Fanfic: Lendo o Futuro | Tema: Harry Potter
Os sete jovens entraram na sala que continha dois confortáveis sofás de dois lugares e um sofá de três reunidos de forma de círculo, todos na cor roxa que provavelmente foi escolhida por Dumbledore. No canto esquerdo havia uma mesa com sete lugares, ao lado de uma porta aberta que mostrava várias camas com lençóis roxos. Na parede oposta tinha uma porta, que deveria ser o banheiro. No chão, entre os sofás, estava um livro com a capa completamente em branco.
Lily, Remus e Frank se entreolharam, pensando nas disposições do sofá. Embora todos tivessem se comprometido a tentar não enfeitiçar um ao outro, era sempre bom evitar as tentações. Como ninguém parecia tomar a iniciativa de sentar. Frank resolveu sugerir:
— Deveríamos sentar assim: Alice com Lily, Remus com Sirius e James e Snape comigo. — Não que ele gostasse da idéia de se sentar com Snape, mas ele era o menos provável a enfeitiçar o sonserino.
— Não. Se James e Sirius sentarem perto um do outro, jamais vamos terminar de ler — objetou Remus, embora este não fosse o único motivo. Seria difícil manter um olho nos dois se ele estivesse no meio deles.
— Então poderia ser James comigo, Remus com Snape e Lily com Black e Frank — opinou Alice. Ela não se lembrava de Remus ter usado azarações contra o sonserino. Ele apenas não impedia seus amigos de usar.
Não era uma idéia ruim, pensou Lily, mas sabia que Potter e Alice odiavam Snape e os dois sentados juntos poderiam se sentir tentados a algo. A carta tinha falado sobre esperar até o final para julgar, mas ela sabia que se algo realmente ruim sobre Snape aparecesse, não poderia impedir todos a tempo. Precisavam arrumar os lugares de forma que tivesse sempre alguém com a cabeça calma no meio. E ela sabia um modo de fazer isso. Embora não gostasse muito, tinha se comprometido a dar segundas chances.
— Black senta com Remus, Alice senta com Frank, e eu vou sentar entre Potter e Sev... Snape — decidiu Lily, e todos olharam pra ela como se esperassem uma explicação. — Se as coisas saírem do controle Remus pode controlar Black, e Frank, Alice. E eu vou dar um voto de confiança aos dois que eles são maduros o suficiente para se comportarem, e se isso não for bastante eles estarão perto o suficiente para que eu os impeça — concluiu Lily, indo se sentar no meio do sofá de três lugares.
Os outros se apresaram a sentar nos lugares indicados, ninguém querendo ser vítima do temperamento da ruiva. Quando todos estavam sentados, o livro começou a emitir uma luz suave. Remus esticou o braço e quando tocou no livro as seguintes palavras apareceram no meio de todos, como se o livro fosse um projetor.
"Agora que todos concordaram em estar aqui, vou explicar como funcionará. Existem sete livros contendo informações sob o ponto de vista de uma pessoa. Embora alguns não entenderão exatamente porque estão aqui num primeiro momento, peço que esperem, pois no final fará sentido. Os livros vão aparecer conforme os anteriores forem lidos, e os capítulos vão aparecer conforme forem a leitura progredir, assim como as palavras aparecerão no momento que a anterior for lida, para evitar que alguém tente o final antes do tempo. As palavras só aparecerão se todos estiverem reunidos, então vocês devem combinar as pausas para dormir e comer. Sei que parece muita coisa agora, mas conforme a leitura continuar tudo se tornará mais claro. Lembrem-se de que nem tudo é o que parece, e que vocês precisarão se apoiar nos seus amigos durante os tempos difíceis."
Quando a última palavra desapareceu, o livro foi engolido por uma luz azul e a capa foi mudada, com letras aparecendo na superfície do livro. Ele estava exatamente entre eles, de modo que todos vissem o título: "Harry Potter e a Pedra Filosofal".
— Achei que você fosse o último Potter, James – comentou Alice, olhando para o livro.
— Este livro é do futuro, deve ser algum parente dele — respondeu Frank, antes que James pudesse falar. — Eu sei que todos estão se perguntando quem é Harry Potter e porque estamos aqui para ler sobre ele, mas seria mais fácil ler e descobrir ao invés de teorizar.
Remus, que ainda estava com o braço esticado na direção do livro, o pegou e disse:
— Acho que deveríamos ler um capitulo cada, seguindo a ordem dos lugares.
Todos concordaram ansiosamente, menos Severus, que deu um aceno de cabeça mínimo. Como ler um livro sobre qualquer descendente da família Potter iria influenciar na vida dele era um mistério absoluto, mas ao menos estava ao lado de Lily.
Remus abriu a primeira página, pigarreou e leu:
Capítulo Um:O Menino Que Sobreviveu.
Frank pensou que sobreviver indicava que alguém teria tentado matar um menino ou um acidente horrível tinha acontecido e ele havia sobrevivido, mas decidiu que era um pensamento mórbido demais para compartilhar.
O Sr. e a Sra. Dursley, da Rua dos Alfeneiros, nº. 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado.
— Parecem trouxas — comentou James — e eu não conheço nenhum Dursley.
Eram as últimas pessoas no mundo que se esperaria que se metessem em alguma coisa estranha ou misteriosa, porque simplesmente não compactuavam com esse tipo de bobagem.
— Parecem um tipo muito chato de trouxas — concordou Sirius.
Lily, que infelizmente conhecia um Dursley resolveu esperar para ter certeza antes de comentar, embora também não entendesse o que faziam neste livro.
O Sr. Dursley era diretor de uma firma chamada Grunnings, que fazia perfurações.
— É um emprego trouxa, onde se cavam buracos com coisas chamadas brocas — explicou Remus, quando Frank começou a abrir a boca para comentar.
Era um homem alto e corpulento quase sem pescoço, embora tivesse enormes bigodes.
— Parece um homem muito atraente — disse Alice, sarcasticamente.
A Sra. Dursley era loura e tinha um pescoço quase duas vezes mais comprido que o normal, o que era muito útil porque ela passava grande parte do tempo espichando-o por cima da cerca do jardim para espiar os vizinhos.
— A esposa parece adorável também, formam um lindo casal — continuou James, no mesmo tom de Alice
Lily, que achou a descrição da mulher familiar, mexeu-se incomodamente no assento, e o mesmo fez Severus.
Os Dursley tinham um filhinho chamado Dudley, o Duda, e em sua opinião não havia garoto melhor em nenhum lugar do mundo.
— Nome lindo! — interrompeu Alice, continuando com o sarcasmo. Não sabia o porquê, mas não gostava desta família.
Os Dursley tinham tudo que queriam, mas tinham também um segredo, e seu maior receio era que alguém o descobrisse. Achavam que não iriam agüentar se alguém descobrisse a existência dos Potter.
— Não há nada errado com os Potter! — gritaram Sirius e James ao mesmo tempo.
Severus discordou silenciosamente e Remus, embora concordasse com os amigos, achou melhor continuar lendo.
A Sra. Potter era irmã da Sra. Dursley, mas não se viam havia muitos anos; na realidade a Sra. Dursley fingia que não tinha irmã, porque esta e o marido imprestável eram o que havia de menos parecido possível com os Dursley.
— Eu não sou um imprestável! — gritou James mais uma vez.
— Ohhhh, Pontas vai casar! — cantarolou Sirius ao mesmo tempo.
Lily, que tinha suspirado tristemente ao comentário sobre não ter irmã, queo qual soava como algo que Petúnia faria, falou:
— Não sabemos se isso é sobre você, Potter — tentando fortemente acreditar nisso, porque a outra alternativa era algo que ela não queria pensar no momento.
Eles estremeciam só de pensar o que os vizinhos iriam dizer se os Potter aparecessem na rua. Os Dursley sabiam que os Potter tinham um filhinho também, mas nunca o tinham visto. O garoto era mais uma razão para manter os Potter à distância; eles não queriam que Duda se misturasse com uma criança daquelas.
James resmungou algo sobre não querer que o filho dele se misturasse com essa criança.
— Parece uma família horrível — comentou Alice em voz alta. — Não vejo porque alguém gostaria de se misturar com eles.
Quando o Sr. e a Sra. Dursley acordaram na terça-feira monótona e cinzenta em que a nossa história começa, não havia nada no céu nublado lá fora sugerindo as coisas estranhas e misteriosas que não tardariam a acontecer por todo o país. O Sr. Dursley cantarolava ao escolher a gravata mais sem graça do mundo para ir trabalhar e a Sra. Dursley fofocava alegremente enquanto lutava para encaixar um Duda aos berros na cadeirinha alta.
— Por que ele escolheria a gravata mais chata? — perguntou Sirius.
— Para combinar com a chatice dele — respondeu James.
Severus esfregou as têmporas; parecia que seria uma leitura realmente longa com todas estas interrupções.
Nenhum deles reparou em uma coruja parda que passou, batendo as asas, pela janela.
Às oito e meia, o Sr. Dursley apanhou a pasta, deu um beijinho no rosto da Sra. Dursley e tentou dar um beijo de despedida em Duda, mas não conseguiu, porque na hora Duda estava tendo um acesso de raiva e atirava o cereal nas paredes.
— Essa é uma criança horrível! — e quando todos olharam para ele tentando entender como Sirius, de todas as pessoas, comentou isso, ele continuou. — Jogar comida fora é um absurdo!
E todos reviraram os olhos, porque era de conhecimento comum que Sirius era um poço sem fundo quando se tratava de comida.
— Pestinha — disse rindo contrafeito o Sr. Dursley ao sair de casa. Entrou no carro e deu marcha à ré para sair do estacionamento do número quatro.
— E o pai ainda ri – comentou Frank. — Imagine como será essa criança no futuro.
Foi na esquina da rua que ele notou o primeiro indício de que algo estranho ocorria – um gato lia um mapa.
— Será a Professora Minnie? — perguntou James.
Remus deu os ombros. Era muito cedo pra ter certeza, embora gatos normalmente não lessem mapas, e continuou lendo.
Por um instante o Sr. Dursley não percebeu o que vira — em seguida virou rapidamente a cabeça para dar uma segunda olhada. Havia um gato de listras amarelas sentado na esquina da rua dos Alfeneiros, mas não havia nenhum mapa à vista. Em que estaria pensando naquela hora? Devia ter sido um efeito da luz. Ele piscou e arregalou os olhos para o gato.
— Definitivamente Minnie — confirmou James.
Lily abriu a boca para comentar a falta de respeito com a professora, mas fechou novamente. Era muito cedo para começar uma briga. Sirius e Alice se permitiram um pequeno sorriso, mas Frank não estava completamente convencido.
— Não pode ter certeza que é a professora McGonagall com tão poucas informações — contradisse Frank.
— Acredite em mim, James e Sirius passaram tanto tempo com ela que podem reconhecê-la em qualquer lugar e sob qualquer forma — disse Remus antes de voltar a ler.
O gato o encarou. Enquanto virava a esquina e subia a rua, espiou o gato pelo espelho retrovisor. Ele agora estava lendo a placa que dizia Rua dos Alfeneiros — não, estava olhando a placa: gatos não podiam ler mapas nem placas.
"Se forem animagos, eles podem", pensou James, e sorriu vitoriosamente para Frank.
O Sr. Dursley sacudiu a cabeça e tirou o gato do pensamento. Durante o caminho para a cidade ele não pensou em mais nada exceto no grande pedido de brocas que tinha esperanças de receber naquele dia.
— Este cara tem um cérebro imenso se isso é tudo que ele pode pensar durante o dia – zombou Sirius.
— Veja quem fala – disse Severus em voz baixa, mas foi o suficiente para Lily ouvir e, embora ela desse um pequeno sorriso, o olhar dela dizia claramente: se comporte.
Mas ao sair da cidade, as brocas foram varridas de sua cabeça por outra coisa. Ao parar no costumeiro engarrafamento matinal, não pôde deixar de notar que havia uma quantidade de gente estranhamente vestida andando pelas ruas. Gente com capas largas.
— Não tem nada estranho com capas! — defendeu James.
— Se você fosse mais inteligente, Potter, saberia que trouxas não andam de capas — respondeu Severus.
Antes que James pudesse responder, Lily acabou com a discussão.
— Não provoque, Sev, ele só fez um comentário.
Fazendo Severus sorrir pelo uso do apelido e James sorrir por ela tê-lo defendido, ela suspirou e fez um gesto para Remus continuar a leitura.
O Sr. Dursley não tolerava gente que andava com roupas ridículas — os trapos que se viam nos jovens! Imaginou que aquilo fosse uma nova moda idiota. Tamborilou os dedos no volante e seu olhar recaiu em um grupinho de excêntricos parados bem perto dele. Cochichavam excitados. O Sr. Dursley se irritou ao ver que alguns deles nem eram jovens; ora, aquele homem devia ser mais velho do que ele, e usava uma capa verde-esmeralda! Que petulância!
— Parece que algo realmente grande aconteceu — comentou Frank. — Para todos estarem sendo tão descuidados...
Mas então ocorreu ao Sr. Dursley que se tratava prova de alguma promoção boba — essas pessoas estavam obviamente arrecadando alguma coisa... é, devia ser isto! O tráfego avançou e alguns minutos depois o Sr. Dursley chegou ao estacionamento da Grunnings, o pensamento de volta às brocas.
— Que é tudo que ele consegue pensar – zombou Sirius novamente.
O Sr. Dursley sempre sentava de costas para a parede em seu escritório no nono andar. Se não o fizesse, talvez tivesse achado mais difícil se concentrar em brocas aquela manhã. Ele não viu as corujas que voavam velozes em plena luz do dia, embora as pessoas na rua as vissem; elas apontavam e se espantavam enquanto um bando de coruja passava no alto. A maioria jamais vira uma coruja mesmo à noite.
— Algo realmente grande deve ter acontecido — concordou Lily. — Nunca fomos tão descuidados assim.
E todos começaram a imaginar o que poderia ter acontecido para provocar essa reação.
O Sr. Dursley, porém, teve uma manhã normal sem corujas. Gritou com cinco pessoas diferentes. Deu vários telefonemas importantes e gritou mais um pouco.
— Ele é realmente adorável — disse Alice, com a voz pingando sarcasmo. — Tenho profunda inveja da mulher dele.
Estava de excelente humor até a hora do almoço, quando pensou em esticar as pernas e atravessar a rua para comprar um pãozinho doce na padaria defronte.
— Pensar em pão me dá fome — disse Sirius, sendo ignorado por todos.
Esquecera completamente as pessoas de capas até passar por um grupo delas próximo à padaria. Olhou-as com raiva ao passar. Não sabia o porquê, mas elas o deixavam nervoso. Essas cochichavam agitadas, também, mas ele não viu nenhuma latinha de coleta. Foi ao passar por elas, na volta, levando uma grande rosca açucarada em um saco, que entreouviu algumas palavras do que diziam.
— ... Os Potter, é verdade, foi o que ouvi...
— ... é, o filho deles, Harry...
Todos olharam para James, entre curiosos e preocupados. Harry parecia ser parente dele e alguma coisa tinha acontecido. Menos Severus, que não podia se importar menos com o destino do tal Harry.
O Sr. Dursley parou de repente. O medo invadiu-o. Virou a cabeça para olhar as pessoas que cochichavam como se quisesse dizer alguma coisa, mas pensou melhor.
— Ele pode pensar? – exclamou Severus sem pensar, e todos olharam para ele estranhamente, que fez uma anotação mental para evitar esse tipo de comentário no futuro.
Atravessou a rua depressa, correu para o escritório, disse rispidamente à secretária que não o incomodasse, agarrou o telefone e quase terminara de discar o número de casa quando mudou de idéia. Pôs o fone no gancho e alisou os bigodes pensando...não, estava agindo como um idiota.
— Achei que todos já tínhamos concordado com isso — disse Alice. E todos acenaram com a cabeça, até mesmo Severus, porque não podia negar que esse homem era um idiota.
Potter não era um nome tão fora do comum assim. Tinha certeza de que havia muita gente chamada Potter com um filho chamado Harry. Pensando bem, nem sequer tinha certeza de que o sobrinho tivesse o nome de Harry. Jamais vira o menino. Talvez fosse Ernesto. Ou Eduardo.
— Ele não sabe o nome do próprio sobrinho, isso é apenas triste — comentou Frank. E mais uma vez todos concordaram.
Não tinha sentido preocupar a Sra. Dursley, ela sempre ficava tão perturbada à simples menção da irmã. Não a culpava — se eletivesse uma irmã como aquela... mas mesmo assim, aquelas pessoas de capas...
Lily se mexeu nervosamente; cada vez mais a Sra. Dursley se parecia com Petúnia, e se isso fosse certo... melhor deixar para se preocupar com isso se chegasse o momento.
Achou bem mais difícil se concentrar nas brocas aquela tarde e quando deixou o edifício às cinco horas, continuava tão preocupado que deu um encontrão em alguém parado ali à porta.
— Pobre pessoa — disse Sirius sendo mais uma vez ignorado.
— Desculpe — murmurou, quando o velhinho cambaleou e quase caiu. Levou alguns segundos até o Sr. Dursley perceber que o homem estava usando uma capa roxa. Não parecia nada aborrecido por ter sido quase jogado ao chão. Ao contrário, seu rosto se abriu em um largo sorriso e ele disse numa voz esganiçada que fez os passantes olharem:
— Não precisa pedir desculpas, caro senhor, porque nada poderia me aborrecer hoje! Alegre-se, porque o Senhor-Sabe-Quem finalmente foi-se embora! Até trouxas como o senhor deviam estar comemorando um dia tão feliz!
E o velho abraçou o Sr. Dursley pela cintura e se afastou.
Todos se olharam chocados.
— Voldemort foi embora? – começou Remus, ignorando a carranca de Snape pelo uso do nome, todos os outros presentes não tinham problema para dizer o nome dele. Mas não conseguiu continuar, este era um pensamento quase bom demais para acreditar.
— Alguma coisa aconteceu com ele — disse Frank. — Isso explicaria os bruxos estarem sendo tão descuidados.
Remus recomeçou a ler rapidamente querendo mais informações sobre isso.
O Sr. Dursley ficou pregado no chão. Fora abraçado por um completo estranho. E também achava que fora chamado de trouxa, o que quer que isso quisesse dizer. Estava abalado. Correu para o carro e partiu para casa, esperando que estivesse imaginando coisas, o que nunca esperara que fizesse, porque não aprovava a imaginação.
— Isso é... Triste — disse James na falta de uma palavra melhor. Ele não conseguia imaginar alguém viver sem imaginação.
Quando entrou no estacionamento do número quatro, a primeira coisa que viu — e isso não melhorou o seu estado de espírito — foi o gato listrado que notara aquela manhã. Agora ele estava sentado no muro do jardim. Tinha certeza de que era o mesmo, as marcas em volta dos olhos eram as mesmas.
— Chispa! — disse o Sr. Dursley em voz alta.
— Eu disse que era Minnie! — James sorriu vitoriosamente.
O gato não se mexeu. Apenas lançou-lhe um olhar severo.
Frank acenou a cabeça, reconhecendo a derrota. Certamente era a professora McGonagall.
Será que isto era um comportamento normal para um gato, pensou o Sr. Dursley. Continuava decidido a não comentar nada com a esposa.
A Sra. Dursley tivera um dia normal e agradável. Contou-lhe durante o jantar os problemas da senhora do lado com a filha e ainda que Duda aprendera uma palavra nova ("Nunca").
— Algo para se ter orgulho, realmente — murmurou Alice.
O Sr. Dursley tentou agir normalmente. Depois que Duda foi se deitar, ele chegou à sala em tempo de ouvir o último noticiário noturno.
"E, por último, os observadores de pássaros em toda parte registraram que as corujas do país se comportaram de forma muito estranha hoje. Embora elas normalmente cacem à noite e raramente apareçam à luz do dia, centenas desses pássaros foram visto hoje voando em todas as direções desde o alvorecer. Os especialistas não sabem explicar por que as corujas de repente mudaram o seu padrão de sono."
O locutor se permitiu um sorriso.
— Esse locutor parece saber do nosso mundo — comentou Remus antes de continuar a ler.
"Muito misterioso. E agora, com Jorge Mendes, o nosso boletim meteorológico. Vai haver mais tempestades de corujas hoje à noite, Jorge?"
"Bom, Eduardo", disse o meteorologista, "não sei lhe dizer, mas não foram só as corujas que se comportaram de modo estranho hoje. Ouvintes de todo o país têm telefonado para reclamar que em vez do aguaceiro que prometi para ontem, eles têm tido chuvas de estrelas! Talvez alguém ande festejando a noite das fogueiras uma semana mais cedo este ano! Mas posso prometer para hoje uma noite chuvosa."
O Sr. Dursley ficou paralisado na poltrona. Estrelas cadentes em todo o país? Corujas voando durante o dia? Gente misteriosausando capas por todo lado? E um cochicho, um cochicho a respeito dos Potter...
— Se até um imbecil pode ligar os pontos, realmente estamos em problemas – comentou Severus, e todos olharam estranhamente para ele de novo. Ele pensou que teria que se acostumar com esses olhares cada vez que um comentário escapasse.
A Sra. Dursley entrou na sala trazendo duas xícaras de chá. Não adiantava. Teria que lhe dizer alguma coisa. Pigarreou nervoso.
— Hum, hum, Petúnia, querida, você não tem tido notícias de sua irmã, ultimamente?
Remus foi interrompido por um grito de Alice.
— Eu sabia que isso ia acontecer algum dia! — e quando a maioria da sala olhou para ela esperando uma explicação, continuou. — Lily tem uma irmã chamada Petúnia.
Enquanto James abria o maior sorriso que eles já tinham visto, Sirius resolveu confirmar.
— Isso que dizer que a futura Sra. Potter é a Evans?
James sorriu ainda mais se era possível, enquanto Lily olhava para ele como se nunca o tivesse visto antes, ou talvez procurando os motivos que o levaram a se casar com ele. Ela não podia falar que nunca tinha imaginado sair com ele, porque com todas as vezes que ele perguntou era impossível não ter tido algum pensamento... mas casar? Felizes para sempre? Tinha que ter algo nele que ela não tinha visto ainda ou ela era muito ruim para julgar pessoas.
Severus repetia mentalmente "Essa tem que ser uma das coisas que podemos mudar." Porém ele tinha medo que isso estivesse errado. Lily não estava gritando, ou mostrando nojo com a idéia, só parecia estar tentando entender como isso aconteceu. Não era justo, realmente não era. Potter teve de tudo no colégio, era o garoto de ouro de todo mundo, a única pessoa que via através dele era Lily e agora ela parecia enganada com isso também. Ele não queria pensar nisso.
Remus olhou de James, que parecia que ia explodir de felicidade, para Lily que ainda não tinha dito uma palavra e olhava para James como se não acreditasse, e Snape, que parecia ter recebido a pior notícia da sua vida, e decidiu continuar lendo.
Conforme esperava, a Sra. Dursley pareceu chocada e aborrecida. Afinal, normalmente fingiam que ela não tinha irmã...
— Graças, Tuney, me sinto da mesma forma – disse Lily, agora que tinha certeza que era sua irmã. Ainda olhava do livro para James, como se esperasse uma resposta aparecer escrita na testa dele.
— Não — respondeu ela, seca. — Por quê?
— Uma notícia engraçada — murmurou o Sr. Dursley. — Corujas... estrelas cadentes... e vi uma porção de gente de aparência estranha na cidade hoje...
— E daí? — cortou a Sra. Dursley.
— Bem, pensei... talvez,,, tivesse alguma ligação com... sabe... o pessoal dela.
— O pessoal dela? — perguntaram Frank e Sirius ao mesmo tempo. James ainda estava sorrindo e parecia alheio ao resto do mundo.
— Minha irmã não gosta de bruxos. — Lily encolheu os ombros; pensar nisso ainda doía.
A Sra. Dursley bebericou o chá com os lábios contraídos. O Sr. Dursley ficou em dúvida se teria coragem de lhe contar que ouvira o nome "Potter". Decidiu que não.
"Esse definitivamente não seria um grifinório", pensou Remus.
Em vez disso, falou com a voz mais displicente que pôde:
— O filho deles... teria mais ou menos a idade do Duda agora, não?
— Suponho que sim — respondeu a Sra. Dursley ainda seca.
— Como é mesmo o nome dele? Ernesto, não é?
— Harry. Um nome feio e vulgar, se quer saber minha opinião.
— Como você nomeou seu próprio filho de Dudley, sua opinião não importa — disse James, mas ele continuava sorrindo como se não conseguisse parar.
— Ah, é — disse o Sr. Dursley, sentindo um aperto horrível no coração. — É, concordo com você.
Não disse mais nenhuma palavra sobre o assunto a caminho do quarto onde foram se deitar. Enquanto a Sra. Dursley estava no banheiro, o Sr. Dursley foi devagarinho até a janela e espiou o jardim da casa. O gato continuava lá. Observava o começo da rua dos Alfeneiros como se esperasse alguma coisa.
Estaria imaginando coisas?
— Achei que ele era contra a imaginação — comentou Sirius.
Será que tudo isto teria ligação com os Potter? Se tinha... se transpirasse que eram aparentados como um casal de... bem, ele achava que não agüentaria.
Os Dursley se deitaram. A Sra. Dursley, adormeceu logo, mas o Sr. Dursley continuou acordado, pensando no que acontecera. Seu último consolo antes de adormecer foi pensar que mesmo que os Potter estivessem envolvidos, não havia razão para se aproximarem dele e da Sra. Dursley. Os Potter sabiam muito bem o que pensavam deles e de gente de sua laia... Não via como ele e Petúnia poderiam se envolver com nada que estivesse acontecendo. O Sr. Dursley bocejou e se virou. Isso não poderiaafetá-los...
Como estava enganado.
Remus estremeceu, não gostando da frase.
O Sr. Dursley talvez estivesse mergulhando em um sono inquieto, mas o gato no muro lá fora não mostrava sinais de sono.
Continuava sentado imóvel como uma estátua, os olhos fixos na esquina mais distante da rua dos Alfeneiros. E nem sequer estremeceu quando uma porta de carro bateu na rua seguinte, nem mesmo quando duas corujas mergulharam do alto. Na verdade, era quase meia-noite quando o gato se mexeu.
Um homem apareceu na esquina que o gato estivera vigiando.
— Será que Minnie tem um encontro? — perguntou Sirius, sendo calado por um tapa de Remus na cabeça.
Apareceu tão súbita e silenciosamente que se poderia pensar que tivesse saído do chão. O rabo do gato mexeu ligeiramente e seus olhos se estreitaram.
As pessoas na sala também estreitaram os olhos como se pudessem ver o homem que a professora McGonagall via.
Ninguém jamais vislumbrara nada parecido com este homem na rua dos Alfeneiros. Era alto, magro e muito velho a julgar pelo prateado dos seus cabelos e de sua barba, suficientemente longos para prender no cinto.
— Dumbledore! — exclamou Sirius, fazendo Remus revirar os olhos para a necessidade de Sirius de falar o óbvio.
Usava vestes longas, uma capa púrpura que arrastava pelo chão e botas com saltos altos e fivelas. Seus olhos azuis eram claros, luminosos e cintilantes por trás dos óculos em meia-lua e o nariz muito comprido e torto, como se o tivesse quebrado pelo menos duas vezes. O nome dele era Albus Dumbledore.
Albus Dumbledore não parecia ter consciência de que acabara de pisar numa rua onde tudo, desde o seu nome às suas botas, era malvisto.
Lily suspirou inquietamente. O fato de Dumbledore e McGonagall estarem na rua da que morava sua irmã não parecia ser um bom sinal.
Estava ocupado apalpando a capa, procurando alguma coisa. Mas parecia ter consciência de que estava sendo vigiado, porque ergueu a cabeça de repente para o gato, que continuava a fitá-lo da outra ponta da rua. Por algum motivo, a visão do gato pareceu diverti-lo. Deu uma risadinha e murmurou: "Eu devia ter imaginado."
Encontrou o que procurava no bolso interior da capa. Parecia um isqueiro de prata. Abriu-o, ergueu-o no ar e o acendeu. O lampião de rua mais próximo apagou-se com um estalido seco. Ele fez de novo — o lampião seguinte piscou e apagou, doze vezes ele acionou o "apagueiro", até que as únicas luzes acesas na rua eram dois pontinhos minúsculos ao longe – os olhos do gato que o vigiava.
Sirius abriu a boca para falar que queria um objeto desses, quando o olhar de Remus o fez se calar.
Se alguém espiasse pela janela agora, até a Sra. Dursley, de olhos de contas, não conseguira ver nada que estava acontecendo na calçada. Dumbledore tornou a guardar o"apagueiro" na capa e saiu caminhando pela rua em direção ao número quatro, onde se sentou no muro ao lado do gato. Não para olhar para o bicho, mas, passado algum tempo, dirigiu-se a ele.
— Imaginava encontrar a senhora aqui, Profª. Minerva McGonagall.
James sorriu arrogantemente, pensando que ele sabia desde o começo que era ela.
E virou-se para sorrir para o gato, mas este desaparecera. Ao invés dele, viu-se sorrindo para uma mulher de aspecto severo que usava óculos de lentes quadradas exatamente do formato das marcas que o gato tinha em volta dos olhos. Ela, também, usava uma capa esmeralda. Trazia os cabelos negros presos num coque apertado. E parecia decididamente irritada.
— E quando ela não parece irritada? — perguntou Sirius.
— Quando ela está longe de você — respondeu Alice, mostrando a língua.
— Como soube que era eu? — perguntou.
— Minha cara professora, nunca vi um gato se sentar tão duro.
Algumas risadinhas foram ouvidas na sala.
— O senhor estaria duro se tivesse passado o dia todo sentado em um muro de pedra — respondeu a Profª. Minerva.
— O dia todo? Quando podia estar comemorando? Devo ter passado por mais de dez festas e banquetes a caminho daqui.
A professora fungou aborrecida.
— Ah, sim, vi que todos estão comemorando — disse impaciente. — Era de esperar que fossem um pouco mais cautelosos, mas não, até os trouxas notaram que alguma coisa estava acontecendo. Deu no telejornal. — Ela indicou com a cabeça a sala às escuras dos Dursley. — Eu ouvi... bandos de corujas... estrelas cadentes... Ora, eles não são completamente idiotas. Não podiam deixar de notar alguma coisa. Estrelas cadentes em Kent, aposto que foi coisa de Dédalo Diggle. Ele nunca teve muito juízo.
— Eu discordo — começou Sirius – Lembra aquela vez que...
Mas ele não decidiu não concluir a história, porque Remus tinha novamente dado um tapa na sua cabeça.
— Você não pode culpá-los — ponderou Dumbledore educadamente. — Temos tido muito pouco o que comemorar nos últimos onze anos.
— Isso quer dizer que a guerra durou onze anos? — perguntou Frank, e todos se entreolharam sombrios. Onze anos é muito tempo para lutar, muitas vidas...
— Sei disso — retrucou a professora mal-humorada. — Mas não é razão para perdermos a cabeça. As pessoas estão sendo completamente descuidadas, saem às ruas em plena luz do dia, sem nem ao menos vestir roupa de trouxa, e espalham boatos.
— Entendo o motivo de ela ter ficado o dia à espera de Dumbledore — ponderou Frank. — Boatos sobre Voldemort ter ido embora são uma boa motivação para passar o dia sentada num muro de pedra.
De esguelha, lançou um olhar atento a Dumbledore, como se esperasse que ele dissesse alguma coisa, mas ele continuou calado, por isso ela recomeçou:
— Ia ser uma graça se, no próprio dia em que Você-Sabe-Quem parece ter finalmente ido embora, os trouxas descobrissem a nossa existência. Suponho que ele realmente tenha ido embora, não é, Dumbledore?
— Parece que não há dúvida. Temos muito o que agradecer. Aceita um sorvete de limão?
— Ele foi embora?
— Quer dizer que ele foi derrotado?
— Isso aconteceu mesmo?
Todos começaram a falar ao mesmo tempo. Voldemort estava longe de ser derrotado no tempo deles, era quase inacreditável e eles não conseguiam pensar no que tinha acontecido.
— Se Lupin continuar lendo, teremos todas as respostas — disse Severus num tom azedo. Ele queria saber o que tinha acontecido, porque não fazia sentido estarem todos numa sala só para receberem a notícia que o Lord das Trevas foi derrotado.
— Um o quê?
— Um sorvete de limão. E uma espécie de doce dos trouxas de que sempre gostei muito.
— Acho que não é momento para doces — ponderou Frank; o comportamento de Dumbledore sempre o surpreendia.
— Não, obrigada — disse a Profª. Minerva com frieza, como se não achasse que o momento pedia sorveres de limão. — Mesmo que Você-Sabe-Quem tenha ido embora.
— Minha cara professora, com certeza uma pessoa sensata como a senhora pode chamá-lo pelo nome. Toda essa bobagem de Você-Sabe-Quem, há onze anos venho tentando convencer as pessoas a chamá-lo pelo nome que recebeu: Voldemort.
— O medo de um nome só aumenta o medo da coisa em si — falaram todos, menos Snape, já que tinham ouvido várias vezes esse argumento.
A professora franziu a cara, mas Dumbledore, que estava separando dois sorvetes de limão, pareceu não reparar. — Tudo fica tão confuso quando todos não param de dizer "Você-Sabe-Quem". Nunca vi nenhuma razão para ter medo de dizer o nome de Voldemort.
— Sei que não vê — disse a professora parecendo meio exasperada, meio admirada. — Mas você é diferente. Todo o mundo sabe é o único de quem Você-Sabe... ah, está bem, de quem Voldemort tem medo.
— Isto é um elogio — disse Dumbledore calmamente. — Voldemort tinha poderes que nunca tive.
— Só Porque você não se rebaixaria ao nível dele para usá-los — cuspiu James.
— Só porque você é muito... bem... nobre para usá-los.
— Gosto mais de como a Professora McGonagall disse — implicou Alice dando a língua para James.
Snape pôs o rosto nas mãos irritado. Parecia que eles tinham a necessidade de comentar a cada frase.
— É uma sorte estar escuro. Nunca mais corei assim desde que Madame Pomfrey me disse que gostava dos meus abafadores de orelhas novos.
— Poderíamos ficar sem saber isso, informação demais.
A Profª. Minerva lançou um olhar severo a Dumbledore e disse:
— As corujas não são nada comparadas aos boatos que correm. Sabe o que todos estão dizendo? Por que ele foi embora? Que foi que finalmente o deteve?
Todos se endireitaram no sofá.
Aparentemente a Profª. Minerva chegara ao ponto que estava ansiosa para discutir, a verdadeira razão pela qual estivera esperando o dia todo em cima de um muro frio e duro, porque nem como gato nem como mulher ela fixara antes um olhar tão penetrante em Dumbledore como agora. Era óbvio que seja o que fosse que "todos" estavam dizendo, ela não iria acreditar até que Dumbledore confirmasse ser verdade. Dumbledore, porém, estava escolhendo mais um sorvete de limão e não respondeu.
— O que estão dizendo — continuou ela — é que a noite passada Voldemort apareceu em Godric`s Hollow. Foi procurar os Potter. O boato é que Lily e James Potter estão... estão... que estão... mortos.
Silêncio caiu na sala. Ninguém sabia o que dizer. Lily olhou para James e ele estava olhando para ela também, o mesma pensamento escrito em seus olhos. Se eles tinham morrido na guerra, queriam saber como. Ela colocou a mão sobre a dele e deu um apertão suave e ele entendeu o que ela queria.
— Continue lendo, por favor — pediu James com a voz suave, ainda olhando para Lily.
Todos ainda estavam chocados para assimilar isso. Remus olhou James antes de continuar lendo.
Dumbledore fez que sim com a cabeça. A Profª. Minerva perdeu o fôlego.
— Lily e James... Não posso acreditar... Não quero acreditar... Ah, Albus.
Dumbledore estendeu a mão e deu-lhe um tapinha no ombro.
— Eu sei... eu sei... — disse deprimido.
Todos compartilhavam o sentimento, embora Snape o fizesse só pela morte de Lily. Ele queria abraçá-la e falar que nada disso ia acontecer, quando ele viu que ela ainda tinha a mão sobre a de Potter e se moveu para longe. Lily deve ter sentido ele se mexer, porque desviou o olhar de Remus e do livro e olhou para ele. Ela deu um sorriso triste, como se ele que precisasse ser consolado e não ela, e deu um suave apertão na sua mão, antes de soltá-la. Snape reparou que ela não tinha deixado a mão do Potter, ela não parecia nem perceber que a mão ainda estava lá.
Ele não sabia como se sentir. Por um lado, sentia-se traído. Como ela poderia fazer isso, e com seu pior inimigo? Por outro, era a primeira mostra de amizade que ela dava em um ano. Ele não tinha certeza se conseguiria manter a amizade dela a esse preço. Seus pensamentos foram interrompidos por Remus, que voltara a ler.
A voz da Profª. Minerva tremeu ao prosseguir:
— E não é só isso. Estão dizendo que ele tentou matar o filho dos Potter, Harry. Mas... não conseguiu. Não conseguiu matar o garotinho. Ninguém sabe o porquê nem como, mas estão dizendo que na hora que não pôde matar Harry Potter, por alguma razão, o poder de Voldemort desapareceu, e é por isso que ele foi embora.
James se recuperou primeiro do choque que essas palavras causaram.
— Ele tentou matar meu filho?
Lily entrelaçou os dedos com ele, compartilhando o sentimento de revolta. Nenhum dos dois parecia ter registrado as palavras que seguiram isso.
Frank começou lentamente tentando organizar as idéias:
— A queda de Voldemort foi provocada por um bebê? — perguntou olhando em volta, mas todos pareciam tão perdidos quanto ele. Remus voltou a ler esperando ter uma resposta.
Dumbledore concordou com a cabeça, sério.
— É... é verdade? — gaguejou a professora. — Depois de tudo o que ele fez... todas as pessoas que matou... não conseguiu matar um garotinho? É simplesmente espantoso... de tudo que poderia detê-lo... mas, por Deus, como foi que Harry sobreviveu?
— Só podemos imaginar — disse Dumbledore. — Talvez nunca cheguemos a saber.
— Ao menos nosso filho sobreviveu — disse James, olhando para Lily. Era informação demais para assimilar: ele e Lily tinham casado, tido um filho e morrido. Lily apenas acenou, como se ela tivesse tentando entender tudo.
Os outros marotos olhavam para ambos, que ainda estavam com as mãos dadas, pensando na injustiça de tudo. Eles eram boas pessoas, tinham construído uma família, que foi destruída por Voldemort. A única coisa de seus amigos que havia restado era uma criança, que agora não tinha pais. Remus e Sirius juraram silenciosamente que fariam de tudo pra mudar esse futuro, porque se alguém merecia uma família feliz eram eles dois.
Alice tinha abraçado Frank sabendo que ele pensava a mesma coisa que ela. Seus amigos eram pessoas jovens, cuja única coisa que tinham feito para ofender Voldemort foi lutar pelo que era certo. Quantas famílias teriam sido destruídas da mesma forma? Ela e Frank teriam conseguido formar sua própria família? O autor da carta falava sobre sacrifícios, o que será que eles tinham sacrificado na guerra?
Snape olhava para Lily, pensando que isso era algo para mudar na guerra: ela tinha morrido. Talvez se ela não tivesse casado com Potter isso não teria acontecido. Ele lutaria na guerra, era culpa dele se o Lord das Trevas tinha ido até eles. Talvez ele conseguisse convencê-la a não casar com Potter, a fugir e se esconder. Talvez fosse esse o motivo dele estar na sala.
A Profª. Minerva pegou um lenço de renda e secou com delicadeza os olhos por baixo das lentes dos óculos. Dumbledore deu uma grande fungada ao mesmo tempo em que tirava o relógio de ouro do bolso e o examinava. Era um relógio muito estranho. Tinha doze ponteiros, mas nenhum número; em vez deles, pequenos planetas giravam à volta. Mas, devia fazer sentido para Dumbledore, porque ele o repôs no bolso e disse:
— Hagrid está atrasado. A propósito, foi ele que lhe disse que eu estaria aqui, suponho.
— Foi. E suponho que você não vá me dizer por que está aqui e não em outro lugar.
— Vim trazer Harry para tio e a tia. Eles são a única família que lhe resta.
— Não! — disse Lily desesperada. — Minha irmã fará a vida dele miserável. Ela nunca me perdoou por ser bruxa.
— Deve ser uma solução temporária, Lily — confortou Remus. — Tenho certeza que todas as pessoas desta sala cuidarão do seu filho. Ele não tem porque viver com a sua irmã.
Snape viu todos assentirem quando Lily olhou um por um. Quando chegou a vez de olhar para ele, não tinha certeza do que fazer. Não achava que seria capaz de sequer olhar para o filho do Potter. Lily virou a cabeça com os olhos verdes refletindo tanta dor que Severus pensou que faria qualquer coisa para tirar aquele olhar dela, mas ele tinha quase certeza que nesse futuro que estava sendo mostrado ele não seria bom com um filho de Potter. Ele esperava que ele não conhecesse o garoto, porque não queria ver aquele olhar de Lily dirigido a ele novamente.
— Você não quer dizer, você não pode estar se referindo às pessoas que moram aqui? — exclamou a Profª. Minerva, pulando de pé e apontando para o número quatro. — Dumbledore, você não pode. Estive observando a família o dia todo. Você não poderia encontrar duas pessoas menos parecidas conosco. E têm um filho, vi-o dando chutes na mãe até a rua, berrando porque queria balas. Harry Potter não pode vir morar aqui!
— É o melhor lugar para ele — disse Dumbledore com firmeza. — Os tios poderão lhe explicar tudo quando ele for mais velho, escrevi-lhes uma carta.
— Uma carta? Você acha que tudo que aconteceu pode ser explicado numa carta? — perguntou Sirius, indignado.
— Uma carta? — repetiu a professora com a voz fraca, sentando-se novamente no muro. — Francamente, Dumbledore, você acha que pode explicar tudo isso em uma carta? Essas pessoas jamais vão entendê-lo! Ele vai ser famoso, uma lenda. Eu não me surpreenderia se o dia de hoje ficasse conhecido no futuro como o dia de Harry Potter. Vão escrever livros sobre Harry. Todas as crianças no nosso mundo vão conhecer o nome dele!
— Exatamente — disse Dumbledore, olhando muito sério por cima dos óculos de meia-lua. — Isto seria o bastante para virar a cabeça de qualquer menino. Famoso antes mesmo de saber andar e falar! Famoso por alguma coisa que ele nem vai se lembrar! Veja que ele estará muito melhor se crescer longe de tudo isso até que tenha capacidade de compreender?
— Bem, sendo filho de James eu entendo a preocupação do diretor com a fama — brincou Remus, tentando aliviar o humor da sala. Conseguiu alguns sorrisos fracos com o comentário.
— Ei! — reclamou James, fazendo bico, conseguindo mais alguns sorrisos.
A professora abriu a boca, mudou de idéia, engoliu em seco e então disse:
— É, é, você está certo, é claro. Mas como é que o garoto vai chegar aqui, Dumbledore? — Ela olhou para a capa dele de repente como se lhe ocorresse que talvez escondesse Harry ali.
Lily estreitou os olhos e pensou que seria melhor que não, ou ela teria uma séria conversa com o diretor.
— Hagrid vai trazê-lo.
— Você acha que é sensato confiar a Hagrid uma tarefa importante como esta?
— Confiaria minha vida a Hagrid — disse Sirius.
— Eu confiaria a Hagrid minha vida — respondeu Dumbledore.
A maioria da sala riu.
— Não estou dizendo que ele não tenha o coração no lugar — concedeu a professora de má vontade —, mas você não pode fingir que ele é cuidadoso. Que tem uma tendência a... que foi isso?
Um ronco discreto quebrara o silêncio da rua. Foi aumentando cada vez mais enquanto eles olhavam para cima e para baixo da rua à procura de um sinal de farol de carro; o ronco se transformou num trovão quando os dois olharam para o céu — e uma enorme motocicleta caiu do ar e parou na rua diante deles.
Sirius arregalou os olhos ao ouvir sobre a motocicleta. Possuir algo assim seria incrível.
Se a motocicleta era enorme, não era nada comparada ao homem que a montava de lado. Ele era quase duas vezes mais alto do que um homem normal e pelo menos cinco vezes mais largo. Parecia simplesmente grande demais para existir e tão selvagem— emaranhados de barba e cabelos negros longos e grossos escondiam a maior parte do seu rosto, as mãos tinham o tamanho de uma lata de lixo e os pés calçados com botas de couro pareciam filhotes de golfinhos. Em seus braços imensos e musculosos ele segurava um embrulho de cobertores.
James e Lily se olharam e apertaram mais fortemente as mãos um do outro. Era estranho para Lily ter uma ligação deste nível... Um filho com James, a quem apenas algumas horas antes ela tinha decidido dar uma chance, mas sabia que ele era a única pessoa na sala que realmente entendia a sensação de ler sobre o filho pela primeira vez.
— Hagrid — exclamou Dumbledore, parecendo aliviado. — Finalmente. E onde foi que arranjou a moto?
— Pedi emprestada, Prof. Dumbledore — respondeu o gigante, desmontando cuidadosamente da moto ao falar. — O jovem Sirius me emprestou. Trouxe ele, professor.
— Eu sabia que uma moto tão maravilhosa só podia ser minha. — Sirius comentou arrogantemente, fazendo todos revirarem os olhos.
— Não teve nenhum problema?
— Não, senhor. A casa ficou quase destruída, mas consegui tirá-lo inteiro antes que os trouxas invadissem o lugar. Ele dormiu quando estivemos sobrevoando Bristol.
Dumbledore e a Profª. Minerva curvaram-se para o embrulho de cobertores. Dentro, apenas visível, havia um menino, que dormia a sono solto. Sob uma mecha de cabelos muito negros caída sobre a testa eles viram um corte curioso, tinha a forma de um raio.
— Foi aí que...? — sussurrou a professora.
— Foi — confirmou Dumbledore.— Ficará com a cicatriz para sempre.
Lily suspirou tristemente, seu filho tão novo já tinha uma cicatriz da guerra.
— Será que você não poderia dar um jeito, Dumbledore?
— Mesmo que pudesse, eu não o faria. As cicatrizes podem vir a ser úteis. Tenho uma acima do joelho esquerdo que é um mapa perfeito do metrô de Londres. Bem, me dê ele aqui, Hagrid, é melhor acabarmos logo com isso.
Dumbledore recebeu Harry nos braços e virou-se para a casa dos Dursley.
— Será que eu podia... podia me despedir dele, professor? — perguntou Hagrid.
Ele curvou a enorme cabeça descabelada para Harry e lhe deu o que deve ter sido um beijo muito áspero e peludo. Depois, sem aviso, Hagrid soltou um uivo como o de um cachorro ferido.
— Ei, não há nada errado com os cachorros — resmungou Sirius, fazendo Remus bater na testa e continuar lendo, antes que alguém perguntasse o motivo do comentário estranho.
— Psiu! — sibilou a Professora Minerva. — Você vai acordar os trouxas!
— Des-des-desculpe — soluçou Hagrid, puxando um enorme lenço sujo e escondendo a cara nele. — Mas nã-nã-não consigo suportar, Lily e James mortos, e o coitadinho do Harry ter de viver com os trouxas...
— Ele parece gostar muito de vocês — comentou Frank, sorrindo para Lily e James.
— É, é, é muito triste, mas controle-se, Hagrid, ou vão nos descobrir — sussurrou a professora, dando uma palmadinha desajeita no braço de Hagrid enquanto Dumbledore saltava a mureta de pedra e se dirigia à porta da frente. Depositou Harry devagarinho no batente, tirou uma carta da capa, meteu-a entre os cobertores do menino e, em seguida, voltou para a companhia dos dois. Durante um minuto inteiro os três ficaram parados olhando para o embrulhinho; os ombros de Hagrid sacudiram, os olhos da Profª. Minerva piscaram loucamente e a luz cintilante que sempre brilhava nos olhos de Dumbledore parecia ter-se extinguido.
— E todos eles parecem se importar muito com o Harry também — continuou Frank, conseguindo dois sorrisos como resposta.
— Bem — disse Dumbledore finalmente —, acabou-se. Não temos mais nada a fazer aqui. Já podemos nos reunir aos outros para comemorar.
— É — disse Hagrid com a voz muito abafada. — Vou devolver a moto de Sirius. Boa noite, Profª. Minerva, Professor Dumbledore...
Enxugando os olhos na manga da jaqueta, Hagrid montou na moto e acionou o motor com um pontapé; com um rugido ela levantou vôo e desapareceu na noite.
— Nos veremos em breve, espero, Profª. Minerva — falou Dumbledore, com um aceno da cabeça. A Profª. Minerva assoou o nariz em resposta.
Dumbledore se virou e desceu a rua. Na esquina parou e puxou o "apagueiro". Deu um clique e doze esferas de luz voltaram aos lampiões de modo que a Rua dos Alfeneiros de repente iluminou-se com uma claridade laranja e ele divisou o gato listrado se esquivando pela outra ponta da rua. Mal dava para enxergar o embrulhinho de cobertores no batente do número quatro.
— Boa sorte, Harry — murmurou ele. Girou nos calcanhares e, com um movimento da capa, desapareceu.
Lily estremeceu. Se ele ficasse com os Dursley muito tempo, precisaria de mais do que sorte.
Uma brisa arrepiou as cercas bem cuidadas da rua dos Alfeneiros, silenciosas e quietas sob o negror do céu, o último lugar do mundo em que alguém esperaria que acontecessem coisas espantosas. Harry Potter virou-se dentro dos cobertores sem acordar. Sua mãozinha agarrou a carta ao lado, mas ele continuou a dormir, sem saber que era especial, sem saber que era famoso, sem saber que iria acordar dentro de poucas horas com o grito da Sra. Dursley ao abrir a porta da frente para pôr as garrafas de leite do lado de fora,
— É um bebê, Tuney, não precisa gritar — resmungou Lily.
nem que passaria as próximas semanas levando cutucadas e beliscões do primo Duda...
Lily e James pareciam irritados com esse comentário, e o resto da sala se perguntava aonde estavam enquanto isso acontecia.
Ele não podia saber que neste mesmo instante, havia pessoas se reunindo em segredo em todo o país que erguiam os copos e diziam com vozes abafadas:
— A Harry Potter: o menino que sobreviveu!
Remus fechou o livro colocando um dedo para marcar a página. Todos se entreolharam. Se esse tinha sido o primeiro capítulo de sete livros, o que viria depois? Seria pior? O quão ruim realmente tinha sido a guerra?
Lily se levantou, alegando precisar ir ao banheiro. Snape se levantou e foi atrás esperar na porta, tanto para ficar longe dos Marotos quanto para falar com Lily com privacidade. Sirius sentou no lugar que Lily estava antes e Remus sentou no braço do sofá do outro lado; ambos olharam pra James se perguntando o que dizer. Remus tentou primeiro.
— James, sua morte pode ser uma das coisas que podemos mudar — começou Remus, mas James já estava negando com a cabeça.
— Não é pensar na minha morte que me incomoda. Não posso pensar numa maneira melhor de morrer que protegendo minha família e lutando pelo que eu acredito. — Sirius suspirou. Deveria ter esperado James sendo nobre mesmo nesta hora. — O que me incomoda é não ter conseguido salvar Lily... e Harry. Deixei um bebê completamente sozinho no mundo... — mas foi interrompido por Sirius.
— E você acha que eu deixaria meu afilhado sozinho no mundo, Pontas? E antes que vocês dois me interrompam — ele disse, vendo que Remus e James pretendiam fazer exatamente isso — vamos combinar o seguinte: se o seu primeiro filho for menino eu serei o padrinho e se for menina, Remus será o padrinho.
— Mas nós sabemos que será um menino. — Remus contestou.
— Exatamente por isso, Aluado.
— E Rabicho? — perguntou James.
— Ele será o padrinho quando não for menino nem menina — respondeu Sirius, brincando.
— Não isso, porque ele não foi chamado aqui com a gente? — explicou James.
— Talvez o futuro dele não possa ser mudado — disse Remus, e quando James tentou argumentar ele continuou. — A carta dizia sobre segundas chances. Talvez Rabicho não precise de uma segunda chance, talvez nada que ele tenha feito possa mudar o futuro da guerra.
Enquanto os marotos estavam tendo essa conversa, Frank e Alice estavam tendo sua própria conversa.
— Um bebê, Frank, Voldemort foi parado por um bebê. Não faz sentido...
— Eu sei, Alice, tenho a impressão que tem mais nesta história do que sabemos até agora e que tudo será explicado com o tempo. — Depois de pensar um pouco Frank acrescentou. – E que as notícias ruins só começaram. Desde que ouvi a carta, pensei que o futuro de todos nós não parecia ser bom.
— Eu também pensei. Se o livro começa com dois de nossos amigos sendo mortos e deixando um filho órfão, o resto não parece promissor. — Alice respirou fundo antes de continuar. — Eu quero saber Frank, mesmo que nosso futuro seja a morte, eu quero saber. Quero saber como parar a guerra, porque acho que não vamos ler sobre anos e anos de felicidade na vida do Harry.
Frank puxou Alice para um abraço enquanto ambos pensavam o que verdadeiramente teria acontecido, e se seria possível evitar este futuro que parece cada vez pior.
Lily jogou água no rosto antes de sair do banheiro; era muita informação para lidar e mal tinha começado. Ela tinha não só dado uma chance para Potter, mas se casado com ele! Tinha chegado à conclusão que deveria ter mais qualidades nele do que ele demonstrava ao redor dela, e que iria aproveitar a leitura dos livros para conhecê-lo melhor. Eles tiveram um bebê, que tinha derrotado Voldemort ao menos temporariamente, porque se ele tivesse sido completamente derrotado os livros não teriam sido enviados para eles. Sua vida parecia ter mudado muito desde que ela entrou na sala e sabia que mudaria ainda mais no decorrer dos livros.
Saindo do banheiro ela viu Severus parado na porta e suspirou. Ela sabia desde o final do capítulo que ele iria querer conversar e até imaginava os assuntos. Embora não tivesse certeza quanto ao seu futuro com James, pretendia descobrir sozinha e começou esclarecendo isso.
— Eu sei porque você quer conversar comigo aqui, Sev, mas se você pensar um pouco pode imaginar as respostas para as perguntas que você quer fazer.
— Potter. — Snape começou, cuspindo o nome como se fosse algo nojento. — Eu não acredito que você se casaria com ele de livre e espontânea vontade, você é inteligente! Ele deve ter feito algo com você, nós podemos mudar isso... — E antes que continuasse o discurso que Lily sabia que viria, ela cortou.
— Eu não sei, Sev... Eu estava pensando que talvez existia mais nele do que ele demonstra desde que Dumbledore o nomeou Monitor-Chefe junto comigo.
— Você não pode esquecer todas as coisas ruins que ele me fez, Lily. – Agora foi a vez de Snape de interrompê-la. — Você não pode passar por cima de tudo que aconteceu. — Mas se calou quando viu o olhar dela.
— Você não me diz o que eu posso ou não fazer. Você fez coisas ruins por anos e eu fui sua amiga. Eu arrumava desculpas para as suas atitudes mesmo quando ninguém entendia isso, então não venha julgar a quem eu decido dar chances. E se pretende recuperar a nossa amizade, espero que entenda isso agora. – Ela respirou para continuar e quando Severus ia falar, cortou-o novamente. — Eu sei qual a outra coisa que você vai falar, mas eu não vou desistir de lutar. Existem coisas pelas quais valem a pena morrer. Você não entender isso foi outro dos motivos pelos quais nossa amizade não deu certo.
E ela saiu em direção ao sofá, sem dar a chance dele falar mais nada. Embora Severus não tivesse certeza do que dizer agora, ela era teimosa e tentar mudar a cabeça dela neste momento seria perda de tempo. Ele esperaria Potter fazer algo errado e tentaria abrir os olhos dela com isso. Por enquanto, se contentaria com a amizade dela. Parecia um bom plano. Ele seguiu atrás dela para o sofá.
James viu quando Lily sentou. Ela parecia dividida entre a tristeza e a irritação. A conversa com Snape não parecia ter ido bem. Ele sequer entendia porque ela ainda falava com Snape depois do que aconteceu, mas trazer o assunto agora não seria uma boa idéia. Não queria que ela ficasse ainda mais triste.
Lily viu o olhar de Alice quando se sentou; a amiga parecia preocupada. Sabendo que ela tinha visto a conversa com Sev e concluído que não tinha saído tudo bem, deu um sorriso para utilizá-la. Severus passou na sua frente para sentar e deu um minúsculo assentimento com a cabeça, cujo significado ela sabia que era "vou aceitar suas regras, por enquanto". Bem, era discutiria com ele novamente depois. Queria ler o livro e ver o filho dela em segurança, longe de Tuney e sua aversão por aberrações, embora algo dentro dela sabia que isso não aconteceria. Ela virou para mandar Black continuar a leitura, quando viu James olhando para ela. O garoto parecia querer perguntar se estava tudo bem, mas estava inseguro se deveria fazer isso. Era compreensível, deveria ser a primeira vez que eles ficavam tanto tempo perto um do outro sem ao menos uma discussão. Não queria isso terminasse agora, então sorriu para ele, mostrando que estava tudo bem e disse:
— Acho que é a sua vez de ler, Black.
Sirius trocou um olhar com James, que acenou com a cabeça para incentivá-lo a ler, e abriu o livro:
Autor(a): biapotter
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
— Talvez seja magia acidental — disse Remus. — Estou curioso para saber o que a magia acidental fez para merecer um capítulo inteiro — completou Frank. Sirius aproveitou a deixa e começou a ler. Quase dez anos haviam se passado desde o dia em que os Dursley acordaram e encontraram o sobrinho no batente da porta, mas a rua dos Alfenei ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
lilian_alice_black Postado em 02/10/2015 - 16:13:13
Ok né
-
lilian_alice_black Postado em 02/10/2015 - 16:08:02
Que top Amei
-
e7potter Postado em 02/05/2015 - 23:18:55
Continua, tá otimo, uma das melhores até agora que já li. c:
-
arcenildes Postado em 17/03/2012 - 10:20:08
Achei super legal, gostaria de acompanhar ate o fim. Sua criatividade é nota 10