Fanfic: Casamento por conveniência. (Terminada) | Tema: Vondy.

No fim do almoço, Dulce ficou surpresa por eles terem conversado sobre tantos assuntos de forma tão relaxada. Num estalo, ela se re­compôs. Aquele homem era perigoso, quase manipulador. Devia ser cuidadosa e tentar seguir os próprios pensamentos. Afinal, não estava decidida sobre o que queria?

Jantar em Eaton Square era uma situação completamente embara­çosa, considerou Dulce. O que Henrique e Alexandra pensariam sobre tudo que estava acontecendo? Afinal, estava claro que as coisas entre ela e Christopher não estavam boas, já que estavam morando em casas separadas. Sua sogra parecia muito tolerante a tudo. Mas e quanto a Henrique? Será que ele demonstraria alguma recriminação por ela ter abandonado o lar do casal?

Mas os anseios de Dulce foram imediatamente dissipados pela calo­rosa recepção. Christopher telefonara e sugeriu pegá-la a pé, já que não era tão longe e a noite estava linda. E ela concordara. Não podia pensar em nada mais agradável do que uma caminhada antes do jantar.

Os dois logo chegaram na mansão.

— Que bom vê-la, Dulce — cumprimentou Henrique com um largo sorriso. — Temos sentido sua falta nos últimos dias. Mas certa­mente você está muito ocupada em Thurston.

— Oh, sim — ela disse, agradecida por ele ter feito com que a separação parecesse algo natural, forçada por uma circunstância qualquer que não fosse a desavença existente entre ela e Christopher. Olhando para a sogra com o canto dos olhos, imaginou o que ela teria dito ao marido. E apreciou a óbvia discrição de Alexandra, con­tente por ela se provar a amiga que dizia querer ser.

Dulce experimentou um sentimento de quente afeição. Ela não ti­vera contato com nenhuma mulher mais velha desde que sua avó morrera, quatro anos antes, ninguém com quem pudesse conversar ou a quem pedir conselho. Ver que Alexandra realmente estava cumprindo o que prometera no dia em que almoçaram juntas fez com que se sentisse melhor. Talvez pudesse conversar com ela sobre o quanto estava se sentindo fraca fisicamente. É claro que também po­deria visitar o dr. Grainger, médico da família, mas por alguma razão não queria fazê-lo. Enquanto conversava com Henrique e ria de suas piadas, sentindo-se mais à vontade, decidiu que talvez o melhor fosse esperar melhorar.

Christopher estava absolutamente charmoso. Ela podia sentir o olhar dele praticamente todo o tempo e enrubesceu. Era impossível não lembrar, não ter saudade do que ele lhe ensinara.

No fim de um excelente jantar em companhias tão agradáveis, Dulce realmente sentiu-se triste por ter que partir. Gostava muito dos pais de Christopher e valorizava a forma gentil com que a receberam na família. Ela realmente gostaria que as coisas tivessem sido bem dife­rentes.

Mas não foram, ela lembrou, enquanto Christopher se preparava para levá-la a Chester Square.

A noite estava apenas começando a cair quando eles saíram. Eles começaram a caminhar e Christopher deu-lhe o braço. Dulce se arrepiou, então percebeu que seria grosseiro recusar o que provavelmente era apenas um gesto de gentileza e eles continuaram juntos. Logo eles se aproximaram da porta dela. Christopher diminuiu o passo.

— Dulce, você se incomodaria se eu entrasse e nós conversásse­mos? — ele perguntou, muito suavemente. — Sei que você está com muita raiva de mim, e mereço isso, mas acho que você me deve a cortesia de me deixar explicar minha versão da história.

— Tem que ser hoje? — ela perguntou, pensando em como poderia evitar o confronto inevitável. Já tinha sido ruim tê-lo tão perto, sentir sua fragrância, inesquecível, da qual lembraria enquanto vivesse.

— Bem? — Christopher lançou-lhe um olhar penetrante. Dulce notou que ele não se iludiria, apesar de sua relutância.

— Está bem — ela disse. — Acho que você pode entrar para tomar um último drinque.

— Não se empolgue tanto com isso — ele murmurou, fazendo-a sorrir, apesar de tudo.

— Desculpe, eu não quis parecer desagradável. É que estou cansada.

— Você parece cansada — ele disse. — Tem certeza de que está bem?

— Sim. Deve ser só uma virose. Vou melhorar em alguns dias. Nada preocupante — ela respondeu.

— Eu realmente espero que sim. Não quero que fique doente.

— Isso não é mais da sua conta — ela falou, levantando o queixo de forma determinada.

Christopher sentiu-se retesado, com os olhos em brasa.

— Você ainda é minha esposa — ele respondeu de forma sarcásti­ca — e, como tal, sob minha proteção.

— Ah, não seja tão antiquado — replicou Dulce, surpresa com a reação dele.

— Antiquado? — Christopher deu um passo à frente. — Pode até ser. Mas deixe-me lembrá-la de que sou seu marido e portanto tenho o direito de estar informado sobre seu bem-estar.