Fanfic: Aluga-se uma noiva - AyA ( adaptada) FINALIZADA | Tema: Anahi e Alfonso

— Você gostaria de morar aqui, meu bem, depois que nos casarmos? Ou prefere viver  em outro lugar?

  A brincadeira continuava e Anahí, após um momento de estudada reflexão, respondeu:

  — Para que nos preocuparmos em procurar outra casa, se este é o lugar com o  qual sempre sonhei?

  — Você é quem sabe, doçura. Este é o tipo de coisa que uma noiva deve decidir.

  — Então está resolvido. Vamos morar aqui mesmo. E quanto à lua-de-mel, onde  passaremos?

  — Você gosta de lugares exóticos?

  — Adoro.

  — Então que tal as Bahamas?

  — Ou duas semanas na Riviera e depois os Alpes?

  — Como quiser, querida.

  Os dois riram e sorveram um gole de uísque. Então os olhos de ambos se encontraram, e o clima de alegria transformou-se em constrangimento. Fitaram-se em silêncio, Annie quis continuar a brincadeira, mas não conseguiu dizer sequer uma palavra. Uma onda de calor a invadiu e ela sorveu mais  um gole. Precisava relaxar, pensou, tentando controlar a tensão que ameaçava dominá-la. Em que ponto, exatamente, a brincadeira se tornara perigosa?

  Alfonso tateou o bolso da jaqueta e retirou um cigarro. Fumava muito pouco; só em ocasiões especiais, e aquela era uma delas.

Ocasião especial, sim, mas nada feliz. Constrangedora,  inquietante, insensata. Por que iniciara aquela brincadeira?, perguntou-se, irritado consigo mesmo. Qualquer tipo de envolvimento com Annie, exceto o estritamente profissional, seria perigoso.  Por quê, então, arriscar-se a uma brincadeira que nem mesmo era engraçada?

  Agora ali estavam, num clima tenso, que em nada favoreceria o cruzeiro que tinham de enfrentar no dia seguinte. Poncho tragou a fumaça e passou as mãos pelos cabelos, num gesto nervoso. Não devia sentir nada por Anahí Portilla. Nem amizade, nem afinidade de qualquer tipo, nem tampouco afeição. Ela era apenas alguém que o ajudaria a manter Vick Goyri a distância, durante um cruzeiro de negócios.

  — Acho que vou embora.  — Annie  quebrou o silêncio.

Levantou-se, depositou o copo sobre a mesinha de mogno e pegou a bolsa.

  — Eu levo você.

  — Não quero incomodá-lo.  Posso perfeitamente chamar um táxi.

  — Não é incômodo algum — ele replicou, erguendo-se. — Durante todo o trajeto Alfonso sentiu-se inquieto. Pela primeira vez compreendeu  que seria terrivelmente difícil passar as próximas duas semanas ao lado daquela mulher. De algum modo, ela conseguiu tocá-lo como jamais alguém o fizera. Um comentário, um olhar, um gesto de Annie conseguia tirá-lo de seu mundo solitário, onde já se acostumara a viver.