Fanfic: Irresistível | Tema: Twilight

Pelos olhos de Alice

Ouvimos um barulho forte e um grito agudo de dor, em seguida Jasper estava agitado nos meus braços e não consegui segura-lo. Tudo aconteceu muito rápido.

Num segundo estávamos em meu quarto namorando, no outro Emmet o segurava na porta de entrada da Mansão.

Desci as escadas de 3 em 3 degraus tentando ser mais rápida do que essas pernas me deixavam ser, alcançando alguns minutos depois a soleira da porta.

Minha intenção era abraçar Jasper, mas Emmett me barrou, só então percebi o que estava realmente acontecendo.

Carlisle debruçava-se sobre Edward que estava estendido no chão do lado de fora da Mansão, havia sangue em toda volta de sua cabeça e uma de suas pernas tinha um osso exposto. Virei o rosto horrorizada.

Jasper queria atacá-lo e me atacaria se eu me colocasse entre eles. Tentei tranqüilizá-lo de longe, dizendo que ele nos amava que ele não queria fazer isso, que havia agüentado firme até agora sem me atacar, tentei o máximo que pude até ver seus olhos focalizarem os meus.

Me aproximei devagar tocando seu rosto e Emmett me deixou abraçá-lo. Enquanto isso Esme, Carlisle e Rosalie cuidavam de Edward.

“O que houve?” – Esme parou perto de Carlisle com a voz aflita.

“Não sei querida... só ouvi alguém gritando pra que eu o salvasse... em seguida Edward estava caindo. Consegui segurar sua cabeça, mas ele escapou...” –balbuciou, mexendo nos ferimentos, tocando aqui e ali para ver se haviam mais ossos quebrados – “...o ouvi falar antes de desmaiar...”

“Quem gritou? O que ele disse?” – Esme perguntou.

“Não sei quem gritou e não entendi bem o que ele disse...” – Carlisle foi evasivo – “Emmett” – ele se virou para nós – “... você consegue chegar perto e carregar seu irmão até a enfermaria?” – enfatizando irmão, acredito que por causa do sangue.

Emmet demorou alguns segundos para responder e eu dei um soco no ombro dele.

“Cla-claro pai... consigo” – indo até Edward e o erguendo nos braços como um bebê, passando por nós quase sem que eu pudesse ver de tão rápido. Jasper se moveu para segui-lo.

“Você não vai machucá-lo amor” – sussurrei em seu ouvido antes que ele saísse.

Jasper surpreendeu-me ao se desvencilhar de mim e sentar-se no chão.

Esme encontrou meu olhos, aflita e apreensiva.

“Minha visão!” – corri e a abracei – “Devíamos tê-lo avisado!” – comecei a chorar me dando conta do ocorrido – “... se ele soubesse não teria pulado da janela” – soluçava de tanto chorar.

“Soubesse do que?” – Rosalie perguntou com um tom tenso na voz.

“Eu vi...” – gaguejando – “... vi ele pulando da janela”.

“Você viu agora Alice?” – Rosalie falou mais alto me fazendo tapar os ouvidos.

“Eu vi... tive uma visão, mas Esme e eu achamos melhor não falar, não sabíamos se era visão mesmo ou se eu estava confusa por ter me tornado humana...” – voltei a chorar compulsivamente – “mas Edward...”

“Calma filha, vai ficar tudo bem...” – Esme acariciava meus ombros – “Edward não sobreviveu Rosalie...”. – Esme emendou.

Senti seu olhar reprovador. Ela saiu de perto de nós num vulto. Ficamos eu, Esme e Jasper, um olhando para o outro sem saber o que dizer.

A visão perturbadora de vê-lo novamente naquele caixão, pela segunda vez... Na primeira havia a menina dos olhos castanhos e os Volturi, na segunda... Somente nós, a família. Todos calados, Emmett, Carlisle, Jasper e Esme carregando o caixão e o descendo para a cova.

Senti minhas pernas amolecerem e me segurei em Esme.

“Vamos lá ajudar seu pai” – Esme carinhosamente me tomou no colo e nos levou até o quarto do segundo andar.

Eu tentei fazer como faria quando era vampira, busquei o futuro. Fechei meus olhos e os pressionei, pensando em Edward e no caixão que vi antes.

Vi um clarão forte que me forçou a abri-los, mas eu não estava nos braços de Esme ou na Mansão, estávamos na escola.

Tentei reconhecer o ambiente, procurar algum rosto conhecido, mas só haviam os garotos da escola, jogando basquete e as meninas da torcida.

Estava na entrada do Ginásio, ninguém parecia me notar. Senti uma mão forte apertar a minha e olhei, a minha direita, era Jasper, sério como sempre, mas seu olhar estava divertido, Emmet me cutucou a minha esquerda com um sorriso maroto, ao seu lado Rosalie olhando com olhos brilhantes para a quadra de basquete. Acompanhei seu olhar e lá estava Edward, vivo!

Gritei voltando da minha visão. Esme estava debruçada sobre mim perguntando o que eu estava vendo.

“Ele não vai morrer!” – gritei agarrando seu pescoço num abraço apertado. Senti que todos na sala respiraram aliviados.

“Mas você pode ter visões?” – Emmett perguntou assustado – “porque... você é humana!”

Foi Carlisle quem respondeu, enquanto trabalhava no osso exposto de Edward.

“Não temos muito conhecimento sobre o passado de Alice, Emmett, mas acredito que, como humana, ela deveria já ter um sexto sentido relacionado ao futuro próximo, por isso seu dom permanece com ela” – ele estava pensativo enquanto falava – “No caso de Edward seu dom se manifestou depois que se tornou um de nós”. – concluiu – “Mas me lembro dele ser um bom ouvinte...” – continuou pensativo – “um rapaz introspectivo...”

Edward respirou fundo fazendo uma careta horrível de dor junto com um som estrangulado fazendo com que Carlisle parasse de cutucar sua perna na mesma hora e lhe dando um sedativo.

“Esme, fique somente você, por favor” – ele gentilmente pediu que saíssemos.

Nos dirigimos ao meu quarto Jasper e eu, Emmett e Rosalie para o deles.

“Amor, tem certeza de que Edward ficará bem?” – Jasper perguntou-me aflito.

“Sim, tenho” – garanti.

Mas a certeza se esvaia de mim. E se minha visão fosse fruto da minha imaginação fértil e desequilibrada? E se o meu desejo de continuar tendo visões me fizesse achar que as tive? E se Edward morresse? Não... Não poderia suportar mais um erro. Se tivesse acreditado na primeira visão o teríamos alertado e... ele não estaria agora naquela maca, sofrendo.

“O que há?” – Jasper perguntou.

“Ah... e se minha visão estiver errada?” – indaguei, derramando mais lagrimas, meus olhos ardiam.

“Alice” – ele tocou meu rosto fazendo-me encará-lo, senti meu corpo relaxar e minha mente também, com certeza por sua influencia – “não se preocupe. Você o viu caindo e aconteceu. Suas visões não são fruto da sua imaginação”.

Olhei para ele sentindo o amor crescer dentro de mim e o beijei delicadamente.

“Obrigada” – sussurrei em seus lábios, me aninhando ao seu corpo.

Meus olhos estavam anuviados, mas eu sentia algo me cutucando a coluna.

“O que é?” – falei asperamente me virando na cama para olhar – “O que foi Emmett?”

“Temos aula pequena” – ele gargalhou – “Vai dormir a manhã inteira?”

Olhei em volta e o céu estava claro, como eu consegui dormir com Edward sendo tratado no quarto ao lado? Ah que monstro me tornei!

“Edward” – me sentei na cama aguardando respostas.

“Está bem, aparentemente se recupera tão rápido quanto nós” – ele me olhou – “Quanto nós da espécie mais forte” - Emmett foi saindo do quarto – “Anda logo dorminhoca!”

Ataquei o travesseiro nele, que bateu a porta que já fechada. Levantei saltitante, fazendo minha higiene diária e coloquei um vestido de babados azul e branco. Um scarpin de salto mais baixo e brincos de pedrinhas azuis bem pequenas.

Sai do quarto me direcionando a enfermaria improvisada desde que nos tornamos “machucáveis”. Abri a porta com cuidado mas não tinha ninguém lá.

“Ei” – Edward chamou bem atrás de mim, lindo e corado como deveria estar. Uma atadura enorme na testa e um gesso até a metade da coxa esquerda.

“Oh Edward” – o abracei com força, mas ele gemeu e soltei – “O que foi?”

“Alguns lugares ainda doem” – ele respondeu ofegante.

“Porque você pulou seu maluco?”

“Esqueci das minhas condições” – ele começou a descer as escadas com dificuldade.

Pensei em chamar alguém pra ajudá-lo, mas antes que pudesse Emmett o estava pegando no colo, apesar de seus protestos.

“Me larga Emmett, posso descer sozinho” – Edward estava vermelho de raiva.

Os segui, Emmett ignorando os socos de Edward em seu ombro. Ao fim da escada ele o colocou no chão dizendo “Por nada maninho” e saiu gargalhando.

Não pude deixar de rir. O rosto de Edward não tinha preço.

Talvez fosse difícil pra ele estar tão vulnerável, acostumado a cuidar de nós e sendo tratado como uma criança.

“Com fome meus bebês?” – Esme entrou na sala com uma bandeja enorme de panquecas que me fizeram encher a boca de água.

“Eu estou” – a segui até a cozinha.

Ouvi Edward reclamando e dizendo que não queria comer comida humana. Só ele!

Estava maravilhosa a panqueca, uma das melhores partes em ser humana. Comer e comer e comere sem sentir culpa, o que era ainda melhor.

Senti braços me envolverem, gelados mas acolhedores.

“Amor” – olhei Jasper que estava muito sério pro meu gosto – “O que foi?” – me virei para ele apreensiva.

“Edward não está bem amor” – ele sussurrou se sentando no banco a minha frente – “se jogou da janela, urinou em si mesmo... Você percebeu que ele anda falando sozinho?”

Pensando bem, percebi sim, mas continuei olhando para Jasper que abaixou os olhos, segurando minhas mãos entre as dele.

“Não quero te perder Fadinha” – sussurrou – “Não quero ver você ficar como ou pior que ele...” – ele levantou os olhos e me encarou – “Você...” – ele parecia procurar as palavras e claramente usava seus poderes para me tranqüilizar – “Você tentou me morder essa madrugada”.

“O que?” – me levantei colocando um espaço grande entre nós – “Você tentou me morder? Eu não acredito amor, não acredito que você foi capaz de querer matar sua própria cara metade. Eu... estou tão decepc...” – pausei, ele sorria paralisado no lugar – “Como assim eu quis te morder?”

“Você abriu os olhos, debruçou no meu peito, afastou meus cabelos e me mordeu como se sugasse meu sangue” – ele agora estava triste – “só então percebi que não estávamos namorando e que você estava com sede”.

Sede? Mas sou humana. Minha cabeça ficou confusa e Jasper percebeu, se aproximando de mim devagar.

“Amor, seus instintos continuam aí dentro de você... será que isso é normal?” – ele pegou minhas mãos – “seu cheiro esta mudando de novo...”

Respirei fundo – “Você falou isso para alguém?” – ele balançou a cabeça negativamente – “Vamos ver se acontece mais alguma coisa e falamos, não quero preocupá-los atoa”.

Jasper me deu um selinho e voltei a comer, já sem fome alguma.