Fanfic: O Amor é Cego.

—Então é por isso que não consegui encontrá-la em nenhum outro baile esta semana - Christopher disse baixinho, e completou secamente – Sua madrasta estava certa, normalmente eu não viria a este baile.
—Então por que veio? – Dulce sustou a respiração depois de fazer a pergunta
—Porque sei que Prudhomme é seu pretendente e imaginei que você viria.
—De verdade? – ela perguntou com um sorriso.
—Sim, de verdade.
Dulce sentiu que Christopher também sorria. Ele então passou delicadamente os dedos sobre seus olhos, para que ela parasse de apertá-los e disse:
—Eu também gostei muito da nossa conversa no baile de Morrisey e, desde então, estava ansioso para reencontrá-la.
Um largo sorriso iluminou o rosto de Dulce, expressando todo o prazer que sentia diante de tais palavras.
—Só queria...
—Me diga, o que quer? – Christopher apressou-se em perguntar ao vê-la hesitar
—Só queria que Alma não antipatizasse tanto com você
Ambos aproximavam-se do salão, pensativos e calados.
Christopher fez com que ela se voltasse para ele.
—Talvez haja uma maneira de contornamos isso.
—Que maneira? – indagou Dulce num misto de esperança e curiosidade.
Christopher a fitou em silencio e depois maneando a cabeça em assentimento, como se concordasse com a idéia que tivera. Ele apertou a mão que segurava o braço dela e disse:
—Dulce, e se meu primo for procurá-la nos próximos dias e se oferecer para levá-la a um passeio, tente envolver sua madrasta na conversação.
—Seu primo? – ela perguntou, indecisa.
—Christian Chavez – Christopher esclareceu – vou pedir a ele que a pegue. Sua madrasta vai aprovar. Ele sairá com você e eu os encontrarei no parque.
Dulce franziu o cenho, reconhecendo o nome.
—Acho que já nos conhecemos e será pouco provável que ele concorde em me buscar, milorde.
—Ele me contou sobre o encontro de vocês.
—Contou? – ela perguntou, ficando sem graça.
—Contou, sim, mas não se preocupe conversei com Christian a respeito de sua visão. Ele terá prazer em nos ajudar.
—Talvez tenha – murmurou Dulce em duvida. Depois mordendo o lábio e olhando para o rosto borrado dele, perguntou em tom ansioso: Ele não é um mundano, é?
Ao sentir a hesitação de Christopher ela se apressou em explicar:
—Pois essa é a razão de Alma se opor a você. Apesar de que no seu caso, tenho certeza de que ela esta errada, mas se Christian for um...
—Vai dar tudo certo.
    — Vai dar tudo certo.
    Dulce sentiu o coração acelerar, desejando acreditar nele, ao mesmo tempo não acreditando que algo tão maravilhoso pudesse acontecer em sua vida.
Tivera muito poucas alegrias nos últimos dez anos. Primeiro a terrível doença da mãe e o terrível caso com o capitão Ochoa... depois a mãe morreu e enquanto ela ainda vivenciava o luto , o pai casou-se com a terrível Alma. Desde então ávida no campo tinha sido um verdadeiro martírio, com Alma fazendo questão de lembrá-la de sua vergonhosa experiência sempre que podia. Era freqüente acusá-la de ter precipitado a morte da mãe com o escândalo que impusera a toda a família.
Dulce sabia do ressentimento que Alma sentia por ela e que a culpava pelo pai evitar ir a Londres. Infelizmente, tinha que concordar que Alma tinha razão.
    A madrasta a detestava por isso, pois havia perdido várias temporadas em Londres e não fazia segredo de que não via a hora de livrar-se dela.
    Dulce também sabia que, no que dependesse de Alma, ela tudo faria para que estivesse amarrada ao odioso Prudhomme pelo resto da vida. E devia saber muito bem que horror de homenzinho que ele era. Desconfiava que durante um tempo eles tivessem sido mais que amigos como as atuais circunstâncias mostravam. Ela perguntava se eventualmente Prudhomme não teria também jurado amor eterno a Alma e praguejava contra a boa saúde de seu pai. Não iria surpreende-la nem um pouco.