Fanfic: As Duas Faces (AyA) | Tema: Traumada Hots

Quando demônios tinham decidido os habitantes dessa cidade que Alfonso tinha sido um grande homem e que nenhum outro podia comparar-se a ele.

-Alfonso tinha muitos amigos. -Ela encolheu os ombros, passando os dedos pelo bordo do livro de contabilidade com expressão tensa. -Amigos que deixam que sua viúva sofra. - recordou ele. - O que aconteceu, Anahí? Quem se deu conta, finalmente, de que a oficina estava tendo tantas perdas? Segundo Rory, esteve encerrada na casa da colina e nem sequer abriu a porta durante dias. Quando se deu conta de que os Herrera estavam tentando te destruir?

Ela apertou os lábios.

-OH, sim, o velho Alfonso, o amado Alfonso. - se burlou Poncho. - Tão bom, que sua viúva se sentiu abandonada e quase perdeu tudo enquanto se encerrava em sua dor. Que demônios aconteceu Anahí?

-Repito a você, isso não é seu assunto. -Mas sua voz soou mais tensa, mais aflita e sua dor rasgou as vísceras de Poncho.

Sabia o que tinha acontecido. Sua família se voltou contra ela. Se dizia que Rodrigo De La Rata lhe tinha devotado ajuda em troca de ser seu amante. Poncho tinha tido que conter sua fúria ao saber daquilo. Uma vez que os Herrera e o banco se voltaram contra ela, era difícil que alguém tivesse estado disposto a ajudá-la. Só o fato de que Alfonso tivesse tido amigos que não tinham deixado de ir à oficina, tinha-a salvado da ruína. Mas eram amigos que não tinham muito poder, e muitos deles também o eram de Grant Herrera ou do Rodrigo De La Rata, por isso sua ajuda não tinha sido suficiente.

Sabia o que era o que tinha querido Rodrigo De La Rata de Anahí. A oficina era o lugar perfeito para lavar dinheiro e para que os membros da tropa se reunissem. Com o apartamento na parte de cima, a fama da oficina, e a boa reputação de Alfonso Herrera, teria funcionado.

O xerife e sua esposa tinham permanecido fiéis a Anahí, embora se ouvisse rumores que os amigos de Rodrigo De La Rata no conselho municipal pressionavam o xerife para que escolhesse um bando: o de Rodrigo ou o de Anahí. Poncho conhecia Rick Grayson, e ele não formava parte da BC, quanto menos levantava suspeitas. Por sorte, o programa que Poncho tinha instalado no computador de Rodrigo lhes proporcionaria as provas que necessitavam para derrotar aquele bastardo. A ele e a seus amigos.

O prefeito, um dos amigos da infância de Grant Herrera, tinha anulado a licença da oficina de maneira ilegal, e Rory estava assessorando-se com um advogado de Odessa para demandá-lo. O que tinham feito a Anahí era inaceitável e ele não pensava tolerá-lo mais.

Os rumores e os falatórios que enchiam a vida da cidade estavam ali para qualquer em que quisesse escutá-los. E Poncho tinha escutado a cada um dos clientes suficientemente curiosos e dispostos a falar com o homem ao qual tinham apelidado «o irlandês». Tinha prestado atenção e entre as falações tinha descoberto a verdade, uma verdade que só tinha conseguido enfurecê-lo ainda mais.

-Sim, é meu assunto. - afirmou Poncho finalmente.

A batalha teria sido divertida se não fosse com sua própria esposa. Ter que roubar o coração de Anahí sua própria lembrança ia ser um verdadeiro inferno.

Observou como ela levantava a vista para olhá-lo fixamente, e sentiu como seus testículos se esticavam em resposta. Só tinha visto esse olhar uma vez nos dois anos em que tinham vivido juntos.

Anahí separou os lábios no momento em que a porta que comunicava o escritório com a loja de conveniência se abria para dar passo a Rory.

O olhar de Poncho se cravou nele, exigindo que partisse, mas seu irmão lhe respondeu com um sorriso e logo desviou o olhar ao pescoço de Anahí. Ela já começava a ficar farta. Grande surpresa, um homem lhe dado uma chupada no pescoço. Acaso ninguém acreditava que era suficientemente mulher para despertar a paixão de um homem?

Curvou os lábios com ira antes de ficar em pé, rodear a mesa e sair batendo a porta.

-É um maldito estúpido. - resmungou Rory enquanto Poncho olhava a porta pela qual ela tinha saído.

Poncho se virou para ele.

-Será melhor que se ocupe desse contrato que está evitando todo o dia. O novo mecânico virá amanhã. Rory fez uma careta.

-Ótimo primeiro a irrita e depois me envia para que descarregue tudo em cima de mim.

-Faze-o. - grunhiu antes de ficar em pé e dirigir-se à porta da oficina.- E se mantém afastado de mim durante um momento.

Abriu a porta e encontrou Anahí junto ao balcão dos mecânicos, revisando a lista de turnos. A jovem franziu o cenho e logo olhou em direção ao mecânico que Rory estava a ponto de despedir.

Antes que ela pudesse agir, Poncho lhe arrancou a prancheta da mão, jogou-a sobre a mesa e a arrastou de volta ao escritório.

-Perdeu o juízo! -gritou ela quando a porta se fechou atrás deles. - Por que não aparece o nome de Timmy na lista de turnos? Está ali, com as mãos metidas nos bolsos sem fazer nada, e quero saber por que.

-Rory tomou a frente no assunto. - lhe explicou, optando pelo caminho mais fácil. - O despediu.

Anahí entrecerrou os olhos.

-Foi decisão de Rory ou sua? -A doce fúria sulina aparecia em sua voz.

Poncho cruzou os braços sobre o peito e a desafiou com o olhar.

-Rory compreendeu que não fazia bem seu trabalho e tomou uma decisão. -Mais ou menos.

-Nem pensar. - rugiu a jovem com o rosto pregado ao de Poncho. Os olhos cinza estavam quase negros pela ira, as bochechas avermelhadas e os punhos apertados com força nos flancos.

- É minha oficina. Meus empregados. Minhas decisões.