Fanfic: Amor ou ódio(adaptada de Harry Potter)

Miguel ainda estava olhando pro teto quando Roberta fez aquela pergunta. Ela só podia estar brincando! Por que ela resolveu tocar no nome daquele cara?!

- É o que Roberta?

Roberta repetiu a pergunta com calma, tirando-o do sério desta vez, que virou de lado, de costas pra ela, e falou pela última vez naquela noite.

- Eu quero acreditar que você está brincando, Roberta Alexandra. Porque se isso for verdade, aí sim você vai ver quem é pior. Eu ou Voldemort.

Roberta sentiu medo duas vezes. Primeiro pela ameaça, segundo pelo nome com o qual não se acostumara. A ruiva apenas se calou e virou de costas pra ele também, mas não dormiu a noite toda.

E agora, o que fazer? Deveria ir atrás de Bustamante, acreditar nele e ajudá-lo ou permanecer ao lado de Miguel, que sempre cuidou dela?

Não tinha garantia que Bustamante estava falando a verdade, mas o olhar dele... Merlim, há quanto tempo não via aqueles olhos! Há quanto tempo não sentia aqueles braços a segurando com força! Ele estava tão bonito quanto antes, ou até mais. Como sempre, sem educação. Onde já se vira, estuporar uma mulher! Mas bem que ela gostou.

Roberta acabou se perdendo em seus pensamentos e nem notou que o relógio já marcava 6:50. Viu Miguel se levantar sem falar direito com ela, apenas dizendo que a veria no Ministério, pois iria à frente, então se levantou e foi acordar a filha, pois esta deveria estudar.

Escutou o barulho de Miguel aparatando antes de abrir a porta do quarto da pequena ruiva.

- Mãe, quando eu vou poder aparatar como você e papai? – perguntou a pequena menina já de pé, vestindo o uniforme trouxa.

- Só daqui a muitos e muitos anos.

- Mãe, porque só eu tenho olhos azuis aqui em casa?

- Quando você vai parar de fazer tantas perguntas? – replicou Roberta com nervosismo na voz.

As duas foram para a cozinha tomar café, e quando terminaram, Roberta percebeu que estava realmente atrasada.

O relógio já marcava 7:10 e ainda precisava tomar banho e levar a filha ao colégio.

- Filha, você quer viajar de Pó de Flú? – perguntou Roberta sem encontrar opção.

- Aquele negócio da lareira? – perguntou a pequena com brilho nos olhos e um sorriso enorme – Quero, sim!

- Então me espera tomar banho e já volto.

Roberta correu para o banheiro e tomou banho o mais rápido que pode. Em dez minutos já estava pronta, com a filha ao lado ansiosa.

- Não esqueça de falar bem claro o seu destino!

- A escola?

- Não! Você não pode aparecer na lareira da escola... Diga Beco Diagonal, fica perto do colégio mesmo... E me espere quando chegar lá!

Roberta viu a filha pegar pó mágico e sumir, na sua vez deu uma última olhada na casa e se surpreendeu ao ver uma coruja na janela da sala. Resistiu à vontade de ir até lá e pegar a carta que estava presa à pata do animal, pois na certa era de Bustamante, e ela não iria se encontrar com ele. Apenas pegou o pó e desapareceu como a filha fizera há pouco.

Logo que apareceu na lareira no Beco Diagonal viu a filha olhando com curiosidade as pessoas ao redor. Foi até ela e a apressou.

- Anda, Mandinha. Tenho que estar no Ministério daqui a dez minutos – disse ela puxando a filha por entre as pessoas.

Em pouco tempo chegaram à escola que ficava na Londres trouxa. Roberta deixou a filha no colégio e reparou que ainda tinha três minutos, além disso, Miguel não iria se importar se ela se atrasasse um pouco, até porque iria comprar sapos de chocolate pra ele. Sempre fazia isso quando brigavam.

A ruiva voltou ao Beco Diagonal e entrou na doceria bruxa que tinham inaugurado há pouco tempo, mas não encontrou o que queria. Foi então procurar em outro lugar e acabou passando em frente ao local que Bustamante queria a encontrar. Era uma nova lanchonete bruxa, onde na certa encontraria sapos de chocolate.

Olhou o relógio e viu que já era 7:40, mas Miguel iria gostar da surpresa.

E ainda teria a sorte de não encontrar Bustamante, afinal, já havia passado 40 minutos do tempo que eles combinaram. Apesar de que na verdade estava com vontade de encontrá-lo... Justificou-se com o contrário e entrou na lanchonete.

Passou o olho rapidamente pelo lugar e não viu Bustamante, porém não sabia se ficava feliz ou não, preferiu pedir ao balconista simpático os sapos de chocolate.

Estava esperando o rapaz voltar quando aquelas mãos frias bastante conhecidas apertaram seu braço como de costume.

- Atrasada, ruivinha – e agora reconhecia a voz também.

- Diego? – perguntou ela se virando para o homem ao lado dela.

“Peraí, não é ele!”, pensou ela ao ver o homem de cabelo escuro preso num rabo de cavalo, de boné e óculos.

- Sou eu mesmo. Agora me diz se eu não sou o mestre dos disfarces? – perguntou o moreno com a mesma voz arrastada do seu amor.

- Aqui está, moça. – interrompeu a voz do balconista.

Roberta pagou os sapos e voltou-se ao suposto Bustamante.

- Não é você... – disse ela com dúvida na voz, quando o homem tirou os óculos e revelou olhos azuis. Aqueles olhos azuis!

- Claro que sou eu, ruiva. – replicou ele rindo do jeito que só ele ria.

Roberta enfim se convenceu e sentou-se à mesa do outro lado da lanchonete com ele, que pediu mais de mil vezes.

- Eu já disse que estou atrasada, Bustamante, eu tinha que estar no trabalho há 46 minutos – disse ela olhando o relógio.

- Aquele trabalho idiota? Por favor, Roberta, vocês não conseguem nem me pegar...

Roberta não respondeu à provocação. Talvez porque estivesse prestando atenção no braço dele, onde se podia ver o começo daquela marca que ela tanto odiava.

Sua atenção foi chamada de volta quando ele ajeitou a manga da blusa, fazendo-a levantar a cabeça e ver pesar no rosto dele, quem ela tanto amava, mas também odiava por preferia juntar-se ao cara que vivia tentando matá-la.

Nenhum dos dois falou nada, então Roberta tomou a iniciativa – aquela pergunta estava entalada na garganta dela há anos.

- Diego, você ainda me ama?

- Ixie, os Pardos são burros mesmo, hen! Por que você acha que eu estou aqui?

- Pode ser uma armadilha...

- Eita, você é burra mesmo, hen!

De fato, era o jeito dele de se declarar...

- Então me diz onde você-sabe-quem está.

- Eu não posso dizer.

- Foi o que eu pensei... É tudo mentira, pois se você gostasse de mim, você diria – disse ela chorosa.

- Eu não posso dizer, mas eu posso escrever.

- Então escreve, oras! – disse ela como se explicasse que ele se chamava Diego Bustamante.

- Ah, depois eu escrevo, ruiva. Tenho coisas mais interessantes pra falar.

- Tipo o que?

- Sobre a nossa filha – disse ele devagar de um jeito responsável.

“Ele amadureceu”, pensou ela olhando o homem a sua frente, que não tirava os olhos dos dela. “Eu sei que você está lendo minha mente, Diego. Pára, agora!”, pensou arrancando um sorriso do “menino responsável”.

- Tudo bem! – disse em resposta ao pensamento dela – Mas, por favor, eu quero falar da Mandinha...

- Ótimo, porque eu também quero! – disse mudando de humor de repente – Quem você acha que é pra ficar seguindo a minha filha, e ainda por cima conversar com ela?! Eu não quero a Mandinha misturada com Comensais! – disse sem medir as palavras.

Diego fez uma cara de quem acaba de levar um soco, mas respondeu.

- Ser pai seria um ótimo motivo pra conversar com a minha filha. – disse seco e voltou a falar, quando percebeu que ela iria fazer o mesmo. – Ainda que eu seja um Comensal, Roberta Pardo.

Roberta se sentiu sem graça, mas também, o que ele queria? Oi, Roberta, quatro anos separados, quanto tempo, não? Eu soube que você teve uma filha minha, cadê ela? Não é assim, Diego. “O que eu estou fazendo aqui?”, pensou ela se levantando.

- Vai fugir de mim, Pardo? – perguntou com aquele tom de voz arrastado. – Eu achava que você era fraca, agora eu tenho certeza.

- Eu não tenho mais nada pra falar com você – ela disse pausadamente, abaixada, com a mão na mesa e o rosto próximo ao dele.

- Claro que você tem! Eu quero saber quando eu posso visitar a minha filha.

- Na minha casa você não entra.

- Tudo bem... Eu posso continuar a segui-la.

- E você também não vai segui-la. Alguma coisa mais, Bustamante?


Roberta ainda estava abaixada e tomou um susto quando ele se pôs de pé. Diego era bem mais alto que ela, mesmo assim Roberta não saiu do lugar. Continuou a poucos centímetros dele, então pode ver com clareza o seu novo aspecto – ainda que ele estivesse disfarçado. Seus olhos mostravam uma pessoa cansada, sem alegria, assim como Sirius quando fugiu de Askaban. Gina só conseguiu sentir mais ódio dele.

“Maldito Comensal, por tua culpa eu choro todos os dias”, pensou ela certa de que ele lia a mente dela.

- Tem mais uma coisa, sim, Roberta... Eu não vou desistir até você sentir somente amor por mim, novamente.

- O ódio que eu sinto por ti consegue sufocar o amor, Bustamante. Você nem sabe o que é amor, né? – antes que ele respondesse, ela continuou, ainda mais agressiva. – E sabe de uma coisa? Eu quero mais é que consigam te encontrar! Eu quero mais é que você mofe em Askaban!


Antes que Diego pudesse replicar, ou Roberta continuar, quatro barulhos aconteceram seguidos na lanchonete; todos de pessoas aparatando.

- Você está num beco sem saída, Bustamante. Entregue-se – disse uma das pessoas às costas do Comensal, segurando o braço dele.

Fim do capítulo