Fanfics Brasil - Capítulo 3 - Realidade no sonho Cidade Cinza

Fanfic: Cidade Cinza


Capítulo: Capítulo 3 - Realidade no sonho

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"Você só vê o que quer ver. Isso define o que é verdade e o que é mentira." 


 


 


           No segundo andar da casa, numa cama de casal com lenções macios de ceda, Carla dormia um sono tranquilo. A cama da jovem lembrava camas de princesas de contos de fadas, grande e de  casal, caberia quatro adultos magros e sobraria espaço. Todo em branco e rosa, a penteadeira de madeira e algumas bonecas antigas compunham um visual romântico do qual não se parecia em nada com Carla.


          Sua mãe preparou uma torta de chocolate com cobertura e granulados coloridos. O dia passara lento, depois de saborear a torta, mãe e filha jantaram e as notícias de ambas as partes foram aclaradas. Algumas dúvidas pairavam no ar, Carla não narrara tudo, eram apenas meias verdades. Ou seja, mentiras.


          Algumas semanas se passaram e o caso de desaparecimento de Carla do sanatório Santa Maria estava a cada dia mais evidente, Carmem não entregara a filha àquele lugar novamente, ela cumprira a promessa. Diante de tudo, muitas vezes Carla ficou por um fio de ser descoberta, os policias desconfiaram que Carmem Schnabel  a escondesse dentro de sua casa, como o provável de uma mãe protetora. Carla deu seu jeito de escapar novamente e não ser achada. Aquilo não podia continuar, ela tinha que fazer alguma coisa, não podia viver fugindo, provar sua sanidade mental era o certo a fazer, mas como? Milhares de perguntas sem respostas. Carla estava, pela primeira vez exausta, não conseguira dormir, não comia direito e não, nunca passou o pensamento de entregar-se; ela queria só ter o direito de ir e vir sem que achem que ela possa surtar, ter uma crise ou matar alguém. Uma dúvida cruel era a de como ela parara na Santa Maria… Sua mãe jamais contara a história de como, quando e por que ela entrou naquele lugar, sua memória apagara devido aos remédios que lhe aplicavam.


            Estava tudo escuro em sua mente já confusa, Carla só lembrava de que acordara no quarto branco e com agulhas enfiadas em seus pulsos e que uns pesadelos de anos começaram daquela maneira.


            Na manhã seguinte, Carla, com dores nas costas e estranhamente com agulhas introduzidas nos pulsos. O susto fora tão grande que ela pode se ver no quarto hospitalar de novo. Tirou rapidamente as agulhas e levantou-se, desceu à escada a procura de sua mãe.  Ela não estava em casa. Carla temia o pior, temia tanto que nem podia pensar com clareza. Ainda estava tonta, a substância que fora aplicada estava fazendo efeito rápido, ela não fazia ideia do que era, mas não era nada boa a sensação. A única coisa que podia fazer era entrar no escritório a esquerda, perto da porta da cozinha. Abriu as gavetas, caçando não sabia o quê, só sabia que tinha que procurar algo, alguma razão para aquelas agulhas estarem nela de novo. E achou. Achou uma pasta, sentou-se na cadeira da escrivaninha, leu as letras miúdas e as resposta que ela mesma não soubera dar a sua mãe estavam nos papeis descritas. 


            “Diagnóstico: Esquizofrenia. A paciente Carmem  Ferreira  Schnabel possuí um tipo desorganizado da doença(...) Sintomas: delírios constantes, irrealidade, agressividade(…)”


 


 


            Essas palavras foram lidas e relidas, Carla simplesmente não conseguia acreditar no que lera. Guardou os papéis rapidamente na pasta. Saiu do escritório e sentiu seus olhos pesarem.


            Acordou estirada no sofá da sala, não se lembrara de ter ido se deitar, mas estava lá, tonta, confusa e com um gosto horrível na boca, lhe parecia sangue. Abriu os olhos lentamente, com um temor de o que encontraria na sua frente, e viu nada menos que o sorriso nos lábios de sua mãe.


 


—A senhorita dormiu demais.


—Mãe! – gritou Carla. — Mãe… A senhora me assustou…


— Desculpe filha. – ela disse ainda sorridente.


— Mãe, onde a senhora estava?


— Comprando pães para nós comermos no café. Estão quentes, aproveite.


— Já estou indo comer…


 


             As cicatrizes recentes nos pulsos de Carla eram bem visíveis, ela pôs o casaco que estava estendido nas costas do sofá. Ela gostaria que tivesse acordado do pesadelo, que aquilo fosse só imaginação. Em silêncio engoliu seu pão com manteiga e café com leite. Carmem estranhou o repentino silêncio da filha, puxou algumas conversas, sem efeito sobre Carla.


 


            O dia longo, as horas arrastavam-se lentamente como o transito paulista, o barulho dos ponteiros eram como passos de um inimigo invisível. A noite escureceu o céu cinza e o azul marinho pintou-o inteiro. As estrelas lembram furos minúsculos feitos por algum inseto, Carla chegou a desejar abrir o céu e se infiltrar por entre esses buracos para enfim, sair do tormento que se tornara sua estadia com sua mãe. As agulhas misteriosas no mesmo jeito que apareceram, desapareceram na cama de Carla assim que ela voltou para o quarto. A mulher tinha olheiras profundas, escuras, como se não tivesse dormido, mesmo que tenha passado dormindo metade do dia, tentando desviar os olhos da própria mãe. No quarto, fechou a porta lentamente, ajoelhou-se no chão e inerte, fitou os próprios punhos. “Como minha própria mãe fez isso?” pensou Carla. “Ela foi muito esperta, eu dada como louca e ela solta por aí, eu não acredito nisso...” seus pensamentos eram tão profundos e intensos que ela quase murmurava enquanto organizava suas ideias. “Ela escondeu todo esse tempo isso de mim, como ela pode?”


             Os delírios eram torturantes e matavam Carla aos poucos, ela não suportava sequer a hipótese de ser cito enganada e sofrer em vão presa na casa para loucos por tanto tempo, praticamente sua adolescência indo a psicólogos, psiquiatras e todos os tipos de tratamentos bizarros; tudo, quando na verdade a maníaca era sua própria mãe? Duvidoso.


 


 



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Autor(a): malakian

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • papaangu Postado em 29/01/2015 - 23:29:27

    Caraca, uma coisa bem escrita! Milagre por aqui! Eu leio muita porcaria e posso dizer que vc se garante escrevendo, estou besta com sua narrativa. Continue assim, vc está entre os mínimos autores desse site que realmente sabe contar uma história e desenvolvê-la

  • mari_vondy Postado em 27/01/2015 - 12:30:41

    Gente pra quem lê fanfics vondy fiz uma espero que deem uma passadinha lá ;) Sussurro de um Anjo (Vondy) http://fanfics.com.br/fanfic/42469/sussurro-de-um-anjo-vondy-dyc

  • luarafanfic Postado em 06/09/2014 - 00:16:33

    nossa muito bom!! amei, continue por favor!!!

  • mabuck Postado em 04/02/2012 - 21:05:40

    Cadê cadê???

  • maryprincess Postado em 31/01/2012 - 22:54:20

    Ebaaaa!!! Esse cap ficou eletrizante.

  • malakian Postado em 19/01/2012 - 00:27:17

    postei :B

  • mabuck Postado em 18/01/2012 - 23:51:52

    Posta sim!!!

  • mabuck Postado em 18/01/2012 - 23:51:51

    Posta sim!!!

  • mabuck Postado em 18/01/2012 - 23:51:50

    Posta sim!!!

  • malakian Postado em 18/01/2012 - 23:33:03

    haha, tou pensando em postar hoje, que tal?


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