Fanfics Brasil - Capítulo 4 - Inflamável Cidade Cinza

Fanfic: Cidade Cinza


Capítulo: Capítulo 4 - Inflamável

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"Surpreendente é abraçar um inimigo com faca e ele te dar flor."


 


        04h00min AM. A jovem de lisos cabelos acaju ainda permanecia imóvel, encarando os moveis. Sua cabeça maquinava o que fazer; como agir diante de tal situação... Ela tinha pressa, mas os calafrios de ter sido manipulada rodeavam e fazia manobras na sua mente.  Algum tempo passara e ela concluíra que para livrar-se de todas as mentiras da sua vida era não ser mais a Carla Schanabel, ela teria que ser a número 23, assim que a chamavam em Santa Maria. A personalidade moldada.  Compatível a uma pessoa da jaula 23. “Já que a minha mãe quer que eu seja louca, eu serei louca, simples.” Pensou.


       “Querida mamãe, acidentalmente descobri seu segredinho. É. A senhora é mais louca do que eu pensava... Só não ficou muito claro porque queria se livrar de mim desse jeito? Sempre fui uma ótima filha. Muito original da sua parte.  Será que a senhora achou que eu era perfeita demais e só podia ser loucura? Parabéns pela imaginação. Ah, antes que eu me esqueça, estou orgulhosa por ter escondido seu pequeno probleminha de mim. Percebi que a senhora começou a surtar quando eu saí de casa, com descêsseis anos. Sou bem precoce, não é? Só porque aprendia a me virar, e a senhora não me prendeu em casa; queria vigiar minha vida, me seguia.  Procurava-me e até me convencer que eu tenho problemas, mas quem tem é a senhora e muitos. Agora tenho vinte e um anos, mamãe, não preciso que a senhora me dope, interne, me drogue para me manter pressa à senhora eternamente. Estou grandinha, me drogarei sozinha dessa vez. Um abraço e se interne de uma vez. De sua amava filha da jaula 23.”


          A carta ficara na cabeceira ao lado do abajur. Na mala o essencial.  Amarrara os lenções uns nos outros e fez uma corda longa para descer até o quintal. Ao descer deu uma última olhada para frente da casa e em fazer barulho escalou as frestas do portal para chegar até a rua. Com os pés no solo e sem destino certo, Carla era só mais uma mulher desprotegida na madrugada da cidade. Andou.


          Do dia amanhecera turbulento, como de costume. A poeira, poluição não cegara Carla por acaso, ela não dormira a madrugada, só vagou pelas ruas como uma assombração, mala de rodinhas quicando nas calçadas quebradas. Sem medo algum. A jovem mulher vira ao sol nascer com exclusividade, prestara atenção nos mínimos detalhes, os outros meros corpos andantes perdiam o espetáculo, ela apreciara o nascimento solar. Os raios amarelados deram um toque angelical ao rosto cansado, porém exuberante dela. Mesmo com os trajes simplórios, poucos não notam sua presença na praça onde ela está.  O estomago dela luta contra o seu cérebro e olhos, que só veem belezas inexistentes que ela insiste em cobiçar pelas ruas maltratadas; o estomago quer comida, mas comida boa, que o engorde e farte-o.


           Não muito longe dali um adolescente caído no chão de um antigo posto de gasolina abandonado despertara. Ele se chamava José Cordeiro Neto, mas todos o chamam de Zeca. O garoto tem aparentemente uns descêsseis anos, vestido com roupas pretas, uma camisa surrada de uma banda de rock e tênis all star. Cabelos negros bagunçados e olhos castanhos escuros, pele branca e sobrancelhas grossas, um pouco acima do peso, mas não muito gordo; era dito popularmente como “fofinho”. Diversas tatuagens davam cor ao braço esquerdo do rapaz, havia listras pretas, formas geométricas sem sentido e um curioso ponto de interrogação dava um charme especial às tatuagens incompletas e sem aparente sentido.  Na sua mão uma garrava de vodca estava à beira de ser derrabada, pois ele segurava-a frouxamente. Ele dormira naquela posição desconfortante no chão duro e frio. O brilho intenso do sol e o barulho dos carros são capazes de acorda-lo. Sofreu os primeiros sintomas de uma ressaca violenta.  O garoto, com visível dificuldade levantou-se, arrastando-se andou até a praça mais próxima e deitou no bando sem se importar com as pessoas que por lá passavam.  Seu cochilo durou pouco tempo, Carla o observada desdá árdua caminhada até o banco aproximou-se cuidadosamente e puxou levemente a camiseta do garoto fazendo-o acordar. 


 


—Hã? Hum... – Zeca gemeu.


— Acorda princesa. – disse Carla.


— Hã, é um anjo? – Zeca virou o rosto para encara-la.


— Não, moleque, vou enfiar meu garfo você-sabe-onde se não me der espaço ai, estou morta.


—Morre logo. – disse ele. Depois se virou e voltou a fechar os olhos.


— Você acha que eu estou brincando? – Carla arregalou os olhos com fúria. Zeca não se moveu.  — Sai aí! – gritou.


— Não enche! – mandou Zeca.


— Seu nojento, saia daí!


—Você está me tirando? – disse Zeca.


— Não quero saber, saia!


— Cala a boca, mina, não vê que eu estou dormindo? – disse Zeca num tom de voz bem alto, sem gritar.


        Vermelha de tão irritada, Carla estapeou as costas do garoto, mas sua atitude agressiva não o fez se mover, ele só gemia de dor.


 


— Estou com uma ressaca filha da mãe! – disse ele enquanto contorcia suas pernas.  — Me leva pra casa? Estou sem grana.


— Eu tenho cara de babá?


— Eu estou pedindo, me dá grana pra voltar, sério. – insistiu com voz de bebê.


— E o que ganho com isso? – Carla deu as costas e andou alguns passou até ouvira a voz dele berrando exatamente: “vai se foder, vagabunda!”. Ela virou para olha-lo, seus olhos vermelhos de ódio e rosto pálido.


 — Vagabunda é a tua mãe! - berrou, indignada.


— Cala a boca, você não é ninguém. – disse ele levantando-se e caminhando até ela. As pessoas que passavam olhavam assombradas para a cena.


— Sou muito melhor que você moleque, fracassado no meio da praça dormindo, se mate. – Carla nunca ficara nervosa naquela maneira ante, não por causa de um simples moleque mal educado.


— Foda-se. – respondeu Zeca. — Estou cansado de minazinha querer meter moral. Pobre metida à patricinha, zona oeste no máximo. Vai tomar no seu cu.


             O tabefe fora certeiro, no meio da face esquerda de Zeca e viera rechiado com muito ódio e uma pequena estalada de pescoço. Zeca empalidecera, ele não esperava tal reação da mulher, ficou inerte durante poucos segundos, com metade do rosto com a marca de mão, ficou sorrindo para Carla, um sorrio com a mesma quantidade de ódio que o tapa fora dado. Carla sorria também, satisfeita com a mudez de Zeca. Virou as costas. Seu braço foi agarrado pelas mãos do jovem.


 


—Não acabei, mina. – disse ele. — Olha, foi mal por ter te chamado de vagabunda e tudo mais...


— Não precisa se desculpar. – disse Carla sorridente.


— Você não é cega, está vendo meu estado, eu só quero ir pra casa sem ser a pé... Olha, eu não tenho nem mais forças para te xingar.


— Onde você mora, moleque? – Carla estava realmente odiando falar com ele, ela queria se livrar, sair bem da cena após dar uma lição. “seria perfeito, calado moleque, me deixe” pensava ela.


 — No Brooklin, juro que depois te pago!  - o garoto fez figa e apoiou seus braços nos ombros de Carla.


— Está bem, moleque! – resmungou. —Só não chegue tão perto, seu cheio está insuportável. Como sua mãe deixa você ser assim?


 


 



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Autor(a): malakian

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • papaangu Postado em 29/01/2015 - 23:29:27

    Caraca, uma coisa bem escrita! Milagre por aqui! Eu leio muita porcaria e posso dizer que vc se garante escrevendo, estou besta com sua narrativa. Continue assim, vc está entre os mínimos autores desse site que realmente sabe contar uma história e desenvolvê-la

  • mari_vondy Postado em 27/01/2015 - 12:30:41

    Gente pra quem lê fanfics vondy fiz uma espero que deem uma passadinha lá ;) Sussurro de um Anjo (Vondy) http://fanfics.com.br/fanfic/42469/sussurro-de-um-anjo-vondy-dyc

  • luarafanfic Postado em 06/09/2014 - 00:16:33

    nossa muito bom!! amei, continue por favor!!!

  • mabuck Postado em 04/02/2012 - 21:05:40

    Cadê cadê???

  • maryprincess Postado em 31/01/2012 - 22:54:20

    Ebaaaa!!! Esse cap ficou eletrizante.

  • malakian Postado em 19/01/2012 - 00:27:17

    postei :B

  • mabuck Postado em 18/01/2012 - 23:51:52

    Posta sim!!!

  • mabuck Postado em 18/01/2012 - 23:51:51

    Posta sim!!!

  • mabuck Postado em 18/01/2012 - 23:51:50

    Posta sim!!!

  • malakian Postado em 18/01/2012 - 23:33:03

    haha, tou pensando em postar hoje, que tal?


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