Fanfic: DNA - Portiñón | Tema: Rebelde

Anahí

Parecia que depois do nosso final de semana, tudo começou a correr mais rápido. Bem mais rápido do que o normal. O aniversário de Dulce chegou, e pela primeira vez pude disfrutar daquele dia com ela. Manuela, ela e eu estávamos mais unidas do que nunca, e não era de se admirar que pensassem que era nossa filha, pois a tratávamos como. Meus pais continuavam cegos e surdos e graças ao bom Deus, nem percebiam que entre mim e Dulce havia algo a mais do que uma relação de irmãs. A exibição da peça estava acabando, e a cada dia, o aperto no meu coração aumentava mais e mais. O dia de dizer a Dulce que eu iria sair de casa estava chegando, e por mais que eu quisesse crescer profissionalmente, eu também não queria perder minha família justamente agora que eu a havia conquistado. Tentava me controlar na frente dela, não começar a chorar, mas as vezes era impossível. Eu já havia contado a ela que ia sair de casa, mas não estávamos juntas e... fazia tanto tempo. Já não aguentava aquela angustia, aquela dor. Christian, como sempre, me aconselhou diversas vezes para que falasse com ela, esclarecesse a verdade, mas eu não me sentia em condições para chegar nela e dizer: "Eu sei que você largou a sua namorada, a sua vida pra ficar comigo. Sinto muito, mas estou indo embora de casa". Era egoísmo fazer aquilo, e tampouco sabia se ela iria entender. Com o final de Setembro mais próximo que nunca, acabei recebendo uma ligação não tão agradável. E ela, acabou sabendo da pior forma o que estava por acontecer.
Anahí: Boa noite - passei por meu pai e por Manuela.
Manuela: Oi Anny - sorriu.
Anahí: Oi - dei um sorriso fraco e fui em direção a escada.
Enrique: Boa noite - me cumprimentou, sem tirar os olhos da tv.
Anahí: Amor,a Ni já chegou? - perguntei a Manuela.
Manuela: Ainda não.
Anahí: Obrigada - subi as escadas e fui para meu quarto.

Ao entrar em meu quarto, me espantei. O quarto que estava todo bagunçado, como eu havia deixado de manhã, agora estava todo arrumado, e em cima da minha cama tinha uma rosa azul e um bilhete. "Achei que podeira te animar um pouco. ♥ Dulce ". Sorri, cheirando a rosa e me deitei na cama. O que eu ia fazer? Qual seria a reação dela quando eu dissesse que a gente simplesmente ia ter que deixar tudo para trás e seguir nossas vidas em frente? Eu, com um ou mais homens ou mulheres , e ela, quem sabe, com Marcela, ou outra mulher. Eu realmente queria que aquilo durasse para sempre. Ou quem sabe, queria que aquilo nunca tivesse existido.
Que eu simplesmente não tivesse me apaixonado por ela. Assim nos iria poupar muito sofrimento. Olhei para o porta-retrato que Christopher havia me dado de presente e olhei atentamente as fotos. Eu havia retirado uma minha e de Christian que tinha, para dar lugar a uma que havia somente Dulce e eu. Aquela que eu havia achado que ela estava gordinha. Meus pensamentos foram interrompidos pela minha menininha que entrou no quarto correndo, e dizendo que o jantar já estava pronto. Acho que minha tristeza estava muito notável, que não pude esconder nem dela.

Manuela: O que foi, Nena? - passou a mão nos meu cabelo, fazendo carinho.
Anahí: Eu estou triste - tentei conter o choro.
Manuela: Por quê, Nena?
Anahí: Por que eu não quero deixar você... e nem a Dul.
Manuela: Espera ai - saiu correndo do quarto.

Fiquei sem entender o que ela ia fazer, mas minutos depois ela apareceu ao meu quarto agarrada a uma boneca de pano que me lembro ter ganhado de Dulce no Natal... ou do Papai Noel, como ela achava. Me sentei na cama e ela ficou em pé, ainda abraçada a boneca.
Anahí: Que linda a sua boneca - sorri.
Manuela: O Papai Noel que me deu de presente.
Anahí: Aham, eu me lembro. E você gosta muito dela, não é?
Manuela: Gosto - assentiu - Sabe por que ele me deu ela?
Anahí: Por que era Natal não era?
Manuela: A Ni me ajudou a escrever uma carta pra o Papai Noel.
Anahí: E o que você escreveu nela?
Manuela: Que de presente eu queria ganhar um abraço seu.

Me segurei o máximo que pude, mas antes que eu pudesse evitar, as lágrimas já caiam dos meus olhos e eu olhava para cima, para tentar me conter. Respirei fundo e a olhei.
Anahí: É? - perguntei, quase sem voz.
Manuela: Aham. E o Papai Noel disse pra Ni que toda vez que eu quisesse te abraçar, era pra abraçar a boneca e ai você ia sentir meu abraço. Só que eu não preciso mais dela - estendeu a boneca a mim e eu a peguei.

Olhei atentamente a boneca, mas a coloquei de lado em seguida. Abracei Manuela e comecei a chorar mais do que já estava chorando e não conseguia me conter. Tentei parar, mas quanto mais tentava, mais impossível ficava. Eu não tinha o que dizer, não tinha o que fazer. Como um dia eu pude ser capaz de fazer aquilo com uma menina de 3 anos?

Anahí: Me desculpa... me desculpa - repetia quase sem voz.

Vê-la falar aquilo me fez ficar tão frágil. E principalmente vê-la frágil. Depois de alguns minutos, parei de chorar, limpei minhas lágrimas e peguei a boneca, sorrindo.

Manuela: Agora ela é sua. E toda vez que você ficar triste, você pode abraçar ela.
Anahí: Obrigada.
Manuela: Vamos jantar, Anny? Eu estou com fome.
Anahí: Vamos - me levantei - Pode ir lá, que eu só vou lavar meu rosto e já vou, ok?
Manuela: Tá bom. Te espero. Ah, e a Ni já chegou, tá?
Anahí: Tá bom, minha linda. Eu já desço - sorri, deixei a boneca em cima da cama e fui para o banheiro.

Lavei meu rosto e passei um colírio nos olhos, para ver se diminuia o vermelho. Tentei colocar um sorriso no rosto mas foi em vão. Estranhei Dulce não ter ido até meu quarto, mas desci sem passar perto dela, mesmo por que, quando cheguei a cozinha ela estava lá.