Fanfic: Descoberta Fatal (Terminada) | Tema: Vondy.

Em seguida, encheu o copo de cristal até quase a borda e ofereceu-lhe o suco gelado.

— Beba isto, Dulce. Vai ajudá-la a se acalmar.

Ela estava tão irritada que mal podia se mover. Mesmo assim, aceitou a oferta. Depois de um bom gole, devolveu-lhe o copo.

Christopher sentou-se na beirada do colchão e dominou o desejo de abraçá-la. Ainda era cedo, pensou. Primeiro precisava contar seu lado da história. E com toda a calma começou a falar:

— Vou lhe explicar tudo sobre o meu relacionamento com Irini. Você me ouviu dizer que a amava. E eu disse mesmo. Mas não era o tipo de amor que você imaginou. E, agora, depois do que me contou, acho que até mesmo a desprezo. — Christopher mordeu o lábio inferior antes de prosseguir: — Após a morte de meus pais, tia Alexandra se mudou para a mansão e passou a ser minha tutora. Não admitia que eu trouxesse amigos para casa. Por isso, Irini foi a única companheira de infância que tive. Por essa razão, sempre fomos muito unidos. Mas se tratava de um amor como o de um irmão, nada mais do que isso. Quando Irini atingiu a adolescência, apegou-se a mim muito mais do que seria o normal. Passei a ser o confidente de todos os problemas que ela enfrentava. E cada vez mais ela se tornava dependente de mim. — Nesse ponto, ele deu de ombros. — Eu deveria ter desconfiado que a atitude dela revelasse mais do que uma amizade fraternal, mas fui incapaz de perceber. Afinal, eu a via como a irmãzinha que eu não tivera! — Christopher suspirou e tocou a mão de Dulce com um gesto carinhoso: — Agora, pela primeira vez na vida, vou quebrar uma promessa. E só farei isso por você, que para mim é a pessoa mais importante do mundo!

Os olhos azuis de Dulce adquiriram um novo brilho. Ele torcia para que fosse um sinal de confiança que ela começava a sentir em relação ao que ele dizia.

Christopher prosseguiu:

— Irini tem problemas com álcool e drogas… Quando descobri, fiquei arrasado! Fiz tudo o que podia para que enxergasse o mal que estava fazendo a si própria e procurasse ajuda profissional. Consegui que ela se internasse numa clínica especializada. Mas, em troca, ela exigiu que eu prometesse não contar nada a ninguém. Nem a seus pais nem a tia Alexandra, de quem ela esperava herdar uma boa fortuna — acrescentou ele com sarcasmo. — O telefonema que ouviu era de Irini dizendo que fugira da clínica e que pretendia tomar uma overdose para acabar com tudo de uma vez! Estava tão apavorada e confusa que implorava para que eu lhe dissesse que a amava. E eu disse, mas como minha irmãzinha! Não tive outra opção a não ser a de correr até ela e convencê-la a retornar para a clínica. E foi o que fiz. Chamei um táxi e após ela entrar no carro informei o endereço ao motorista e até ofereci um dinheiro extra para que cuidasse bem dela. Quando cheguei ao escritório, liguei para a clínica e fiquei tranqüilo depois que o recepcionista confirmou que estava tudo bem. Ao chegar em casa e procurar por você, achei apenas o bilhete sobre o travesseiro pedindo o divórcio!

— Mas Irini estava aqui quando me trouxe de volta. E sempre grudada em você! — Dulce fez questão de relembrar.

— É verdade — ele concordou. — E ninguém poderia estar mais contrariado por vê-la ali do que eu! Porém, precisava lidar com ela de forma cautelosa. Suspeitei que através de tia Alexandra ela tivesse sabido que você me abandonara e convencido algum taxista a trazê-la da clínica onde estava até a mansão. Porém, como tinha prometido não contar nada aos pais dela nem a tia Alexandra, a responsabilidade sobre os atos dela acabou ficando inteiramente comigo. O que acabou sendo uma sobrecarga, porque o que mais me importava naquele momento era restabelecer nosso casamento.

— Por quê? — Dulce perguntou, erguendo-se um pouco e apoiando-se em ambos os cotovelos. Sentia-se mais forte e determinada a chegar até o fundo de toda aquela confusão. — Por causa do filho que eu poderia lhe proporcionar?

— Que você possa me dar filhos é uma bênção a mais. Porém, eu juro que a amaria até o dia da minha morte, mesmo que isso nunca acontecesse!

— Nunca disse que me amava — lembrou-lhe Dulce franzindo as sobrancelhas.

Tomando a face mimosa entre as palmas das imensas mãos, Christopher sorriu e confessou:

— Nunca fui bom em revelar meus sentimentos. Não me lembro de ouvir meus pais dizerem que me amavam. Mesmo assim, tenho certeza de que era o que sentiam. — Ele encolheu os ombros e prosseguiu: — Fui criado por tia Alexandra com tantas regras e regulamentos que passei a ser uma pessoa com atitudes práticas e sem muitos rodeios. — E, fitando-a com imensa ternura, ele afirmou: — Se eu nunca lhe disse isso, foi porque achava que minhas atitudes já eram suficientes para demonstrar meu amor. E agora vou lhe confessar com todas as palavras: apaixonei-me no primeiro instante em que a vi naquele pátio, usando o short curto e surrado, o rosto sujo da terra do jardim… e essas charmosas sardas ao redor do nariz. Senti o verdadeiro amor pela primeira vez na vida e jurei naquele mesmo instante que a transformaria em minha esposa!

Dulce ergueu o olhar, mas ainda sustentava um resquício de desconfiança. Não iria se derreter antes de ter plena certeza de que o marido era sincero. Então, resolveu arriscar:

— Você jura pela vida do nosso filho que Irini mentiu para mim quando disse que eram amantes?

Christopher a olhou, espantado. Parecia que ela pedia que ele jurasse que a Terra era redonda!

— Querida, às vezes duvido que a lógica funcione bem nessa sua cabecinha linda! Pense bem: se eu e Irini realmente tivéssemos em mente esse absurdo e diabólico plano, ela a teria alertado? E para quê? É claro que não! — E, respondendo à própria questão, ele terminou: — Ela teria ficado quieta e fazendo o possível para que você jamais desconfiasse até que os planos fossem concluídos.

Dulce sentiu o rosto ficar vermelho ao perceber o bom senso daquelas palavras e a ingenuidade com que agira.

Percebendo o embaraço dela, Christopher aproveitou para confortá-la:

— Posso entender a razão de ter caído nessa cilada tão facilmente, Dulce. Estava se sentindo fora do seu ambiente naquela festa porque as afirmações maldosas de tia Alexandra já tinham abalado sua auto-estima.

Dulce baixou a cabeça e Christopher prosseguiu:

— Eu jamais perdoarei tia Alexandra pelo que fez. E, quanto a Irini, a única desculpa que vejo é que ela via você como uma intrusa e pretendia afastá-la do caminho para dar razão aos sentimentos possessivos que mantinha em relação a mim… e que só agora consigo ver com clareza. E foi por isso que Irini inventou aquelas ridículas mentiras! Maite estava certa quando lhe disse que a outra não passava de uma despeitada, mas errou quando a aconselhou a não me dizer nada.