Fanfic: DNA - Portiñón | Tema: Rebelde

Dulce

Após ela passar pelo portão de desembarque, senti que por fim meu coração batia novamente. Fora a semana mais torturante da minha vida. Mas conforme batia, sentia uma dor e angustia que nunca havia sentido. Após abraçá-la e sentir seu perfume, me senti mais calma, mas não o suficiente para fazer aquela dor que sentia ir embora.

Anahí: Senti saudades, meu amor.
Dulce: Eu também senti, minha linda. Como está?
Anahí: Muito bem - sorriu, parecendo forçado demais para ser um sorriso de Anahí - Vamos sair daqui.
Dulce: Claro - segurei sua mão e caminhamos para fora do aeroporto.

Durante o caminho ficamos caladas. Não havia o que dizer. Eu passava a mão em sua perna, e ela me olhava, sorrindo, como resposta. Mas ela estava tensa. Eu sabia que estava.

Anahí: Será que poderíamos passar em algum lugar antes de chegarmos em casa? Queria conversar.
Dulce: Claro. Quer ir a Starbucks?
Anahí: Pode ser. Podemos conversar lá - suspirou.

Dei meia volta no carro e fui em direção a cafeteria. Do jeito que estavamos no carro, entramos lá. Fizemos o pedido, e até chegar, nos mantivemos em silêncio. E quando chegou, Anahí mal tomava algo, somente o segurava, apreensiva e tirando todo o gelo que tinha em seu café. Tive a intenção de iniciar uma conversa, mas não sabia o que falar. Por fim, ela quebrou o silêncio.

Anahí: Sabe Dul, esses dias me dizeram pensar. Aliás, o que eu mais fiz nessa viagem foi pensar. E quando estava naquele escritório... pensei demais em nós duas. Lembra na morte da vovó? - me olhou e eu assenti - Tudo o que eu disse é verdade, Dulce. Eu sou uma mulher, como deve perceber - riu - E como todas as mulheres, eu quero me casar. Me casar com um vestido de noiva branco e comprido, e com meu pai me acompanhando até o altar. Quero ter filhos, me preocupar com eles quando saírem a noite, quero ficar velhinha ao lado do meu amor - fungou, e seus olhos já estavam banhados em lágrimas - E pra ficar com você, eu teria que me privar de tudo isso. Por maior que seja meu amor.
Dulce: Isso quer dizer que... você assinou mesmo os papéis?

Por um momento senti que meu mundo ia desabar. E pensar em nós duas separadas... doía demais. E doía bem mais do que eu pensava que fosse doer. Tentei segurar, mas acabei não conseguindo. As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, e eu a mirei. Ela retribuiu meu olhar, mas diferente do meu. Ele tinha dor, sofrimento... e o dela, ternura. Colocou sua mão em cima da minha e a apertou, como se quisesse dizer: "Eu sinto muito". Naquele momento, fechei meus olhos e suspirei. Não podia ser verdade.

Anahí: Não, meu amor - respondeu, com a voz falhada - Eu vou me privar de tudo isso - a olhei não acreditando naquilo - Eu não assinei o contrato.

E então, minha felicidade voltara. Meu castelo voltou a se reerguer como se nunca tivesse sido desmoronado. Ela não assinou, ela não assinou. Saltei da cadeira e a abracei. Nada mais importava naquele momento. Por que nós iríamos ficar juntas.
Dulce: Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
Anahí: Eu também te amo, meu amor. Te amo mais do que tudo.
Dulce: Você tem noção do que fez? - sorri, segurando seu rosto.
Anahí: Não importa. A única coisa que importa, é que abri mão de uma das coisas mais importantes da minha vida.
Dulce: A sua carreira.
Anahí: Não... - sussurrou.

Senti que ela tinha abrido mão de uma coisa realmente muito importante, por que pelo estado em que ela se encontrava, era impossível ser qualquer coisinha. As lágrimas rolaram de seus olhos, e começou a soluçar. Era como se ela não tivesse forças para falar o que era aquilo.
Dulce: Calma, Anny - passei meu dedo pela sua bochecha, limpando a lágrima - O que foi? Do que você abriu mão?
Anahí: Do Christian - respondeu e me abraçou.

Fiquei paralisada. Era de se esperar que ela estivesse daquele estado. Christian era quase tudo para ela, depois de mim e de Manuela. Abracei-a, mas fiquei sem reação, por que eu nunca ia esperar aquilo dela. A situação em que ela se encontrava era depressiva. Fiquei abraçada a ela um bom tempo até ela se acalmar. Minha intenção era levá-la até a casa de Christian, mas depois de como havia ficado, resolvi que o melhor para ela, ia ser ficar em casa.

Dulce: Hey, acalme-se - passei a mão pelo seu rosto, e ela deu um sorriso de canto - Mamãe vai ficar feliz em saber que você não vai embora.
Anahí: Eu também estou feliz por não ir embora.
Dulce: Então não fique assim. Sorria.
Anahí: Espera - segurou minha mão - Eu estava pensando e... - ficou calada.
Dulce: E?
Anahí: O que acha de irmos embora de casa? Nós duas?
Dulce: Como assim?
Anahí: A gente pode comprar um apartamento. Podemos morar juntas. Papai e mamãe vão achar que é por que queremos começar algo novo. Não sei... sair da asa deles. Acho que já passamos da idade de morar com papai e a mamãe.
Dulce: Podemos pensar nisso - sorri. Aquilo tinha me pego desprevinida.
Anahí: Outra coisa - suspirou pesadamente - Quando eu estava naquela sala, a única coisa que me vinha a mente era o que eu estava fazendo ali. Como é que eu poderia começar uma vida sem você.
Dulce: E por que decidiu indicá-lo?
Anahí: Christian tem todo o potencial que eles precisam. Ele tem força, garra, vontade. E não nada que o prenda aqui. Ao contrário de mim. Foi engraçado, sabe. Na hora que peguei a caneta - explicou - No lugar de assinar meu nome, coloquei o dele, escrevi seu telefone e me levantei, agradecendo. Quando Cristina olhou o contrato e viu que eu não tinha assinado, ficou sem reação. Ela sabia como eu queria aquilo. Mas bem antes de existir eu e você. Foi a melhor decisão a tomar.
Dulce: Sem dúvidas. Coisas melhores virão agora, Anny.
Anahí: Assim espero - sorriu, soltando minha mão - Agora vamos. Quero dar a notícia a eles.
Dulce: Claro - sorri e saí do carro.

Ao entrarmos em casa, ela ficou como quase dez minutos abraçada a Manuela. Quando nossos pais entraram na sala, e ela disse que ia ficar, minha mãe quase chorou de emoção. Enquanto a observava de longe, notava que por melhor que pudesse ser aquilo, a tinha abalado muito. Mas eu sabia que depois daquilo, nada mais importava.
Maite: Então ela vai ficar? - me questionou irritada, no dia seguinte.
Dulce: Aham. Essa aqui não ficou legal - mostrei a foto a ela, que deu os ombros.
Maite: Qual é a de vocês? Também não gostei. Prefero a outra. Vão bancar o marido e mulher agora?
Dulce: Não. Primeiro porque somos duas mulheres - ri . Vamos ficar juntas... só.
Maite: Sério, Dulce, não consigo entender isso.
Dulce: Já faz cinco meses que estamos juntas, e quase um ano desde que ficamos a primeira vez, se eu fosse você, já tinha entendido.
Maite: Não tem como entender.
Dulce: É tão simples. Aceite.
Maite: Não, não é simples. E se eu começasse a ficar com meu irmão?
Dulce: Eu ia achar normal - dei os ombros.
Maite: Por que acontece com você, sua idiota. Vocês estão loucas, de boa. Ela não é mulher pra você.
Dulce: Maite, quer saber, eu estou cansada disso. Há meses eu venho ouvindo a mesma coisa. E deixa eu te falar uma coisa, se você não aceita que nos amamos e que estamos juntas, não sei por que somos amigas.
Maite: Você acha muito o fato de serem irmãs?
Dulce: NOS AMAMOS - me alterei - Entenda isso de uma vez por todas. Estou cansada de você me criticar por Anahí e eu estarmos juntas.
Alfonso: Vocês o que? - perguntou. Me virei e olhei-o.

Vinha escondendo o máximo que podia de Alfonso. Por que sabia que se ele soubesse, isso o faria ficar mais louco ainda.

Dulce: Poncho, não é...
Maite: Vamos Dulce. Chega de esconder. Conte a ele por que Anahí deixou meu Christopher.
Alfonso: Você e Anahí estão juntas?
Dulce: Poncho, nós... - passei a mão pelos cabelos. Que desculpa eu daria? - Não conte a Christopher, por favor.
Alfonso: Isso é crime, Dulce. Incesto é crime.

Incesto, incesto, incesto. Não aguentava mais ouvir aquela maldita palavra. E já que os dois sabiam, explodi.