Fanfic: Crônicas de Nina - ** Últimos capítulos ** | Tema: Vida,amor,amizades

Seu olhar continuava parado em mim.Seus lábios tentavam pronunciar as palavras corretas,mas era inútil.Uma sensação muito boa invadiu-me.Tudo o que eu mais queria era que Pedro pudesse acordar o quanto antes e finalmente isso havia acontecido.

- Ni..na.

- Melhor descansar.Eu estou bem Pedro.Todos nós estamos.Não se preocupe.

Pedro era teimoso e não precisou de muita convivência pra descobrir isso.Mesmo eu o tranquilizando,ele ainda tentava me “desobedecer”.

- Estou muito feliz de te ver assim sabia? Logo,logo você vai sair daqui e voltar pra casa.Vai voltar a fazer aquelas coisas que você tanto fazia antes.É só uma questão de tempo ...

Pedro parecia sorrir.Aquele sorriso era contagiante,mesmo com tantos aparelhos em volta.Estava tranquilo com as palavras que eu disse.E isso me deixava muito feliz.

Não sei o que aconteceu,mas por longo minutos permanecemos calados.O  olhar de Pedro desviou para o teto e eu não sabia mais o que fazer ou dizer.Queria conversar com ele,mas queria perguntar coisas a ele,e sei que isso seria inútil.Resolvi deixá-lo quieto por um tempo.Não queria incomodá-lo,mesmo que isso me ‘doesse’.

Ali naquele instante,eu tive certeza que Pedro era o meu amor.Está bem,vamos lá:

Eu sei que ainda sou jovem.Sei que não entendo muito da vida.Sei que amores,paixões vêm e vão.Eu sei que posso estar confundido tudo.Pode ser que no futuro eu e Pedro não tenhamos mais nada em comum,podemos não nos gostarmos mais,isso pode vir a acontecer.Mas tem uma coisa que eu sei agora nesse momento e tenho certeza disso.Eu gosto de Pedro.Agora.Hoje.Quero ficar com ele.Quero porque gosto da sua presença.Será amor? Talvez.Só sei que gosto dele e o quero por perto.

Minutos depois,meu pai entra no quarto com o médico.Eles ficaram surpresos em me ver.Meu pai fez uma cara engraçada porque não imaginava que eu ali podia estar.Foi inútil não sorrir.

- Nina querida. – Me abraçou – O médico e eu precisamos ficar a sós com o mocinho aqui.Márcia está a sua espera.

Se aquilo era uma expulsão? Bem eu entendi que sim.Fui convidada a me retirar pelo meu próprio pai! Mas isso,era pra uma boa causa.Eu sei que era.

Quando eu saí do quarto de fato Márcia estava à minha espera.Esboçou um enorme sorriso.Eu sorri um pouco sem graça,porque eu não gostava de fingir nem um pouco.E com ela,isso era preciso.

- Pedro acordou não é?

Se sabe por que pergunta???

- É acordou...parece bem.

- Isso é muito bom.Você deve estar muito feliz.

Conversa forçada...logo ela?

- É estou sim,Pedro é um grande amigo.

- Amigo? Ora Nina,não precisa mentir pra mim.

Ah não! Estava tão estampado assim que Pedro e eu já havíamos ficado? O problema em sim,não era esse.Era ela! Como ela descobrira? Será que Pedro havia contado?Andressa? Ou ela mesma por si mesma descobriu?

Vamos ser sinceros.Eu não queria que ela descobrisse.Não agora.Eu precisava conversar com Pedro.E com meu pai,antes de tudo.Não sei se ele reagiria bem.Mesmo ele sendo um cara legal e mente aberta.

Depois de um tempo,consegui desviar o assunto.Mas Márcia,não era boba.Ela acho eu que percebeu,mas resolveu entrar no meu jogo.Eu achei um máximo,porque não queria contar esse tipo de coisa pra ela.

Voltamos pra casa e durante o trajeto,Roberto parecia empolgado com a recuperação de Pedro.Eu ficava atenta à conversa.Contava os minutos para que Pedro  se recuperasse  o quanto antes.Dito e feito.

Durante a semana,Márcia tentava se aproximar de mim e eu como se não percebesse as indiretas,fugia a todo custo.Poxa,será que ela não percebia que eu ainda não gostava dela? Que ainda não tinha aceitado essa ideia de uma nova Márcia? É ainda porque mesmo eu sendo um pouco durona,sei que as pessoas podem mudar,mas no caso dela,isso era meio impossível.Impossível,porque eu ainda não tinha esquecido tudo o que ela me fez passar.

Um dia eu não aguentei e pus tudo pra fora.Márcia se aproximou de mim enquanto eu lavava a louça.

- Que dia,suas aulas começarão?

Me virei pra ela.

- Por que você não para com esse seu joguinho Márcia? Até quando pretende fingir que se arrependeu de tudo?Eu não esqueci de tudo o que você me fez tá?

- Nina,me entenda,as pessoas mudam.Eu sei que errei.Me dê um voto de confiança.Poderíamos ser amigas.A perda daquela criança,me fez ver a vida de um outro modo.

 Permaneci calada.Sem mais,voltei a fazer o que estava fazendo.

- Se você não quer acreditar agora,eu entendo.Quem sabe com o tempo.Você ainda é muito novinha pra entender certas coisas.

Dentro de mim,não sei dizer onde,não me pergunte,só sei que isso acontecia e me deixava cada vez mais confusa: Um lado dizia que Márcia estava mudada.Que eu deveria mesmo dar-lhe uma chance afinal,quem perdoa será perdoado.Mas outro dizia que aquilo era fachada.Até a forma com que ela falava era diferente de meses atrás.Mais calma.Nada de ataques ou voz alterada.Apenas uma paciência.

- Na verdade – eu enfim me pronunciei – talvez você tenha razão.Talvez você pode ter mesmo se arrependido de tudo.Mas acontece que não me convence desculpe.Não tem nada que possa mudar minha opinião.

- Gostaria de mudá-la.Gostaria de ser sua amiga.Eu não quero nunca,ficar no lugar de sua mãe.

- Gostaria de mudar minha opinião? Talvez você possa mudá-la.Assim eu posso saber se você mudou realmente.

- O que quer?

Havia uma coisa martelando minha cabeça.Era a hora de virar o jogo e  quem sabe,hora da justiça ser enfim feita.

- Quero que você diga toda a verdade para o meu pai.Tudo.Quero que você diga a ele,tudo que você fez pra me prejudicar.

Márcia ficou um tempo me encarando.Se ela aceitaria ou não,eu não sei.Só sei que aquilo era crucial pra saber se ela estava fingindo ou dizendo toda a verdade.Foram os minutos mais longos da minha vida.