Fanfic: Descoberta Fatal (Terminada) | Tema: Vondy.

— Foi na festa que promoveu para me apresentar como sua esposa.

Dulce mantinha a cabeça baixa. Só de se lembrar do fato se sentia enjoada. E falar sobre isso com o homem que era co-autor do diabólico plano fazia com que se sentisse ainda pior.

— Dulce… — ele sussurrou, segurando o queixo delicado com a mão que estava livre e forçando-a a encará-lo: — Por que nunca me contou?

— Eu estava em um dos terraços para fugir dos olhares indiscretos dos convidados que me viam como uma caipira atrevida que estava numa festa de gala por engano. Foi quando Irini chegou e me contou todas essas coisas. — Ela interrompeu-se para respirar profundo antes de continuar: — Fiquei tão enfurecida que saí dali com a intenção de encontrar você e fazer Irini dizer tudo aquilo na sua frente. Porém, no caminho, encontrei Maite, que me convenceu a desistir, dizendo que tudo não passava de ciúme de uma mulher despeitada. E, também, se eu insistisse nisso iria embaraçá-lo na frente dos convidados e fazê-lo pensar que eu não tinha confiança em você. — E, amarfanhando o tecido do vestido com as mãos trêmulas, ela finalizou: — Eu aceitei o conselho de Maite e me calei. Depois me arrependi, mas era tarde demais para esclarecer o assunto!

Christopher ficou tão revoltado que, se não fosse por Dulce estar precisando dele, naquele mesmo instante sairia correndo para trazer Irini diante dela e forçá-la a pedir perdão pelas monstruosas mentiras.

— Nada disso é verdade! — ele apressou-se em dizer. Não poderia ser tarde demais para reparar o dano, pensou com desespero.

— Nada do que ela disse é verdade? — perguntou Dulce com indiferença. — Tia Alexandra nunca perdeu uma oportunidade para dizer que eu não era digna nem de limpar o chão que você pisasse. E da forma que Irini tinha toda a sua atenção quando estava por perto, não era difícil acreditar que tinham um “caso”. — E, abafando um soluço, concluiu: — Quando você propôs um casamento tranqüilo e com harmonia por causa do bebê, achei que fosse por vergonha de mim. Eu posso não ter a educação refinada de alguém da sua classe social, mas tenho amor-próprio!

Christopher meneava a cabeça, profundamente triste.

Como se fosse incapaz de segurar as palavras, até despejar a última gota de mágoa que segurou por tanto tempo, Dulce prosseguiu:

— Na manhã em que resolvi voltar para a Inglaterra e deixei o bilhete pedindo o divórcio, foi porque tive a comprovação das minhas suspeitas. Tinha descido para tomar o desjejum com você, e, sem ter intenção, ouvi que estava falando no celular com Irini. E escutei quando você disse que a amava e estaria com ela em cinco minutos. De que mais eu precisava para ter certeza de que eram amantes e tudo que ela me dissera era verdade? — Dulce olhou nos olhos do marido para enfatizar o que diria a seguir. — Então, resolvi abandoná-lo! Como poderia lhe contar o quanto estava sofrendo por amar um homem que não me amava? Ela quase mordeu a língua ao sentir que lhe escapara dos lábios a confissão de que o amava. Porém, decidiu continuar:

— Então, você me forçou a voltar para Atenas, valendo-se de uma mentira. Depois veio a história de quantos filhos teríamos… Foi quando imaginei que havia decidido colocar Irini em segundo plano e ficar comigo porque eu poderia lhe dar a família que desejava. E, talvez, até pudesse, com o tempo, esquecer da outra e acabar gostando um pouco de mim!

— Um pouco… — Christopher murmurou quase para si mesmo, totalmente atordoado com toda aquela história.

— Não se faça de inocente, Christopher! — exclamou ela com a voz angustiada. — Sei o quanto fui idiota ao implorar que ficasse comigo. E você preferiu ir se encontrar com Irini! E quando mais precisava de você, permaneceu dois dias inteiros ao lado dela!

— Eu nunca vou perdoar a mim mesmo por isso ter ocorrido! Só posso lhe dizer que não sabia o que estava acontecendo com você! — E, antes que ela oferecesse outros argumentos, ele a tomou nos braços e caminhou com ela para o quarto. De passagem, instruiu a governanta para levar um suco de frutas gelado para a suíte master. — Tenho muito a lhe explicar, minha querida! — exclamou Christopher, assim que atravessaram o vão de entrada do quarto. Com o calcanhar do sapato de couro italiano que usava deu um impulso na base da porta, fechando-a. — Mas primeiro quero que descanse. Não pode ficar tão agitada no estado em que se encontra.

Como se tivesse nos braços a jóia mais rara do mundo, ele a colocou na cama e afofou os travesseiros antes de acomodá-la. Só então retirou as sandálias dos delicados pés.

Dulce relaxou e permitiu que ele a acomodasse. Sentia-se emocionalmente tão desgastada que não tinha mais forças para protestar.

Christopher saiu do quarto para retornar logo em seguida com uma bandeja nas mãos. Preferira não esperar pela governanta. Estava furioso por saber o que Irini tinha feito com Dulce, mas finalmente descobrira por que a esposa o abandonara de forma tão inesperada.