Fanfic: O Amor é Cego.

— O que você está procurando?— Christian perguntou, aproximando-se do primo.
    — Dulce disse que bateu com a cabeça em um galho e acha que por isso deve ter perdido o equilíbrio e ido parar na fonte.
    Christian olhou ao redor e depois sacudiu a cabeça.
    — Impossível. Não há nenhum galho mais baixo do que ela por aqui.
    — Não, não há. Mas sabe-se lá como, ela acabou com a cabeça ferida e boiando na fonte. Se eu não tivesse chegado, ela poderia ter morrido. Aliás, foi o que imaginei quando a vi.
    Christian ficou por um momento em silêncio, com o olhar vagando da fonte para as árvores e das árvores para a fonte.
    — Você acredita de fato que alguém a tenha incentivado a vir até aqui com má intenção?
Christopher nada disse. Aquilo tudo lhe pareceu ridículo.
    Aparentemente tomando o silêncio do primo como uma confirmação, Christian insistiu:
    — Quem mais, fora eu, sabe sobre vocês?
    — Não sei ao certo. Minha mãe e Mary sabem, mas, é claro, que nada têm a ver com isso. Talvez Prudhomme também saiba.
    — Prudhomme? — Christian surpreendeu-se.
    Christopher assentiu com a cabeça.
    — Acho que ele estava no jardim na noite em que minha mãe deu um jeito de ficarmos sozinhos e em que fizemos o piquenique. Não que o tenha visto, e posso até estar enganado, mas um outro dia ele fez um comentário sarcástico sobre beijar Dulce ao luar.
    — Hum. — Christian fez uma expressão de dúvida. — E a criada?
    — A criada de Dulce? — Christopher fez uma pausa para pensar. — Acho que Joan sabe de alguma coisa. Foi ela que veio buscar Dulce porque Alma estava procurando por ela. Não demonstrou qualquer surpresa ao me ver.
    Ambos permaneceram calados por alguns instantes. Então Christian quebrou o silêncio.
    — Também, como você pode ter certeza de que não passou de um acidente como todos os outros?
    — Por que não enviei bilhete algum a ela.
    — Sim, talvez o bilhete tenha sido um trote mesmo, o resto, porém, pode ter sido um mero acidente.
    — Christian, se não vemos qualquer galho em que ela possa ter trombado... — Christopher argumentou, acrescentando: — Não consigo deixar de pensar nos outros acidentes também. Foram tantos. Ela caiu da escada, tropeçou na frente de uma carruagem...
    — Ora, Christopher, agora você está exagerando. Dulce enxerga tão mal que não há nada de surpreendente que tenha caído na escada ou tropeçado na frente de uma carruagem.
    — Talvez — Christopher admitiu, relutante. — Preciso falar com ela.
    — Acho que agora não dá mais para fazê-la vir até aqui. E também já ficou tarde. Se a madrasta havia mandado a criada procurar por ela, deve estar controlando todo e qualquer movimento de Dulce. É melhor você desistir por hoje e traçar um novo plano para amanhã.
    Christopher soltou um grunhido que poderia ser de aquiescência, mas seu olhar se deteve na janela do piso superior da casa. Ele notou quando um dos quartos ficou iluminado pela luz de velas e agora podia ver as silhuetas de duas mulheres. A mais alta ajudava a mais baixa a despir peça por peça. Só poderiam ser Dulce e a criada.
    — Você ouviu o que eu disse, Christopher?
    Relutante, ele desviou o olhar da janela e fitou o primo.
    — O quê?
    — Eu disse que vou voltar à festa, me desculpar e ir embora.
    — Está bem — Christopher concordou, voltando a olhar para a janela. Mal havia prestado atenção ao que o primo dissera, sua mente estava toda concentrada na cena que se passava naquele quarto.