Fanfics Brasil - Capítulo Três: As Cartas de Ninguém. Lendo o Futuro

Fanfic: Lendo o Futuro | Tema: Harry Potter


Capítulo: Capítulo Três: As Cartas de Ninguém.

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— Deve ser a carta de Hogwarts — disse Sirius — Só não entendo porque chamaram "cartas de ninguém".


— Eu não acho que será tão simples para o Harry receber a carta — ponderou Remus —, já que parece ter um capítulo inteiro dedicado a isso.


— Tuney deve tentar impedir Harry de recebê-la — comentou Severus, fazendo todos exceto Lily olharem estranhamente, como sempre parecia acontecer quando ele comentava algo. — Vocês vão me olhar cada vez que eu fizer um comentário?


E antes que Sirius conseguisse terminar o comentário que ele abriu a boca para fazer, Lily o cortou:


— Aposto que Válter vai ajudar Tuney a impedir Harry de receber a carta. — Lily reparara que o marido da irmã trazia a tona as piores características de Tuney.


James, curioso sobre como seu filho receberia a carta, começou a ler:


A fuga da jibóia brasileira rendeu a Harry o seu castigo mais longo. Na altura em que lhe permitiram sair do armário,


— Quer dizer que ela o impediu de ir para escola? — perguntou Remus, que por ser mestiço conhecia as escolas trouxas.


Lily deu os ombros como resposta, não sabendo que Petúnia era capaz.


as férias de verão já haviam começado e Duda já quebrara a nova filmadora, acidentara o aeromodelo e, na primeira vez que andara na bicicleta de corrida, derrubara a velha Sra. Figg quando ela atravessava a rua dos Alfeneiros de muletas.


— Pobre senhora — começou Alice —, Duda é quem devia ter quebrado a perna.


Harry ficou contente que as aulas tivessem acabado, mas não conseguia escapar da turma de Duda, que visitava a casa todo dia. Peter, Dênis, Malcolm e Górdon eram todos grandes e burros, mas como Duda era o maior e o mais burro do bando, era o líder.


— Esse é o argumento mais idiota que eu já ouvi. — James interrompeu a própria leitura para comentar.


— Achei que era assim que você e seus amigos decidiam a liderança — disse Severus, venenosamente.


— Cresça, Snape — falou Alice, antes que James pudesse responder e entrar em problemas com Lily. Mas Severus não a ouviu. Lily tinha lhe dado um olhar de desgosto e isso era pior que qualquer reprimenda.


Os demais ficavam bastante felizes de participar do esporte favorito de Duda: perseguir Harry.


Lily esfregou as têmporas com as mãos. Parecia que o universo conspirava contra seu filho.


— Vou mostrar um esporte muito divertido quando encontrar algum de vocês — ameaçou James, antes de continuar lendo.


Por esta razão Harry passava a maior parte do tempo possível fora de casa, perambulando e pensando no fim das férias, no qual conseguia vislumbrar um raiozinho de esperança. Quando setembro chegasse, ele iria para a escola secundária e,


— Não, Harry, você vai para Hogwarts. — Sirius disse para o livro.


— Além da loucura de falar com o livro — respondeu Alice —, Harry ainda não sabe que é um bruxo.


pela primeira vez na vida, não estaria em companhia de Duda.


— Finalmente a perspectiva de algo bom.


Duda tinha uma vaga na antiga escola de tio Válter, Smeltings. Peter ia para lá também. Harry, por outro lado, ia para a escola secundária local. Duda achava muita graça nisso.


— Não vejo a graça — comentou Sirius, e olhou para todos, esperando uma explicação.


— Se você deixar Potter ler, nós descobriremos — respondeu Snape, de mau humor por causa de tantas interrupções.


— Eles metem a cabeça dos garotos no vaso sanitário no primeiro dia de escola — contou ele a Harry —, quer ir lá em cima praticar?


James leu mais rápido para ninguém interromper.


— Não, obrigado — respondeu Harry. — O coitado do vaso nunca recebeu nada tão horrível quanto a sua cabeça, é capaz de passar mal. — E correu antes que Duda conseguisse entender o que dissera.


Os jovens na sala explodiram em gargalhadas.


— Estou orgulhoso de você, Harry — parabenizou James —, uma resposta digna de um Maroto.


— Não se iluda Potter, ele puxou o meu raciocínio rápido — retrucou Lily.


— Resposta marota.


— Raciocínio rápido.


— Resposta marota.


— Raciocínio rápido.


— Sabe — interrompeu Frank —, nunca imaginei o dia que vocês dois discutiriam para ver a quem o filho havia puxado.


Os marotos e Alice explodiram em gargalhadas novamente. Mesmo Lily se permitiu um sorriso; era algo que ontem mesmo ela não poderia ter imaginado.


Já Snape olhou positivamente doente. Lily não estava reagindo com nojo diante da idéia de ter um filho com Potter, e isso era preocupante.


Certo dia de julho, tia Petúnia levou Duda a Londres para comprar o uniforme da Smeltings e deixou Harry com a Sra. Figg. A Sra. Figg não estava tão ruim quanto de costume. Afinal, fraturara a perna porque tropeçara em um dos gatos e não parecia gostar tanto deles quanto antes.


— Atitude inteligente — comentou Sirius se referindo os gatos. James se apressou a ler, antes que alguém perguntasse sobre isso.


Deixou Harry assistir à televisão e lhe deu um pedaço de bolo de chocolate que pelo gosto parecia ter muitos anos.


Naquela noite, Duda desfilou para a família reunida na sala de estar vestindo o uniforme novo da Smeltings. Os alunos da Smeltings usavam casaca marrom-avermelhada, calções cor de laranja e chapéus de palha.


Era nítido o tom de riso na voz de James enquanto lia. Sirius e Alice estavam gargalhando abertamente ao imaginar Duda vestido assim; Remus, Lily e Frank estavam rindo discretamente e até Severus tinha os lábios arqueados num quase sorriso.


Carregavam também bengalas nodosas, que usavam para bater uns nos outros quando os professores não estavam olhando. Isto era considerado um bom treinamento para o futuro.


— Imagino que tipo de futuro — comentou Frank.


Ao contemplar Duda nos calções laranja novos, tio Válter disse com a voz embargada que aquele era o momento de maior orgulho em sua vida. Tia Petúnia rompeu em lágrimas e disse que não podia acreditar que era o seu Dudinha estava tão bonito e adulto. Harry não confiou no que poderia dizer. Achou que duas de suas costelas talvez já tivessem partido só com o esforço para não rir.


James concordava com a isso, era a mesma sensação que ele tinha ao prender o riso para continuar lendo. Sirius não tinha se incomodado, estava no chão segurando a barriga de tanto rir.


Havia um cheiro horrível na cozinha na manhã seguinte quando Harry entrou para o café da manhã. Parecia vir de uma grande tina de metal dentro da pia. Ele se aproximou para espiar. A tina aparentemente estava cheia de trapos sujos que boiavam na água cinzenta.


— O que é isso? — perguntou à tia Petúnia. Os lábios dela se contraíram como costumavam fazer quando ele se atrevia a fazer uma pergunta.


— O seu uniforme novo de escola — respondeu.


Harry espiou para dentro da tina outra vez.


— E precisa ser tão molhado? — indagou James, antes de continuar lendo.


— Ah — comentou —, eu não sabia que tinha que ser tão molhado.


Lily suspirou. Parecia que seu filho tinha herdado o sarcasmo do pai.


— Não seja idiota — retorquiu tia Petúnia com rispidez. — Estou tingindo de cinza umas roupas velhas de Duda para você. Vão ficar iguaizinhas às dos outros quando eu terminar.


— Tenho sérias duvidas sobre isso — comentou James e leu a próxima linha:


Harry tinha sérias dúvidas, mas achou melhor não discutir.


— Você parece com seu filho, Pontas — disse Sirius, e quando todos olharam pra ele perguntou. — O que foi?


— É o filho que parece com o pai e não o contrário, Black — respondeu Snape, azedo.


Sentou-se à mesa e tentou pensar na aparência que teria no primeiro dia de aula — como se estivesse usando retalhos de pele de elefante velho, provavelmente.


— Lily, meus pêsames, mas parece que Harry tem a imaginação estranha de James — brincou Remus, e Lily deu um aceno de cabeça para concordar.


— Eu não tenho a imaginação estranha — protestou James indignado.


— Antes de aprendermos sobre os testrálios — começou Remus —, você achou que as carruagens eram puxadas por cavalos que estavam sob um feitiço de desilusão.


Todos riram disso e James resolveu continuar lendo, antes que Sirius lembrasse alguma história sobre ele.


Duda e tio Válter entraram ambos com os narizes franzidos por causa do cheiro do novo uniforme de Harry. Tio Válter abriu o jornal como sempre fazia e Duda bateu na mesa com a bengala da Smeltings, que ele carregava para todo lado.


Ouviram o clique da portinhola para cartas e o som da correspondência caindo no capacho da porta.


— Apanhe o correio, Duda — disse tio Válter por trás do jornal.


— Ele realmente mandou Duda fazer algo? — perguntou Frank, admirado.


— Mande o Harry apanhar.


— Apanhe o correio Harry.


— Falei cedo demais.


— Mande o Duda apanhar.


— Cutuque ele com a bengala da Smeltings, Duda.


Harry se esquivou da bengala da Smeltings e foi apanhar o correio. Havia três coisas no capacho: um postal da irmã do tio Válter, Guida, que estava passando férias na ilha de Wight, um envelope pardo que parecia uma conta e — uma carta para Harry.


— Hogwarts! — gritaram Sirius e James. E todos estavam mais animados com a perspectiva de Harry ir para Hogwarts e se livrar dos Dursley.


Harry apanhou-a e ficou olhando, o coração vibrando como um elástico gigante. Ninguém, jamais, em toda a sua vida, lhe escrevera. Quem escreveria? Ele não tinha amigos, nem outros parentes,


James olhou involuntariamente para Sirius e Remus, sem entender porque eles não estavam ali para o seu filho. E onde estava Peter? Até mesmo Alice?


— Tenho certeza que nossa ausência terá uma boa explicação — justificou Sirius. Era inadmissível para ele pensar que o seu eu futuro deixaria seu afilhado numa situação dessas.


— Sabe o que eu estava pensando — começou Alice. — No primeiro capítulo Harry parecia ser famoso. Ele não receberia cartas de fãs?


James olhou animado com essa idéia.


— Provavelmente tem feitiços de proteção impedindo corujas de chegar — explicou Snape. — Os seguidores do Lord das Trevas não devem estar felizes com Harry, já que ele supostamente o derrotou.


Snape viu Black soletrar silenciosamente "Como você, por exemplo", porém não comentou.


— Essa é uma explicação razoável. Só quero entender porque minha irmã, entre todas as pessoas, foi escolhida para cuidar do nosso filho.


E parou de falar, porque James abriu um sorriso enorme e, respondendo ao olhar interrogativo dela, disse:


— É a primeira vez que você se refere a Harry como nosso filho.


Lily deu os ombros parecendo feliz e envergonhada. Snape se escolheu no sofá. Isso não estava indo por um bom caminho. James recomeçou a ler:


não era sócio da biblioteca, de modo que jamais recebera sequer os bilhetes grosseiros pedindo a devolução de livros. Contudo, ali estava, uma carta, endereçada tão claramente que não podia haver engano.


Sr. H. Potter


O Armário sob a Escada


Rua dos Alfeneiros 4


Little Whinging


Surrey.


O envelope era grosso e pesado, feito de pergaminho amarelado e endereçado com tinta verde-esmeralda. Não havia selo.


— O que é um selo? — perguntou Frank, que era puro sangue.


— É algo que os trouxas usam para indicar que uma correspondência está pronta para ser enviada. — Surpreendentemente foi Sirius quem respondeu. — Pontas e eu — disse apontado para James — fizemos Estudo dos Trouxas. — E vendo o olhar interrogativo das meninas completou. — Eu queria irritar minha mãe e Pontas e eu pegamos as mesmas matérias.


Quando virou o envelope, com a mão trêmula, Harry viu um lacre de cera púrpura com um brasão; um leão, uma águia, um texugo e uma cobra circulando uma grande letra H.


Todos se animaram à menção do brasão de Hogwarts.


— Anda depressa, moleque! — gritou tio Válter da cozinha. — Está fazendo o quê, procurando cartas-bombas? — E riu da própria piada.


— E foi o único a achar graça também — disse Frank.


Harry voltou à cozinha, ainda de olhos fixos na carta. Entregou a conta e o postal ao tio Válter, sentou-se e começou a abrir lentamente o envelope amarelo.


Tio Válter rasgou o envelope da conta, deu um bufo de desdém e virou o postal.


— Guida está doente — informou à tia Petúnia. — Comeu um marisco suspeito...


— Pai! — exclamou Duda de repente. — Pai, Harry recebeu uma carta!


— Maldito garoto! Agora Tuney não vai deixar Harry ler a carta — comentou Lily com raiva.


Harry ia desdobrar a carta, escrita no mesmo pergaminho que o envelope, quando tio Válter arrancou-a de sua mão.


— Eu disse.


— É minha! — disse Harry, tentando recuperá-la.


— Quem iria escrever para você? — zombou tio Válter, sacudindo a carta com uma das mãos para desdobrá-la e percorrendo-a com o olhar. Seu rosto passou de vermelho para verde mais rápido que um sinal de tráfego. E não parou aí. Segundos depois ficou branco-acinzentado, cor de mingau de aveia velho.


— P-P-Petúnia! — ofegou.


— Não sei por que tanta surpresa — disse Alice. — Sua irmã sabe sobre Hogwarts. — E quando Lily acenou confirmando, continuou. — Ela saberia que a carta estava para chegar.


— Válter se parece com Tuney — disse Lily dando os ombros. — E ela adora um drama.


Duda tentou agarrar a carta para lê-la, mas tio Válter segurou-a no alto fora do seu alcance. Tia Petúnia apanhou-a cheia de curiosidade e leu a primeira linha. Por um instante pareceu que ela talvez fosse desmaiar. Levou as duas mãos à garganta e produziu ruído de engasgo.


— Válter! Ah, meu Deus, Válter!


— E o oscar de rainha do drama vai para Tuney. — E quando os puros-sangues olharam para Lily confusos, ela acenou a mão num gesto de "deixa pra lá" e James continuou lendo.


Eles se encararam, parecendo ter esquecido que Harry e Duda continuavam na cozinha. Duda não estava acostumado a ser desprezado. Deu uma bengalada forte na cabeça do pai.


— Finalmente este garoto fez uma coisa boa — comentou Sirius.


— Quero ler esta carta — falou alto.


— Moleque mimado. – falou Frank.


— Quero lê-la — disse Harry furioso —, porque é minha.


— Saiam, os dois — ordenou com voz rouca tio Válter, enfiando a carta no envelope.


Harry não se mexeu.


— QUERO MINHA CARTA! — gritou.


— E agora sabemos que ele herdou o temperamento calmo de Lily — disse Alice, sarcasticamente.


— Eu SOU calma — retrucou Lily.


— Claro, claro...


— Me deixa ver! — exigiu Duda.


— Fora! — berrou Tio Válter, e agarrando os dois, Harry e Duda, pelo cangote, atirou-os no corredor e bateu a porta da cozinha. Harry e Duda na mesma hora tiveram uma briga furiosa, mas silenciosa, para saber quem ia escutar à fechadura;


— Vai, Harry! – torceram James e Sirius.


Duda ganhou, por isso Harry, os óculos pendurados em uma orelha, deitou-se de barriga no chão para escutar pela fresta entre a porta e o chão.


— Não acredito que Harry perdeu para esse monte de banhas — reclamou Sirius.


— Provavelmente Duda sentou nele — explicou Remus.


James reprimiu um gemido de dor ao imaginar isso e continuou lendo.


— Válter — disse tia Petúnia com voz trêmula —, olhe só o endereço. Como é que eles poderiam saber onde ele dorme? Você acha que estão vigiando a casa?


— Vigiando, espionando, talvez nos seguindo — murmurou tio Válter enlouquecido.


— Porque vocês são realmente importantes para nós — disse James, com ironia.


— Mas é provável que tenha alguém de olho em Harry — contradisse Frank. James deu de ombros e continuou a ler.


— Mas o que vamos fazer, Válter? Vamos responder à carta? Dizer a eles que não queremos...


Harry via os sapatos pretos lustrosos do tio Válter andando para cá e para lá na cozinha.


— Não — disse ele decidido. — Não, vamos ignorá-la. Se não receberem uma resposta... É, é o melhor... não vamos fazer nada...


— Porque isso realmente vai impedir Harry de receber ir para Hogwarts. — ironizou Remus.


— Mas...


— Não vou ter um deles em casa, Petúnia! Nós não juramos quando o recebemos que íamos acabar com aquela bobagem perigosa?


— Vai ser perigoso se ele não aprender a usar corretamente, isso sim — reclamou Frank. Os Dursley eram as pessoas mais ignorantes que eles já ouviram falar.


Aquela noite, quanto voltou do trabalho, tio Válter fez uma coisa que nunca fizera antes; visitou Harry no armário.


— Ele cabe? — Sirius perguntou, surpreso.


— Cadê minha carta? — perguntou Harry, no instante em que tio Válter se espremeu pela porta. — Quem me escreveu?


— Ninguém. Endereçaram a você por engano — disse tio Válter secamente. — Queimei a carta.


— Meu filho não vai acreditar nisso. — James revirou os olhos.


— Não foi um engano — retrucou Harry com raiva —, tinha o endereço do meu armário.


— CALADO! — gritou tio Válter e algumas aranhas caíram do teto. Ele inspirou algumas vezes e então fez força para produzir um sorriso que pareceu bem penoso.


— Hum, sim, Harry sobre este armário. Sua tia e eu estivemos pensando... você realmente está ficando grande demais para ele... achamos que seria bom se você se mudasse para o segundo quarto de Duda.


—Duda tem dois quartos e você fez meu filho dormir na droga de um armário? — No final da frase Lily tinha levantado e estava gritando. — Ah Tuney, na minha próxima visita você vai se arrepender tanto... — E continuou gritando ameaças.


— Depois fala que é calma — disse Sirius sorrindo, enquanto Remus tentava ir o mais longe possível de Sirius sem sair do sofá, para não ser atingido por qualquer coisa que a ruiva lançasse em retaliação.


— Nós vamos mudar isso. — James levantou do sofá e foi em direção a Lily. — Vamos terminar de ler e iremos juntos dar uma lição na sua irmã. — Ele continuou levando a ruiva para o sofá. Esperou ela sentar e devolveu o pergaminho de vingança junto com uma pena, e Lily imediatamente começou a escrever.


Todos olhavam chocados por James ter conseguido acalmar a ruiva e ele recomeçou a ler.


— Por quê? — perguntou Harry.


— Provavelmente Dursley acredita que isso impedirá as cartas de chegarem — respondeu Snape, em um tom de desprezo que geralmente reservava para os Marotos.


— Não faça perguntas — disse com rispidez o tio. — Leve essas coisas para cima agora.


A casa dos Dursley tinha quatro quartos:


Lily rabiscou ainda mais furiosamente no pergaminho.


um para tio Válter e tia Petúnia, um para hóspedes (em geral a irmã de tio Válter, Guida), um onde Duda dormia e um onde Duda guardava todos os brinquedos e pertences que não cabiam no primeiro quarto. Harry precisou de apenas uma viagem para mudar tudo o que tinha do armário para o quarto no andar de cima.


James parecia a ponto de explodir de raiva lendo sobre a vida o filho. Sirius pegou o pergaminho que James estava escrevendo antes e fez um gesto para indicar que ele continuaria enquanto James estava ocupado, lendo.


Sentou-se na cama e deu uma olhada à sua volta. Quase tudo ali estava quebrado. A filmadora com apenas um mês de uso estava jogada em cima de um pequeno tanque com que certa vez Duda atropelara o cachorro do vizinho;


— Esse garoto merece uma lição! Pobre cachorro — resmungou Sirius. E novamente James voltou a ler para impedir perguntas.


no canto estava o primeiro televisor de Duda, no qual ele enfiara o pé quando seu programa favorito fora cancelado; havia uma grande gaiola de pássaros, antigamente habitada por um papagaio que Duda trocara na escola por uma espingarda de ar de verdade, e que estava guardada numa prateleira com a ponta dobrada porque Duda se sentara em cima dela. Outras prateleiras estavam cheias de livros. Eram as únicas coisas no quarto que pareciam nunca ter sido tocadas.


— Ele provavelmente não sabe ler, igual não sabe contar — disse Severus. E James teve que concordar com ele mesmo a contragosto.


Lá de baixo veio o barulho de Duda gritando com a mãe:


— Eu não quero ele lá... eu preciso daquele quarto... mande ele sair.


— Deve ser a primeira vez na vida que a mão negou um pedido dele. — Frank adivinhou.


Harry suspirou e se esticou na cama. Ontem ele teria dado qualquer coisa para estar ali. Hoje, preferia estar no seu armário com aquela carta do que ali encima sem ela.


Todos entendiam a sensação.


Na manhã seguinte, no café, todos estavam muito quietos. Duda estava em estado de choque. Berrara, batera no pai com a bengala, vomitara de propósito, dera pontapés na mãe e atirara sua tartaruga pelo teto da estufa de plantas e nem assim conseguira o quarto de volta.


— Os pais não percebem que esse é um comportamento horrível? — perguntou Alice, indignada. Cada vez que Duda era mencionado ela ficava mais abismada com o garoto.


Lily deu os ombros. Ela também não entendia o comportamento da irmã em relação ao filho.


Harry pensava no dia anterior àquela hora, desejando com amargura que tivesse aberto a carta no hall.


— Você vai receber a sua carta filho, relaxe. — James acalmou o livro antes de voltar a ler.


Tio Válter e tia Petúnia se entreolhavam, ameaçadores.


Quando o correio chegou, tio Válter, que parecia estar tentando ser agradável com Harry, fez Duda ir buscá-lo.


— E Harry nem vai desconfiar disso... – falou Sirius, sarcasticamente.


Eles o ouviram bater nas coisas do corredor com a bengala da Smeltings. Então ele gritou:


— Chegou outra!


— Esse menino realmente não pensa — disse Remus. — Ontem ele queria ter lido a carta do Harry, então por que ele está gritando que chegou outra antes de ler?


Sr. H. Potter, O Menor Quarto da Casa, Rua dos Alfeneiros 4...


Com um grito sufocado tio Válter saltou da cadeira e saiu correndo pelo corredor, Harry logo atrás dele. Tio Válter teve que lutar e derrubar Duda no chão para lhe tirar a carta, o que foi dificultado por Harry que agarrara o pescoço do tio Válter por trás. Depois de um minuto confuso de luta, em que todos levaram várias bengaladas,


— Todos? Quer dizer que Duda se acertou? — perguntou Snape, incrédulo. Esse garoto parecia desafiar os limites da burrice.


tio Válter se endireitou, ofegante, com a carta de Harry apertada na mão.


— Vá para o seu armário, quero dizer, para o seu quarto — chiou para Harry. — Duda, saia, saia logo.


Harry deu voltas e mais voltas no novo quarto. Alguém sabia que ele se mudara do armário e parecia saber que ele não recebera a primeira carta. Isto significava com certeza que ia tentar outra vez? E desta vez ele tomaria providências para que desse certo. Tinha um plano.


— Esse é meu garoto — disse James, orgulhosamente.


O despertador consertado tocou às seis horas na manhã seguinte. Harry desligou-o depressa e se vestiu em silêncio. Não podia acordar os Dursley. Desceu as escadas sorrateiro sem acender nenhuma luz.


Ia esperar pelo carteiro na esquina da Alfeneiros e receber primeiro as cartas endereçadas ao número quatro.


— Não é um plano ruim para um garoto de dez anos — concedeu Remus, que tinha muita experiência com planos ruins depois de viver seis anos com James, Sirius e Peter.


Seu coração batia com força quando atravessou sem ruído o corredor escuro até a porta de entrada.


— AAAAARRREE!


James gritou a última parte, fazendo todos da sala se assustarem e recebendo um tapa de Lily na cabeça como vingança.


Harry deu um salto no ar — pisara em alguma coisa grande e mole no capacho — uma coisa viva!


As luzes se acenderam no primeiro andar e, para seu horror, Harry percebeu que a coisa grande e mole tinha a cara do tio Válter estava dormindo junto à porta de entrada em um saco de dormir para impedir que Harry fizesse exatamente o que estava tentando fazer.


— Qualquer castigo vai valer a pena só pelo prazer de pisar na cara do tio — comentou Sirius, que tinha uma larga experiência com castigos.


Gritou com Harry quase meia hora e depois lhe disse para ir preparar uma xícara de chá. Harry foi para a cozinha arrastando os pés, infeliz, e quando conseguiu voltar o correio tinha sido entregue, bem no colo de tio Válter. Harry viu três cartas endereçadas em tinta verde.


— Quero... — começou, mas tio Válter estava rasgando as cartas em pedacinhos bem diante dos seus olhos.


Tio Válter não foi trabalhar naquele dia. Ficou em casa e pregou a portinhola para cartas.


— Entende — explicou à tia Petúnia por entre os lábios cheios pregos —, se eles não puderem entregar então terão de desistir.


— Essa é a idéia mais absurda que eu já ouvi — explicou Remus —, e depois de viver anos com estes dois – apontou apara Sirius e James, que olharam indignados – e Peter, isso é muita coisa.


— Não tenho muita certeza de que isto vai dar certo, Válter.


— Escute Tuney, ao menos ela sabe algo sobre o mundo bruxo — pediu Lily.


— Ah, a cabeça dessa gente funciona de maneira estranha, Petúnia eles não são como você e eu — disse tio Válter tentando bater um prego com um pedaço de bolo de frutas que tia Petúnia acabara de lhe trazer.


— E todos damos graças a Merlin por isso — retrucou James, e todos, até mesmo Snape, acenaram com a cabeça concordando.


Na sexta-feira chegaram nada menos que doze cartas para Harry. Como não passavam pela portinhola da correspondência, tinham sido empurradas por baixo da porta, metidas pelos lados e algumas até forçadas pela janelinha do banheiro no térreo.


Tio Válter ficou em casa de novo. Depois de queimar todas, apanhou martelo e pregos e fechou com tábuas as frestas das portas da frente e dos fundos, de modo que ninguém podia sair.


— Me pergunto quanto tempo vai demorar até ele entender que é mais fácil deixar Harry ler a carta — indagou Alice.


— Considerando a inteligência dele, um bom tempo — respondeu Frank.


Cantarolou "Pé ante pé no campo de tulipas" enquanto trabalhava, e se assustava com qualquer ruído.


— Alguém esta ficando paranóico... — disse Sirius.


No sábado as coisas começam a fugir ao seu controle. Vinte e quatro cartas acabaram entrando em casa, enroladas e escondida em duas dúzias de ovos que o leiteiro, muito confuso, entregara à tia Petúnia pela janela da sala de estar.


— Parece que o carteiro estava sobre o efeito de Confundus — comentou Frank.


Enquanto tio Válter dava telefonemas furiosos para o correio e a leiteria tentando encontrar alguém a quem se queixar, tia Petúnia picava as cartas no processador de alimentos.


— Mas quem é que quer falar tanto assim com você? — Duda perguntou espantado a Harry.


— Muita gente — falou James com orgulho —, mas estas cartas são todas de Hogwarts.


Na manhã do domingo, tio Válter sentou-se à mesa do café parecendo cansado e um tanto doente, mas feliz.


— Não tem correio aos domingos


— Não tem correio trouxa aos domingos — enfatizou Remus.


— lembrou a todos, contente, passando geléia nos jornais —, nada de cartas idiotas hoje...


— Com licença — bufou Alice indignada —, você passa geléia nos jornais e nós mandamos cartas idiotas? — Dando ênfase nas palavras e cruzando os braços com raiva.


Alguma coisa desceu chiando pela chaminé do fogão enquanto ele falava e bateu com força em sua nuca. No instante seguinte, trinta ou quarenta cartas saíram velozes da lareira como se fossem tiros. Os Dursley se abaixaram, mas Harry deu um salto no ar para apanhar uma...


James parou de ler e um enorme sorriso se espalhou pelo seu rosto.


— Teria sido mais fácil se ele tentasse pegar uma do chão — apontou Snape, com um tom que sugeria que Potter era idiota.


Mas o sorriso de James aumentou e Sirius começou a sorrir também.


— Se isso for uma brincadeira estranha de vocês... — mas Frank não terminou ao ver que Alice também sorria e acenava afirmativamente para James.


Frank e Lily olharam para Remus, esperando uma explicação. Severus apenas revirou os olhos, achando tudo muito idiota.


— Eu não sei, James só sorri desse jeito quando fala de você, Lily, ou de qua...  James gritou interrompendo.


— Meu filho é um natural em quadribol! — E ignorando o desprezo de Snape, ele explicou para Lily. — O reflexo dele foi pegar algo no ar.Lily queria comentar que era uma teoria absurda, mas James estava sorrindo tanto que ela acabou sorrindo junto. E só quando Frank ameaçou tomar o livro, ele continuou a leitura.


— Fora! FORA!


Tio Válter agarrou Harry pela cintura e atirou-o no corredor. Depois que tia Petúnia e Duda tinham corrido para fora protegendo o rosto com os braços, tio Válter bateu a porta. Eles podiam ouvir as cartas disparando para dentro da cozinha, ricocheteando nas paredes e no chão.


— Já chega — disse tio Válter, tentando falar com calma, mas, ao mesmo tempo, arrancando tufos de pêlos dos bigodes. — Quero vocês aqui de volta em cinco minutos prontos para sair. Vamos viajar. Ponham apenas algumas roupas nas malas. Não quero discussão!


Ele parecia tão perigoso com metade dos bigodes arrancados que ninguém se atreveu a discutir.


Ao imaginar Válter gritando com metade dos bigodes arrancados, a maioria da sala começou a rir.


Dez minutos depois eles tinham retirado as tábuas para passar nas portas e estavam no carro, correndo em direção à estrada. Duda fungava no banco traseiro; o pai tinha lhe dado um tapa na cabeça por atrasá-los tentando empacotar a televisão, o vídeo e o computador na mochila esportiva.


— Bem feito! — aprovou Lily, ganhando olhares surpresos. — Era hora de Duda receber alguma disciplina.


Eles viajaram no carro. E viajaram. Nem tia Petúnia se atrevia a perguntar aonde iam. De vez em quando tio Válter fazia uma curva fechada e seguia na direção oposta por algum tempo.


— Para despistá-los... despistá-los — resmungava sempre que fazia isso.


— Acho que ele enlouqueceu de vez — opinou Frank, e todos acenaram em concordância.


Não pararam para comer nem beber o dia inteiro. Quando a noite caiu Duda estava uivando. Nunca tivera um dia tão ruim na vida. Estava com fome, sentia falta dos cinco programas de televisão que queria assistir e nunca levara tanto tempo sem explodir um alienígena no computador.


— Agora você tem uma idéia de como é a vida de Harry — concluiu Remus, tristemente.


Tio Válter parou finalmente à porta de um hotel de aspecto sombrio na periferia de uma grande cidade. Duda e Harry dividiram um quarto com duas camas iguais e lençóis úmidos que cheiravam a mofo. Duda roncou, mas Harry ficou acordado, sentado no peitoral da janela, espiando as luzes dos carros que passavam enquanto pensava...


— As cartas vão chegar até você, não se preocupe filho — disse James em direção ao livro, e Lily acenou em concordância. Snape esfregou as têmporas e se perguntou quanto tempo ele agüentaria antes de fazer alguma observação sarcástica sobre falar com livros.


Comeram cereal velho e torradas com tomates enlatados frios no café da manhã do dia seguinte. Tinham acabado de comer quando a proprietária do hotel aproximou-se da mesa.


— Com licença, mas um dos senhores é o Sr. H. Potter? É que eu tenho umas cem dessas na recepção. — E ergueu uma carta para eles poderem ler o endereço em tinta verde:


Sr. H. Potter


Quarto 17


Railview Hotel


Cokeworth


Harry tentou pegar a carta, mas tio Válter afastou sua mão. A mulher ficou olhando.


— Eu recebo as cartas — disse tio Válter, levantando-se depressa e seguindo a mulher que se retirava do salão de refeições.


— As cartas não são suas, idiota — reclamou Sirius.


— Não seria melhor simplesmente irmos para casa, querido? — tia Petúnia sugeriu timidamente horas depois,


— Escute Tuney, ela sabe mais que você do nosso mundo. Por mais que ela insista em fingir ao contrário... — argumentou Lily.


mas tio Válter não parecia ouvi-la. Exatamente o que andava procurando ninguém sabia. Ele os levou até o meio de uma floresta, desceu do carro, espiou a volta, sacudiu a cabeça, tornou a embarcar no carro e partiram outra vez. A mesma coisa aconteceu no meio de um campo arado, no meio de uma ponte pênsil e no alto de um edifício garagem.


— Papai enlouqueceu, não foi? — Duda perguntou, cansado, à tia Petúnia no fim daquela tarde.


— Até o filho percebeu isso — comentou Frank. — Válter ultrapassou a linha da paranóia.


Tio Válter estacionara no litoral, passara a chave no carro com todos dentro e desaparecera.


Começou a chover. Grandes gotas batiam no teto do carro. Duda choramingou.


— É segunda-feira — falou à mãe. — O Grande Humberto vai se apresentar hoje à noite. Quero estar em algum lugar que tenhatelevisão.


— Você vai sobreviver a isso — disse Snape, sarcasticamente.


Segunda-feira. Isto lembrou a Harry uma coisa. Se era segunda-feira — e em geral podia-se confiar que Duda soubesse os dias da semana, por causa da televisão — então o dia seguinte, terça-feira, era o décimo primeiro aniversário de Harry.


— Feliz aniversário, Harry — gritaram os Marotos.


— O aniversário dele é no dia seguinte  enfatizou Snape, revirando os olhos.


— Temos dez anos para compensar. — James deu os ombros e continuou lendo.


Naturalmente seus aniversários não eram lá muito divertidos — no ano anterior, os Dursley tinham-lhe dado um cabide e um par de meias velhas do tio Válter.


— Mas o pivete ganhou trinta e nove presentes. — Alice comentou indignada e, apontando para o pergaminho na frente de Remus, ela deu algumas sugestões de vingança que Aluado prontamente anotou.


Ainda assim, não se fazia onze anos todos os dias.


Tio Válter voltou sorrindo. Carregava um pacote comprido e fino e não respondeu à tia Petúnia quando ela perguntou o que comprara.


Lily estreitou os olhos para a descrição do pacote.


— Encontrei o lugar perfeito! — falou. — Vamos! Saiam todos!


Fazia muito frio do lado de fora do carro. Tio Válter apontou para o que parecia ser um grande rochedo no meio do mar. Encarrapitado no alto do rochedo havia o casebre mais miserável que se pode imaginar. Uma coisa era certa, ali não havia televisão.


Todos estreitaram os olhos com a menção ao lugar.


— Estão anunciando uma tempestade para hoje! — disse tio Válter alegre, batendo palmas. — E este senhor teve a bondade de concordar em nos emprestar seu barco!


— Bondade, claro — resmungou Severus, com ironia.


Um homem desdentado vinha descansadamente em direção a eles, e apontava com um sorriso muito maldoso para um barco a remos velho que subia e descia nas águas cinza-grafite lá embaixo.


— Já comprei algumas rações para nós — disse tio Válter —, portanto, todos a bordo!


Fazia muito frio no barco. Salpicos de água gelada do mar escorriam pelos pescoços deles e um vento cortante fustigava seus rostos. Depois do que pareceram horas eles chegaram ao rochedo, onde tio Válter, escorregando, levou-os ate a casa em ruínas.


O interior era horrível; cheirava a algas marinhas, o vento assobiava pelas frestas nas paredes de tábuas e a lareira estava úmida e vazia. Havia apenas dois quartos.


Lily estremeceu com a idéia de seu filho ser obrigado a passar o aniversário neste lugar horrível, e James deu um aperto suave na mão dela, em solidariedade.


Afinal as rações de Tio Válter eram uma embalagem de cereal para cada um e quatro bananas.


— Isso é tão pouco que é um crime chamar de refeição — reclamou Sirius, ao que todos reviraram os olhos.


Ele tentou acender a lareira, mas a embalagem de cereal apenas fumegou e carbonizou.


— Aquelas cartas viriam a calhar agora, hein? — disse ele animado.


— Espere... — murmurou James, antes de continuar lendo.


Estava de muito bom humor. Obviamente achava que ninguém teria chance de alcançá-lo ali, durante uma tempestade, para entregar cartas. Harry concordava intimamente, embora este pensamento não o animasse nem um pouco.


— A carta chegará até você, filho — consolou Lily, olhando para o livro.


Quando a noite caiu, a tempestade prometida desabou ao redor deles. A espuma das altas ondas chapinhava nas paredes do casebre e um vento ameaçador sacudia as janelas imundas. Tia Petúnia encontrou uns cobertores mofados no segundo quarto e preparou uma cama para Duda ao sofá comido pelas traças. Ela e tio Válter foram se deitar na cama cheia de calombos ao lado e deixaram Harry procurar a parte mais macia do assoalho e se enrolar no cobertor mais rasgado e ralo.


Sirius, Remus e Lily começaram a rabiscar novas vinganças no pergaminho. Alice cochichava conselhos para Remus.


A tempestade rugia cada vez com maior ferocidade à medida que a noite avançava. Harry não conseguia dormir. Tremia e revirava, tentando encontrar uma posição confortável, seu estômago roncando de fome.


Lily apertou a mão de James, enquanto a outra continuava escrevendo no pergaminho.


Os roncos de Duda eram abafados pela trovoada que começou por volta da meia-noite. O mostrador luminoso do relógio de Duda, que estava pendurado para fora do sofá em seu pulso gordo, informava a Harry que dentro de dez minutos ele completaria onze anos. Deitado, ele viu seu aniversário se aproximar, perguntando-se se os Dursley se lembrariam, perguntando- se onde estaria o remetente das cartas agora.


— Pensando em uma maneira de chegar até você, provavelmente — Remus respondeu.


Faltavam cinco minutos. Harry ouviu alguma coisa estalar lá fora. Desejou que o teto não caísse, embora quem sabe conseguisse se esquentar se isto acontecesse.


"Só serviria para ficar molhado além do frio e da fome", pensou Severus. Este garoto parecia ter a inteligência do Potter, ou melhor dizendo, a falta dela.


Quatro minutos. Talvez a casa na Rua dos Alfeneiros estivesse tão abarrotada de cartas que quando voltasse ele pudesse surrupiar uma.


— Isso, pense positivo. — Foi na vez de Sirius consolar o livro.


Três minutos. Seria o mar batendo tão forte na rocha? E (faltavam dois minutos) que barulho esquisito de trituração era aquele? Será que a rocha estava se desintegrando no mar?


Remus e Frank se entreolharam. Seria alguém chegando?


Mais um minuto e ele completaria onze anos. Trinta segundos... vinte... dez – nove — Talvez acordasse Duda, só para aborrecê-lo —


"Faça isso", pensou Sirius.


Três – dois – um...


James queria começar o Parabéns para você, mas as letras continuaram aparecendo no livro. A curiosidade venceu e ele continuou lendo.


BUM.


O casebre todo estremeceu e Harry sentou-se reto, arregalando os olhos para a porta. Havia alguém lá fora, que batia, querendo entrar.


Lily tirou o livro da mãos de James, dizendo:


— Podemos comemorar o aniversário do Harry quando ele receber a carta de Hogwarts, agora eu quero saber o que acontece com meu filho — concluiu em um tom que não admitia discussões.


Satisfeita por ninguém argumentar, abriu o livro e leu o título:






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Autor(a): biapotter

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • lilian_alice_black Postado em 02/10/2015 - 16:13:13

    Ok né

  • lilian_alice_black Postado em 02/10/2015 - 16:08:02

    Que top Amei

  • e7potter Postado em 02/05/2015 - 23:18:55

    Continua, tá otimo, uma das melhores até agora que já li. c:

  • arcenildes Postado em 17/03/2012 - 10:20:08

    Achei super legal, gostaria de acompanhar ate o fim. Sua criatividade é nota 10


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