Fanfic: You Could Be Happy

- É chegamos – a ouvir falar, enquanto me olhava indecisa.

Desci do táxi observando a rua a minha volta cercada de casas padronizadas, todas muito classe média, família perfeita, demais para o meu gosto. Coloquei as mãos no bolso do meu casaco, enquanto a observava conversar com o taxista, indicando aonde deveriam ser deixadas as malas. A ouvir chamar pelo meu nome. Estranhei. Fazia tanto tempo que não o ouvia ser pronunciado por outra pessoa, normalmente era algo como garota, anormal, marginal ou o que eu mais odiava, caso 76.

- Então o que você achou da casa? – ela perguntou, sorrindo. Observei mais atentamente o ambiente em que nos encontrávamos. Era uma sala, espaçosa, com alguns quadros abstratos e retratos espalhados em cima da lareira

– Ok, não quer conversar agora tudo bem – ela falou, compreensiva – Vou mostrar o seu quarto, sabe não é tão grande, é de hospede, e está meio bagunçado. Sabe, meu filho costuma ficar lá, fazendo bagunça com os seus amigos – ela revirou os olhos, parecendo cansada enquanto me conduzia pela escada – Mas a empregada vem amanhã, qualquer coisa você pode dormir no sofá hoje – acenei com a cabeça, enquanto chegávamos no patamar de cima.

Ela abriu a porta, adentrando no quarto. A acompanhei olhando tudo atentamente. Havia pôsteres de bandas colados na parede e para minha surpresa uma bateria próxima ao roupeiro.

- Falei que estava uma bagunça – disse, enquanto abria as janelas e puxava as cortinas. Tinha um cheiro de mofo e realmente estava meio bagunçado, mas era algo que eu poderia novamente chamar de meu e não precisaria dividir com ninguém, era perfeito. Larguei a mochila na cama. Ela me observou por um momento, cruzando os braços, me fitando preocupada.

- Você vai ficar bem?

- Vou sim – falei, com a voz rouca, não muito convicta

- Vou ficar esperando você lá embaixo para o jantar, se você quiser tomar um banho tem toalhas no banheiro

- Um banho seria bom – comentei sem jeito, abraçando meu corpo. Ela me encarou por um momento, sorrindo, antes de fechar a porta do quarto.

*

Desci as escadas vagarosamente enquanto ouvia vozes lá embaixo. Paralisei no último degrau ao ouvir meu nome.

- O nome dela é Dulce, quero que você seja gentil com ela – ouvi a voz feminina falar, autoritária e logo a reconhecia com sendo a voz gentil da assistente social que havia falado comigo mais cedo, e havia feito a loucura de me trazer para sua casa

- Você sempre trazendo o seu trabalho para casa. Qual é a da vez, drogas, latrocínio? – ouvi uma voz masculina falar mal humorada enquanto talheres cintilavam – Só espero que essa garota não toque em nada do que é meu, e que ela vá embora logo

- Ei, qual é Ucker – ouvi outra voz masculina, diferente da primeira – Sabe, ela pode ser gostosa – ele zombou, e depois parecendo arrependido continuou – Foi mal ai Sra. Uckermann, é claro que nem passou pela cabeça do Christopher olhar para a garota – havia ironia em sua voz, soando quase como uma mentira

Ouvi alguém bufar na mesa, parecendo irritado. Fiquei indecisa, eu queria voltar novamente subir e voltar ao quarto, mas, minhas pernas insistiam em ficar ali, presas, imóveis

- Christopher Alexander Von Uckermann, me prometa que vai respeitar essa garota – o tom autoritário me lembrou das discussões que eu tinha com a minha mãe. Tentei reprimir o sorriso que brotou em meus lábios

- Tá bom mãe, farei o possível – ouvi a voz desanimada responder e um ranger de cadeiras estridentes

Pensei em subir rapidamente as escadas ao ouvir passos próximos, mas, paralisei, comedida, mediante a possibilidade de fazer barulho. Ouvi uma risada zombeteira masculina e logo após dois pares de olhos me encarando com curiosidade, um deles poderia até dizer com surpresa.

- Ei, você é a garota! – ouvi a voz animada do garoto com cabelos dourados a minha frente – Eu sou o Tyler – o vi piscar o olho, sorrindo – Amigo do Ucker – o observei dar tapinhas de leve no garoto ao seu lado – A gente tava ansioso para te conhecer! – sorri, sem jeito. O garoto de cabelos castanhos, ao seu lado, parecia contrariado, com os braços cruzados e fazia careta mediante a tudo que o amigo falava.

- Eu sou a... – comecei, mas, fui interrompida bruscamente.

- Sabemos quem você é, não há necessidade de apresentações – havia irritação no seu tom de voz, mas, era algo que não transparecia em seus olhos.

- Ei, qual é Ucker, porque tanta grosseria com a garota? – ouvi o garoto loiro, falar

- Pensei que estávamos atrasados Tyler – ele bufou parecendo irritado – É melhor você descer sabe, ir jantar, minha mãe está te esperando – ele falou, me encarando, a voz um pouco menos ríspida. Corei, enquanto desviava e descia as escadas, pensativa. Sentei no último degrau.

-Ei, há quanto tempo você está ai? – a mulher a minha frente me olhou surpresa - Está tudo bem? – assenti afirmativamente com a cabeça – Vem então, vamos jantar – ela falou estendendo uma de sua mãos - Espero que você goste de pizza, não é algo saudável, eu sei, é que o Chris adora essas coisas – ela falou a mão ainda estendida, sorrindo – Vamos?

Hesitei por um momento, olhando a mão a minha frente – Sabe, eu adoro pizza de quatro queijos – falei, segurando a mão a minha frente, me sentindo reconfortada pela primeira vez em semanas

- Sorte sua, porque o Chris também adora pizza de quatro queijos, mas, hoje ele parecia estar meio sem fome – ela falou, suspirando – Coisas de garoto, deve ter brigado com a namorada ou algo assim

- Alexandra, obrigada por tudo! – falei, por fim, constrangida enquanto sentávamos a mesa. Naqueles poucos minutos, ali, conversando com ela consegui quase de esquecer o motivo de estar ali.

Então, o que acharam? mereço comentarios? mais um capitulo hoje?