Fanfic: A dança da sedução adaptada Vondy terminada

Christopher Uckermann vai ouvir poucas e boas, pensou Dulce, fu­riosa. Se ele aparecer, é claro. Precisava aprender que um en­contro marcado para as sete horas não era às sete e meia.

Arrependia-se de ter convencido os pais a sair, concluiu, amuada. Agora não tinha ninguém com quem se queixar. Caminhou pela sala e olhou para o telefone.

Não, recusava-se a ligar para ele de novo. Telefonara às sete e vinte e só a secretária eletrônica respondera. Sim, ti­nha uma mensagem para Christopher, mas iria dá-la pessoalmen­te, pensou com raiva.

E quando pensava no trabalho que tivera para se pre­parar para o encontro, o sangue fervia em suas veias! Esco­lher o restaurante ideal e a roupa perfeita... Àquela hora, pensou, teriam sorte de ainda encontrar a mesa reservada. Aliás, decidiu, cancelaria a reserva imediatamente. Se Christopher pensava que sairia com um homem que não tinha a delica­deza de chegar no horário, estava muito enganado!

Pegou o telefone no momento em que a campainha da porta soou. Aprumou os ombros, ergueu o queixo e diri­giu-se à entrada com toda a calma.

— Estou atrasado, sei disso. Tive um contratempo e não consegui telefonar. Lamento.

As palavras frias que planejara dizer ficaram presas na garganta de Dulce. Encarando a expressão do rosto de Christopher, percebeu que não se tratara de pouco-caso.

— Aconteceu alguma coisa com Jack?

— Não, ele está bem. Desculpe, Dulce. Talvez possamos sair outra noite.

— O que houve com sua mão?

Ela segurou-o pelo pulso. Parte da mão estava coberta com gaze e esparadrapo.

— Falta de cuidado minha. Não é nada, não se preocu­pe. Levei dois pontos. O pessoal do pronto-socorro traba­lha devagar.

— Está sentindo dor?

— Não é nada — insistiu Christopher.

Mas Dulce sabia que era alguma coisa, e mais forte que dor física.

— Vá para casa — disse, por fim. — Estarei lá em meia hora.

— Como?

— Eu levarei o jantar. O restaurante fica para outro dia.

— Não precisa dar-se ao trabalho...

—  Christopher. — Dulce segurou-lhe o rosto com ambas as mãos, sentindo muito carinho e pena. — Vá para casa, e irei em seguida. Fora daqui! — finalizou com brandura, fechan­do a porta.

Como sempre, Dulce foi pontual. Quando Christopher abriu a porta, passou por ele como uma brisa de primavera.

— Vai comer bife — anunciou. — Por sorte tinha carne na geladeira.

Assim falando, voltou da cozinha e tirou o casaco, co­meçando a desembrulhar outras coisas.

— Pode abrir o vinho ou sua mão está incomodando?

— Darei um jeito — respondeu Christopher, pegando o casa­co e sentindo o perfume delicioso, antes de pendurá-lo no gancho atrás da porta. Ficava esquisito ali, uma peça tão feminina e macia ao lado de sua jaqueta de trabalho.

Dulce não pertencia àquele ambiente, pensou, olhando para ela.

— Olhe, Dulce...

Mas ela entregou-lhe a garrafa de vinho, e enquanto a abria, Christopher quis saber:

— Por que está fazendo isso?

— Porque gosto de você — respondeu ela, começando a descascar duas batatas. — E porque está com a aparência de quem precisa de uma boa refeição.

— Quantos homens costumam apaixonar-se por você a cada ano?