Fanfic: Quase por acidente (Laliter) | Tema: Laliter, Quase anjos, Casi angeles

Capitulo 6 – 2º Temp.

Quando acordei pela manhã, me dei conta de que ainda estava com a roupa, e então me lembrei de Jaime. Devia estar furioso, por que o deixei trancado do lado de fora de seu próprio quarto. Não intencionalmente, claro. Tentei me levantar, mas senti todo o corpo dolorido, como se eu tivesse feito um intenso exercício físico, e me deixei cair novamente sobre os travesseiros. Minha posição estava bem incomoda, e as roupas também, mas eu estava mais mole do que de costume, minha cabeça parecia pesar umas mil toneladas. Estava suada também, mas não estava calor no apartamento, eu estava com febre.

Mariana – Droga, que belo momento pra adoecer, Mariana Espósito... – resmunguei, procurando um relógio com o olhar, mas lembrei que o que tinha estava apontado às minhas costas. Respirei fundo e com muito esforço me virei. A hora era alarmante! Doze horas, considerando que eu tinha ido dormir cedíssimo. Me levantei, tão devagar quanto era possível, arrastando o lençol, envolto ao meu corpo.

Quando cheguei na porta, ouvi Jaime falar.

Jaime – Eu não sei o que há com ela, mas não está bem... – Me encostei na porta, não só pra ouvir, mas também pra me manter de pé. - Sim, penso o mesmo... Não, não se preocupe, não tenho a intenção de deixá-la sozinha, ainda mais nessas condições... – Sim, ele falava de mim, mas com quem? – Posso pedir que te ligue quando acordar, o que deve ser logo, já que passam das doze... Tudo bem, vou tentar adiar a consulta, mas você tem que se apressar... – Fiquei completamente confusa, e assim que ouvi o barulho do telefone sendo devolvido ao gancho, ousei abrir a porta. Pra minha surpresa e graça, Jaime estava parado de frente a ela quando a abri, e me segurou quando uma tontura me pegou de surpresa, me fazendo cambalear.

Jaime – Meu Deus! - Ele exclamou e me pegou no colo, correndo até a cama e me devolvendo a ela.
Mariana – Não... – Resmunguei. Não queria ficar ali.

Jaime – Sim, você está ardendo em febre! – Ele segurou minha testa, depois meu braço, e bufou, levantando. – Por que não me disse que estava se sentindo mal?! – Não sei, por que talvez eu tenha me sentido mal desde o início e tenha tentado conviver com isso. Essa sensação de vazio.
Luna – O que foi Jaime aconteceu alguma coisa? - A voz irritante me fez sentir calafrios, talvez tenha sido a febre também, não sei. O que ela estava fazendo aqui há essa hora? Mirei o teto, mas senti a cabeça loira me olhar da porta; Jaime respondeu enquanto discava novamente.
Jaime – ela está ardendo em febre, e não posso medicá-la por causa da gravidez... – Ele bufou.
Luna – por que? Grávidas não tomam remédio? – Burlou, e ele bufou novamente.
Jaime – claro que sim, mas nem todos são indicados, e nenhum de nós é médico pra saber... – Jaime voltou e sentou ao meu lado. – Chamei um médico... - Não queria remédios, não queria ir a um hospital.
Mariana – quem era...? No telefone?
Jaime – Peter... – Meu coração palpitou mais aliviado, somente com a menção do nome. Ele era o remédio que eu precisava, não as drogas lícitas. Odiava drogas, de qualquer qualidade.
Mariana – Liga pra ele... Quero falar com ele, por favor... – A Lombriga aguada entrou, secando os cabelos com a toalha de Jaime. Eles tinham passado a noite lá? Comigo em seu quarto? Pouco importava...
Luna – deveria ter deixado a porta aberta, assim Jaime poderia ter feito alguma coisa... – ignorei, sem tirar os olhos suplicantes de Jaime.
Jaime – é melhor ficar quieta, não acha? – meneei a cabeça. Ele assentiu e foi até a sala, discou o número e me entregou o telefone, que pareceu surpreendentemente pesado e gelado. Ao terceiro toque, Tia Ale atendeu.
Ale – alô?
Mariana – tia, é a Lali... O que Poter está? – falei meio arrastado.
Ale – ah querida, vou chamar, um minuto... – ouvi ela chamando por ele, e em questão de segundos a voz forte e afobada de Peter ao telefone.
Peter – Lali?

Mariana – oi meu amor... – Respirei fundo, sem saber que parte do diário já tinha sido lida.
Peter – como você ta? Jaime disse que andava mal, aconteceu algo? – Sua voz pareceu pesarosa.
Mariana – sinto saudades... – Fechei os olhos e pude imaginar seu sorriso de fascinação. Aquele sorriso tinha um significado incalculável... Jaime e Luna saíram, me deixando com meu Peter, mas logo fizeram-me despedir dele, pra consulta idiota. Por que ninguém entendia que o único que eu precisava não se tinha em farmácias, nem hospitais nem nada disso?

Enquanto tiravam minha pressão, e olhavam um monte de coisa, fiquei lembrando das nossas conversas. Ele me falava de como estava, do que tinha feito, de como pensava em mim e como eu guiava sua imaginação... O momento mais lindo foi quando cantou pra mim, a letra mais linda que já tinha ouvido em minha vida, e que me fez chorar... Ele agia como se não soubesse de nada, como se não tivesse lido meu diário... Será que ele o tinha ignorado? Não... Peter não faria isso comigo, faria?

O médico me receitou uns reforços alimentares e disse que eu precisava ganhar peso. Repetiu a lista de proibições e o que era indicado comer. Tinha vontade de mandá-lo ao inferno, mas faria o que pudesse pelo meu filho... Meu filho... Sorri boba, e rolei da cama para o banheiro. Ainda não conseguia me imaginar mãe, era uma idéia tão utópica, mas era real ao mesmo tempo, como podia ser? Toquei minha barriga reta, de duas semanas de gestação, de que tamanho ele seria agora? Como seria depois? Menino? Menina? Parecido comigo ou com o pai?

Uma mistura de sensações sempre em envolviam cada vez que pensava em tudo. Uma gravidez na minha idade não só era arriscada, como irresponsável e antecipada demais, e... Não sei... Não chamaria meu bebê de errado, nem que me atirassem mil pedras. Eu sabia que tinha uma responsabilidade grande demais nas mãos, nenhuma formação, nenhum trabalho... Peter tampouco...