Eu sabia que aquele momento não iria durar para sempre, infelizmente, eu me levanto da cama e vou para o banheiro, Harry estava dormindo, nem notara que eu tinha me levantado.
A primeira coisa que eu fiz ao entrar no banheiro foi me olhar no espelho, o que havia de errado comigo? levantei a minha blusa e fiquei analisando as minhas “gorduras”, eu não queria aquilo, mas o que mais eu podia fazer, Harry praticamente me obrigava a comer, ele também não saia de perto de mim, desse jeito eu não podia “eliminar” a comida da forma que eu estava acostumada.
Eu continuei observando a minha barriga, me virei de lado, é, eu estava gorda, gorda não, obesa. eu pensei em vomitar. mas vomitar o que? a ultima coisa que eu comi foi uma torrada á umas 3 horas atras, depois desse pensamento, veio a minha avó na minha cabeça, o que será que ela estaria pensando de mim? o que ela faria se descobrisse os meus problemas? esse ultimo pensamento foi a gota d’água, eu desabei em lágrimas, minha avó me fazia tanta falta, eu sinto falta de quando ela falava que eu era linda, mesmo sendo mentira, de quando ela me abraçava dizendo que tudo ia ficar bem, de quando eu adormecia em seu colo, de quando ela me fazia passar vergonha na frente das minhas amigas, a unica coisa que eu queria era morrer, ficar com ela para sempre.
Eu não pensei duas vezes, procurei uma gilette no banheiro, mas não achei, sai do banheiro em silencio, fui até onde estava minhas coisas e peguei um estojo, dentro dele tinha várias coisas, bem no fundo tinha uma caixinha pequena com duas gilettes dentro, peguei uma delas e uma pequena toalha, e voltei pro banheiro.
Me sentei no canto do banheiro com a gilette em uma mão e a toalha na outra, eu fiquei por uns três minutos observando as cicatrizes antigas, sorte que Harry não havia percebido, eu iria levar uma bela de uma bronca dele. Eu parei de pensar, e agi, aquilo, por incrível que pareça, me tirava um pouco da dor, passei a gilette lentamente pelo meu pulso esquerdo, e repeti isso mais umas 6 vezes, meu braço estava horroroso, eu iria ter que usar blusas de manga comprida por mais ou menos um més, se eu quisesse que ninguém visse. eu me levantei, fui até a pia,lavei, e pressionei com a toalha, não parava de sangrar, eu ouvira um barulho do lado de fora.
-Jennie, cade você? -Harry gritou.
-Estou no banheiro. -Eu disse com a voz meio fraca, eu percebi que ele deu um pulo da cama.
-Tá tudo bem? -Ele disse batendo na porta.
-Tá sim. -Eu disse com a voz chorosa.
-Tem certeza? -Ele disse com um tom de preocupação na voz.
-Sim. -Eu fiz uma pausa.- Eu só não estou passando muito bem.
-O que você tem? quer que eu te leve pro medico? -Ele estava se desesperando.
-NÃO. -Eu gritei.- Tá tudo bem, é só por causa da vodka de ontem.
-Okay. -Ele disse com a voz meio fraca.- Vai demorar muito ai?
-Não, já to saindo. -Eu disse limpando os vestígios de sangue de meu pulso. Sai do banheiro e dou de cara com Harry.
-Tem certeza de que está tudo bem? -Ele disse me abraçando.
-Não. -Eu disse começando a chorar, e o abraçando muito forte.
-O que houve minha pequena? -Ele disse me afastando dele, de forma com que ele pudesse olhar nos meus olhos.
-Nada de mais. -Eu disse enquanto escorriam lágrimas pelos meus olhos.- Só me abraça. -Ele me puxou para mais perto e me deu um abraço apertado.
-Pode me falar o que houve pequena. -Ele disse baixinho.
-É coisa idiota. não se preocupe.
-Nada do que acontece com você é idiota. -Ele disse beijando minha testa.- É claro que eu vou me preocupar. eu me preocupo demais com você.
-Esquece isso, por favor. -Eu disse chorosa.
-Por favor, me conte. -Ele estava quase implorando.
Eu soltei dele e me sentei na cama, MERDA A PORRA DO MEU PULSO TAVA SANGRANDO, eu tentei esconder, mas ele viu.
-Jennifer, o que é isso? -Ele disse apontando para o sangue, com cara de espanto e com os olhos cheios de lagrimas.
-NÃO É NADA. -Eu disse e sai correndo para a sala pegar meu celular.
-JENNIFER VOLTE AQUI. -Ele disse indo atras de mim.- O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA?
-CALA A BOCA HAROLD. -Eu gritei chorando.
-CALA A BOCA NÃO, VOLTE AQUI, VAMOS CONVERSAR. -Ele tinha ódio no olhar.
Ele pegou meu braço, estava me machucando, eu dei um jeito de me soltar e corri para o banheiro e tranquei a porta, peguei meu celular, os primeiro números era de Rach e de Lu, mas do que adiantaria eu ligar para elas, ela não iriam pegar um avião e vim aqui me proteger de um louco, o número que estava em baixo do delas era o de Duda, eu estava tremendo muito, e chorando, mal conseguia enxergar, Harry continuava a gritar e bater na porta, ele realmente estava me assustando, liguei para Duda, ela não atendeu, eu entrei em desespero, mandei uma mensagem, ela não respondeu, decidi ligar de novo, dessa vez ela atendeu.
-Oi. -Ela disse não muito simpática.
-Duda.. por favor.. me ajude. -Eu disse chorando desesperadamente.
-MEU DEUS, O QUE TA ACONTECENDO? POR QUE O HARRY TA GRITANDO? QUE BARULHOS SÃO ESSES? -Ela se apavorou.
-Vem aqui, por favor, eu estou com medo. -Eu disse baixo.
-Mas.. mas.. me explica o que houve.. -Ela parou de falar quando ouviu um estrondo, era Harry tentando abrir a porta.
-POR FAVOR.. VEM AQUI, EU ESTOU COM MEDO. -Eu estava desesperada.
-Eu to indo.
Aqueles foram uns dos momentos mais agonizantes da minha vida. até que eu ouvi a voz de Duda. Ela gritava:
- CALMA, HAROLD - A voz dela era forte e ele parou - ELA PRECISA SE ACALMAR, VOCÊ NÃO TEM IDÉIA DE COMO ISSO É ASSUSTADOR.
- MAS .. MAS… - Ele tentava falar. Ouvi passos e ouvi uma voz calma e macia falando:
- Jennie, vem, vou te levar para casa. - Eu me levantei, tremendo, destranquei a porta e Duda me envolveu, me abraçando. Ela mesmo diz que é boa para confortar as pessoas… Era verdade. Ela só queria meu bem. Harry estava com cachoeiras de lágrimas rolando pela face e eu fui para a porta, me encontrando com Niall. Eu parei e fiquei ouvindo ela falar, baixinho:
- Eu só vou levar ela até você e ela se acalmarem, ok?! Não faça nenhuma merda, já chamei Louis, Zayn e Liam para cuidarem de você.
POV Duda
Eu acalmei Harry e quando estávamos saindo, Liam e Louis chegaram. Eu os comprimentei e puxei Jennie para o carro, Louis foi atrás e ela foi no banco do passageiro. Ela estava chorando muito e eu apertei sua mão, sorrindo.
- Eu entendo como é, Jennie - Eu disse, em português.
- Não, Duda, não sabe. Não sabe como é ser obesa. - Ela retrucou. Eu ri e mostrei meu pulso, que havia muitas cicatrizes. Ela me olhou. - Me desculpe…
- Tudo bem - Eu sorri - Eu sei como é se sentir assim. Não é nada legal, haha. A dor externa alivia a interna.
- Por pouco tempo - Ela disse. Era verdade.
- O jeito é comer chocolate e esquecer dos problemas. Aí você se olha no espelho, se acha gorda e vomita. - Eu ri. - Eu não consigo parar de comer, quando eu começo.
- Nem eu - Ela já estava sorrindo, era um passo a mais.
Chegamos na minha casa e peguei uma gaze e enrolei em seu pulso.
- Não faça mais isso, ok? - Eu pedi - Não vale apena.
- Você também faz isso - Ela disse.
- Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço - Eu ri, fazendo-a rir também. Niall se sentou ao nosso lado - E também, não tem como, ele me faz muito feliz.
Ele me olhou e eu dei um selinho nele.
- Não devia ter feito aquilo. Não com Harry por perto. Ele vai achar que você está infeliz com ele. - Eu disse, ela olhou para baixo e assentir.
- É mesmo - Ela começou - Não pensei em como ele ia se sentir sabendo disso. Você está certa.
Eu sorri e apertei a sua mão. Olhei para o relógio: 11:58.
- Tá afim de comer uma comida brasileira? - Perguntei para os dois. Niall sorriu e disse que sim, juntamente com Jennie. - Ok, eu tenho os ingredientes, haha.
Terminei de fazer o almoço às 12:35. Fiz arroz, feijão, bife, com pastéizinhos de frango e ovo cozido, juntamente com salada de alface e tomate.
- Vou me mudar para o Brasil, beijos - Riu Niall
- Dá saudade do arroz e feijão de cada dia - Me queixei
- Mas que o clima daqui é melhor que o de lá, é, não é? - Jennie riu
- Às vezes também dá saudade de uma piscina, uma praia, do calor - Eu disse
- Vamos pra lá qualquer dia - Sugeriu Jennie
- Eu quero conhecer - Niall disse
- VOU VOLTAR PRA MINHA TERRA SANTA, LOL - Eu pensei