Fanfic: Contos - Casi Angeles | Tema: Casi Angeles

Todo mundo tem um refúgio, um lugar onde se sente tranquilo, seguro, a salvo. Um lugar onde posso ser eu mesmo, sem medo de nada, e refletir o melhor de cada situação.

Benjamin Amadeo tinha encontrado esse lugar. Quando terminavam as apresentações de Casi Ángeles: La Resistencia, e o Gran Rex ficava vazio, ele, que tinha acabado de sair do banho, subia no enorme palco com o seu violão e começava a tocar qualquer música, não importava se ele tinha composto ou não. Simplesmente, tocava enquanto pensava. Normalmente, sobre um tema que estava há muito tempo lhe rondando a cabeça. Uns gigantes olhos castanhos e uma boca que fazia suspirar até o mais imperturbável dos homens. Enquanto fazia sair música das cordas, se amaldiçoou por ser tão fraco. A primeira vez que a viu mal, chorando por culpa das milhares de brigas com o Peter Lanzani, seu suposto namorado, e foi abraçar ela, sentiu cócegas na barriga. Não devia. Semanas depois, ela lhe agradeceu por ser seu amigo e ter estado ao seu lado, e foi nessa hora que ele soube que havia se apaixonado por ela. Ele desafiou a si mesmo por ser tão ingênuo e por acreditar que podia ser seu amigo sem cair rendido aos seus pés, sabendo da fraqueza que ele tinha desenvolvido por ela desde o momento que a viu. Mas não tinha mais nada o que fazer, devia se limitar a ser o seu melhor amigo eternamente apaixonado. Era isso ou se separar dela, algo que não queria fazer. Já não podia viver sem o balanço do seu cabelo, sem o seu sorriso doce, e sem seus comentários sobre a cara de preocupação de Benja, antes de lhe dar um abraço e um beijo em sua bochecha, deixando seu aroma impregnado nele.

- Me verás caer – cantou uma voz feminina atrás dele – Como una flecha salvaje – a garota o abraçou por trás, já que ele estava sentado no sofá verde que usavam para as apresentações – Me verás caer entre vuelos fugaces...

Ele sorriu forçado, e ela se sentou ao seu lado. Lali Espósito, com o cabelo meio úmido por causa do banho, sorriu para ele.

- Para que você está cantando Soda Stereo? Algo muito importante deve estar passando pela sua cabecinha – e afastou seu cabelo, provocando calafrios nele – Quer me contar o que aconteceu?

Amadeo suspirou.

- Na verdade não, Lali... eu  queria ficar sozinho, se você não se importar.

- Ah.

- Não fica chateada, só que... você sabe que eu venho aqui depois das apresentações é uma coisa especial, esse é – ela levantou a mão, interrompendo ele.

- Seu refúgio, eu sei, mas... – balançou os ombros, incomoda – Não sei, eu queria que você confiasse em mim.

- Eu confio em você...

- Sim, mas não como deveria. Digo... somos melhores amigos, não somos? Não deveria te incomodar que eu fique no seu refúgio...

Benja ficou estático. Uma coisa era ele ser um patético brincando de ser o melhor amigo apaixonado, e outra coisa muito diferente era que ela mesma disse-se. Ele se levantou rapidamente, deixando ela surpreendida.

- Melhor não, sabe o que? – e a olhou nos olhos – Melhor eu não ser teu melhor amigo. Na verdade, é melhor eu nem ser seu amigo – Lali negou.

- O que está dizendo? – sussurrou.

- Isso mesmo que você ouviu! Como você pode não perceber? Lali, pelo amor de Deus! – levou suas mãos a cabeça – Você não percebe o porquê deu não querer você aqui comigo?! – ela também se levantou.

- Me desculpe não ser capaz de adivinhar tudo o que se passa na sua mente complicada!

- Se eu não quero você aqui, é porque é o único lugar e momento do dia em que eu posso ser completamente sincero comigo mesmo pelo que eu sinto por você.

- Como?

Ele, desesperado e sem poder evitar, a beijou. Sabia que não podia fazer isso, mas não tinha outro jeito a não ser, te-la em seus braços, e poder desfrutar do que a messes queria: o sabor da sua boca. Uma mão mexia com o seu cabelo e a outra estava na sua cintura, trazendo ela para mais perto dele. Lali, sem pensar muito, respondeu ao beijo, mas seus braços não se mexeram. Quando se separaram, ela o observou com os olhos abertos de surpresa. Benja, envergonhado, olhou pra outro lugar e voltou a se sentar no sofá.

- Bom... – disse Lali – É... a gente se vê amanhã, né? Tchau.

O dia seguinte tinha sido uma tortura para Benja. Não tinha conversado com Lali, só haviam cruzado olhares que rapidamente foram desviados. Sentiam-se incômodos com a presença um do outro. Quando terminou a ultima apresentação do dia, ele foi ao seu refúgio, precisava pensar mais que nunca. Todo o plano de ser paciente tinha ido por água abaixo, quando cometeu o erro de beija-la. Porque ele não foi capaz de se controlar?

- Parece que o violão está um pouco desafinado, não?

Lali sentou-se ao seu lado. Ele percebeu que ela tinha razão e começou a afinar o violão, enquanto ela o olhava em silencio.

- Fiquei o dia todo pensando no que aconteceu ontem.

- Eu também – ela segurou a mão dele que continuava a mexer nas cordas.

- Benja... vamos conversar sobre isso – suspirou – Ontem, quando você... – ele a interrompeu.

- Olha, La... melhor a gente esquecer isso. Vamos fingir que o de ontem nunca aconteceu.

E quis se levantar. Mas ela o impediu rapidamente.

- Não, para – e respirou fundo – fiquei pensando nisso, no seu refúgio... – e olhou ao redor – Não sei, eu não tenho nenhum lugar em que me sinto bem, que seja meu. Mas então... – e deixou a frase ao vento, e o olhou diretamente nos olhos – Preciso fazer uma coisa.

- O que?

Ela segurou seu rosto, e para a surpresa de Benjamin, o beijou. Doce e suavemente, explorando suas bocas com lentidão.

- Precisava ter certeza – sussurrou no meio do beijo.

- De que? – ela deixou os seus lábios e se escondeu no pescoço dele.

- Quando você me beijou ontem... me senti tranquila, e me lembrei de tudo o que você falou, como se sentia no seu refúgio. E... – abraçou ele mais – Acredito que já descobrir qual é o meu: você. Me faz sentir tão bem...

- Lali, eu te amo – disse sem excitar – Com o coração, e estou seguro disso. E... – suspirou – Não sei... Eu sei que é estranho dizer isso, mas não quero mais sofrer...

- Eu também não quero que você sofra. Pelo contrário, eu... quero que você fique bem. Bem e comigo.

- Você tem certeza que não esta confundida? Que... – ele estava com medo de continuar – Que você não esta confundindo esse sentimento com o de amigo?

Lali pareceu pensar alguns segundos. E finalmente disse:

- Eu me sinto muito bem com você. Sei que posso rir, chorar, falar bobagens, falar de coisas sérias... e eu gosto disso.

- Como um amigo – ela apoiada em seu peito, sorriu.

- Não, porque sempre tive a sensação de ter algo a mais. E às vezes, um sorriso ou um olhar não eram suficientes. Não sabia como interpretar isso, mas... você é mais que um amigo pra mim, muito mais. Você é o meu refúgio.

Mordendo o lábio, com o dedo conduziu a mandíbula de Benja, ate que ficaram muito pertos. O passo seguinte era obvio. Por que às vezes, os refúgios não são lugares, mas sim pessoas.

Eles tinham um refúgio, uma pessoa com quem se sentiam tranquilos, seguros, a salvos. Uma pessoa com a qual podiam ser eles mesmos, sem medo de nada, e refletir para aproveitar o melhor da situação. Benja era o refúgio da Lali. E Lali tinha sido o melhor refúgio que o Benja jamais sonhou em ter.