competia com o verde. Numa estrada em especial, na qual ela entrou por impulso, as grandes árvores formavam um arco sobre o asfalto, uma abóbada espetacular, que deixava passar uma luz suave e se estendia por toda a extensão da estrada, que acompanhava o serpentear de um rio de águas rápidas. Dul não percebeu que estava em Mountain View até ver a placa indicando o lugar. A grande casa marrom, ela se lembrou do que Zack dissera. Não havia muitas casas ali, a mais de 3 quilômetros do centro da cidade, mas ela vislumbrou algumas através das árvores. Marrons, brancas, azuis — algumas mais próximas do leito do rio, outras mais no alto, aonde se chegava através de estreitos caminhos de terra esburacados. Um lugar adorável para viver, ela pensou. E para criar filhos. Apesar de Christopher Uckermann ser taciturno e esquisito, a verdade é que fizera um excelente trabalho com os filhos. Já sabia que Christopher cuidava deles sozinho. Não demorara muito para Dul entender o ritmo das cidades pequenas. Um comentário aqui, uma pergunta casual ali, e ela conseguira a biografia completa dos homens Uckermann.

Christopher vivera em Washington desde que sua família se mudara da cidade quando ele era adolescente. Seis anos atrás, voltara, com dois filhos gêmeos a reboque. Sua irmã mais velha havia cursado uma universidade local, casara-se com um rapaz da cidade e se instalara em Uckermann´s Grove anos antes. O consenso geral era de que fora ela quem o animara a voltar para a cidade e criar os filhos ali quando a esposa o abandonara. Deixando as pobres criancinhas desamparadas, a sra. Hollis contara a Dul no setor de pães do mercado. Fugiu sem uma única palavra e, desde então, nunca entrara em contato. E o jovem Christopher Uckermann se tornara pai e mãe dos seus gêmeos desde então. Talvez, pensou Dul cinicamente, se ele ao menos conversasse com a esposa de vez em quando, ela tivesse ficado com ele. Não, isso não era justo. Não havia nenhuma desculpa que ela pudesse encontrar para uma mulher abandonar os filhos ainda bebês e não entrar em contato com eles por seis anos. Não importa o tipo de marido que Christopher Uckermann tivesse sido, as crianças mereciam uma mãe melhor. Dul se lembrou deles, então, aqueles dois meninos idênticos e travessos. Sempre fora apaixonada por crianças, e os gêmeos Uckermann eram prazer em dose dupla. Adorara tê-los na platéia dos ensaios, uma ou duas vezes na semana. Zeke até mesmo lhe mostrara seu primeiro teste de soletrar — contemplado com uma grande estrela prateada. Se ele não tivesse errado apenas uma palavra, lhe contara, teria recebido uma dourada. Também não pudera ignorar o jeito envergonhado como Zack a olhava, ou os sorrisos rápidos, antes que ele enrubescesse e baixasse os olhos. Era muito doce ser o alvo da primeira paixão infantil do menino. Dul suspirou de prazer enquanto o carro emergia da abóbada de árvores para a luz. Lá, onde as montanhas tinham dado nome à estrada, abria-se subitamente um vívido céu azul. A estrada serpenteava, mas as montanhas estavam sempre à vista, escuras, distantes e dramáticas.

A terra se erguia nas laterais do caminho, em cadeias de colinas e saliências rochosas. Ela diminuiu a velocidade quando viu uma casa no topo de uma colina. Marrom. Provavelmente, feita de cedro, pensou, com a base de pedra e o que pareciam ser quilômetros de vidro cintilante. A casa tinha um deque que contornava o segundo piso, e muitas árvores garantiam sombra e privacidade. Em uma delas estava pendurado um pneu. Dul imaginou se aquela seria mesmo a casa dos Uckermann. Ela esperava que sim, que seus novos amiguinhos vivessem em um lar tão sólido e bem planejado. Então, passou pela caixa de correio fincada na lateral da estrada, bem na entrada do caminho que levaria à casa.

Sr. Uckermann e filhos.

Isso a fez sorrir. Satisfeita, apertou o acelerador e não entendeu quando o carro engasgou e parou.

— Qual o problema aqui? — resmungou, soltando o pedal e voltando a apertá-lo. Dessa vez, o carro engasgou e morreu de vez. — Pelo amor de Deus! — Apenas levemente aborrecida, ela começou a virar a chave para ligar o motor novamente, quando olhou para o painel. O sinal de alerta de combustível baixo, no mostrador de gasolina, estava aceso.

— Estúpida — disse Dul em voz alta, repreendendo-se. — Estúpida, estúpida. Você não deveria ter posto gasolina antes de sair da cidade? — Ela se recostou e suspirou. Tivera realmente essa intenção. Assim como tivera a mesma intenção na véspera, logo depois das aulas.