Fanfic: Irresistível | Tema: Twilight

Limpei minha roupa e voltei o mais rápido que pude direção a Mansão, secando minhas lagrimas que só percebi ter derramado quando o vento forte as afastou de minhas bochechas.

“Principezinho...” – sussurrei ao ar – “Estou voltando o que houve?”

“Oh Heidy” – imediatamente a imagem de onde ele estava alcançou minha mente. O vi deitado e sozinho em seu quarto, o que me pareceu incomum, já que todos estavam aflitos pela visita do Conde Nicolai e, deixar um humano sozinho não seria a melhor das idéias.

“Edward estou um pouco longe, o que houve?” – perguntei aflita em meus pensamentos, lançando ao ar a mensagem de enviá-los somente a Edward.

Eu possuía inúmeros poderes, mas este era um dos que mais gostava. Domínio sobre a natureza.

Meus olhos corriam pelas formas escurecidas pela floresta, o sol pondo-se no horizonte a minha esquerda.

“Eles foram buscar ajuda, mas sou humano agora, não possuo serventia” – ele respondeu triste – “Não sei o que fazer aqui... o que posso fazer?”

Oh droga! Porque ele não voltou ao normal?

“Príncipe estou chegando, vou ajudá-lo está bem? Alguém está em perigo?” – imediatamente ao lançar a pergunta, uma nova imagem apoderou-se de mim.

Edward estava em pé, seu rosto sangrando muito, as mãos apertadas em punho. Seus olhos verdes faiscavam de ódio e rancor. Sua boca curvada sobre os dentes, o sol brilhando mas sem cintilar sobre sua pele.

Segui seu olhar e ele encarava o Conde que segurava a menina da escola em seus braços. O olhar risonho e satisfeito.

Fixei o olhar na garota imóvel em seus braços. Ela respirava ofegante, os dedos agarrados na capa do Conde, o lado dela que estava visível todo ensangüentando.

Tentei inalar seu perfume, mas visões não possuem cheiro. Será o sangue dela?

Olhei novamente e Edward estava avançando na direção do Conde.

“Vou matá-lo!” – seu pensamento denunciou.

Eu gritei alto, ele iria morrer!!!

Voltei da visão e já estava em frente a janela de Edward, num salto adentrei-a.

“Edward” – falei antes de tocar os pés no chão – “Precisamos conversar”.

Ele sentou-se, os olhos arregalados.

“Heidy?” – ele parecia surpreso.

“Você me chamou menino!” – eu soava irritada e estava mesmo. Toda e qualquer visão que eu tinha o matava!!

“Oh sim... desculpe...” – ele pigarreou limpando a garganta e olhou para a porta – “Podem entrar, ela chegou” – anunciou.

Uma emboscada?

Mal tive tempo de reagir; pela janela pulou o grandalhão e segurou meus braços para trás, a Rosalie agarrou minhas pernas com tanta força que achei que aquilo fosse somente por inveja e não proteção. Afinal, minhas pernas são mais lindas que as dela. FATO.

Concentrei-me em Esme que forçou meu tronco a se curvar, puxando-me pelo pescoço até que me ajoelha-se ao chão. Ela com raiva tinha mais força que Emmett.

Carlisle prendeu-me a correntes. Sei e ele também sabe que aquilo não me prenderia, mas seu olhar e seus pensamentos me imploravam a não fugir.

“Por favor filha...” – ele pensou, abaixando o olhar e sentando-se ao lado de Edward.

Quando finalmente tudo se aquietou, respirei fundo pra falar.

“Não Heidy!” – Edward advertiu-me – “Nós fazemos as perguntas”

Hum que homem! Vampiro... que seja.

Assenti com um gesto de cabeça e esperei. Esperei. Esperei.

ESPEREI...

Parecia que ninguém ali tinha um único pensamento sobre o que estava ocorrendo. Tentei buscar o futuro mas não vi nada, nem Edward pensava! Após alguns minutos disso comecei a ficar extremamente irritada.

Edward mexeu-se inquieto e me encarou.

“Por favor, controle-se!” – pensou e seu olhar foi de tormenta.

Tentei ouvir mais, mas sua mente calou-se.

“O que estão esperando?” – falei.

Carlisle levantou-se e saiu, seguido de todos os outros, exceto Edward. Eu olhei pra ele. Merda, eles são mesmo esquisitos!

“Você tem poderes?” – perguntou.

“Sim.”

“Quais?” – eu ri.

“Muitos”.

“Os principais e os que você está usando aqui!” – ele foi direto, olhando-me nos olhos, a voz calma, o corpo relaxado.

Eles tinham o direito de saber, mas isso me colocaria em desvantagem. Sabendo meus poderes, saberiam minhas fraquezas.

“Um deles é domínio sobre a natureza” – o encarei de volta.

“E você o utiliza como?”

“Pra falar com você em seus pensamentos” – expliquei.

Ele ficou me encarando confuso. Abriu a boca e fechou-a umas quatro vezes.

“Como funciona?” – ele sentou-se mais perto.

“Eu não sou telepata, mas quando preciso peço ao vento que sussurre minhas palavras somente ao seu destinatário” – pausei para que ele entendesse – “porém, com seus poderes agregados aos meus, agora consigo ouvir você também”.

“Você não ouvia, só falava?” – a pergunta foi confusa e eu demorei a assimilá-la – “Responde Heidy, isso é importante pra nós!”

“Eu nunca soube que podia fazer isso... mas já tinha percebido que alguns... algumas pessoas me ouviam” – sussurrei – “mas só dessa vez, como houve resposta, soube que realmente me ouviam”.

Ele ficou calado algum tempo. Eu não me sentia em perigo ali, mas sentia que estávamos perdendo um tempo demasiadamente precioso.

“Você disse que agregou meu dom ao seu?” – seus olhos cintilaram nos meus e seu hálito me alcançou. Seu perfume humano estava divino!

Dei um longo suspiro antes de explicar.

“Meu... er... outro dom.” – calei-me.

“Seu outro dom é...” – e ficou esperando.

“Posso criar uma realidade humana...” – não sabia como explicar – “qualquer vampiro... ele tem a sensação de voltar a forma humana. Sempre voltam da forma como morreram ou como estavam antes de serem vampiros...” – ele ficou de boca aberta me encarando, seus pensamentos em alerta, agora sim!!! Eu o ouvia quase claramente – “... mas nunca dominei um vampiro por tanto tempo... você já deveria estar normal” – falei de uma vez.

Carlisle entrou no quarto me encarando.

“Você usa de ilusão?” – perguntou.

“Acredito que é algo um pouco maior, pois aqueles que convivem com o vampiro, também participam dessa ilusão...” – respirei – “e aqui, até se estendeu para a Alice”.

“Heidy...” – Carl ajoelhou-se na minha frente, tocando meu rosto – “filha...” – fiz uma careta – “O que você fez? Tem como reverter? Edward e Alice são importantes para a batalha que iremos travar aqui” – seus dedos acariciaram meu rosto, descendo pelo meu pescoço, mas eu desejei isso então não sei se foi deliberado.

“Carl... primeiro, tire a mão de mim” – pedi educadamente – “depois, me solte. Você sabe que isto é inútil” – olhei para as correntes enroladas em meu corpo – “Vou contar como este dom funciona, se todos prometerem não usarem minha fraqueza contra mim e jamais revelarem-na”.

Carlisle retirou as correntes, eu peguei Edward no colo e descemos as escadas para a sala de estar da Mansão.

Coloquei-o deitado no sofá e me sentei ao seu lado. Sentia que ele seria o único a me apoiar.

Rosalie e Emmett postaram-se de pé ao meu lado direito, de frente para a porta como se eu fosse tentar fugir. Esme e Carlisle sentaram-se, mãos dadas (argh) bem no sofá a minha frente, Alice e Jasper sentaram-se ao meu lado, Alice quase grudada em mim.

Ela era mesmo um anjo.

“Então...” – Edward parecia impaciente e incrivelmente, eu não ouvia ninguém!! Seus pensamentos eu digo.

“Desde que eu lancei o feitiço sobre Edward...” – eles arregalaram tanto o olhar que eu achei melhor falar mais devagar ainda – “er... de ele ter a sensação de ser humano novamente... eu ouço tudo o que ele ouvia” – esperei.

“Feitiço?” – Alice perguntou.

“É como um encanto... eu consigo algum objeto pessoal do vampiro que quero... hum...” – em outras épocas a palavra seria matar, mas com Edward não foi essa a minha motivação – “que quero... atacar... e desejo que ele se torne humano” – respirei fundo – “quase imediatamente este vampiro tem vertigens, ou desmaia. Alguns morreram e acordaram humanos... outros ficaram terrivelmente doentes e não suportaram a transformação...” – olhei no olho de cada um, parando no de Edward.

Ele olhava pra baixo, absorvendo minhas palavras como se emendasse um quebra cabeças.

“Por isso me senti gripado?” – ele sussurrou.

“Sim... sempre é a ultima sensação vivida como humano”.

“Edward estava morrendo pela gripe espanhola” – Carlisle acrescentou, seus olhos num dourado intenso.

“Oh sim... então é por isso” – esperei alguns segundos – “Eu os faço ter a ilusão de voltarem a ser humanos... e os mato como humanos” – falei de uma vez.

“Você queria me matar?” – Edward apertou minha mão que ele havia pego e colocado entre as dele – “Me matar?”

“Não!!!” – falei alto – “Eu queria... queria... queria que Carl me enxergasse... que lembrasse de mim...” – abaixei os olhos para nossas mãos e acariciei os dedos dele – “Eu achava que Carlisle tinha me virado as costas... que ele sabia que eu estava viva e...” – deixei a frase morrer.

Essa era uma historia que a família dele não precisava conhecer.

“Heidy, eu vi você morrer!” – Carlisle anunciou o que eu havia visto em seus pensamentos – “O Conde... os seus vassalos me arrastaram de lá... eu nem pude chorar meu luto...”

Esme apertou a mão de Carlisle confortando-o.

“Você sabe?” – perguntei a Esme.

“Sim, ele nos contou” – ela sorriu pra mim.

“Vamos nos concentrar aqui porque pelo que vi esse tal de Conde não é de brincadeira!” – Rosalie lembrou-nos.

“Heidy, o que você fez... esse feitiço... é reversível?” – Carlisle perguntou-me recuperado.

“Eu achava que sim... nunca tentei devolver a condição vampiresca de alguém” – respirei fundo e soltei o ar bem devagar – “sempre usei esse dom contra inimigos e não contra pessoas que eu amava” – disse cm a voz embargada – “pelo que sei, Edward e Alice já deveriam estar normais de novo”.

“Normal?” – Edward riu – “Normal eu sou agora... vampiro é que não é nada normal!” – ele riu e beijou minha mão – “Mas... como funciona?”

“Eu lanço essa magia, como lanço o pedido ao vento que sopre meus pensamentos a você” – expliquei ao Edward, gesticulando ao mesmo tempo – “a ilusão humana funciona da mesma forma. Eu faço com que o objeto do meu feitiço, no caso você, volte a ser humano. E todos a sua volta tem a mesma sensação. Mas na verdade, é tudo ilusório” – respirei fundo, não estava conseguindo explicar.

“Ele é vampiro, mas o vemos como humano” – Esme começou – “e ele sangra, come, dorme, faz tudo como um humano” – eu assenti – “e se ele morre, volta a ser vampiro?”

“Não... ele morre.” – afirmei – “Mas pra ter certeza, sempre queimei o corpo” – todos gemeram – “Oh não, não pretendia isso com vocês!”

“Mas então, acabe com a ilusão. Faça o feitiço contrario” – Edward pediu não muito convencido. Seus pensamentos confusos novamente.

“Eu acho que você já voltou Edward, mas está preso na ilusão por vontade própria” – falei sem pensar.

“E eu?” – Alice perguntou.

“Você eu não desejei Alice, você mordeu Edward e a magia tomou você” – como num clique pareceu-me clarear a mente – “Quando Edward voltar, você volta”.

“Eu não desejo continuar humano” – Edward sussurrou – “então porque estaria assim por vontade própria?”

“Bella” – falei novamente sem pensar, a imagem da garota na mente de Edward.