Fanfic: O Amor é Cego.

— Lady Saviñón. Que prazer o nosso em recebê-la!
    Dulce acordou do tédio em que se encontrava e viu de forma embaçada, como sempre, os vultos azul-claro e pêssego que estavam à porta. Seria maldoso dizer que, com exceção de lady Havard e lady Achard, alguém mais se dirigisse à madrasta de maneira gentil. Pois, de um modo geral, eram as únicas pessoas que falavam com Alma, daí sua estranheza em ouvir a anfitriã alegar prazer em vê-la.
    A própria Alma parecia surpresa, observou Dulce diante da dificuldade da madrasta em retribuir o cumprimento.
    — Lady Devereaux e lady Mowbray. Boa noite. Muito obrigada pelo convite. Estamos muito contentes de estar aqui, muito contentes mesmo, não é, Dulce?
    Dulce murmurou um assentimento, mas sua atenção estava voltada para o vulto azul, que só poderia ser lady Mowbray, a mãe de Christopher, uma vez que quem dera as boas-vindas fora a anfitriã, que usava pêssego,
    — Então você é a encantadora Dulce — cumprimentou-a lady Mowbray, com um largo sorriso. — Falaram muito a seu respeito, minha querida, tanto meu filho, como meu sobrinho Christian.
    — Christian Chavez é seu sobrinho? — perguntou Alma interessada, sem fazer qualquer comentário sobre Christopher.
    Mesmo que não quisesse Dulce envolvida com Mowbray, a madrasta não era tola de esnobá-lo. Os Uckermann eram muito influentes na sociedade, principalmente Alexandra Uckermann, lady Mowbray. Dessa maneira, em vez de exigir que Christopher se mantivesse longe dela, seu objetivo passou a ser o de tentar evitar qualquer lugar em que ele pudesse estar presente.
    — Sim, ele é meu sobrinho — lady Mowbray confirmou, não ignorando a falta de comentário sobre Christopher. Pelo menos, foi o que Dulce imaginou diante de sua resposta sucinta.
    — Ele é um jovem encantador — Alma elogiou sorridente. — Ele saiu com Dulce para um passeio no parque hoje cedo.
    — É, eu soube — respondeu lady Mowbray, em um tom de voz divertido.
    Dulce teve a nítida impressão de que ela sabia do esquema que havia sido montado, mas foi pega de surpresa por suas palavras seguintes:
    — Na verdade, Christian tanto falou de Dulce que minha sobrinha, a irmã dele, quer conhecê-la.
    — Ora, que gentil! Dulce bem que precisa fazer amigas aqui em Londres. Será muito bom para ela.
    Dulce mordeu o lábio, sabendo que a madrasta imaginava que essa amizade poderia significar ascensão ao círculo social dos Mowbray. Mary Chavez era considerada um diamante de primeira água. Conviver com ela só poderia elevar qualquer pessoa.
    — Muito bom — disse lady Mowbray. — Então não vai se importar que eu a roube por algum tempo enquanto ajuda lady Devereaux.
    — Vai roubá-la? — Alma alarmou-se, receando que Dulce pudesse tropeçar ou trombar em qualquer coisa, arriscando-se a perder essa “oportunidade”.
    — Se me der licença... Mary torceu o tornozelo hoje e é obrigada a ficar em repouso, com o pé para cima, por isso não pode vir até Dulce. Então vou levá-la até a sala em que ela está. Não se preocupe, tenho certeza de que as meninas vão se dar muito bem enquanto você ajuda lady Devereaux.
    Aparentemente, Alma não havia se dado conta do comentário feito pela primeira vez, perguntando em tom de incerteza:
    — Lady Devereaux precisa de ajuda?
    — Preciso, sim — lady Devereaux confirmou. — Disseram-me que você tem um gosto incrível...