Fanfic: A Fórmula do Amor: 1ª, 2ª e 3ª Temporadas [TERMINADA] | Tema: Bullyng

Diário de um Nerd

♫ Mamonas Assassinas – Cabeça de Bagre ♫

Valentina, Ludi e eu saímos bem cedo para ver o resultado. Frio intenso na barriga marcou aquele dia. Sabia que se eu me ferrasse em alguma matéria seria em história, pois eu nem sequer li a prova.

Enfim, decidimos esperar pelos nossos outros amigos do lado de fora da escola. Assim, todos nós veríamos os resultados juntos.

Notamos que Jackson estava sentado no ponto de ônibus que ficava do lado do colégio com a cabeça enfiada entre as pernas.

- Já viu seu resultado, Jackson?

Ele levantou a cabeça e olhou pra mim. Seus olhos estavam marejados. O cara abaixou a cabeça novamente e começou a chorar.

- E aí, cara. Viu ou não viu?

- To de recuperação em história cara! – desabou-se em choro.

- Sério?

- Eu não ia brincar com uma coisa dessas.

- Viu meu resultado?

- Não, só vi o meu.

- Fica de boa cara. Você não vai repetir de novo. Além do mais, recuperação não é o fim.

- Você diz isso porque é nerd.

Pouco tempo depois, Juliana, Eri, Jonas e os outros chegaram.  Entramos juntos no colégio e fomos até a cantina. Lá estavam vários papéis fixados na parede. Cada um representava uma sala, com os números das pessoas na chamada e suas respectivas matérias.

- Eu passei! EU PASSEI DIRETO! – Juliana gritou.

- HAHA! Não fiquei em nenhuma! – disse Eri.

No final, todos viram seus resultados. Ninguém ficou para a recuperação. Faltava só eu. Fiquei por último e fui direto ao número 31. Lindemberg Araújo, queridinho dos professores, de recuperação em história. Faria companhia ao Jackson.

*

♫ Scratcho – Divina Comédia ♫

Valentina e eu questionávamos durante o caminho todo de volta pra casa.

- Eu não entendo o que aconteceu, Valentina.

- Aconteceu de você pescar na prova. E pescar errado.

- Mas como se a Juliana não ficou?

- Você entregou os trabalhos? As atividades?

- Não. Ah, mas isso é sacanagem!

- Sacanagem é você estudar pra pescar. Tem vergonha! To muito decepcionada com você.

Chegamos em frente ao portão da minha casa. Valentina entrou.

- Não vai entrar?

- To com medo da minha mãe.

- Ih, é mesmo cara. Boa sorte.

- Me ajuda?

- Eu acho que não vai fazer muita diferença as minhas palavras. Mas eu acho bem feito.

- Como assim “bem feito”?

- Eu avisei Berg. Não vem com essa não. Agora você fica dando uma de David Guetta, de Benny Benassi, e esquece dos estudos.

- Valentina, Valentina... faz o seguinte, diz a minha mãe que eu fui na Mofoville pegar meu pagamento. Depois eu vou no centro da cidade comprar umas coisinhas.

- O que você vai fazer? – ela perguntou com a cara emburrada. Ela estava realmente decepcionada.

- Deixa comigo. Só faz isso. Por mim?

- Tá, Berg. Eu faço. Mas volta logo que a dona Hilda é difícil de domar.

- Te amo, amor. – dei um beijo nela e saí.

*

Como prometido, no começo daquela tarde, passei no escritório do sócio da Mofoville para pegar o meu pagamento.

O dinheiro exalava um cheiro todo especial: o do meu suor. Fui eu quem trabalhou duro para conquistá-lo. Poderia gastar como quiser e já sabia com o quê.

Peguei o bus e fui até o centro da cidade. Comprei algumas coisas. O engraçado é que eu tentei poupar o dinheiro, acho que por ele ser meu. Nunca tinha economizado em nada.

*

Cheguei em casa. Valentina estava assistindo TV com Lina e Lana. Mamãe estava no PC, provavelmente mexendo no facebook.

Ela olhou virou o rosto e olhou pra mim. Apenas disse:

- Espero que ajude com alguma conta.

Não fiquei com raiva. Apenas me aproximei. Respirei fundo. Uma orquestra tocando uma trilha de suspense naquela hora seria perfeito.