Fanfic: Irresistível | Tema: Twilight

Jacob e eu ficamos ali parados olhando a cena. Era de cortar o coração. Saímos de fininho respeitando o momento dos dois.

“Que historia!” – comentou Jacob voltando-se para mim.

Só concordei com a cabeça. Não queria dialogo com o cachorrinho de estimação da Bella. Ele fedia, mas tinha o perfume de Bella em seu corpo, o que me deixava enciumado em demasia.

“Vocês namoram há muito tempo?” – cortei o silêncio, eu precisava saber.

Havia perigos enormes pra me preocupar, mas a curiosidade falava mais alto.

“Não muito” – disse ele sorridente, o ar prepotente.

“Olá” – Bella se aproximou de nós timidamente e se colocou ao lado de Jacob, estávamos agora parados olhando o mar perto da tribo.

“Oi” – respondi com um sorriso torto e a vi corar, abaixando os olhos e guardando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

“Hey Bells.” – Jacob a aninhou em seus braços e pousou os lábios em seu rosto.

“Atrapalho?” – notei que ela se afastou um pouco dele e me encarou.

“Nunca” – respondemos juntos. Bella ficou ainda mais corada.

“Ah...” – firmou os lábios numa linha e me encarou - “E Heidy?”

“Com Carlisle... ela está bem”. – respondi um tanto constrangido. Não queria que ela ligasse Heidy a mim.

“Que bom.” – suspirou.

Que clima estranho.

Olhei novamente o mar e me lembrei que eu estava ao sol, logo, ela estava me vendo brilhar e a cena devia ser assustadora para um humano, me escondi abaixo de uma árvore.

“Sua pele fica bonita no sol.” – ela sorriu timidamente.

E que sorriso lindo!

“Não te assusto?” – perguntei constrangido, já ouvindo as reclamações mentais de Jacob.

“Não” – ela sorriu de novo.

Soltei um suspiro.

“Sanguessuga, se toca!” – Jacob pensou me lançando um olhar perturbado.

“Vocês namoram há muito tempo Bella?” – perguntei a ela, encarando o olhar furioso do animal. Suas mãos começaram a tremer.

Bella olhou Jacob envergonhada e voltou os olhos pra mim, nitidamente confusa.

“Merda!” – Jacob pensou quando a viu se afastar de uma vez. Os braços e o corpo todo tremendo visivelmente.

“Se acalme Jake!” – ela sussurrou colocando a mão em seu ombro – “Não somos namorados Edward.” – ela me olhou por baixo dos olhos, seguida de um rubor instantâneo.

“Merda!” – ele pensou de novo.

“Ah... não foi...” – pretendia deixar Jacob humilhado e mostrar a ela o cara mentiroso que ele era e ver o sorrisinho do infeliz sumir, mas ele tremia muito e os olhos estavam se dilatando um pouco demais. A raiva o estava consumindo.

Imediatamente puxei Bella para as minhas costas e o encarei.

“Tire suas mãos dela seu sanguessuga nojento!” – ele sibilou, fechando as mãos em punho.

Bella tentou avançar para ficar entre a gente, mas eu a detive a tempo.

“Você que a está colocando em perigo Black, não eu!” – falei tranqüilo, mostrando com a mão livre a sua tremedeira – “Não vou revelar suas mentiras senhor Alfa!” – disse cínico e irritado.

“Que mentiras?” – ops...

“Na...nada Bells” – ele me olhou implorativo tentando controlar a tremedeira.

Ela me encarou. Não dava pra saber se sua expressão era nervosa, irritada, ameaçadora ou simplesmente curiosa, a proximidade e a profundidade do olhar me desnortearam. Senti como se ela conseguisse libertar meu pior pesadelo.

Comecei a me afastar, rugindo baixo e clamando por Heidy sem conseguir abrir os lábios, a sede queimava minha garganta. Senti a presença dela, seguida de um soco e o baque das minhas costas na areia quente.

Ela ficou me olhando por alguns segundos, lendo na minha mente o ultimo acontecimento.

“Está mais controlado principezinho, conseguiu me chamar” – ela sorriu como um mestre orgulhoso de seu aprendiz e estendeu a mão para me ajudar a levantar.

Olhei além dela e Bella estava imóvel com um olhar indecifrável. Eu devia estar assustador.

Segurei a mão de Heidy e me levantei, Heidy entrelaçou a mão a minha e me puxou para junto de Bella, tocou meu rosto com os lábios o que me fez sentir um arrepio momentâneo e saiu.

Bella a seguiu com os olhos para depois encarar os meus. Levantou o indicador, apontando para Heidy e ficou me encarando como se quisesse respostas.

“Não somos namorados” – disse novamente e Bella corou como eu esperava, linda como uma boneca – “Bella, podemos caminhar?” – sugeri um pouco nervoso de encará-la nos olhos.

Andamos pela praia por alguns minutos, ela fitava minha pele e olhava o mar em silêncio. Eu não sabia exatamente o queria dizer e sentia os olhos de Jacob a nossas costas, além de ouvir os pensamentos de Seth e Leah no penhasco atrás de nós.

Não havia perigo de um humano nos ver, a praia estava deserta e ao menor ruído eu sumiria.

“Bella”

“Edward” – chamamos ao mesmo tempo e sorrimos um para o outro. Fiz sinal para que ela continuasse – “Edward...” – o som da sua voz pronunciando meu nome, me trazia uma sensação calorosa no peito – “... o que foi aquilo e...” – Bella colocou os cabelos para trás para me enxergar direito, o mínimo gesto me fez recuar e ela parou um passo a frente constrangida – “O... o quê?” – ela fez um biquinho com os lábios.

“Deixe o cabelo para a frente, Bells.” – a chamei pelo apelido carinhoso de Jacob tentando amenizar o susto ao meu pedido um tanto estranho.

Ela fez como pedi, quase escondendo todo o rosto, um pouco assustada e encabulada. Estendi a mão e ajeitei a mecha atrás da orelha, deixando grande parte caído sobre os ombros e envolta de seu pescoço. Ela me olhou iluminada.

“Obrigada” –piscou algumas vezes e olhou para a areia voltando a caminhar.

“Obrigado você...” – sorri colocando minhas mãos nos bolsos e por precaução evitei respirar muito.

Mais alguns minutos de silêncio constrangedor e novamente chamamos um ao outro no mesmo segundo e sorrimos um para o outro. Esperei que ela falasse.

“O que foi aquilo lá trás com o Jake e a Heidy?” – ela me encarou interrogativa.

Corajosa a minha menina. Minha menina? Eu precisava de uma consulta com um psiquiatra dos bons.

“Bella, você sabe o que somos?” – ela assentiu uma vez – “Sabe o que o Black é?” – ela assentiu um pouco duvidosa – “Ele é um lobisomem, um transmutador. Ele pode se transformar em um lobo quando isso é necessário...” – tentei explicar com o pouco de conhecimento que eu tinha.

“Como nos filmes? Ele se transforma quando é lua cheia?” – eu gargalhei.

“Você é absurda Bella!” – sorri e a vi encolher os ombros. Fiquei um pouco mais sério e a olhei nos olhos – “Desculpe, claro que você não saberia. Ele pode se transformar quando quer, sua condição não esta ligada a Lua Cheia”.

“E você?” – fiz uma careta e fiquei pensativo por alguns minutos.

“Minha condição é permanente” – a olhei de canto de olho e a vi torcer os lábios, nitidamente formando mais perguntas.

“Eu achava que você era uma espécie de super man” – ela sorriu e encarou meus olhos.

“Super Man?” – ela desviou o olhar para o mar enquanto dávamos a volta e voltávamos para a tribo – “Não me considero o mocinho da história.” – revelei, olhando em volta, havia muito silêncio o que não devia ser normal.

“Você é o bandido?” – ela me encarou.

“Talvez o monstro.” – não a olhei de volta. Preocupado com o silêncio absoluto, inclusive das mentes.

“Um monstro não seria tão assustadoramente lindo...” – ela sussurrou, mas eu não pude ignorar.

Abaixei o olhar para o seu rosto e a vi ruborizar novamente, as bochechas vermelhinhas e um sorriso maroto nos lábios.

“Bella eu...” – ela tocou meu braço e o segurou, eu ainda mantinha as mãos nos bolsos e as apertei dentro deles. O toque fez minha pele formigar e uma eletricidade forte passou por todo o meu corpo.

“Você?” – eu não conseguia me lembrar do que iria dizer, meu corpo pedia para tirar a mão do bolso e tocar o rosto dela e minha mente só imaginava o gosto rubro do seu sangue.

Balancei a cabeça tentando afastar as idéias e pensar com clareza. Eu não a machucaria, isso seria a morte pra mim. O simples fato dela existir fazia todo o meu século de vida ter sentido.

“Não me lembro...” – sussurrei de volta, encarando sua mão em meu braço. Ela ameaçou tirar e eu pus minha mão sobre a dela, a detendo – “Não vou machucar você...” – sussurrei.

“Confio em você!” – ela sussurrou de volta.

Senti meu coração bater, mesmo sendo impossível. Mas não era o meu, era o dela, descompassado e errático, ela estava nervosa. Sorri sentindo seu pulso pulsar na mesma força que seu coração.

“Obrigado pela confiança Bella” – sorri desviando meu olhar para a casa – “Só tome cuidado, você é a única humana entre nós... e é perigoso pra você”.

“Por que Heidy socou você?”

Bella era muito esperta e seu olhar era perspicaz e observador, ela me encarava.

“Bella, entenda que...” – como eu iria explicar? Respirei fundo, como se precisasse de ar e o aroma dela penetrou minhas narinas – “... você consegue imaginar algo que seja irresistível ao seu paladar?” – nossa! Ótima idéia Edward, compara-la a comida! Ralhei comigo mesmo.

“Chocolate” – ela riu e eu continuei pensativo.

“Algo mais forte... mais poderoso Bella... é como uma droga que não poderia viver sem... que chama e atrai todos os seus sentidos, por vezes fazendo ficar cego de desejo e...” – ela me encarou tentando acompanhar meu raciocínio –“você... seu perfume é algo parecido pra mim” – ótimo! Acabei de dizer que tenho vontade de me alimentar dela! Perfeito Edward, perfeito!

Soltei a mão que segurava a dela em meu braço e esperei que ela corresse amedrontada.

“Por que seu olho muda de cor?” – hã?

“Você entendeu o que expliquei a você?” – perguntei um tanto preocupado com a capacidade de raciocínio dela.

“Mais ou menos” – ela abaixou o olhar – “tem algo em mim que não te agrada, mas isso não explica o soco que levou da Heidy, mas se você mudou o rumo da conversa, é porque não quer falar nisso”. – finalizou apertando os dedos no meu braço, o olhar magoado.

“Você achou que fugi da resposta Bella?” – ela assentiu e eu ri, ela estava magoada achando que eu mudei de assunto e não por querer jantar ela.

Nossos olhos se cruzaram e eu a fiz me encarar, parando a poucos metros da casa.

“Bella” – continuei – “você sabe do que nos alimentamos?” – ela assentiu uma vez e desviou o olhar – “certo... eu não mudei de assunto, não fugi da resposta...” – aproximei meu rosto do dela e o toquei com a palma da mão, Bella fechou os olhos e expirou o ar com força, o coração disparado mais uma vez – “... Heidy estava me ajudando a não ceder a este desejo...” – tentei explicar, sentindo seu sangue correr embaixo da minha mão e sua respiração ficar agitada.

“Você quer me morder?” – seu hálito tocou meus lábios e eu os abri um pouco para sentir melhor o gosto que me possuiu.

Ela me encarou.

“Quero...” – Bella arregalou os olhos mas não se moveu – “Mas não vou Bella... entenda, nós somos o que somos, mas optamos por não machucar as pessoas”.

“E por que Heidy precisou te ajudar então?”

“Porque você é diferente pra mim... seu aroma é mais forte, mas denso pra mim e...” – cocei a cabeça tentando me expressar sem assustá-la – “as vezes é quase impossível não ceder”.

“E como consegue estar assim comigo agora, e o que você come?” – as palavras saiam cada vezes mais sussurradas.

“Cada vez me acostumo mais com a dor...” – fiz uma careta – “com a sede quero dizer...” – respondi me lembrando que há dias não caçava e eu precisava se formos ficar mais tempo entre eles – “...digamos que somos vegetarianos...” – ela franziu o cenho confusa – “nos alimentamos apenas de animais”.

“Oh” – Bella continuou processando tudo em sua mente, eu queria abrir um buraco e saber tudo o que se passava lá dentro, não entendia como não conseguia ouvi-la.

“Você se alimenta de animais... e a Heidy te soca pra você não me morder, é isso?” – eu ri, ela fazia parecer simples.

“Sim... em resumo, é isso”.

Bella apertou os dedos no meu braço e voltamos a andar, mais alguns segundos de silêncio absoluto.

“E seus olhos mudam de cor por que...” – ela me olhou risonha.

“Depende do meu humor e da sede Bella... se estou com sede eles ficam escuros...”

“Como no dia em que nos vimos na escola, quando o tal do Conde me atacou...” – ela falou para si mesma.

“Isso... e dourados quando estou alimentado ou...” – eu ia dizer excitado, ansioso, desejado de algo, mas deixei a frase morrer.

“Como agora...” – ela sussurrou.

Eu assenti.

Ela parecia entender que o mínimo gesto me fazia perder o controle, e andava quase dura ao meu lado.

Novamente notei o silêncio e olhei a casa, parecia abandonada. Nenhum som, sem um cheiro.

“Bella não saia daqui” – falei deixando-a a alguns passos da entrada e voei para dentro, vasculhando todos os cômodos em segundos. Voltei antes que ela respirasse novamente – “Tem algo errado, vamos sair daqui”.

Abracei seu ombro e comecei a conduzi-la para o jipe de Emmett que Alice havia buscado horas antes na praia, Emmett tinha trabalhado no concerto dele quase o dia todo, emburrado demais comigo.

Peguei o celular e chamei por Carlisle. Chamou dentro da casa, mas não havia ninguém lá. Chamei Alice e a ligação caiu na caixa postal. Nem os lobos eu ouvia, silencio mortal.

“Tem o numero do Black?” – abri a porta para Bella se sentar e travei os cintos em volta de sua cintura. Ela disse o numero e eu disquei.

“Jake” – a voz do outro lado disse.

“Jacob é o...”

“Após o sinal deixei sua mensagem...”

Maldita caixa postal!!

“Tem de mais alguém Bella?” – eu já estava saindo em disparada para a estrada, não sabia pra onde, mas não ficaríamos parados ali.

“Tenho” – ela pegou o celular do bolso e foi me passando todos os números, ninguém atendia.

Comecei a ficar desesperado, o que teria feito todos sumirem, sem som, sem cheiro. Só o perfume de grama aparada pairava por todo lugar.

Grama... grama... o sonho de Heidy, a grama, a menina. Tudo está ligado, mas o que tem isso com o sumiço da minha família?

Bella colocou a mão em meu antebraço na tentativa de me acalmar, eu devia estar com um semblante assustador. Corríamos a mais de 150 km/h.

“O que está havendo?” – ela perguntou ao entrarmos na estrada para a Mansão. Já escurecia.

“Não sei... não sei Bella” – parei o carro na estrada e fiquei observando o movimento dentro da floresta que dava para a Mansão – “Prometa não fazer nada estranho e ficar perto de mim todo o tempo... prometa Bella!” – eu estava com o rosto quase grudado ao dela e as mãos postas em seus ombros.

“Pro... meto” – ela gaguejou.

“Vamos” – a libertei do cinto, peguei no colo e corri para a casa.

Bella agarrou meu pescoço deitando a cabeça em meu peito, visivelmente assustada.

“Eles estão bem? Jake está bem? Meu pai... meu pai e Billy... oh Seth... Edward, eles estão bem?”

Bella ficou encolhida no meu braço até que eu tivesse certeza que estávamos sozinhos. Liberei espaço na escada que ainda estava intacta e subimos para o escritório de Carlisle que também estava de pé.

“Não sei o que está acontecendo Bella, mas prometo que cuidarei de tudo”.

Dei um beijo em sua cabeça, limpando o sofá que tinha na sala e a coloquei ali. Bella não quis me soltar então sentei junto, deixando-a agarrada ao meu pescoço. Estava mais fácil lidar com a sede, já que minha preocupação agora era outra.