Fanfic: Quase por acidente (Laliter) | Tema: Laliter, Quase anjos, Casi angeles

Capitulo 18 – 2º Temp

Flashback:

Como se ir me deixar e buscar na escola já não fosse o suficiente, meu irmão fazia questão de me atormentar no caminho.

Jaime – aquele cara chegou perto de você? – Estava se referindo ao Pablo.
Mariana – Não.
Jaime – por que se ele tiver chegado perto de você eu vou lá pessoalmente saber qual é a desse cara! – Bravata vazia. Estávamos enrolados com a família dele, não podíamos fazer nada.
Mariana – eu já disse que não, não ouviu? – Resmungou alguma coisa e ficou calado por alguns instantes, mas não o suficiente pra que eu pudesse comemorar.
Jaime – Você e o primo da Luna estão sempre grudados ou é impressão minha?
Mariana – não estamos sempre grudados... – Ele me olhou cético.
Jaime – Você passa o dia inteiro na aula com ele, quando vou te pegar estão conversando na portaria, e você ainda fica na casa dele a tarde inteira, até de noite...
Mariana – Está sendo injusto! Você sabe muito bem que estudamos na mesma sala, é obvio que ficamos o dia inteiro perto um do outro! E de tarde ficamos fazendo trabalho da escola... Somos obrigados a passar um bom tempo junto, isso nos fez amigos... Qual o problema de conversar com ele na portaria? – Ele começou a rir.
Jaime – ah, cara, fala sério...
Mariana – do que ta rindo?
Jaime – de você, de quem mais?
Mariana – não to vendo nada de engraçado...
Jaime – você quer mesmo que eu acredite que ficam a tarde inteira só fazendo trabalho?
Mariana – você sabe que é só isso, você leu meu diário! – Disse em tom acusador.
Jaime – ah é, como foi que você descreveu ele...? – Disse fingindo ter esquecido. Bati nele com o caderno.
Mariana – para ta? Não temos nada!
Jaime – A cada dia penso que ele seja mais lindo! Ele fica uma graça com as bochechas vermelhas de vergonha! – Comecei a bater com mais força. Só de lembrar o que ele tinha lido, tinha vontade de cavar um buraco e me enterrar nele.
Mariana – chega! Eu sei o que eu acho dele, não preciso que me diga!

Como esperado ele não parou de zombar de mim, citando toda e qualquer passagem que lhe veio à cabeça.
Jaime – Cara, como você pode gostar dum cara só por causa da bunda?!
Mariana – Não é só por causa disso ok?! – Ops!
Jaime – ah, então admite que gosta hein? – respirei fundo, e apressei o passo.
Mariana – Tchau Jaime Espósito, eu estou me demitindo! Não sou mais sua irmã... – Ele continuou rindo atrás de mim, e tive que fingir não ouvir.

Foi um alívio chegar em casa, por que lá ele se calava. Era incrível como o clima se tornava pesado lá dentro... Ele e papai não faziam questão de esconder o quanto se detestavam.

Mariana – Mãe! Cheguei... – Ouvi o barulho de pratos e talheres na cozinha. Sinal de que papai estava em casa. Normalmente ele comia no trabalho, e quando estava em casa era por pouco tempo, por isso não nos esperava pra "almoçar em família", ou pelo menos era isso o que ele dizia. Passei pela cozinha pra dar o ar graça, e avisei que iria comer depois.

O clima estranho acabava me afetando também, e por mais sensato que fosse, era difícil me manter neutra na história. Parte da rixa entre os dois me incluía, ainda que fosse mínima, mas pularemos esse tópico de intrigas familiares e passamos pra um assunto mais interessante.

Tomei um banho o mais demorado possível, tentando relaxar de tantas tensões. Fora a questão da minha família não se entender, ainda tinha o Pablo, e depois tudo aquilo que o Jaime disse... Ah! Odiava concordar, e admitir algo assim... Mas pensar nessa história era a única coisa que me fazia sorrir.

Quando desci pra almoçar meu pai já tinha saído. Eu e meu irmão trocamos gentilezas e atiramos comida um no outro. Quando percebi que já estava na hora de ir pra casa do Peter – Como se existisse uma hora fixa – Saí em disparada pra lá.

Só quando estava a caminho me dei conta do que pretendia fazer. Estive tão ocupada com tantas coisas na minha cabeça que havia me esquecido por completo.

Peter se declarara e agora era minha vez de tomar a iniciativa. Só de pensar comecei a suar frio, e quando toquei a campainha da porta pensei se não teria sido melhor esperar mais. Tive medo de não estar pronta para encará-lo.

Peter – oi... – Saiu do caminho e eu entrei.
Mariana – desculpa a demora, Jaime ficou me segurando em casa...
Peter – sem problemas... – Nós dois rimos e subimos em silêncio lado a lado. Não era a primeira vez que nos víamos hoje, mas sozinhos sim, e confesso que o clima estava tenso. Resolvi agir com naturalidade, pelo menos fingir, ou não conseguiríamos aguentar a presença um do outro.

Assim que entramos no quarto joguei a bolsa num canto da parede e me joguei na cama dele. Tinha vontade de me virar e poder cheirar o lençol onde ele dormira. Para Mariana se controla mulher!

Peter – aconteceu alguma coisa? – Balancei a cabeça, encarando seu rosto.
Mariana – não, é só que eu tô muito cansada, com muito sono, e com muita preguiça... – Isso não era mentira, mas pra reforçar a idéia dei uma espreguiçada básica. Ele riu e puxou a cadeira, sentando nela ao contrário.

Peter – o que ele fez dessa vez?
Mariana – ele ronca, rs... – Não quis entrar em detalhes. Ele já me aguentava o bastante, não precisava saber de mais coisas desagradáveis.
Peter – é, isso com certeza é um problema...
Mariana – sim, um grande problema! Eu tenho o sono leve... – Não consegui segurar um bocejo, e como sempre acontece quando vemos alguém fazer isso, ele bocejou também, e os dois rimos. Clima legal reestabelecido, ele se sentiu a vontade pra pegar os papéis do trabalho pra tentar me torturar. – Ah não...
Peter – se saiu muito bem ontem, e falta muito pouco pra gente acabar... – Apelei pra minha melhor imitação do gato do Shrek, e um sorriso lindo se desenhou nos lábios dele. Havia tanta ternura naquele olhar que me senti emocionada.

Acabei não resistindo e estendi a mão pra que ele me desse os papéis, e tive que admitir que ele fazendo a carinha do gato do Shrek era bem melhor do que eu.
Peter – aqui, esses daqui... – Ele se atrapalhou um pouco, mas me deu vários papéis. Virei e revirei sentindo a preguiçar crescer de forma gritante. Comecei a ler, mas não conseguia me concentrar em nada daquilo, quando tinha algo mais difícil em mente.
Mariana – o Romeu era ridículo, como a Julieta pode se apaixonar por ele? – ele riu.
Peter – aonde estão seu romantismo e sua sensibilidade feminina? – Virei de lado pra vê-lo melhor.
Mariana – Estão reservados pra contos que valham a pena! Que tenham sentido, emoção, muito romance e muita sensualidade! – Nem eu acreditei que disse tudo aquilo em voz alta. - Nessa história o Romeu se apaixona pela Julieta apenas de vista, ele nem conhece a garota! – Tentei emendar, mas depois concluí que não era necessário.
Peter – não acredita em amor a primeira vista?
Mariana – acredito em atração a primeira vista... Mas um amor tão grande a ponto de dar a própria vida? Isso não!
Peter – mas é isso que torna a história bonita... – Tentou argumentar. - O amor deles ser tão grande a ponto de darem a vida por ele...
Mariana – Mas um amor de quantos dias? O quanto cada um sabia do outro? O quanto cada um sabia da vida? Caramba, a Julieta tem 14 anos!
Peter – é por causa da época, isso aí não foi escrito no século XXI cabecinha...
Mariana – de boa, isso não justifica a falta de... – Pausei em busca de uma palavra que servisse. - criatividade desse cara! O tema principal da história não é ruim, mas foi muito mal colocado no papel, ficou sem sentido, exagerado, enrolado, e totalmente fora da realidade! – Assim como o amor, emendei em meus pensamentos.
Peter - Vai ver o cara tava apaixonado... Não implique com Shakespeare ok? Muitas pessoas te fuzilariam se ouvissem o que está dizendo... – Decidi que aquela conversa era inútil e voltei a morder o dedo..

Mariana – nunca se queixa de nada? – Perguntei subitamente.
Peter – não entendi por que a pergunta... – Ele cruzou os braços no encosto da cadeira e apoiou o queixo ali.
Mariana – desde que estamos fazendo o trabalho, você não reclama de nada! Até quando te fiz dançar você aceitou numa boa, mesmo morrendo de vergonha você se esforçou pra aprender a coreografia... E você fez a maior parte do trabalho, e em vez de reclamar sempre me incentiva e diz coisas legais pra me motivar... – Sabía que estávamos entrando em um campo perigoso, mas resolvi arriscar.
Peter – bom... É que eu sei que pra você isso é chato, não me custa nada te ajudar... 
Mariana – mas pra você fazer trabalho também é chato... – Ele ficou envergonhado. Era tão lindo! O que tinha demais achar ele bonito quando estava com vergonha? Alfonso era um chato!
Peter – é que... Bom... – Ele fez uma pausa, pensando. - É que pra mim fazer esse trabalho com você foi a melhor coisa que já me aconteceu... Eu sempre estou escrevendo, ou desenhando só pra passar o tempo, fazer a maior parte teórica do trabalho não me custou nada...
Mariana – e... e a parte prática? Encenar, dançar?
Peter – é tudo fichinha perto da vontade de te ver todos os dias... Não posso reclamar de nada, se tudo isso me faz bem...
Mariana – jura que não se irrita com o meu jeito? – Ele sorriu de lado, fazendo meu coração dar um tombo.
Peter – claro que não... Eu... eu adoro você...