Fanfic: O amor é cego (adaptada vondy)-cancelada | Tema: rebelde

Ele obviamente notou a expressão surpresa dela e, mal disfarçando a voz de quem estava se divertindo com a situação, tratou de esclarecer:

            — Mas achei que combinar tudo talvez fosse um pouco de exagero, por isso optei pela camisa branca. Não gosto de jogar dinheiro fora.

            — Naturalmente. Ficou muito bem assim, milorde — Alma disse como se estivesse muito a par das tendências.

            Dulce começou a se preocupar que depois daquela conversa fútil, Alma não permitiria que saísse com Chavez, apesar dos esforços dele. Naquele instante, porém, ele tirou o relógio de bolso e endireitou o corpo na poltrona.

            — Ora, ora, meu relógio diz que é hora de ir — Chavez anunciou, e Dulce pensou que ele próprio talvez começasse a achar que estava exagerando.

            — Já vai? Mas você mal chegou. — Apesar do comentário, Alma parecia aliviada.

            — Está na hora. Na verdade, não pretendia mesmo ficar muito. Minha intenção era perguntar se lady Dulce poderia me acompanhar em um passeio pelo parque. Quero exibir meu novo figurino em público, mas não gostaria de cavalgar sozinho, não fica bem.

            — Bem... — Alma hesitou por um momento e olhou para lady Havard.

            Dulce quase podia ouvir os pensamentos da madrasta. Não havia dúvida de que estava confrontando os boatos sobre o comportamento mundano de Chavez com o cavalheiro sentado em sua sala.

            — Alma, deixe-os ir — lady Havard interferiu, carinhosa. — Lorde Chavez saberá cuidar muito bem dos dois.

            Aparentemente a encenação de Christian convencera a madrasta de que nada havia a temer, pois, de outro modo, mesmo a interferência de lady Havard não teria surtido efeito.

            — Muito bem — ela concordou, balançando a cabeça. — Mas não se esqueçam das máscaras e tenham cuidado e não...

            Eufórica ante a perspectiva de rever Mowbray, Dulce aceitou e colocou a máscara que Alma lhe entregara enquanto repassava a ladainha de sempre. Não tocar em nada, não andar sem ser de mãos dadas com lorde Chavez para que ele a guiasse, e assim por diante. Dulce já tinha ouvido tantas vezes essas recomendações que sabia da cor. A cada uma, ela balançava a cabeça em assentimento.

            Lady Havard os acompanhou até a porta e depois se apressou em também ir abrir a porta da carruagem, estacionada na rua em frente à residência dos Saviñón, e Dulce foi alçada ao banco por Chavez.

            — Nossa, graças a Deus que acabou!

            Dulce ouviu o comentário aliviado de chavez ao pegar as rédeas dos cavalos. O inesperado tom grave e muito mais masculino de sua voz agiu como um catalisador, liberando seu riso diante de toda aquela situação. Uma gargalhada espontânea brotou de seus lábios e seu rosto ficou corado.

            — Sinto muito, milorde — Dulce disse então em um só fôlego. — Você deve estar me achando terrivelmente mal-agradecida, e longe de mim isso. Mas é que estava imaginando a consternação de minha madrasta por tentar acompanhar a conversa e não conseguir. Ela odeia parecer ignorante.

            — Essa é que é a maior estupidez — Christian retrucou de imediato.

            Dulce refletia sobre o que tinha ouvido quando ele acrescentou:

            — Trate Christopher com carinho. Ele tem muitas cicatrizes e nem todas são visíveis.

            Dulce ia perguntar o que significavam aquelas palavras enigmáticas quando a carruagem parou. No mesmo instante, uma outra carruagem emparelhou com a deles. Era uma carruagem fechada. Observou ansiosa a porta ser aberta e um vulto saltar.

            — Vejo que tudo deu certo.