Fanfic: A dança da sedução adaptada Vondy terminada

As luzes da cidade cintilavam através da janela aberta, tremeluzindo contra o céu escuro. O rumor do tráfego fa­zia-se ouvir nas ruas, mas nada disso parecia existir no retângulo da cama, onde só os sussurros e as carícias domi­navam.

Dulce posicionou-se em cima de Christopher, os longos cabe­los negros caindo de modo suave sobre os corpos de am­bos, como uma cortina discreta. Ele a penetrou com um gesto forte e inesperado, e ambos gemeram.

O prazer começou a pulsar em suas veias, e Dulce arqueou o corpo, permitindo que ele a possuísse de modo pleno, os olhos fechados, perdida em um mundo de sensa­ções e delícias. Ergueu os braços e deslizou as mãos pelos próprios cabelos negros, em um gesto de extrema sensuali­dade e beleza.

Um grito abafado saiu de sua garganta, e começou a mover-se mais depressa, levando ambos à beira do clímax da paixão.

Por fim, Dulce deixou-se cair para o lado, ainda abraçada a Christopher, trêmula e arfante.

Com voz rouca, ele perguntou:

— Vai ficar aqui comigo? Dulce fechou os olhos outra vez.

— Sim.

Ficaram quietos, abraçados, mas não conseguiram dor­mir por um longo tempo, cada qual entregue a seus pró­prios pensamentos.

Christopher acordou e, com um gesto automático, tateou a cama procurando por Dulce. Nos primeiros segundos ficou confuso por não se lembrar de onde estava. Ainda estava escuro. Zonzo, virou para o lado e viu-a vestindo o roupão.

— O que foi?

— Não quis acordá-lo. — Dulce aproximou-se e beijou-o no rosto. — Preciso ir. Tenho aula.

— Está dando aulas de bale no meio da noite?

—  Estou tendo aulas, seu bobo! E já é de manhã. São quase seis horas.

Christopher tentou clarear as idéias, mas dormira muito pou­co e sentia o cérebro embotado. Voltou a perguntar:

— Vai tomar aulas? Pensei que já soubesse dançar.

—  Bobinho...

— Não, espere. — Segurou-a pela mão, antes que fosse embora. — E sério. Por que as aulas? E às seis da manhã?

— Bailarinas nunca param de aprender, e por certo não quando estão atuando. E a aula será às sete horas porque tenho prova de roupas às onze. Agora volte a dormir.

— Está bem — obedeceu Christopher, sem se fazer de rogado.

— Nick e Freddie levarão você e Jack para dar uma volta mais tarde. Talvez possam passar pelo teatro.

Esperou por uma reposta que não veio e inclinou-se.

— Bem — sussurrou a Christopher, que já adormecera. — Só quando está com sono é assim dócil.

Deixou-o e foi preparar-se para um dia bastante longo.

—  Têm certeza de que está certo? — Christopher olhou em volta, para o grupo que se aproximava do palco. Três adul­tos, três crianças e um cachorrinho.

— Sem dúvida — garantiu Freddie. — Dulce já deu per­missão.

Ele ainda não estava convencido, porém já descobrira que era difícil discutir com qualquer uma das irmãs Saviñón. Em especial depois de apenas cinco horas de sono.

As crianças haviam acordado assim que Dulce saíra para a aula, fazendo barulho suficiente para despertar toda a ilha de Manhattan. E quem conseguisse continuar dormindo mesmo assim seria acordado aos sobressaltos, com o latido alegre de Mike.

Todos tomaram o café da manhã em uma confeitaria, para alegria de Jack, e depois tinham caminhado até ficar com dor nos pés. O Empire State Building, lojas de lembran­ças; Times Square, lojas de lembranças; Central Station e... Deus! Mais lojas de lembranças.

Por fim, Christopher concluiu que ir ao encontro de Dulce no meio do ensaio não fora uma idéia muito má. Fazia anos que não punha os pés em um teatro.

— Boca fechada — alertou Nick ao entrarem —, ou nos mandam para fora sem dó nem piedade. E isso é para você também, sua bola peluda — acrescentou, acariciando Mike atrás da orelha.

Freddie deu a mão para o marido, comentando:

— Nada como a coxia de um teatro.