Fanfic: The Lightning Thief | Tema: Glee
Um barco da Guarda Costeira nos recolheu, mas eles estavam ocupados demais para ficar conosco por muito tempo, ou para querer saber por que três adolescentes com roupas casuais foram parar no meio da baía. Havia um desastre para cuidar. Seus rádios estavam entupidos de chamados de emergência. Eles nos largaram no píer Santa Monica com toalhas em volta dos ombros e garrafas d`água que diziam EU SOU UM GUARDA-COSTEIRO MIRIM! e saíram às pressas para salvar mais gente. Nossas roupas estavam encharcadas, inclusive as minhas. Quando o barco da Guarda Costeira apareceu, eu implorei baixinho que eles não me tirassem da água e me achassem perfeitamente seca, o que teria feito algumas sobrancelhas se erguerem.
Então desejei ficar encharcada.
Sem dúvida, minha mágica à prova d`água me abandonara. Eu também estava descalça, porque entregara meus sapatos a Puck, o que foi engraçado. Imagine Puck usando sapatos femininos ?
Era melhor a Guarda Costeira se perguntar por que um de nós estava descalço do que se perguntar por que um de nós tinha cascos. Depois de chegar a terra firme, saímos cambaleando pela praia vendo a cidade queimar contra um lindo pôr-do-sol.
Era como se tivesse acabado de retornar do mundo dos mortos — o que era verdade. Minha mochila estava pesada, com o raio-mestre de Zeus. Meu coração estava ainda mais pesado por ter visto minha mãe.
- Eu não acredito - disse Rachel. - A gente passou por tudo aquilo e...
- Foi um truque - disse eu. - Uma estratégia digna de Atena.
- Ei - avisou.
- Você entendeu, não é? - Ela baixou os olhos, a raiva murchou.
- Sim. Entendi.
- Bem, eu não entendi! - reclamou Puck.
- Será que alguém poderia...
- Quinn... - disse Rachel. - Eu sinto muito pela sua mãe. Sinto tanto...
Fiz que não estava ouvindo. Se eu falasse sobre a minha mãe, ia começar a chorar como uma criancinha.
- A profecia estava certa - disse eu. - "Você deve ir para o oeste, e enfrentar o deus que se tornou desleal".
Mas não era Hades. Hades não queria guerra entre os Três Grandes. Algum outro executou o roubou. Alguém roubou o raio-mestre de Zeus, e o elmo de Hades, e tramou contra mim porque sou filha de Poseidon. Poseidon será culpado por ambos os lados.
Ao pôr-do-sol de hoje, haverá uma guerra tríplice. E eu a terei causado.
Puck sacudiu a cabeça, desconcertado. - Mas quem seria tão fingido? Quem iria querer uma guerra tão ruim?
Parei bruscamente, olhando para a praia. - Puxa, deixem-me pensar.
Ali estava ele, aguardando por nós, em seu casaco preto de couro, e óculos escuros, um bastão de beisebol de alumínio ao ombro. A motocicleta roncava ao seu lado, o farol deixando a areia vermelha.
- Ei, garota - disse Ares, parecendo genuinamente contente em me ver. - Você devia estar morta.
- Você me enganou - disse eu. - Você roubou o elmo e o raio-mestre.
Ares arreganhou um sorriso. - Bem, mas eu não os roubei pessoalmente. Deuses tirando símbolos de poder uns dos outros, nã-nã-nã, isso é inaceitável. Mas você não é o único herói do mundo que pode dar recados.
- Quem você usou? Santana? - Ela estava lá no solstício de inverno. A idéia pareceu diverti-lo.
- Não importa. A questão, garota, é que você está impedindo o esforço de guerra. Entenda, você precisa morrer no Mundo Inferior. Então o Velho Alga do Mar vai ficar furioso com Hades por matá-lo. O Hálito de Cadáver ficará com o raio-mestre de Zeus, e assim Zeus ficará furioso com ele. E Hades ainda está procurando por isto... Ele tirou do bolso um capuz de esqui - do tipo que os ladrões de banco usam - e o colocou no meio do guidão da sua moto. Imediatamente, o capuz se transformou em um elaborado capacete de guerra em bronze.
- O elmo das trevas - arfou Puck.
- Exatamente - disse Ares. - Mas onde é mesmo que eu estava? Ah, sim, Hades ficará furioso com ambos, Zeus e Poseidon, porque ele não sabe quem pegou isto. Logo logo teremos uma bela pancadariazinha tríplice em andamento.
- Mas eles são a sua família! - protestou Rachel. Ares encolheu os ombros. - O melhor tipo de guerra. Sempre a mais sangrenta. Nada como ficar olhando seus parentes lutarem, eu sempre digo.
- Você me deu a mochila em Denver - disse eu. - O raio-mestre estava lá o tempo todo.
- Sim e não - disse Ares. - Provavelmente é complicado demais para o seu pequeno cérebro mortal acompanhar, mas a mochila é a bainha do raio-mestre, apenas um pouco adaptada. O raio está conectado a ela, tipo aquela sua espada, garota. Ela sempre volta para o seu bolso, certo?
Não estava bem certo de como Ares sabia disso, mas acho que um deus da guerra precisa tratar de conhecer tudo sobre armas.
- De qualquer modo - continuou Ares - eu modifiquei a mágica um pouquinho, para que o raio só retornasse à bainha depois de você chegar ao Mundo Inferior. Chegou perto de Hades... Bingo! Você recebeu um e-mail. Se você morresse no caminho, não haveria perda. Eu ainda teria a arma.
- Mas por que você simplesmente não ficou com o raio para você? - disse eu. - Por que mandá-lo para Hades? - O queixo de Ares crispou-se. Por um momento, foi quase como se ele estivesse ouvindo uma outra voz, bem no fundo da cabeça.
- Por que eu não... sim... com esse tipo de poder de fogo... Ele manteve o transe por um segundo... dois segundos... Troquei olhares nervosos com Rachel. A cara de Ares clareou.
- Porque eu não queria ter problemas. Melhor você ser pega em flagrante, segurando a coisa.
- Você está mentindo - disse eu. - Mandar o raio para o Mundo Inferior não foi idéia sua, foi?
- É claro que foi! - Fumaça escapou por baixo dos seus óculos escuros, como se eles estivessem a ponto de pegar fogo.
- Você não ordenou o roubo - adivinhei. - Alguém mais enviou um herói para roubar os dois itens. Então, quando Zeus mandou você caçá-lo, você pegou o ladrão. Mas você não o entregou a Zeus. Alguma coisa o convenceu a deixá-lo ir. Você guardou os itens até que outro herói pudesse vir e completar a entrega. Aquela coisa no abismo está dando ordens a você.
- Eu sou o deus da guerra! Não aceito ordens de ninguém! Eu não tenho sonhos!
Eu hesitei.
- Quem foi que disse alguma coisa sobre sonhos? - Ares pareceu agitado, mas tentou encobrir isso com um sorriso forçado.
- Vamos voltar ao problema em pauta, garota. Você está viva. Eu não posso deixar que leve aquele raio para o Olimpo. Pode ser que consiga convencer aqueles idiotas cabeças-duras a ouvi-la. Portanto preciso matá-la. Não é nada pessoal.
Ele estalou os dedos. A areia explodiu aos seus pés e surgiu um javali feroz investindo, ainda maior e mais feio que aquele cuja cabeça estava pendurada acima da porta do chalé 7 do Acampamento Meio-Sangue. A besta escarvou a areia, olhando furiosamente para mim com olhos pequenos e brilhantes enquanto abaixava os presas afiadas como navalhas e aguardava a ordem para matar.
Eu entrei na arrebentação. - Enfrente-me você mesmo, Ares.
Ele riu, mas ouvi um pouco de tensão na sua risada... um certo constrangimento.
- Você só tem um talento, garota, que é fugir. Você fugiu da Quimera. Você fugiu do Mundo Inferior. Não tem coragem para me enfrentar.
- Com medo?
- Só nos seus sonhos de adolescente. - Mas seus óculos escuros estavam começando a derreter com o calor dos olhos.
- Nada de envolvimento direto. Sinto muito, garota. Você não está no meu nível.
Rachel disse: - Quinn, corra!
O javali gigante atacou. Mas eu já estava cansada de correr de monstros. Ou de Hades, ou de Ares, ou de qualquer um.
Quando o javali investiu contra mim, eu destampei minha caneta e dei um passo para o lado. Contracorrente apareceu nas minhas mãos. Dei um golpe para cima. A presa direita decepada do javali caiu aos meus pés, enquanto o animal desorientado investia contra o mar.
Eu gritei: - Onda!
Imediatamente uma onda surgiu do nada e engolfou o javali, enrolando-se nele como um cobertor. A besta guinchou uma vez, aterrorizada. E então se foi, engolida pelo mar.
Voltei-me novamente para Ares.
- Você vai lutar comigo agora? - perguntei. - Ou vai se esconder de novo atrás de um porquinho de estimação?
A cara de Ares estava roxa de raiva.
- Tome cuidado, garota. Eu poderia transformá-la em...
- Uma barata - disse eu. - Ou uma lombriga. Sim, eu tenho certeza. Isso o salvaria de ter o seu divino couro chicoteado, não é mesmo? Chamas dançaram por cima dos seus óculos.
- Ah, você realmente está pedindo para ser esmagada até virar uma poça de gordura.
- Se eu perder, me transforme no que quiser. Fique com o raio. Se eu vencer, o elmo e o raio são meus, e você tem de ir embora.
Ares me olhou com uma expressão de escárnio. Ele brandiu o bastão de beisebol que trazia ao ombro.
- Como gostaria de ser esmagada: modo clássico ou moderno?
Eu lhe mostrei a minha espada.
- Legal, menina morta - disse ele. - Modo clássico então.
- O bastão de beisebol transformou-se em uma enorme espada de duas mãos. A guarda era uma grande caveira de prata com um rubi na boca.
- Quinn - disse Annabeth. - Não faça isso. Ele é um deus.
- Ele é um covarde - disse eu para ela. Ela engoliu em seco. - Use isto pelo menos. Para dar sorte. Ela tirou o seu colar, com cinco anos de contas do acampamento e o anel do pai dela e colocou em volta do meu pescoço.
- Reconciliação - disse ela. - Atena e Poseidon juntos.
Meu rosto ficou um pouco quente, mas consegui sorrir. - Obrigada.
- E pegue isto - disse Puck. Ele me entregou uma lata achatada que parecia estar no seu bolso há mil quilômetros.
- Os sátiros lhe dão respaldo.
- Puck... eu não sei o que dizer. Ele me deu uma palmadinha no ombro. Enfiei a lata no meu bolso de trás.
- Vocês já se despediram? - Ares veio em minha direção, o comprido casaco de couro preto se arrastando atrás dele, a espada faiscando como fogo ao nascer do sol.
- Eu venho lutando há uma eternidade, garota. Minha força é ilimitada e eu não posso morrer. O que você tem? Um ego menor, pensei, mas não disse nada.
Mantive os pés na arrebentação, recuando na água até os tornozelos. Pensei no que Rachel havia dito no restaurante de Denver, tanto tempo atrás: Ares tem força. É tudo o que ele tem. Mesmo a força às vezes tem de se curvar à sabedoria.
Ele desceu a espada, tentando rachar ao meio a minha cabeça, mas eu não estava lá. Meu corpo pensava por mim. A água pareceu me empurrar para o ar e eu me lancei para cima dele, golpeando para o lado com a espada ao descer.
Mas Ares foi igualmente rápido. Torceu o corpo e o golpe que deveria tê-lo pego diretamente na espinha foi desviado para fora pela guarda da sua espada. Ele sorriu.
- Nada mau, nada mau.
Ele atacou de novo e fui forçada a pular para a terra seca. Tentei sair de lado, para voltar à água, mas Ares parecia saber o que eu queria. Ele foi mais habilidoso, me pressionando tanto que tive de me concentrar totalmente em não ser cortado em pedaços. Continuei recuando para longe da arrebentação.
Não conseguia achar nenhuma abertura para atacar. O alcance da espada- dele era bem maior que o de Anaklusmos. Chegue perto, Finn me dissera uma vez, em nossa aula de esgrima. Quando a sua lâmina é a mais curta, chegue perto. Avancei com uma estocada, mas Ares estava esperando por isso. Ele arrancou a espada das minhas mãos e me chutou no peito.
Eu saí voando — cinco, talvez dez metros.Teria quebrado as costas se não tivesse desabado sobre a areia fofa de uma duna.
- Quinn! - gritou Rachel. - Polícia!
Estava vendo tudo dobrado. Parecia que o meus seios tinham sido atingidos por um aríete, mas consegui me pôr em pé. Eu não podia desviar os olhos de Ares por medo de que ele me cortasse ao meio, mas com o canto do olho vi as luzes vermelhas piscando na avenida beira-mar.
Portas de carros batiam.
- Ali, guarda! - gritou alguém. - Está vendo?
Uma voz brusca de policial: - Parece aquele garota da tevê... que diabo...
- Aquele cara está armado - disse outro policial. - Peça reforços. Rolei para o lado e a lâmina de Ares cortou a areia. Corri para a minha espada, peguei-a e desferi um golpe contra o rosto de Ares, apenas para ver a minha lâmina desviada de novo. Ares parecia saber exatamente o que eu ia fazer um momento antes. Recuei para a arrebentação, forçando-o a me seguir.
- Admita, garota - disse Ares. - Você está perdida. Estou só brincando com você.
Meus sentidos estavam fazendo hora extra.
Agora eu entendia o que Rachel dissera sobre como o transtorno do déficit de atenção pode manter você vivo na batalha.
Eu estava totalmente desperao, notando cada pequeno detalhe. Eu podia ver onde Ares estava se retesando. Podia dizer de que lado ia atacar. Ao mesmo tempo, tinha consciência de Rachel e Puck, dez metros à minha esquerda. Vi uma segunda viatura parando, a sirene uivando. Espectadores, pessoas que perambula viam pelas ruas por causa do terremoto, começavam a se juntar.
No meio da multidão, pensei ver alguns andando com aquele estranho passo de trote de sátiros disfarçados. Havia também vultos rebrilhantes de espíritos, como se os mortos tivessem se erguido do Hades para assistir à batalha.
Ouvi o bater de asas coriáceas circulando em algum lugar acima. Mais sirenes. Avancei mais para dentro da água, mas Ares foi rápido. A ponta da sua espada rasgou a manga da minha roupa e roçou o meu antebraço.
A voz de um policial no megafone disse: - Larguem as espingardas! Coloquem na areia.
Agora! Espingardas? Olhei para a arma de Ares, e ela parecia estar tremeluzindo; às vezes parecia uma espingarda, às vezes uma espada de duas mãos. Eu não sabia o que os seres humanos estavam vendo nas minhas mãos, mas tinha certeza de que não os faria gostar de mim.
Ares virou-se para olhar ferozmente para os nossos espectadores, o que me deu um momento para respirar. Havia cinco viaturas de polícia agora, e uma fileira de policiais abaixados atrás delas, com pistolas apontadas para nós.
- Este é um assunto particular! - berrou Ares. - Vão embora!
Ele fez um movimento circular com a mão, e uma parede de chamas vermelhas passou através das viaturas. Os policiais mal tiveram tempo de mergulhar para se proteger antes de os carros explodirem. A multidão se dispersou aos gritos. Ares soltou uma gargalhada retumbante.
- Agora, heroizinha. Vamos acrescentar você ao churrasco.
Ele golpeou. Eu desviei da lâmina. Cheguei perto o bastante para atacar, tentei enganá-lo com uma ginga, mas o meu golpe foi rechaçado. As ondas agora estavam me atingindo nas costas. Ares estava mergulhada até as coxas, avançando atrás de mim. Senti o ritmo do mar, as ondas ficando maiores enquanto a maré avançava, e de repente tive uma idéia. Ondas pequenas, pensei. E a água atrás de mim pareceu recuar.
Eu estava segurando a maré com a força da minha vontade, mas a tensão se acumulava, como gás carbônico atrás de uma rolha. Ares avançou, sorrindo confiante. Eu abaixei a minha lâmina, como se estivesse exausta demais para prosseguir.
Aguarde, eu disse para o mar. A pressão agora estava quase me levantando acima dos pés. Ares ergueu a espada. Eu liberei a maré e pulei, subindo como um rojão em uma onda, passando diretamente por cima de Ares. Uma parede de dois metros de água o atingiu em cheio no rosto, e ele ficou praguejando e cuspindo com a boca cheia de algas. Caí em pé atrás dele, espirrando água, e simulei um ataque em direção à cabeça dele, como já havia feito. Ele se virou a tempo de erguer a espada, mas dessa vez estava desorientado e não previu o truque. Mudei de direção, investi para o lado e mandei Contracorrente diretamente para baixo na água, enfiando a ponta no calcanhar do deus.
O rugido que se seguiu fez o terremoto do Hades parecer um evento menor. O próprio mar explodiu para longe de Ares, deixaindo um círculo de areia molhada com quinze metros de diâmetro. Icor, o sangue dourado dos deuses, jorrou de um talho profundo na bota do deus. A expressão no seu rosto ia além do ódio. Era dor, choque, incredulidade total por ter sido ferido. Ele veio mancando na minha direção, resmungando antigas pragas gregas. Alguma coisa o deteve.
Era como se uma nuvem tivesse encoberto o sol, mas pior. A luz foi sumindo. Sons e cores se extinguiram. Uma presença fria e pesada passou sobre a praia, retardando o tempo, diminuindo a temperatura até o congelamento, e fazendo-me sentir que a vida não valia a pena, que lutar era inútil.
As trevas se dissiparam. Ares parecia aturdido. As viaturas da polícia ardiam atrás de nós. A multidão de espectadores fugira. Rachel e Puck estavam plantados na praia, em choque, observando a água se derramar de volta em torno dos pés de Ares, e o seu luminescente icor dourado se diluindo na maré. Ares abaixou a espada.
- Você fez um inimigo, filhote de deus - disse-me ele. - Você selou o seu destino. A cada vez que erguer a sua lâmina em batalha, a cada vez que você esperar sucesso, sentirá a minha maldição. Cuidado, Lucy Quinn Fabray. Cuidado.
Seu corpo começou a brilhar.
- Quinn! - gritou Rachel. - Não olhe!
Virei-me enquanto o deus Ares revelava sua verdadeira forma imortal. De algum modo eu sabia que, se olhasse, iria me desintegrar em cinzas. A luz se extinguiu. Olhei para trás. Ares se fora. A maré recuou para revelar o elmo de bronze das trevas de Hades.
Eu o recolhi e fui andando na direção dos meus amigos.
Mas, antes de chegar lá, ouvi o bater de asas de couro. Três vovós de aparência maligna com chapéus de renda e chicotes flamejantes desceram do céu e pousaram diante de mim. A Fúria do meio, a que tinha sido a coach Sylvester, deu um passo à frente. Seus caninos estavam expostos, mas pela primeira vez não tinha um aspecto ameaçador. Parecia mais desapontada, como se tivesse planejado me comer na ceia, mas percebera que eu podia lhe dar indigestão.
- Nós vimos tudo - sibilou ela. - Então... realmente não foi você?
Joguei o capacete para ela, e ela o agarrou, surpresa.
- Devolva isto ao Senhor Hades - disse eu. - Conte-lhe a verdade. Diga-lhe para cancelar a guerra.
Ela hesitou, depois passou uma língua bifurcada pelos lábios coriáceos verdes.
- Viva bem, Quinn Fabray. Torne-se um verdadeira heroina. Porque, se você não o fizer, se algum dia cair nas minhas garras de novo...
Ela cacarejou, saboreando a idéia. Então ela e as irmãs levantaram vôo em suas asas de morcego, pairaram no céu cheio de fumaça e desapareceram. Juntei-me a Puck e Rachel, que olhavam para mim assombrados.
- Q... - disse Grover. - Aquilo foi tão incrivelmente...
- Aterrorizante - disse Rachel.
- Legal! - corrigiu Puck.
Eu não me sentia aterrorizada. Certamente não me sentia legal.
Estava cansada, doído e sem nenhuma energia.
- Vocês sentiram aquele... o que era aquilo? - perguntei.
Os dois assentiram, constrangidos.
- Devem ser as Fúrias lá no alto - disse Puck.
Mas eu não tinha tanta certeza. Alguma coisa impedira Ares de me matar, e o que quer que pudesse fazer isso era muito mais forte do que as Fúrias.
Olhei para Rachel, e tivemos a mesma sacação. Agora eu sabia o que estava naquele abismo, o que havia falado da entrada do Tártaro.
Resgatei a minha mochila com Puck e olhei dentro. O raio-mestre ainda estava lá.
Uma coisa tão pequena quase causara a Terceira Guerra Mundial.
- Temos de voltar a Nova York - disse eu. - Esta noite.
- É impossível - disse Rachel -, a não ser que nós...
- Fôssemos voando — completei. Ela arregalou os olhos para mim.
- Voando, tipo num avião, coisa que avisaram você para nunca fazer, para que Zeus não a fulmine para fora do céu, e ainda for cima carregando uma arma que tem mais poder destrutivo do que uma bomba nuclear?
- É - disse eu. - Mais ou menos isso. Vamos.
Autor(a): brubs
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
É gozado como os seres humanos são capazes de enrolar a sua mente em volta das coisas e encaixá-las na sua versão de realidade. Quíron me contara isso muito tempo atrás. Como de costume, eu só dei bola para sua sabedoria muito tempo depois. De acordo com as notícias de Los Angeles, a explosão na praia de ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo