Fanfic: Irresistível | Tema: Twilight

Ainda relutantes os demais começaram a nos seguir. Senti a aproximação também dos outros do bando que ficaram a nossa volta, protegendo o grupo. Jacob amparava Bella, que aos tropeços pulava os gravetos e tentava se equilibrar no caminho desnivelado.

Tentei esconder meu descontentamento, porque me sentia mais seguro com Bella próxima de Jacob; sendo ela a única completamente humana, corria um grande risco estando aqui, pelo menos desta forma o fedor de Jacob encobria um pouco do seu perfume, me deixando menos consciente do desejo dentro de mim e afastando os pensamentos de alguns que também se sentiam atraídos pelo sangue irresistível dela.

“O que faz aqui Bella? Você devia ter ido embora como Rosalie queria!” – comecei a prestar atenção na conversa deles, que apesar de sussurrada era fácil de ouvir, mesmo eu estando a uma distância razoável deles.

Não sabia que Rosalie pretendia levá-la embora e menos ainda que ela não permitiu.

“Eu não quis ir... queria ajudar vocês... Emmett...” – ela deu uma olhada tímida na direção de Rosalie e Emmett que estavam ao lado direito deles e voltou-se para Jacob – “... aquele cara estranho que derrubou a casa...” – ela respirou como se procurasse as palavras – “...tentou me matar...” – ela sussurrou ainda mais baixo – “ele me... me” – senti a hesitação em sua voz sem entender direito – “ele... me tirou de lá e me trouxe pra Mansão a salvo”. – finalizou observando Emmett novamente.

Pelos pensamentos de Emmett revi a cena. Ele saltou na frente do Conde num rugido estridente, jogando um carro nele, enquanto agarrava a cintura de Bella e a colocava nos ombros, correu para o Jipe e com facilidade a deixou no banco do passageiro; vi também a expressão confusa de Bella enquanto contava tudo ao lobo.

Jacob estava desconfiado, achando que ela escondia algo – “Como ele a salvou Bells?” – perguntou a ela que novamente hesitou.

“Já contei JaKe.” – respondeu o olhando com reprovação.

“Bells... o que você não está me contando?” – Jacob parou na frente dela ao perguntar e logo retomaram os passos.

Todos estavam em silencio igualmente interessados no que Bella escondia e eu ainda mais irritado pelo modo intimo dele a chamar de “Bells”.. rrrrr.. Bells. Balancei a cabeça enciumado enquanto os ouvia.

“Jake...” – ela se aproximou tocando a mão dele e o fazendo abaixar o rosto até ela – “...ele deve ser como você... ele é forte e... veloz... e gelado... e você viu como todos foram rápidos quando a casa desabou?”

Ninguém conseguiu ficar calado, todos ao mesmo tempo caíram na gargalhada, menos eu.

“Bells... eu achei que você já tivesse entendido o que eles são” – Black começou a explicar, mas eu me aproximei e toquei a outra mão de Bella. Ele não ia falar de nós, não mesmo.

“Bella” – comecei e ela me olhou assustada – “O que você acha que somos?” – perguntei por que era proibido contarmos a um humano sobre nós, ela deveria adivinhar, era o certo... era assim que deveria ser.

“Vampiros” –respondeu de uma vez, assim sem medo, nem nada. Só falou.

“E isso não a assusta?” – perguntei apertando sua mão na minha.

“Contanto que vocês não me ameacem... não.” – ela soltou um risinho nervoso e abaixou os olhos ao mesmo tempo que se encolheu na direção do lobo.

Eu queria puxá-la pra mim, pega-la em meus braços como ela tinha feito na casa, mas só o toque de nossas mãos me queimava a garganta.

“Que gracinha” – pensou Rosalie, sarcástica como sempre.

“Ela nem deveria estar aqui” – Heidy que até agora eu não havia reparado, estava posta nas costas de um dos lobos, o Paul, sendo carregada devido aos seus ferimentos graves, reclamou em seus pensamentos me fitando com os olhos.

“Bella, nós somos perigosos para os humanos, você nem deveria estar aqui” – argumentei.

“Ah é? Mas eu tive escolha Edward?” – ela reclamou apontando para Emmett, senti meu corpo todo estremecer ao ouvir meu nome de seus lábios.

“Ei ei, eu salvei sua pele menina” – Emmett veio todo risonho pro nosso lado, deixando Rosalie ainda mais irritada – “Ela é gata hein mano?” – me lançou um olhar sugestivo depois de jogar esse pensamento pra mim.

Se eu ainda fosse humano teria corado imediatamente, pois me pegava observando os lábios rosados e a curva do pescoço dela, sem que ela notasse.

“Desculpe Bella, me esqueci dessa parte da historia...” – finalizei saindo de perto dela.

Enquanto caminhávamos em silêncio, tentava entender porque o Conde tinha escolhido Bella como isca.

Seus pensamentos me mostraram um pouco da trajetória que ele fizera e que andara vigiado Bella por alguns dias. Não só Bella como a todos nós.

Mas como não o havíamos notado? Seu cheiro parecia a zimbro e era tão forte que deveria deixar rastros a quilômetros de distância.

Heidy notando meu pensamento começou a me explicar também em pensamento.

“Ele é um ser diferente Edward, está acima de todos nós... não é um mero Vampiro, é um dos mais antigos que eu conheço. Seus dons são inexplicáveis e ele é indestrutível. Já vi clãs enormes serem destruídos sem que ele sujasse as mangas do paletó. Ele é o pesadelo em pessoa...” – ela respirou e gemeu com um solavanco do lobo, que ganiu pedindo desculpas – “e esse pesadelo é meu pai... não posso acreditar que Carlisle me escondeu isso a vida toda... a vida to...” - e seus pensamentos foram bloqueados.

Eu sentia a angústia dela como percebia também sua regeneração que era lenta mas eficaz. Os cortes na testa e nos braços estavam sumindo, a dor devia ser algo interno. Carlisle andava ao lado dela como um pai e estava mortalmente preocupado sem saber como explicar tudo a ela.

Descemos um pequeno morro, com Black tentando ajudando Bella que escorregava quase que a cada passo, um pouco irritado ele a pegou no colo e saltou para a estrada.

“Idiota.” – ela deu um soquinho em seu braço e saiu apressada a frente de todos, seguindo rumo a casa dele.

Senti um certo contentamento com a cena, os dois estavam muito grudadinhos pro meu gosto.

Ele a viu partir com um olhar maroto, meio triste e os pensamentos nada amigáveis de que ia faze-la tirar o bico com um beijo quente depois disso tudo terminar. Argh.

“Ei... guarde seus pensamentos para si” – alertei passando por ele tentando alcançar Bella.

“Por que não posso pensar? Ela é minha namorada!” – ele respondeu em pensamento, com um risinho ridículo nos lábios.

A revelação me chocou, tanto que nem continuei ouvindo as idiotices que ele pensava. Até então eu acreditava que eram só amigos íntimos, pessoas muito próximas, mas namorados? Namorados? Como ela podia namorar com ele?

Parei imediatamente minha corrida até ela deixando todos me ultrapassarem, não sabia nem porque isso me deixou chateado. Ela é só mais uma humana.

“E você não chegue perto dela.” – adivinharam? Humrum... o pensamento foi de Heidy.

Só não falei um palavrão ou mostrei o dedo do meio para ela porque sou um rapaz muito bem educado e fino, porque minha vontade foi terminar de quebrar aquele pescocinho de princesa dela.

“Vou rondar o perímetro” – sai sem que qualquer um respondesse, porque quase todos, exceto por Heidy e Jacob, entenderam o motivo; sumi floresta adentro.

Não entendia meus pensamentos, aquela menina os invadia de uma forma perturbadora, doentia.

Meu corpo todo a queria. Estar perto, sentir o cheiro, tocar a pele, provar do gosto dos seus lábios... eu tinha pensamentos estranhos e incoerentes muitas vezes.

Quando era humano e dormia, sonhei inúmeras vezes que caminhava com ela pela escola, de mãos dadas ou abraçados, como típicos namorados.

Não podia imaginar ela fazendo essas coisas com aquele garoto! Além de tudo ele era imaturo e muito mais novo que ela! Certo... não tão mais novo, talvez um ou dois anos... tecnicamente eu que sou muito mais velho que ela...

Passei por um carvalho gigante e o soquei irritado, metade do tronco se partiu debaixo das minhas mãos e imediatamente me senti culpado. Um aroma de grama aparada inundou minhas narinas, mesmo que ao meu redor só houvesse folhagem, árvores e muita terra úmida por causa da chuva fina.

Ah! Não podia devolver metade do tronco a árvore, então continuei andando pela floresta, tentando distinguir aromas e descobrir pra onde o Conde teria ido. Já que estava aqui, eu seria útil. Não ia deixá-lo alcançar a menina, ela sendo ou não namorada daquele cão.

Mas ela é tão linda... e tão corajosa...

Como ela podia não ter medo? Estar cercada por lobos e vampiros... e não ter medo?! E como ela tinha tanta convicção do que éramos? E por que ela pareceu tímida com Black não querendo falar o que pensava de nós? Havia duvida ou ela nos protegia? E por que nos protegeria de seu próprio namorado?

Seu sorriso é tão mágico, quase perfeito, um sorriso tímido, mostrando pouco dos seus dentes, mas deixando seus lábios num tom rosado encantador. Os lábios medianos, quentes... os olhos castanhos... brilhantes... a pele rosada e avermelhada quando estava com vergonha. E quando ela morde o cantinho da boca por que está pensando ou tímida? É difícil não suspirar me lembrando desses detalhes... os cachos acobreados deitados sobre seus ombros, a pele de seus braços, os dedos macios que a pouco tocaram minhas mãos, o rosto nas minhas costas quase uma hora atrás...

Por que essas lembranças não me deixavam?

Senti um frio percorrer meu estomago e se alojar nele só de me imaginar a frente dela, tomando-a em meus braços e a beijando... seria perfeito... mas logo o pensamento continuava pela curva de seu pescoço, os batimentos em sua veia e seu sangue sendo drenado por minhas presas.

“Não” – destruí outra árvore.

Cheguei novamente ao espaço aberto que estávamos quando o Conde quase matou Heidy. Senti o perfume dele ainda no ar e resolvi farejá-lo. O rastro ia na direção da Mansão e foi para lá que segui.

Chegando quase perto da casa, vi nossos carros perfeitamente estacionados do lado de fora, parte do que fora destruído estava remexido, moveis longe do imóvel como se tivessem sido arrastados por um tornado. Livros de Carlisle e meus estavam despedaçados suas páginas espalhadas por toda a frente da casa. O que fora que tivesse atingido a casa, foi depois que saímos daqui.

Eu não conseguia perceber nenhuma outra força humana ou não humana nos arredores, por isso fui confiante até nossos carros.

Entrei no jipe de Emmett que ainda estava com a chave na ignição e era o menos danificado e arranquei de volta para Forks. Eu não tinha mais nada a pensar e não seria útil longe e sozinho.

Quase fora do perímetro da casa eu ouvi uma risada horrível atrás de mim, olhando pelo retrovisor vi um redemoinho se formando sobre a casa e começando a me seguir, forte e veloz.

Troquei a marcha e pisei no acelerador com força, não sabia o que era mas tinha que sair dali.

O tornado tornou-se escuro e arrastava tudo por onde passava, árvores, pedras, terra, canos de esgoto, tudo, tudo mesmo.

O jipe quase tombou quando virei a mais de 150km/h entrando na estrada principal. Graças a algo muito mais poderoso que eu, não tinha nenhum carro passando em nenhuma das direções.

Peguei a estrada na direção de La Push e só depois percebi que estava levando o perigo direto a ela! Tentei voltar, mas era impossível, uma chuva forte começava a cair e quanto mais perto o “tornado”, mais ela se intensificava.

Meu celular vibrou e eu não conseguia tirar as mãos do volante para atender.

O ar me faltou no peito a chuva ficou ainda mais forte, eu já não enxergava mesmo com minha visão vampiresca. No retrovisor só escuridão, ele estava perto, quase tocando no jipe.

Senti o motor falhar e o jipe erguer-se alguns centímetros do chão quando a nuvem preta tocou a lataria, era apavorante. Eu só conseguia pensar nela!

Meus sentidos estavam todos atordoados, sentia meus reflexos agindo sozinhos, o instinto de sobrevivência.

O carro bateu no asfalto e perdi o controle do volante por alguns segundos, rodando na pista como um carrinho de brinquedo. Batemos numa árvore e fomos lançados para o outro lado parando numa parede de pedra.

O Emmett vai ficar arrasado!

O estrago foi grande mas liguei novamente o motor e sai, sem olhar nada, só havia escuridão e aquele barulho ensurdecedor do vento, nos arrastando – eu e o jipe – pro seu centro. Os pneus assobiavam na pista, 120 130 140 200km/h mas não saiamos do lugar.

O celular vibrou novamente.

“PQP Alice o que é?” – berrei pegando o aparelho do bolso e jogando no banco, pois eu ouviria mesmo ele estando longe.

“Você vai morrer!! Sai da casa!” – ela berrou de volta, sua voz aflita como se chorasse.

“Eu já sai!” – o zunido do tornado era muito forte e eu mal conseguia me concentrar.

“Use seus poderes!” – ouvi outra voz ao fundo. Heidy.

Perdi o raciocínio por vários minutos, o jipe já havia sido sugado para o tornado e nós rodávamos sem rumo, podendo bater a qualquer momento em algum lugar e explodir. Sim, eu morreria.

De repente entendi o que ela quis dizer e levantei o braço atirando o vento para longe. O tornado se desfez e nós despencamos e despencamos e despencamos. Devia estar muito alto no céu, porque não havia fim a queda. Comecei a sentir muito medo e por instinto provoquei um mini redemoinho a volta do carro, que nos colocou em segurança em solo.

Com falta de ar, mesmo sem precisar respirar, olhei em volta. Estávamos em La Push, na praia, não havia ninguém pois o frio era intenso naqueles dias e o tornado devia ter assustado até os turistas, me arrisquei e sai do jipe que estava todo destruído, dei uma olhada a mais ao redor e não havia nem sinal de Conde, tornado, nada. Só o perfume de zimbro e um zunido em meus ouvidos.

Procurei o celular no banco do carro mas não encontrei, então comecei a andar ainda desnorteado em direção a tribo Quileute.

O que quer que fosse, tinha ido embora.

Assim eu achava.