Fanfic: A dança da sedução adaptada Vondy terminada

— Eu...

—  Meu irmão é um boboca — interrompeu Dulce, sor­rindo —, mas é responsável.

Não, o bobo ali era ele mesmo, pensou Christopher. Ficava assustado cada vez que um estranho se aproximava do fi­lho. Falou em voz alta:

— Tudo bem. Mas primeiro vá lavar as mãos no balde, Jack.

— Certo! — O garoto voltou-se para Brandon, enquan­to corria. — Espere um minuto! Só um minuto!

Brandon voltou-se para a irmã.

—  Tentarei passar por aqui quando for fazer o treina­mento da primavera.

Dulce fazia força para não chorar.

— Fique longe das louras de corpo perfeito.

— De jeito nenhum. — Brandon ergueu-a do chão, em um abraço apertado, e murmurou: — Vou sentir saudade.

— Eu também. — Dulce afundou o rosto no ombro do irmão e depois ergueu a cabeça, sorrindo. — Tome conta dessa perna, bobão.

— Ora! Está falando com o Homem de Aço! Tome con­ta de você mesma. — Pegou a mão muito mal lavada de Jack, cumprimentou Christopher e afastou-se.

— Até já, pai! — gritou o menino. — Volto logo!

— Seu irmão tem um problema na perna?

— Tendões. Ele teve uma queda. Bem, vou deixá-lo tra­balhar.

Dulce manteve o sorriso no rosto até dar a volta na casa. Então sentou-se nos degraus e chorou muito.

Dez minutos depois, quando Christopher foi até a picape, ela estava lá. Havia lágrimas em seus olhos.

— O que aconteceu?

— Nada.

— Esteve chorando, Dulce. Ela fungou.

— E daí?

Christopher desejou não replicar. Não era da sua conta, só fora buscar... o que mesmo? Não se lembrava. O problema era que não conseguia ficar insensível diante de lágrimas. Re­signado, sentou-se ao lado de Dulce.

— O que houve?

— Odeio despedidas. Não teria que me despedir do meu irmão se ele não insistisse em morar a quilômetros de dis­tância daqui, na Califórnia.

Estava falando de Brandon, pensou Christopher com alívio. Tirou um lenço do bolso e estendeu-o para Dulce.

— Bem, ele trabalha lá.

— Desculpe, mas não me sinto muito disposta a agir com lógica neste momento. — Dulce aceitou o lenço. — Obrigada.

— De nada.

Enxugou as lágrimas e olhou para a rua.

— Você tem irmãos? — perguntou.

— Não.

— Quer um? Vendo barato. — Ela suspirou e recostou-se nos degraus. — Minha irmã mora em Nova York. Brandon em Los Angeles, e eu na Virgínia. Jamais pensei que terminaríamos tão separados.

Christopher recordou-se do abraço dos irmãos, cheio de amor e carinho, e comentou:

— Não me parecem distantes, apesar de viverem longe um do outro.

Dulce o observou e logo as lágrimas desapareceram.

— Tem razão. Foi a coisa certa a dizer. — Suspirou e devolveu-lhe o lenço. — Vamos esquecer um pouco este assunto. O que fez no Natal? A eterna festa em família, barulhenta e alegre?

— Jack já faz barulho suficiente. Acordou-me às cinco horas da manhã. — Christopher sorriu. — Estava elétrico.

— E resistiu até a hora da ceia? Christopher ficou sério.

— Mais ou menos. Fomos até a casa dos meus pais. Moramos na mesma cidade, mas no nosso caso pode-se dizer que estamos separados.

— Lamento ouvir isso.

— Mas eles adoram Jack, e é isso que importa.

Por que contara aquelas coisas a Dulce? Christopher não en­tendia a própria atitude. Sentia liberdade com Dulce para fazer confidencias, concluiu. Talvez porque o pai continuas­se a desfazer de tudo que desejava e que fizera na vida. Tratou de falar:

— Estou mandando colocar terra do lado da casa. Tal­vez queira fazer um jardim, ou algo parecido, quando a primavera chegar.

— Boa idéia. Christopher levantou-se.

— Bem, preciso voltar a trabalhar, caso contrário não vou receber...

— Christopher...

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