Fanfic: Irresistível | Tema: Twilight

Estava tão escuro que eu mal enxergava onde estavam meus pés, a sensação de frio era perturbadora e o medo... conseguia ouvir somente o meu coração que soava tão alto que parecia ecoar pela Mansão.

Adentrei a sala de estar e senti um perfume diferente, nada com o que já estivesse acostumado. Era doce, sensual, intrigante. Minha boca encheu de água.

Tentei ouvir, mas o silencio pairou no ar. Só o perfume me perseguia.

Olhei em volta e a sala, que agora iluminada, estava intacta, perfeitamente vazia. Segui o rastro do perfume, já sentindo a sede me dominando.

Inalei fundo, deixando o prazer e a dor rasgarem minha garganta por dentro.

O cheiro terminava na saleta de musica, abri lentamente a porta e a vi, tão linda quanto o perfume mostrava que ela era, esbelta, sensual, elegante e perfeita.

Olhos esverdeados, corpo esguio, cabelos na altura dos ombros, acobreados, pele branca, vestida num tailleur preto, alinhado ao seu corpo e camisa branca de gola alta. Os botões abertos até o meio dos seios, mostrando sua saliência, aumentando ainda mais meu desejo.

Respirei fundo, me aproximando lentamente.

A cada passo, seu perfume me dominava por completo. A cada passo, a sede me matava. A cada passo o desejo por conhecer essa mulher, invadia minha mente.

Já me via debruçado sobre ela degustando todo seu sabor, estratégias prontas em minha mente. Pela esquerda, direita, num salto. Ninguém nos ouviria, nem humanos, nem vampiros, nem lobos.

Parei alguns metros distante de seu corpo, que estava encostado ao piano de caldas, e a encarei.

“Ola!” – ouvi o tom suave de seu canto, cumprimentando-me. O som se perdeu no ar e o gosto do seu hálito me encontrou.

Fechei os olhos e me senti envolvido, sem conseguir respirar, respondi com um aceno de cabeça, a encarando novamente e dando mais um passo em sua direção, minhas mãos estendendo-se para a sua cintura.

Ela não se moveu como eu esperava, mas sorriu. Sua respiração me alcançando como um soco.

Virei o rosto bruscamente, tentando conter minhas reações, mas ela tocou com a ponta de seus dedos em meus lábios e foi como se libertasse o leão dentro de mim.

Ouvi meu rugido alto e monstruoso, encarei seus olhos enquanto voava sobre ela e a pressionava com meu corpo contra o piano, ela sorria em resposta, movimentando-se em meu quadril.

Toquei seus lábios com os meus e fui descendo deliberadamente pelo pescoço, cravando meus dentes em sua pele e sentindo o doce e rubro liquido descer quente e saboroso pela minha garganta.

“Não!” – ouvi meu próprio grito.

Me sentei, abrindo os olhos. Estava em meu quarto, na cama e sozinho.

“O que houve Edward?” – Carlisle me perguntou abrindo a porta preocupado.

“Não... não...” – olhei em volta e me levantei descendo as escadas correndo, tropeçando sobre meus pés, ah esse corpo é tão lento!!

Ouvi passos baixos me seguindo, sabia que eram da minha família.

Abri o estúdio de música e entrei, com medo do que encontraria ali, mas estava vazio, sem algum rastro de uma invasão ou sangue. Nada.

Inalei profundamente, mas este meu novo corpo, não sentia os cheiros de forma precisa.

“Carlisle.” – olhei para ele – “Você sente algum aroma diferente aqui?” – perguntei.

Ele franziu o cenho, fechou os olhos e inspirou.

“Sim filho, somente o seu e o de Alice que agora estão diferentes, mais nada além disso” – ele respondeu pensativo – “Por que?”

Demorei alguns segundos entre decidir dizer a verdade e dar a desculpa de ter tido um pesadelo.

Sentia uma dor estranha no abdômen e uma pressão forte nas partes intimas, sem conseguir raciocinar muito chamei meu pai de lado, pois a família toda já estava ali.

“Pai...” – sussurrei – “Estou com dor...” – e mostrei o local.

Claro que Carlisle apertou e perguntou se era aqui e ali, assim que ele apertou meu abdômen um jato de água amarela derramou pelo meu pijama.

Todos, todos mesmo gargalharam. Como vampiro eu não tinha necessidades... hum... de urinar.

Sai da sala mais que emburrado com a pequena Alice atrás de mim, rindo alto e zombando feito a criança que ela é.

Me tranquei no banheiro e fiz o que era necessário. Tomei um banho e terminei de me arrumar em meu quarto. Parecia que eu havia me livrado da explicação.

Respirei bem fundo e me deitei na cama, os braços atrás da cabeça. Vestia uma bermuda larga e uma camiseta regata que apareceram no meu armário.

Ouvi um toque na porta e ela se abriu, era Carlisle.

“Posso entrar Edward?” – ele perguntou sério.

Me sentei na cama e fiz que sim com a cabeça.

“Porque o grito desta manhã e aquilo tudo na sala de musica?” – ele me encarou.

Desviei e tentei pensar.

“Pe-sa-de-lo” – aquela voz ecoou em minha mente.

“Pe... pesadelo eu acho” – me fingi de envergonhado. Não gostava nada de mentir, mas era fácil, sem ter Alice para prever o futuro e eu mesmo para ler os pensamentos.

Ele sorriu.

“Me esqueci como é ser humano, acho que preciso te explicar algumas coisas”.

Carlisle puxou a cadeira da escrivaninha e sentou a minha frente pensativo. Fiquei preocupado mas curioso com o que ele diria.

“Principezinho, não se preocupe, isto será divertido” – a voz. Meus Deus!!! Ela me tocava tão intimo que chegava a me sentir constrangido.

Me virei encarando a floresta, pois meu quarto era rodeado por janelas, sem paredes. Não havia nada ali, somente o vento fraco balançando as árvores, o sol e alguns pássaros cantarolando.

“O que foi Edward?” – olhei para Carlisle novamente – “Aconteceu alguma coisa?”

“Er... não... eu achei ter ouvido alguém” – falei baixo tentando não revelar muita coisa – “Pare com isso!” – pensei para a voz, para aquela mulher – “..Heidy” – sussurrei.

“Quem é Heidy!” – Carlisle me examinou com o olhar, intrigado. Eu havia esquecido da super audição.

“Pai... no pesadelo parecia que havia uma mulher e.. bem” – respirei fundo tentando pensar num argumento plausível – “no sonho o nome dela era Heidy”.

“Edward” – o vento sussurrou no meu ouvido e fiquei rígido tentando disfarçar, ela bem que podia parar com isso! Ela quem?? Eu devia estar mesmo é ouvindo vozes e enlouquecendo.

Carlisle ficou com aquela ruga na testa por alguns minutos, calado, sem respirar o que me deixava inquieto.

“Edward... conheci uma Heidy alguns séculos antes de conhecer Esme...” – ele pareceu pensativo. Me encostei na cabeceira da cama esperando que ele contasse sua historia – “... ela não era igual a nós... era meio-humana...” – ele continuou ainda olhando o nada, “meio humana??” – repeti na minha mente – “...era linda...” – a voz dele se tornou baixa, eu precisei me debruçar para a frente para conseguir ouvi-lo – “e... bem...” – Carlisle se levantou bruscamente – “Isso faz muito tempo”.

Ah! Agora eu queria saber!

“Pai, me conta” – pedi, olhando seus olhos dourados – “Por favor...”

Ele riu, uma risada nervosa, profunda, mas sem humor.

“Edward, isso é muito doloroso pra mim e... bem... nunca ninguém acreditou... essa é uma historia de se deixar guardada, pois a palavra dita tem conseqüências” – fiquei confuso.

“Hã?”

Ele soltou o mesmo riso nervoso e saiu do meu quarto.

Me levantei e o segui até seu escritório.

“Carlisle, o que houve? O que não deve ser dito?” – eu precisava saber. Não entendia essa voz, precisava saber  mais. De alguma forma entendi que havia alguma ligação entre ele e a voz.

“Não vá por este caminho principezinho” – a voz me alertou – “Talvez você não queira saber” – ela persuadiu, mas isso me deixou mais ainda curioso.

Meus pelos ouriçados, minha garganta secou.

“Pai!” – falei urgente – “Preciso saber”

Ele não entendeu nada, ficou me olhando confuso e apontou para a cadeira para que eu me sentasse.

Virou para seus quadros e respirou fundo tocando uma das telas.

“Ela era uma menina, com seus 16 anos... olhos esverdeados, corpo se formando... quando a vi a primeira vez ela estava sendo atacada por moradores de sua vila, eu já era vampiro e não podia me aproximar porque estava sol.

A pele branca dela cintilou aquele sangue rubro, o aroma me atingiu no estomago e foi aí que a vi. Os homens a estavam esmurrando, mulheres com pedaços de madeira atacando-a, crianças cuspindo em seu rosto, porem ela nada fazia pra se defender.

Eu queria correr até lá e protegê-la, senti meus pés se firmando para dar o primeiro salto, mas eu era o medico da vila, o responsável por aquelas pessoas, precisava manter o disfarce.

Fiquei onde estava, escondido nas sombras e ela encontrou meus olhos.

Aqueles olhos não sentiam dor, ela parecia querer aquilo, aquela tortura, parecia sentir culpa. Eu não conseguia desviar... seus olhos se tornaram dourados como os nossos e eu...” – ele me olhou de repente e se calou.

“Você?” – forcei-o a continuar firmando meus olhos aos seus.

Ele se voltou para o quadro de onde não havia tirado a mão ainda.

“Eu... cheguei a achar que ela era uma de nós...” – ele suspirou – “... mas nem humana, nem vampira... e ela tinha um cheiro...” – ele respirou e colocou a mão na boca – “... eu a..” – ele parou novamente.

“Carlisle” – exclamei – “Não tenha medo, me conte” – eu precisava saber.

“Não o force Edward” – dessa vez a voz ecoou triste em minha mente e senti meu coração inundar com uma dor que não era minha.

“Me desculpe...” – falei aos dois, para Carlisle e para a voz – “Não preciso saber pai...” – me levantei e sai para meu quarto.

Assim que fechei a porta o perfume dela estava ali, senti meu corpo todo reagir, como sempre reagia.

“Por favor...” – implorei para vê-la.

O vulto se movimentou e saiu pela janela. Segui com os olhos o som, muito baixo para esta audição comum, e me sentei frustrado.

Bom, pelo menos louco acho que não estou.