Fanfics Brasil - Capítulo 5 As Duas Faces (AyA)

Fanfic: As Duas Faces (AyA) | Tema: Traumada Hots


Capítulo: Capítulo 5

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Três dias depois, Poncho entrou na oficina e observou como Anahí sair debaixo de um dos carros que ele tinha reparado. Estava inspecionando o trabalho realizado como se ele não tivesse passado quase toda sua vida entre motores.


Como proprietária da oficina, tinha direito a revisar de cima abaixo cada veículo que passava pelas mãos de seu novo empregado.


Poncho fez uma careta enquanto guardava uma chave inglesa no bolso traseiro, voltou a olhá-la por cima do ombro e abriu a porta do escritório.


O que viu ali fez com que parasse de súbito.


-Desculpe. - resmungou antes de dar a volta para partir.


-Ah, você é Poncho Rodrigues. - disse vovô Herrera levantando do assento da mesa onde tinha encurralado Rory.


- Não se vá tão depressa, filho. Ouvi que temos algo em comum.


Poncho fez uma careta e apertou os dentes; logo se virou e fechou a porta atrás dele antes de enfrentar ao homem que tinha sido a base de sua existência.


Seu avô. Tinha mais rugas e não parecia tão alto, mas seu rosto moreno ainda conseguia impressioná-lo e seus olhos ainda conservavam aquele brilhante tom azul safira que Poncho não possuía mais.


-Temos algo em comum? -perguntou-lhe, olhando de esguelha a expressão assombrada do Rory.


-Somos irlandeses, filho. -O sorriso do vovô deixou Poncho paralisado. Aquele velho bastardo parecia saber quem era ele na realidade.


- Os dois somos irlandeses.


Não podia negá-lo. Preparou-se para mentir ao ancião. Sabia que cedo ou tarde se encontraria com ele e que teria que confrontar esse momento. Mas agora que esse momento tinha chegado, simplesmente não podia fazê-lo. Não podia mentir a ele.


-Ao que parece. - replicou Poncho com cautela.


O vovô voltou a sentar-se e mudou de postura no assento. Seu longo corpo estava mais fraco que a última vez em que Poncho o viu, que tinha sabido algo dele. Agora tinha o cabelo completamente cinza e não ficava nenhum indício do negro brilhante que tinha antigamente.


-Rory, vou sair por um momento. - disse Poncho tentando escapulir.


-Foge? - O sorriso do vovô desapareceu. - Os irlandeses não fogem.


Poncho arqueou as sobrancelhas.


-Há alguma razão pela qual deva fugir?


O vovô lhe dirigiu um olhar tão seguro e sagaz que Poncho voltou a olhar para Rory. Mataria aquele pequeno verme se houvesse dito algo a ele.


Rory negou sutilmente com a cabeça e fez uma careta. Tal e como o tinha advertido, ocultar tudo aquilo do vovô era inútil.


-Tinha vontade de conhecê-lo. - O ancião ficou em pé e Rory também se levantou de seu assento.


- Queria ver com meus próprios olhos o mecânico que tinha alterado a minha menina. Ninguém conseguiu desgostá-la tanto desde que seu marido morreu.


-Sim, já tinha ouvido que ele havia morrido. - indicou Poncho.


Vovô assentiu lentamente.


-Bom, isso é o que nos disseram, - resmungou- mas eu disse a meu filho que não podia ser certo. Meu neto era um SEAL, sabe? Foi durante muitos anos. - O vovô negou com a cabeça e cravou o olhar em Poncho.


─ Eu não acreditei nisso. Entretanto... acabei de mudar de opinião.


Poncho, Alfonso. Marido. Neto. Irmão. Sentiu todas aquelas partes de si mesmo ante aquele ancião que sabia a verdade sem que ninguém a houvesse dito. Tinha-o decepcionado.


-Meu neto era um herói, sabe? - disse-lhe vovô enquanto se encaminhava à porta.


-Isso é o que me disse Rory. - replicou ele ao fim com voz baixa


Seu avô, venerável e íntimo, deteve-se outra vez e ficou o olhando durante alguns tensos segundos.


-Esse menino sempre fazia o que tinha que fazer. O que era correto. O mais responsável. -Piscou para conter as lágrimas e Poncho sentiu uma quebra de onda de dor por ele.


─ Morreu, - continuou o vovô - antes que pudesse lhe dizer que sabia por que deixou de lutar.


Sem mais, saiu do escritório e Rory se apressou a segui-lo. Poncho tinha captado a mensagem, as palavras intencionadas, o que havia por trás delas.


Maldição! Não necessitava daquilo.


-Viu o vovô? O que ele fez a ele? -Anahí se aproximou dele, dirigiu-lhe um olhar irado e logo seguiu ao vovô e a Rory ao estacionamento.


Demônios tampouco necessitava disso.


-Vovô! - chamou-o Anahí. O ancião se colocou atrás do volante de seu Ranger e observou como ela se aproximava dele.


- Está tudo bem?


O ancião lhe brindou um de seus sorrisos cheios de carinho, de afeto. Anahí podia sentir sua calidez envolvendo-a enquanto se aproximava do assento do motorista e lhe dava um abraço rápido.


-Nem sequer passou para se despedir.


O vovô sempre o fazia antes de ir.


-Só vim conhecer seu novo homem. -respondeu o ancião.


- Os irlandeses devemnos se manter unidos, sabe?


-Não é meu novo homem. - protestou ela.


- Rory o contratou. - Fulminou com o olhar seu cunhado, porque este se negava a despedi-lo.


Três dias antes o havia enfrentado. Tinham discutido duramente, e agora falava, inclusive, em contratar outro mecânico. Um loiro enorme que estava certa era amigo do arrogante bastardo que pretendia tomar o controle de sua oficina.


Mas Rory seguia mantendo-se firme, negando-se a voltar atrás. Era certo que nos três últimos dias tinham tido mais clientes, mas ela suspeitava que era apenas porque todos sentiam curiosidade pelo novo mecânico.


O vovô se limitou a olhá-la daquela maneira paciente e sábia, e logo lhe aplaudiu o ombro com sua nodosa mão.


-Qualquer desses jovens irlandeses poderiam esquentar seu sangue a noite. - disse com uma piscada travessa.


-Já tive um feroz jovem irlandês. - afirmou.


- Ninguém poderá substituí-lo, vovô.


Alfonso tinha sido sua alma e seguia fazendo parte de seu coração. Não podia deixar de comparar os outros homens com ele. Por desgraça, esquecia-se de fazê-lo quando Poncho rondava por ali.


-Faça caso ao coração, não à cabeça, filha. - aconselhou o vovô com suavidade. Sempre o havia dito.


- E vêem ver-me logo, sinto falta de você.


Ela deu um passo para trás quando ele fechou a porta e permaneceu ali alguns segundos observando como se afastava no Ranger.


-Rory, o que é que traz entre mãos? -perguntou a seu cunhado uma vez que o vovô se incorporou ao tráfico.


A expressão do Rory era de total inocência e a recordava muito a de Alfonso quando este lhe tinha oculto algo. A mesma expressão, o mesmo corpo largo e forte.


-Vê muitos fantasmas, Annie. - suspirou.


-Não vai contratar a esse viking. - disse ela.


Rory apertou os dentes com força e seus olhos azuis lançaram faíscas.


-Quer que vá embora e largue tudo, Annie? -provocou-a. Esse indício de cólera em sua voz fez com que Annie entrecerrasse os olhos.


-Não, não quero que vá embora. - respondeu lhe devolvendo o cenho. - Só quero que me consulte antes de fazer algo.


-Acaso, você me consultou alguma vez? - Rory pôs os olhos em branco.


- Passaram três anos, Annie. Decidiu vir e assumir o controle três anos depois de que Alfonso morreu, e a deixei, porque não sabia de que demônios precisava este lugar. Mas já aprendi e chegou o momento de que faça a minha parte. É evidente que os mecânicos que temos contratados não são eficientes.


Nisso tinha razão, mas odiava que o assinalasse.


-Eu não gosto de Poncho Rodrigues. Despeça-o e contrate o viking. Logo discutiremos o resto.


-Vamos, Annie. -Sua voz estava agora era cheia de frustração.


- Você não gosta de Poncho porque ele sabe o que terá que fazer e porque não se importa em dizer isso a ninguém, o não aconteceu desde Alfonso e você não suporta. - a acusou.


Anahí estremeceu, aflita uma vez mais pela dolorosa realidade da morte de Alfonso. Ainda a sentia como uma pressão afiada e ardente dentro do peito.


-Alfonso jamais discutia comigo. - espetou.


-Não, não o fazia. -disse bruscamente.


- Porque você jamais se mostrou na realidade nem o que esta maldita oficina significava para você. Bom, pois agora alguém sabe. Briga com ele em vez de fazê-lo comigo.


Sem mais, afastou-se com as mãos metidas nos bolsos do macacão enquanto Poncho saía pelas portas da oficina.


Aqueles olhos azuis brumosos estavam fixos nela. Forte, voraz e poderoso, seu corpo captava o olhar de Anahí cada vez que estava perto, gostasse ela ou não. E, maldita fosse, não gostava. Não queria estar perto de outro homem perigoso. Mas tampouco queria um homem que sempre estivesse de acordo com ela. Pela primeira vez nos três anos desde que tirou a aliança sua mente admitiu o que seu coração já sabia. A segurança não era para ela. Derrick não era o que procurava. Entretanto, por desgraça, Poncho Rodrigues sim. Queria aquela tensão sexual, aquele palpitar do coração, aquela quebra de onda de excitação. Algo que ela não tinha sentido com nenhum outro homem, salvo com seu marido. Algo que fazia mal a ela, a encolerizava, e aumentava sua animosidade contra aquele homem.


Odiava a Poncho Rodrigues do mais profundo de seu coração porque a estava forçando a sentir coisas que só tinha sentido por seu marido.


E para a Anahí, essa traição às lembranças de Alfonso era pior que qualquer outra coisa que pudesse ter feito.


 



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Autor(a): annytha

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adorando os comentario, besos a todos!!! Não podia tirá-lo da cabeça. Enquanto o dia seguia seu curso, lutou com o computador de um veículo que se negava a cooperar, e aquele maldito homem não parecia capaz de fazer outra coisa que atrair seu olhar. Em um determinado momento, ela elevou a cabeça do interior do capô em que estava trabalhando para observar, fascinada, co ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 597



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  • Feponny Postado em 02/07/2016 - 14:36:28

    Poxa queria maissssss

  • ponnyaya Postado em 24/12/2012 - 14:18:45

    n abandona n posta maissssssss logo agora vc para?voltaaaaaaaaaaaa

  • k3 Postado em 02/05/2012 - 15:04:00

    Ohhhhhhhhhhh!!! posta mais , como pode parar bem ai???

  • k3 Postado em 02/05/2012 - 15:04:00

    Ohhhhhhhhhhh!!! posta mais , como pode parar bem ai???

  • k3 Postado em 02/05/2012 - 15:04:00

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  • k3 Postado em 02/05/2012 - 15:03:59

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  • k3 Postado em 02/05/2012 - 15:03:58

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  • k3 Postado em 02/05/2012 - 15:03:58

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