Fanfic: Aluga-se uma noiva - AyA ( adaptada) FINALIZADA | Tema: Anahi e Alfonso

   — Que nosso cruzeiro transcorra bem — Sergio ergueu sua taça, para um segundo brinde. — E que façamos uma viagem segura.

   — E próspera!  — Poncho aduziu.

   Anahí sentia-se cada vez mais tensa e, agora, um tanto decepcionada.

Nem mesmo no momento do brinde ao seu futuro "casamento", Alfonso conseguia deixar de pensar nos negócios.

  Mal havia formado este pensamento, sentiu-se ainda pior. Por que ressentir-se tanto? Seu desapontamento era no mínimo ridículo. Desde o início soubera que o dinheiro, a competição e os        negócios ocupavam o primeiro lugar na vida de Alfonso Herrera.

   Não fora justamente por isso que ele a contratara? E Annie não queria que Alfonso mudasse. Na verdade, não deveria... Nem sequer tinha o direito de querer.

  Mas o corpo de Alfonso contra o seu ameaçava roubar-lhe o controle. Seu coração pulsava cada vez mais rápido e de repente outro  pensamento  absurdo atravessou-lhe a mente: e se... E se durante o curso da viagem... Se algo especial acontecesse e provocasse uma mudança radical em Alfonso? E se o dinheiro deixasse de ocupar o primeiro lugar em sua escala de valores?

  "Im-pos-sí-vel",  ela respondeu em silêncio.

   Seria mesmo? indagou uma voz, que Annie tratou de sufocar,

   —  Mais champanhe? — Ucker ofereceu, interrompendo-lhe as divagações.

  —  Não, obrigada.

  —  E você,  Alfonso?

  —  Aceito. — Ele estendeu a taça, ainda mantendo Annie junto ao seu corpo.  — Ansiosa? — indagou baixinho, para que só ela o  ouvisse.

  —  Um pouco — ela respondeu, no mesmo tom.

  —  Relaxe.  Tudo vai correr bem.

  Como relaxar, com Alfonso murmurando-lhe palavras ao ouvido,  atormentando-a com emoções indescritíveis?

  Lentamente, o iate começou a afastar-se do porto, rumo ao alto-mar. O vento soprava, despenteando os cabelos de Annie, que aspirava a fresca brisa marinha, tentando normalizar o ritmo  da respiração.

  Com risos e palmas, os Goyris comemoravam a partida, indiferentes ao drama de Annie. Por um lado, desejava que Alfonso a soltasse. Mas, por outro, só queria que ele continuasse assim para sempre,  e que tudo  fosse real e não uma representação apenas.

  "Meu Deus, estou enlouquecendo",  disse para si, assustada com as próprias reações. Pois não era natural que um noivo acariciasse sua noiva em público? Ela pertencia a Alfonso, era esta a cena que devia representar. Não seria paga por isso?

  Incapaz de continuar ali, tão próxima de Alfonso, por mais um minuto sequer, Annie desvencilhou-se com um gesto delicado:

  —Com licença, querido... Vou experimentar um daqueles morangos. — Contornou a mesa, alcançando a cesta de frutas.

  — Estão deliciosos — Patricia comentou. — Não acha?

  — Oh, sim! — Annie concordou, mordiscando um morango. — Maravilhosos. — E debruçou-se na amurada da embarcação, que se afastava lentamente da marina, onde as bandeirolas dos outros iates tremulavam ao vento, compondo uma curiosa alegoria. A terra ficava para trás. O Vick contornava a baía e ganhava o mar de águas calmas e azuis, daquele belo dia de verão.

  Gaivotas sobrevoavam o iate, que seguia a oeste pelo Pacífico... Água por todos os lados, Anahí pensou, e uma estranha fraqueza obrigou-a sentar-se. Durante os próximos quinze dias não haveria nenhuma possibilidade  de retorno.

  E o iate oscilava, ao sabor das ondas. Annie nunca mais estivera a bordo de uma embarcação, desde os doze anos, quando viajara com seu pai, a bordo de uma escuna, durante as férias.

Isso acontecera no verão anterior à morte dele. Ela guardava boas lembranças dessa viagem, mas lembrava-se nitidamente de ter sofrido de enjôo nas primeiras horas; além disso,  tomara muito sol e tivera febre. Depois, acabara se restabelecendo.

  Agora, um outro temor a atormentava: e se sofresse enjôos durante aquele cruzeiro? Seria terrível passar as próximas duas semanas  acamada. E  nem sequer  se preocupara   em trazer comprimidos contra enjôos. Bem, o melhor a fazer era não pensar nisso, ao menos no momento.

  Mas, para sua surpresa, ela nada sentiu. Ao  contrário: apesar de tantas preocupações, não conseguia deixar de admirar a beleza do mar ao redor, o céu azul, as gaivotas que acompanhavam o iate, dando ao cenário um toque de beleza sem igual. Além do mais, a embarcação era ultra-moderna e deslizava suavemente, com uma leve oscilação. Mesmo após o almoço, ao qual Alfonso e Sergio não compareceram, Anahí continuou a sentir-se bem... Ao menos fisicamente,  já que seu espírito continuava sombrio e confuso.