Fanfic: Laços de vingança - AyA | Tema: RBD

CAPÍTULO III

Alfonso já estava com Nicky nos braços quando Anahí chegou ao quarto. Seu sobrinho berrava com toda a força dos pulmões, o rosto vermelho em sinal de insatisfação.

— Deixe-me pegá-lo — ela pediu, estendendo os braços na intenção de oferecer todo o conforto possível.

— Sei o que fazer com um bebê — Alfonso respondeu com frieza. —- Com que freqüência costuma deixá-lo chorando?

— Eu nunca o deixo chorando!

— Em minha casa, ele teria atenção imediata em todos os segundos do dia.

— Se o colocar no berço, irei esquentar a mamadeira.

— Vou ficar aqui com Nikos até você voltar.

O atrevido! Anahí dirigiu-se à cozinha com passos apressados, furiosa por ele estar segurando o filho de Dulce. Recusava-se a reconhecer o laço de sangue entre eles. Nenhum dos irmãos Herrera tinha direito a tal reconhecimento.

De repente o passado voltou a desfilar por sua mente, trazendo de volta a amargura e a raiva.

Há sete meses, Christopher partira para a Grécia numa viagem de negócios. De acordo com Dulce, ele soubera sobre a gravidez e ficara absolutamente encantado com a idéia de ser pai. Dulce naturalmente havia sugerido que já era hora de Christopher apresentá-la ao irmão. Com o anel de noivado no dedo e o filho dele a caminho, Dulce tivera certeza de que em breve estaria casada.

Christopher prometera conversar com o irmão durante o período que passaria em casa. Depois havia retornado abatido e desanimado, sem o entusiasmo de antes. Alfonso estava irredutível, ele dissera a Dulce. Não queria nem conhecê-la. Só então Dulce revelara a gravidez à irmã. Arrastara Christopher até a casa de Anahí para que fizessem o comunicado juntos, e os três haviam enfrentado uma noite de muito constrangimento.

Não sabia que a irmã caçula estava morando com Christopher no apartamento que ele mantinha em Oxford. Dulce justificara a mudança de telefone e endereço dizendo que decidira ir dividir um apartamento mais barato com algumas colegas de classe.

— Não tenho condições de me casar com Dulce neste momento — Christopher informara sem rodeios.

—  Alfonso está ameaçando deixá-lo sem um centavo! Quem poderia imaginar um drama tão antiquado nos dias de hoje? — Dulce comentara exasperada.

— Não posso desafiar meu irmão — Christopher havia dito embaraçado, incapaz de suportar o olhar de Anahí. — Pelo menos por enquanto...

Uma desculpa das mais descaradas. Dulce tornara-se histérica. Devia estar esperando que a irmã mais velha erguesse a mão e solucionasse o problema num passe de mágica. Mas Christopher era um homem adulto. Se não tinha coragem para enfrentar o irmão tirano e impor à família a mulher que escolhera para esposa, ninguém podia fazer nada por ele.

Uma semana mais tarde Christopher partira novamente para a Grécia sem aviso prévio.

— Sabia que ele estava partindo? — Anahí perguntara à irmã com ar preocupado.

— Fique tranqüila... ele vai voltar. Christopher quer essa criança — Dulce informara com aparente segurança.

Naquela noite Anahí refletira muito sobre o assunto, questionando se não estaria sendo maldosa por suspeitar que, de repente, Christopher já não tinha tanta certeza sobre o que sentia pela noiva. Em nenhum momento ele voltara a jurar o amor eterno que fizera questão de manifestar no primeiro encontro. Além disso, estava abatido, desanimado e retraído. Mas não quisera preocupar a irmã com seus temores.

Quinze dias mais tarde um advogado apresentara-se no apartamento em Oxford e apresentara uma notificação de despejo. Dulce fora refugiar-se na casa de Anahí, ultrajada com o que havia acontecido, mas certa de que o despejo não era obra de Christopher. Tudo não passava de um estúpido mal entendido com o proprietário, insistira. Depois recusara-se a voltar para a universidade, apesar dos pedidos insistentes da irmã.

Desesperada, Anahí julgara-se no dever de ir procurar Alfonso Herrera para discutir o assunto. Ela já havia pedido isso antes, mas Dulce recusara-se. Apenas a inabalável fé da irmã no noivo a convencera a entrar em ação. Ele concordara em recebê-la na próxima vez em que estivesse em Londres.

Ainda lembrava aquele dia em seu escritório. Alfonso Herrera a intimidara desde o momento em que pusera os olhos nele. Dirigira-se ao encontro certa de que ele só precisaria conhecer Dulce para perceber que seu preconceito era tolo e sem fundamentos.

Mas Alfonso não chegara a conhecer Dulce. Deixara as duas irmãs entrarem em seu escritório e cravara os olhos apenas na mais velha, como se a outra sequer existisse.

— Acho que devemos conversar a sós, srta. Puente — havia dito.

Dulce fora levada para outra sala, onde dois advogados incumbiram-se de ameaçá-la e amedrontá-la. Sem saber o que estava acontecendo, Anahí ficara aliviada com a possibilidade de falar a sós com Alfonso Herrera , certa de que poderia convencê-lo de seu ponto de vista.

Alfonso fora sentar-se na imponente cadeira atrás da mesa grandiosa e dissera:

— Sou todo ouvidos, srta. Puente.

— Vim perguntar o que considera tão inadequado em minha irmã. E por que recusa-se até mesmo a considerar a possibilidade de conhecê-la.

Um sorriso sardônico distendera seus lábios.

—  O fato de ter a ousadia de fazer essa pergunta revela muitas coisas. Não tenho o menor desejo de conhecer sua irmã. A única coisa que espero dela é que saia definitivamente da vida de Christopher.

—Ainda não respondeu minha pergunta — Anahí insistira.

— E por que deveria? Sua irmã dormiu com meu irmão... só isso.

—  Ele a pediu em casamento.

— Conversa de travesseiro — ele havia disparado com sarcasmo. — Não estamos mais no século dezenove, srta. Puente. Christopher é grego. Tem sangue quente, é jovem...

— Dulce também é jovem! E está grávida!

— Não acredito nisso. E também não acredito que seja tão ingênua.

—  Dulce está esperando um filho de seu irmão.

—  Não entendo onde acha que esse tipo de afirmação pode levá-la. Na verdade, esperava que fosse inteligente o bastante para perceber que perderam a batalha. A galinha dos ovos de ouro voou, srta. Puente. Voltou para a Grécia, onde vai permanecer. O romance com sua irmã acabou.

— Porque você o ameaçou!

— Eu jamais ameacei meu irmão! Christopher sabe o que é esperado dele, e uma... mocinha qualquer com a atenção voltada para sua carteira não é suficiente para afastá-lo de seus deveres.