Fanfic: Descoberta Fatal (Terminada) | Tema: Vondy.

— Eu devia ter sido mais esperta e menos orgulhosa — Dulce revelou, com profundo arrependimento.

Christopher deu um beijo rápido nos lábios dela para impedir que continuasse a se lamentar. Depois, ergueu a cabeça e fitou-a demoradamente.

— Pelo menos agora não teremos mais dúvidas e nenhuma espécie de mal entendido, não é, meu amor?

Dulce sentiu vontade de gritar, concordando com ele, mas uma ponta de incerteza ainda a incomodava:

— E o que havia de tão importante para ter corrido para Irini em vez de ficar comigo quando lhe disse que precisava de você?

Christopher ficou imóvel. Ela até chegou a pensar que ele não iria responder. Depois percebeu que, aos poucos, ele foi relaxando.

— Desculpe, Dulce. E que detesto lembrar a pior falha cometida em toda a minha vida. — Após um longo suspiro, continuou: — Lembra-se da minha ausência por uma semana, antes de irmos para a ilha?

Dulce não respondeu. Como poderia esquecer? Estava tão convencida de que eles estavam se divertindo juntos. Ele prosseguiu:

— Eu não sabia mais o que fazer para recuperar o controle de minha vida. Você insistia no divórcio e eu estava determinado a fazê-la mudar de idéia. Por outro lado, Irini não me dava sossego com as fugas constantes da clínica. Eu precisava de tranqüilidade para convencer você a ficar comigo. Então, tomei a decisão de tirar Irini do caminho, pelo menos por algum tempo. Solicitei a internação dela numa clínica da Califórnia e a levei pessoalmente. Assim, teria certeza de que ela estaria em boas mãos e suficientemente longe para não fugir facilmente e vir atrás de mim.

Um lampejo de fúria brilhou nos olhos bonitos de Christopher, ao lembrar-se do que Irini fizera.

— Infelizmente a estratégia não funcionou. Logo ela estava de volta a Atenas, ameaçando suicídio. Eu não queria correr o risco de que ela realmente cumprisse a ameaça. Não queria a morte dela pesando em minha consciência. E foram necessários dois dias para convencê-la a não fazer essa loucura e me permitir contar aos pais dela. — E após um desanimado suspiro, ele concluiu: — Com certeza, a primeira pessoa que ela contatou quando fugiu da clínica da Califórnia e chegou a Atenas foi tia Alexandra. E quando ficou sabendo que você estava grávida, a paranóia atingiu o limite máximo! — Ele segurou-lhe o queixo com um movimento gentil e aprofundando o olhar exclamou: — Eu não seria capaz de dar um passo sequer para ajudar aquela mulher se soubesse do mal que ela lhe fez! Será que um dia poderá me perdoar por tê-la abandonado no momento em que mais precisava de mim?

Dulce enleou os braços ao redor do pescoço do marido e revelou:

— Eu já o perdoei… — E, com um sorriso radiante, acrescentou: — Você não tinha idéia de que eu estava a ponto de perder o bebê. E diante disso tomou a decisão de socorrer uma pessoa desesperada. Compreendo que não se importou em justificar nada porque sabia que eu não gostava de Irini. E quando lancei o ultimato, logicamente, imaginou tratar-se de ciúme.

Christopher enlaçou-a com ambos os braços e a aconchegou contra o peito. Ela reclinou a cabeça no ombro esquerdo do marido e suspirou.

— Procure não ser muito severa com Irini. As drogas já afetaram muito aquela pobre cabeça… O conto de fadas que ela contou, provavelmente, é imaginação do cérebro doentio.

Dulce concordou.

— Agora que conheço o drama dela, só posso sentir pena. E também me culpo por não ter sido esperta o suficiente para ver a verdade que estava bem embaixo do meu nariz.

— Você é muito generosa, querida. A cada minuto que passa eu a amo mais!

Ela podia sentir as batidas aceleradas do coração dele. A própria respiração se acelerava. Era fácil ser generosa contando com o amor do homem que adorava. E, sabendo que ele afastara qualquer hipótese de envolvimento com Irini, o futuro juntos era mais do que promissor.

— E eu o amo mais do que possa imaginar!

— Então nosso casamento está seguro? — perguntou Christopher com um de seus espetaculares sorrisos.

— Tanto quanto o Banco da Inglaterra! — ela devolveu, com um gracejo. — E agora, por favor, me beije!

Não foi preciso que ela pedisse duas vezes.

O beijo foi tão intenso que até arrancou lágrimas de alegria dos olhos de Dulce e a fez reclinar-se sobe os travesseiros, assegurando-se de que ele a acompanhasse.

Christopher abandonou os lábios da esposa por um instante apenas para dizer-lhe:

— Você realmente se aborrece em manter um casamento tranqüilo? Porque, se for isso, o que pensa de organizarmos um milhão de festas e recepções?

Sorrindo com a extravagância daquelas palavras, Dulce afagou-lhe os cabelos negros e declarou:

— Eu adoro nosso casamento do jeito que é. Apenas disse aquilo porque sua tia vivia me menosprezando e dizendo que você me mantinha isolada da sociedade por ter vergonha de mim.

Afastando os cabelos que caíam nos olhos dela, ele a beijou outra vez, só que mais calmamente dessa vez.

— Para ser honesto, eu gostaria de ter mostrado você ao mundo inteiro se pudesse. E, quando nos casamos, eu pretendia dar uma festa fantástica. Porém, o teimoso do seu pai… de quem certamente você herdou o orgulho… insistiu que o pai da noiva é quem tem a obrigação de patrocinar a festa. Por essa razão insisti numa solenidade bem simples. O que mais poderia fazer?

— Oh, Christopher! Nem imagina o quanto o admiro! E agora, por favor, pare de falar ou vou me acabar de tanto chorar!