Fanfic: The Forbidden Love | Tema: Vampire Knight
Sentia-me inteiramente só. Não é que o esteja. Sei que tenho pessoas que gostam de mim e que estão sempre ao meu lado quando eu precisar, mas falta-me algo… Ou alguém. Estava de novo a escrever no meu diário sobre as coisas que se passaram na minha vida. Sobre coisas que aconteceram no passado e que nunca fui capaz de esquecer. Estava sentada em cima da minha cama ainda por fazer. Sentia o vento vindo de fora da janela a acariciar-me a face e a levantarem os meus longos cabelos castanhos como o chocolate. O Outono começara à pouco tempo e já se começava a notar as folhas das arvores a secarem e a caírem.
Hoje era mais um daqueles dias que passava fechada no quarto. Kaname tinha saído para tratar de assuntos importante e pediu-me para ficar em casa. Podia ser perseguida por alguém que deteste os sangue-puros. A verdade é que o meu quarto tornou-se a minha nova casa. Ainda estava a tentar acostumar-me a esta nova vida. Era difícil acreditar que era uma vampira, um ser que sempre tive medo. Tinha saudades de voltar à minha casa, junto dos meus amigos e do meu pai adoptivo. Queria voltar a ser uma guardiã da escola. Agora que estava mais forte de certeza que iria melhorar nos estudos, principalmente na matemática. Sempre foi um quebra-cabeças para mim.
As costas começaram-me a doer pela posição em que estava. Decidi ir dar um passeio pelo pequeno jardim que havia nesta ENORME mansão. Vesti umas calças de ganga e uma camisola de lã vermelha. Coloquei um cascol que Kaname me dera. Era vermelho e preto, combinava perfeitamente com a cor da minha camisola. Desci as escadas que davam para o centro da mansão e para a porta da saída. Sempre que passava pelas escadas olhava em volta das paredes cheias de quadros. Muitos deles mostravam duas pessoas a abraçarem-se. Tinha como paisagem de fundo muito bonita, com flores de multi-cores. Eram formosos e traziam alegria para todos os que passavam por aqui.
O vento tornara-se mais forte. As árvores abanavam ferozmente como se estivessem chateadas com alguém. O meu cabelo começou a criar pequenos nós que seriam difíceis de desembaraçar. No meio dos meus pensamentos andei pelo caminho feito de pequenas pedras brancas e cintilantes. O cheiro das pétalas que passavam por mim faziam-me sentir estranhamente livre, como um pássaro que voa para onde quiser. Sempre adorei pássaros e a sorte que tinham em puder ser livres.
Nunca pensei que as coisas poderiam ter chegado até este ponto. Sei que a decisão de vir com o Kaname foi minha e sei também que estou arrependida por ter aceite a sua proposta sem pensar duas vezes; mas tinha vários motivos para o ter feito. Era meu irmão e não o podia deixar; estava comprometida a ficar com ele para o resto da minha vida. Sabia que o amava e sempre o amei desde o dia que ele me salvou daquele vampiro.
Mas… Será que valeu mesmo a pena? Deixei tantas pessoas para trás para ficar com ele. Será que ele merecia assim tanto? E o zero? Será que está bem sem a minha ajuda? Será que vai aguentar sem beber do meu sangue?
As mesmas perguntas começaram a aparecer na minha cabeça. As mesmas perguntas que ainda não tinham resposta.
O céu começava a ficar escuro e o vento ainda mais frio e forte. Está na altura de voltar para a prisão. Comecei a correr de volta para a mansão. Sempre detestei o escuro e estar sozinha dentro dele.
A mansão estava tal e qual como quando tinha saído. Parece que ninguém ainda tinha chegado. Voltei a subir as mesmas escadas e passar pelos mesmos quadros que me deixavam um pequeno sorriso nos lábios.
Comecei a despir a roupa e a vestir o meu pijama quando voltei à minha pequena e acolhedora “casa”. Estava cansada. Nestes últimos dias a minha energia esgotava-se muito rápido. Não bebia sangue à algum tempo mas sabia que não era algo que fosse depender para já.
Enfiei-me dentro dos pesados cobertores e tentei fechar os olhos para adormecer um pouco. Não dormia nada à dois dias e isso já se notava na sua cara.
Acordei de repente quando ouvira o toque do meu telefone. Nem tinham passado dez minutos desde que adormecera.
“Estou sim?”
“Yuki! Minha querida bebé!”
Os meus olhos encheram-se de lágrimas quando ouvi aquela voz jovial e divertida. Não sabia nada do meu pai adoptivo desde que me fui embora com o Kaname.
“Pai! Estou tão contente por estar a falar contigo! Como estás? As coisas têm andado bem por aí? O Zero está bom?”
“Está tudo bem por aqui. A escola foi reconstruída e os alunos voltaram a ter aulas. Claro que agora está tudo mais calmo. Os alunos não voltaram a pôr-se as portas dos dormitórios da Night class.”
“ E o Zero?”
“ O Zero tem andado um pouco em baixo, mas isso já é normal dele. Às vezes ainda o vejo a sofrer um pouco por causa da sua situação. Mas está tudo bem, dentro do possível.”
Comecei a sentir uma dor dentro de mim. Sabia que parte da culpa era minha. Sempre que lhe dava do meu sangue Zero sentia-se melhor e agora que não estava lá as coisas poderiam piorar.
“Vou ter com vocês amanhã de manha!”
Um silêncio desconfortante prevaleceu na nossa conversa. Sabia que a resposta seria algo do tipo “ Não sejas irresponsável. Sabes que não podes vir assim nesse estado. Ainda estás muito fraca para poderes sair sozinha. De certeza que o Kaname não iria permitir!”
“ Eu quero ver-te minha pequena.”
“ Então eu vou aí já amanha! Eu falo com o Kaname! Mesmo que ele não deixe, eu vou tentar convence-lo!”
“ Fazemos assim então. Vou mandar vir aí alguém para te ir buscar as oito da manhã. Peço-lhe para esperar dez minutos. Se até essa hora não estiveres ele vai embora.”
“Óptima ideia! Mas de certeza que eu vou estar às oito certinhas lá!”
“Fica combinado então. Vou ter de desligar minha querida. Combinei uma pequena reunião com todos os professores. Está quase a começar. Até amanha!”
“Até amanhã pai!”
Estava tão entusiasmada com a ideia que nem reparei que alguém tinha entrado no meu quarto. Kaname estava encostado à porta com os braços cruzados juntos ao seu peito a observar-me com os seus olhos escuros e perturbantes. Em poucos segundos Kaname já estava a agarrar a minha cintura e a puxar-me contra o seu tronco.
“Queres mesmo ir não é?”
“Sim quero. Quero ficar lá uns dias senão te importares.”
“Irei-te levar. Não te posso deixar sozinha.”
“Obrigada.”
Acordei por volta das seis da manha. Ainda era de noite. Apesar de adorar esta época do ano não gostava de o dia ser mais pequeno que a noite.
Comecei a arrumar as minhas roupas e acessórios que poderei precisar quando estiver fora. A roupa foi a primeira coisa a ser colocada na mala, seguida dos acessórios de higiene e por fim algumas coisas extra. Tive de me por em cima da mala para a puder fechar. Acho que exagerei um pouco.
Faltava uma hora para me virem buscar. Aproveitei para tomar um duche. A água quente ia me ajudar a acordar e a descontrair. A verdade é que estava muito nervosa e ansiosa. Era bom voltar a casa mas não sabia como iria encarar as pessoas que deixei para trás.
Quando faltavam dez minutos para as oito fui ao quarto de Kaname. Bati a porta três vezes e esperei calmamente por ele. Já era um hábito para mim. Ele dissera-me para bater três vezes que ele viria logo. Não gostava de ser perturbado por alguém, mas se fosse eu não se importava.
“Estou pronta.”
“Eu também e está na hora.”
Kaname pegou com a sua mão direita a minha mão e com a outra no meu saco de viagem.
Fora da mansão estava um carro preto com um senhor de meia-idade encostado. Kaname e o senhor colocaram as minhas malas no porta-bagagem enquanto eu me sentava no banco de trás.
A viagem foi silenciosamente agradável. O meu coração batia velozmente quando comecei a ver a minha casa ao fundo. As ruas começaram a ser familiares para mim e começava a ver lojas que eu costumava ir com a Yori nos tempos livres.
Junto da entrava estava o meu pai adoptivo e Yagari. Foi bom voltar a abraça-los e a ouvi-los novamente. Os quatro subimos a longa escadaria que dava para a escola. Enquanto falava com Yagari sobre as novidades da escola e como decorreu a reconstrução, Kaname falava com Kaien.
Decidi voltar par ao meu quarto antigo. Tinha medo de sentir alguma sede junto de Yori enquanto estivéssemos a dormir no dormitório e não puder evitar. Kaname ajudou-me a levar as coisas. Silenciosamente, juntos começámos a arrumar as minhas coisas nos lugares correctos.
“Vê-se na tua cara que estás mais que feliz por estar aqui.”
“É bom voltar a ver as pessoas que nos amamos.”
“Sim, eu sei. Foi bom voltar a ver-te.”
A forma como Kaname falava comigo fazia-me sentir um demónio. Iria deixa-lo, mais uma vez, sozinho. E isso deixava-me angustiada. Abracei-o e dei-lhe um beijo no pescoço. Era difícil chegar até ele sem ele se baixar.
“Desculpa deixar-te sozinho.”
“Desde que estejas bem eu não me importo de estar sozinho.”
Kaname agarrou a minha cintura e juntos saímos do quarto. Os meus pensamentos começaram a dispersar mais uma vez. Voltei a fechar-me no meu mundo e mal reparei na força que Kaname fazia para me manter junto dele. Mal reparei na pessoa que estava à nossa frente. Kaname tapou-me os olhos e começou a falar baixo, mas era possível ouvir quem estivesse cerca de três metros de nos.
“ Só quero que tenhas cuidado com o Kiryu. Sabes que ele ainda não está completamente curado e vai querer voltar a beber do teu sangue. E eu não quero que isso volte a acontecer. És demasiado preciosa para seres magoada por um monstro como ele.”
Sai do meu mundo quando ouvi a voz áspera de Kaname ao dizer aquelas rudes palavras.
“O Zero não é má pessoa. Ele nunca iria obrigar-me a nada. Se ele precisar de sangue eu darei.” Fiz uma pausa e continuei a falar. “ Podes tirar a mão dos meus olhos por favor?”
Kaname tirou agilmente as mãos dos meus olhos… E então eu vi… Os belíssimos olhos roxos que tanto desejei sob mim. A sua expressão era indecifrável mas ainda conseguia ver um pouco de espanto nos seus bonitos olhos.
“Kiryu… Que bom ver-te novamente.” Começou Kaname por dizer.
“Estás com agradáveis cumprimentos para quê?” Perguntou Zero com uma voz que se notava a fúria e ódio que sentia por Kaname. “ Dizes que sou perigoso para a Yuki mas já olhas-te bem para ti? Sempre seguiste e aceitas-te tão bem a ideologia do presidente mas nunca foste capaz de deixar de ficar doido pelo sangue da Yuki. Os comprimidos que te deram não são o suficiente é?” Zero fez uma pausa para recuperar fôlego. “E então tu dizes-me que eu sou um perigo para a vida de Yuki não é? Mas será que ela estará bem junto de ti? Afinal, qual de nós e o sangue puro aqui? Que lhe tirou a vida humana?”
Ao meu lado, Kaname continuava a olhar pacificamente para Zero.
“Pois é Kuran. És tão perigoso quanto eu. E se for preciso, eu prefiro morrer à sede do que beber do sangue da Yuki se ela não querer. Enquanto tu, sem mesmo ela querer, tornaste-a em algo como tu.”
Isto está a começar a ficar feio. Pensei para mim mesma.
Secretamente comecei a puxar a Artemis da minha perna, preparada para o pior.
“Falas dos vampiros como se tu não fosses um.” Kaname usou a mão que tinha livre para puxar o cabelo para trás. Começava a sentir um pequeno nervosismo vindo dele. “Então diz-me Kiryu. Se detestas tanto os vampiros, porque bebeste do sangue da Yuki? Porque não preferiste esperar pela tua morte?”
Os olhos de Zero ficaram sombrios e os dentes semicerraram.
“Tenho as minhas razões.”
Kaname aproximou-se mais de Zero sem me deslargar. Observou-o com os seus olhos estudiosos. “ Que poderia ser? Vingança? Medo? Ou...” Fez uma pausa e sorrio. “Será outra coisa? Sempre te posso mostrar algumas coisas que gostarias que acontecessem…”
Zero parecia agora um monstro furioso. O que acontecera a seguir foi demasiado rápido para eu conseguir acompanhar. De um momento para o outro Kaname soltou-me e empurrou-me cuidadosamente para o lado enquanto Zero lhe apontava a arma que usava contra vampiros.
Sem pensar duas vezes coloquei-me à frente de Zero de modo a que Kaname estivesse protegido.
“Mas que estás a fazer? O Kaname não te fez nada!” Disse eu furiosa por ver a situação a chegar a este ponto.
“Eu estava a preparar-me para disparar contra ele. Ele fez tudo para me provocar!”
Zero colocou a arma dentro do seu casaco e tirou-me a Artemis das mãos colocando-a de novo na minha perna. Dando um olhar feroz a Kaname, Zero foi-se embora sem dizer uma palavra.
“Zero!” Chamei tentando agarrar a sua mão mas a única coisa que consegui agarrar foi o ar. Zero nem sequer voltou a olhar para mim nem a dizer uma única palavra.
“Que fizeste para ele ficar neste estado?!”
“Nada. O Kiryu apenas não gosta de algumas coisas que eu pensei.” Disse Kaname enquanto me agarrava pela cintura. “Está na hora de ir. Tenho um longo dia hoje.”
“Sim. Eu vou-te dando notícias.” Disse eu enquanto Kaname me abraçava e beijava a testa.
“Tem cuidado pequena.”
Fiquei novamente só. Estava completamente chocada com o que acontecera. Nunca vira o Zero desta maneira. Será que está demasiado sedento que não se consegue controlar? Tenho de o procurar! Sem pensar duas vezes corri para o seu quarto. Esperava que o pudesse encontrar lá. Ou no seu antigo quarto ou no quarto dos dormitórios. Eram dois sítios que ele costumava estar todos os dias. Decidi ir primeiro ao seu quarto antigo, não era muito longe do meu. Bati à porta um monte de vezes, mas sem resposta. Decidi entrar, era bem provável que estivesse lá dentro. Os meus olhos arregalaram-se quando vi uma figura esbelta sentada no chão com as costas encostadas à cama. Tinha a tableta com os comprimidos no chão e um copo de água. A cara estava tapada com uma das suas longas mãos. A camisola e o casaco do uniforme que antes usava, estavam espalhados pelo chão, possibilitando-me uma belíssima visão do seu tronco nu. Fechei a porta atrás de mim com cuidado para não fazer muito barulho.
Comecei por pegar na roupa e a arruma-la no armário. De seguida peguei no copo e na tablete dos comprimidos e coloquei na sua mesinha de cabeceira.
Zero continuava na mesma posição sem dizer uma única palavra. Tirei o meu casaco e puxei a minha camisola para baixo, possibilitando a visão do meu pescoço nu. Sentada à frente dele, tirei-lhe a mão da cara para o puder ver. Estava num estado lastimável. Os olhos arregalados faziam sobressair o vermelho à sua volta. Pequenas olheiras começavam a aparecer.
“Zero…” Comecei a acariciar a sua face. Juro que poderia sentir a sua dor só de o ver e tocar. Era tão profunda e dolorosa que quase me fazia chorar. Zero colocou a sua mão por cima da minha.
“Eu quero… Estas mãos suaves, e o sorriso amável que tinhas, mesmo que eu não o mereça.”
Os meus olhos arregalaram-se em choque. Lembrava-me perfeitamente desta frase. No dia que ele tivera um pesadelo comigo e me agarrara com força. No dia que me queria beijar mas não tivera a coragem suficiente.
“Sei que precisas de mim, agora.” Os seus olhos começaram a ficar com cor vermelha. Sabia que não iria aguentar muito mais tempo. “Tens andando muito mal, já me o disseram.”
“Porque não fazes o que o teu querido irmão diz? Porque não te vais embora?”
“Porque pertenço aqui ao teu lado. Porque te prometi desde o inicio que não te iria deixar transformar num nível E.”
Os braços de Zero começaram a agarrar-me e a puxarem-me para si. Cuidadosamente, as suas presas cravaram-se no meu pescoço e sangue começou a escorrer por ele. Era uma dor que já não sentira à muito tempo; mas era uma dor que nunca detestei nem nunca evitei. Gostava de estar ali, nos braços de Zero a dar-lhe algo que ele precisava para viver. Estava completamente sedento. Desta vez bebera mais do que o normal, mas eu não me importava. Senti as suas presas a saírem do meu pescoço e a sua língua a limpar o sangue que tinha escorrido.
“Sentes-te melhor?” Não obtive resposta. Era natural.
“Estou preocupada contigo. Estavas tão furioso que eu já estava a imaginar que pudesses fugir e fazer algo extremamente perigoso.”
“Não tens de estar preocupada. Tenho cuidado de mim desde que te foste embora, lembraste? Deixaste-me.” Os lábios começavam-se a abrir num sorriso irónico e irritante. “Podes-te ir embora e não me voltes a fazer isto.”
“Não fales como se o que te acontecesse não fosse nada!” Disse-lhe dando um morro no seu peito. “ Ambos sabemos que não estás bem. E tem algo a ver com o Kana…”
“Não…Digas…Esse…Nome!” Zero rosnou furiosamente. Tirou-me de cima dele e deitou-se na sua cama. Conseguia ver os músculos a descontraírem-se. Devia estar exausto.
Sentei-me em cima da cama preparada para falar, na tentativa de o acalmar. Mas fui interrompida por ele.
“Não voltes a dizer o nome desse homem quando eu estiver contigo. Só o facto de o pronunciares dá-me vontade de dar um murro na parede.”
Não conseguia mover-me. Sempre soube que Zero detestava Kaname, mas não tinha a ideia de esse ódio ser assim tão grande e forte. Os seus olhos não largavam os meus e isso fazia-me ficar com uma pequena manchinha vermelha em cada bochecha.
“Podes-te ir embora. Quero ficar sozinho.”
“Não te vou deixar, estás com azar.”
Zero colocou as mãos na cara. Notei que estava a tremer e eu não percebia porquê.
“Que se passa?”
“Por favor, saí. Estou a falar a serio!”
“Não!”
Tentei ver a sua cara, puxando as mãos para baixo. Os seus olhos estavam fechados e os seus dentes cerrados. Zero sentou-se na cama, encostado à parede. Pegou em mim e puxou-o para si. Sem conseguir apanhar o que Zero estava a tentar fazer, senti a sua língua a lamber o meu pescoço e as suas presas a cravarem mais uma vez na minha pele magoada.
“Não te disse para ires embora?” Zero sussurrou com a sua voz rouca. Conseguia sentir a sua respiração rápida e descontrolada no meu pescoço que me fez tremer. Um suspiro saiu dele e mais uma vez bebeu do meu sangue.
As minhas mãos agarram as costas de Zero para conseguir suportar a dor. “Pensava que já te tinha dado o suficiente.” Disse com um suspiro.
“Foi o suficiente.” Disse Zero enquanto lambia os restos de sangue que saiam da minha ferida. “ Mas às vezes a raiva dá-me sede.”
“Continua então.”
Zero pegou em mim colocou-me em cima dele para ser mais fácil conseguir chegar ao meu pescoço. Os seus braços estavam em torno da minha cintura e as suas mãos acariciavam as minhas costas enquanto bebia.
A dor começava a ser incómoda mas eu não queria desistir. Comecei a respirar mais rápido e forte para conseguir a suportar. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo ele iria acalmar.
E estava certa. Zero acalmou com o tempo. Limpou cuidadosamente o resto do sangue que escorria pelo meu pescoço e pôs a sua cabeça sob o meu ombro. Agora que Zero estava mais calmo iria perguntar-lhe algo que estava na minha mente à espera de uma resposta.
“Zero… Porque odeias tanto o…Kaname?”
Ele estremeceu ao ouvir o nome daquele homem que detestava. Sem me responder à pergunta, Zero continuou a acaricia-me nas costas e depois o cabelo. Sabia que não me iria responder para já. A minha respiração era acelerada. As suas carícias davam-me arrepios de prazer. Sentia-me bem junto dele e a forma como ele me tratava. Este lado gentil dele me acariciar era uma forma de se desculpar pelo que fez hoje. Zero beijou onde me tinha feito a ferida e lambeu-a de novo por ainda escorrer sangue.
Com os olhos fixos em mim, Zero usou uma das mãos que estavam sobe mim para limpar o resto de sangue que estava no seu queixo. Os seus olhos vermelhos voltaram de novo aos seus lindos olhos de rubi.
Puxando-me mais para perto dele, Zero beijou-me a testa e olhou-me fixamente. “Ainda queres saber como é o sabor do teu sangue?” Perguntou-me com a sua voz rouca e tremulenta.
Sem lhe dar uma resposta ele aproximou a sua cara mais perto da minha até eu sentir o seu respirar ofegante. Lembro-me de lhe ter perguntado porque é que todos gostavam do sabor do meu sangue.
“Bem, sim gostaria de saber… Mas porq…”
As minhas palavras foram cortadas quando o vampiro de cabelos brancos me beijou nos lábios. Os meus olhos piscaram em choque. Um beijo vindo dele…
Era estranho que Zero me estivesse a fazer isto. Ele que crescera comigo como um irmão mais velho. O mesmo rapaz que quando o conheci era frio e solitário. O mesmo rapaz que andava comigo nas aulas e ajudava a estudar para os testes. O mesmo rapaz que esteve sempre do meu lado para me proteger. O mesmo rapaz que eu… Amava desde sempre.
De volta ao que estava a acontecer entre nos, eu senti algo dentro de mim que queria responder aquele beijo. Desastradamente agarrei-lhe e acaricia os cabelos enquanto beijava os seus leves e macios lábios.
Eu queria mais.
Desejando desesperadamente que não estivesse a exagerar, beijei-o ainda mais, conseguindo provar do meu sangue que restava nas suas presas. Tinha o mesmo sabor que os outros sangues – Um sabor metálico e estranho – mas também era doce como o chocolate.
Tentando provar mais do meu sangue, lambi timidamente as suas presas e os seus dentes. O efeito era extremamente bom e potente.
Zero estremeceu violentamente, como se tivesse caído nos mares frios da Antárctida. Apertando-me mais junto de si e acariciando a minha face com as duas mãos, Zero beijou-me mais uma vez. As nossas respirações faziam uma melodia agradável. Estavam em sintonia. Ás vezes saia um gemido vindo de mim ou de ele, mostrando o nosso prazer pelo que se estava a passar. Pos os meus braços em volta do seu pescoço para me encostar mais a ele, conseguindo sentir os seus músculos e o seu calor. Beijei-o de volta com toda a minha força, tentando-lhe dar todo o prazer que conseguisse.
Era como se aquela barreira que havia entre nós se estivesse desmoronado. Conseguia ver agora todos os sentimentos de Zero e isso agradava-me. Era bom puder partilhar com ele estas sensações. Consegui esquecer o Kaname e todas aquelas minhas duvidas que estavam a agustiar-me. A única coisa que eu conseguia pensar era no amor ardente e na paixão frenética que sentia por Zero. Conseguia sentir uma resposta vinda de Zero similar. Todo o amor e a paixão dele vieram para fora.
Os seus longos dedos passeavam pelos meus cabelos, acariciando cuidadosamente para não me magoar com alguma riça que tivessem feito. Os seus lábios estavam delicadamente esmagados contra os meus. Começava a sentir um calor agradável entre nos. Depois de um agradável beijo, o vampiro de cabelos brancos cintilantes lambeu o meu lábio inferior beijando no fim.
A nossa necessidade de ar fez com que parássemos com aquela acção. Zero colocou a sua cabeça encostada a parede e respirou desesperadamente. Os seus braços nunca me largaram a cintura.
“Porque é que fizeste-me…” As minhas palavras foram mais uma vez cortadas por ele.
“Perguntas-me porque detesto o Kaname? É por isto.” Disse Zero fazendo uma pausa para respirar. Aproximou-se de novo. “ Porque tu nunca perguntarias o porquê de ter feito isto se fosse o Kaname que estivesse no meu lugar.” Os seus olhos nunca largaram os meus. Estavam à procura de respostas. Acariciei a sua face enquanto tentava perceber o que se estava a passar.
“Estás-me a confundir Zero. Como é que tu sabes que isso poderia acontecer dessa maneira? Como consegues saber?”
“Ele mostrou-me.” Disse Zero enquanto acariciava-me a cara sem me deixar de olhar nos olhos.
“Ele mostrou-te…?”
Enquanto me beijava a testa, Zero murmurou “Houve apenas uma razão por ter lhe apontado a arma. Normalmente eu não desceria tão baixo. Ele invadiu-me a mente. Era como se me estivesse a ler todos os pensamentos, mas não… Ele estava-me a mostrar os seus pensamentos. Mostrou-me coisas que me deixava muito incomodado e irritado. Coisas que ele sabia que me iam afectar. Mostrou-me pequenos desejos que ele tinha… Desejos que te incluíam…”
“Que tipo de coisas?” Perguntei sem sabe onde é que Kaname poderia chegar. Não estava a compreender o comportamento que ambos tiveram e isso estava-me a irritar profundamente.
Tentando-me mostrar onde queria chegar, Zero beijou-me cuidadosamente a orelha e o pescoço. Conseguia sentir o respirar, agora mais calmo, a passar pelos sítios que beijara. Antes de puder reagir, Zero voltou a olhar-me nos olhos.
“Este tipo de coisas. Não sei o que queres chamar, mas para mim são fantasias sexuais. E eu reagi daquela maneira porque o odeio! Porque odeio que ele pense este tipo de coisas contigo!” Conseguia ver a fúria que vinha dos seus olhos. Uma pequena chama que aumentava quando se falava em Kaname. Zero acariciou a parte nua do meu pescoço. “ Eu não consigo suportar a ideia de o ver a beijar-te.”
Então, como se estivesse a mostrar em acções o que acontecia nos seus pensamentos, Zero abraçou-me e beijou-me delicadamente nos lábios. A sensação agradável voltou a apoderar-se de mim e a minha respiração acelerou quando Zero intensificou o beijo.
“Eu não consigo suportar a ideia de o ver a beber do teu sangue e a lamber o teu pescoço.” Depois do beijo delicado, os lábios de Zero desceram até ao meu pescoço, beijando-o e lambendo-o. Estava com medo de ele voltar a ter sede, sentia-me muito fraca depois de todo este monte de acontecimentos. Fiquei surpreendida quando começou-me a morder o pescoço sem entranhar as suas presas em mim. Era um toque suave e débil que me fazia arrepiar. Começava a respirar demasiado rápido porque o ar me faltava de tanto prazer que sentira. Acariciei os macios cabelos brancos de Zero para lhe dar algum conforto.
“Não consigo suportar a ideia de o ver a tirar te a roupa.” Zero começou-me a puxar a camisola até se ver um pouco do meu sutiã preto. Era a primeira vez que um homem me via deste modo e isso intimidava-me. Nunca pensei em algo deste género, nem em como me comportar neste tipo de situações, mas não me importei. Sabia que estaria bem com Zero e que ele nunca se iria arrepender do que fazia. Beijou-me mais uma vez o pescoço e desceu até ao centro do meu peito. Uma das suas mãos estava por baixo da minha camisola, fazendo pequenos círculos em volta da minha pele.
“Não consigo suportar a ideia de ele tocar no teu delicado peito.” Com a sua respiração acelerada ele voltou a olhar-me nos olhos sem me mostrar como acontecera na sua visão.
“E por fim… Não consigo suportar a ideia de ele fazer amor contigo.”
“Zero…” As minhas palavras fugiram quando vi os seus olhos cheios de tristeza e agonia.
“Nunca irei ser como ele, nem nunca irei ter-te como ele te tem.” Zero colocou a cabeça em cima do meu ombro. Sentia os seus músculos a descontraírem e a sua respiração a acalmar, tal como a minha. Ganhei forças e puxei-o para pudermos os dois ficar ao mesmo nível. Coloquei uma das minhas mãos na sua face e esforcei a minha voz para sair direita. “Estás perturbado com o que ele te mostrou e isso leva-te a conclusões que não estão certas. O Kaname nunca me tocou da maneira que tu me tocaste. A única vez que ele bebeu do meu sangue, foi quando me transformou e nunca mais o deixei fazer de novo. Ele nunca me viu desta forma como tu me viste. E tu sabes tão bem… Às vezes deverias olhar para o que está à tua volta.” Fiz uma pausa para ver a sua reacção, mas era um enigma para mim. A sua expressão era indecifrável. “Por favor Zero, eu voltei para estar contigo!”
“Vais acabar por voltar para aquele sanguessuga…”
“Quem disse?” Os meus lábios dobraram-se e mostraram um pequeno sorriso. Ainda não tinha pensado sobre este assunto, mas bastou-me olhar para Zero para decidir ficar aqui. “ Vou ficar aqui até tu precisares de mim. Quando te fartares irei-me embora. Lembras-te do que disse? Sou uma ajuda muito irri…” Fui interrompida pelos dedos de Zero que estava sob os meus lábios.
“Não digas isso… Sabes que preciso de ti até ao fim da minha vida.”
“Então é até ao fim da tua vida que eu vou ficar.” As minhas bochechas começaram a corar e Zero reparou nisso. Um pequeno sorriso surgiu nos seus lábios e a sua mão direita passou pela minha bochecha esquerda.
“Pareces uma boneca de porcelana quando coras.”
Aquele comentário deve-me ter deixado ainda mais vermelha! Senti um incómodo calor na minha cara. Com as minhas mãos, que estavam um pouco frias, coloquei-as sob as minhas bochechas a ver se as conseguia arrefecer.
Zero tirou-me do seu colo e levantou-se da cama. Pegou na camisa que eu tinha arrumado e vestiu. A sua figura era tão esbelta e atraente. Não dava para acreditar como não tinha reparado antes. Parecia um Deus grego, ou um Deus qualquer perfeito. De volta aos meus obscenos pensamentos, Zero arranjou-me a camisola e colocou o casaco sob mim para não apanhar frio. “Está a ficar tarde, o Kaien deve estar à nossa espera para jantar.” Um débil sorriso surgiu-lhe nos lábios. “Estás toda despenteada, se calhar é melhor passares pelo teu quarto para te arranjares.” Com um braço em volta da cintura, Zero levou-me ao meu quarto.
De volta ao meu antigo quarto. Peguei na minha escova e comecei a pentear o meu cabelo. A verdade é que estava mesmo uma lástima! Tinha nós em tudo o que era sítio. Seria uma tarefa difícil conseguir desembaraçar tudo sem me magoar. Enquanto me penteava, os meus pensamentos levaram-me de volta ao meu pequeno mundo. O mundo onde haviam todas as minhas duvidas, todos os meus problemas e todos os momentos que me marcaram. Todo este tempo que estive com Zero fez com que o amor e a paixão que sentia por ele se intensificassem. Seria um novo começo? Uma ligação entre nos ainda mais forte?
Kaname surgiu nos meus pensamentos. Não sabia como iria explicar o que acontecera, nem deveria estar preparada para lhe contar. A verdade é que ainda tenho alguns dias. E serão estes dias que eu vou utilizar para pensar no que irei fazer e dizer. Sabia que o estava a magoar, ou será que é ele que me anda a magoar?
Sem pensar mais nos meus problemas, coloquei a escova na mesinha de cabeceira. O meu cabelo já estava mais ou menos razoável. É um novo começo. Uma nova vida para mim. Preparada para enfrentar todos os obstáculos da minha nova vida, apertei o casaco e fui ter com Zero para irmos jantar junto do meu pai.
Sentia-me inteiramente só. Não é que o esteja. Sei que tenho pessoas que gostam de mim e que estão sempre ao meu lado quando eu precisar, mas falta-me algo… Ou alguém. Estava de novo a escrever no meu diário sobre as coisas que se passaram na minha vida. Sobre coisas que aconteceram no passado e que nunca fui capaz de esquecer. Estava sentada em cima da minha cama ainda por fazer. Sentia o vento vindo de fora da janela a acariciar-me a face e a levantarem os meus longos cabelos castanhos como o chocolate. O Outono começara à pouco tempo e já se começava a notar as folhas das arvores a secarem e a caírem.
Hoje era mais um daqueles dias que passava fechada no quarto. Kaname tinha saído para tratar de assuntos importante e pediu-me para ficar em casa. Podia ser perseguida por alguém que deteste os sangue-puros. A verdade é que o meu quarto tornou-se a minha nova casa. Ainda estava a tentar acostumar-me a esta nova vida. Era difícil acreditar que era uma vampira, um ser que sempre tive medo. Tinha saudades de voltar à minha casa, junto dos meus amigos e do meu pai adoptivo. Queria voltar a ser uma guardiã da escola. Agora que estava mais forte de certeza que iria melhorar nos estudos, principalmente na matemática. Sempre foi um quebra-cabeças para mim.
As costas começaram-me a doer pela posição em que estava. Decidi ir dar um passeio pelo pequeno jardim que havia nesta ENORME mansão. Vesti umas calças de ganga e uma camisola de lã vermelha. Coloquei um cascol que Kaname me dera. Era vermelho e preto, combinava perfeitamente com a cor da minha camisola. Desci as escadas que davam para o centro da mansão e para a porta da saída. Sempre que passava pelas escadas olhava em volta das paredes cheias de quadros. Muitos deles mostravam duas pessoas a abraçarem-se. Tinha como paisagem de fundo muito bonita, com flores de multi-cores. Eram formosos e traziam alegria para todos os que passavam por aqui.
O vento tornara-se mais forte. As árvores abanavam ferozmente como se estivessem chateadas com alguém. O meu cabelo começou a criar pequenos nós que seriam difíceis de desembaraçar. No meio dos meus pensamentos andei pelo caminho feito de pequenas pedras brancas e cintilantes. O cheiro das pétalas que passavam por mim faziam-me sentir estranhamente livre, como um pássaro que voa para onde quiser. Sempre adorei pássaros e a sorte que tinham em puder ser livres.
Nunca pensei que as coisas poderiam ter chegado até este ponto. Sei que a decisão de vir com o Kaname foi minha e sei também que estou arrependida por ter aceite a sua proposta sem pensar duas vezes; mas tinha vários motivos para o ter feito. Era meu irmão e não o podia deixar; estava comprometida a ficar com ele para o resto da minha vida. Sabia que o amava e sempre o amei desde o dia que ele me salvou daquele vampiro.
Mas… Será que valeu mesmo a pena? Deixei tantas pessoas para trás para ficar com ele. Será que ele merecia assim tanto? E o zero? Será que está bem sem a minha ajuda? Será que vai aguentar sem beber do meu sangue?
As mesmas perguntas começaram a aparecer na minha cabeça. As mesmas perguntas que ainda não tinham resposta.
O céu começava a ficar escuro e o vento ainda mais frio e forte. Está na altura de voltar para a prisão. Comecei a correr de volta para a mansão. Sempre detestei o escuro e estar sozinha dentro dele.
A mansão estava tal e qual como quando tinha saído. Parece que ninguém ainda tinha chegado. Voltei a subir as mesmas escadas e passar pelos mesmos quadros que me deixavam um pequeno sorriso nos lábios.
Comecei a despir a roupa e a vestir o meu pijama quando voltei à minha pequena e acolhedora “casa”. Estava cansada. Nestes últimos dias a minha energia esgotava-se muito rápido. Não bebia sangue à algum tempo mas sabia que não era algo que fosse depender para já.
Enfiei-me dentro dos pesados cobertores e tentei fechar os olhos para adormecer um pouco. Não dormia nada à dois dias e isso já se notava na sua cara.
Acordei de repente quando ouvira o toque do meu telefone. Nem tinham passado dez minutos desde que adormecera.
“Estou sim?”
“Yuki! Minha querida bebé!”
Os meus olhos encheram-se de lágrimas quando ouvi aquela voz jovial e divertida. Não sabia nada do meu pai adoptivo desde que me fui embora com o Kaname.
“Pai! Estou tão contente por estar a falar contigo! Como estás? As coisas têm andado bem por aí? O Zero está bom?”
“Está tudo bem por aqui. A escola foi reconstruída e os alunos voltaram a ter aulas. Claro que agora está tudo mais calmo. Os alunos não voltaram a pôr-se as portas dos dormitórios da Night class.”
“ E o Zero?”
“ O Zero tem andado um pouco em baixo, mas isso já é normal dele. Às vezes ainda o vejo a sofrer um pouco por causa da sua situação. Mas está tudo bem, dentro do possível.”
Comecei a sentir uma dor dentro de mim. Sabia que parte da culpa era minha. Sempre que lhe dava do meu sangue Zero sentia-se melhor e agora que não estava lá as coisas poderiam piorar.
“Vou ter com vocês amanhã de manha!”
Um silêncio desconfortante prevaleceu na nossa conversa. Sabia que a resposta seria algo do tipo “ Não sejas irresponsável. Sabes que não podes vir assim nesse estado. Ainda estás muito fraca para poderes sair sozinha. De certeza que o Kaname não iria permitir!”
“ Eu quero ver-te minha pequena.”
“ Então eu vou aí já amanha! Eu falo com o Kaname! Mesmo que ele não deixe, eu vou tentar convence-lo!”
“ Fazemos assim então. Vou mandar vir aí alguém para te ir buscar as oito da manhã. Peço-lhe para esperar dez minutos. Se até essa hora não estiveres ele vai embora.”
“Óptima ideia! Mas de certeza que eu vou estar às oito certinhas lá!”
“Fica combinado então. Vou ter de desligar minha querida. Combinei uma pequena reunião com todos os professores. Está quase a começar. Até amanha!”
“Até amanhã pai!”
Estava tão entusiasmada com a ideia que nem reparei que alguém tinha entrado no meu quarto. Kaname estava encostado à porta com os braços cruzados juntos ao seu peito a observar-me com os seus olhos escuros e perturbantes. Em poucos segundos Kaname já estava a agarrar a minha cintura e a puxar-me contra o seu tronco.
“Queres mesmo ir não é?”
“Sim quero. Quero ficar lá uns dias senão te importares.”
“Irei-te levar. Não te posso deixar sozinha.”
“Obrigada.”
Acordei por volta das seis da manha. Ainda era de noite. Apesar de adorar esta época do ano não gostava de o dia ser mais pequeno que a noite.
Comecei a arrumar as minhas roupas e acessórios que poderei precisar quando estiver fora. A roupa foi a primeira coisa a ser colocada na mala, seguida dos acessórios de higiene e por fim algumas coisas extra. Tive de me por em cima da mala para a puder fechar. Acho que exagerei um pouco.
Faltava uma hora para me virem buscar. Aproveitei para tomar um duche. A água quente ia me ajudar a acordar e a descontrair. A verdade é que estava muito nervosa e ansiosa. Era bom voltar a casa mas não sabia como iria encarar as pessoas que deixei para trás.
Quando faltavam dez minutos para as oito fui ao quarto de Kaname. Bati a porta três vezes e esperei calmamente por ele. Já era um hábito para mim. Ele dissera-me para bater três vezes que ele viria logo. Não gostava de ser perturbado por alguém, mas se fosse eu não se importava.
“Estou pronta.”
“Eu também e está na hora.”
Kaname pegou com a sua mão direita a minha mão e com a outra no meu saco de viagem.
Fora da mansão estava um carro preto com um senhor de meia-idade encostado. Kaname e o senhor colocaram as minhas malas no porta-bagagem enquanto eu me sentava no banco de trás.
A viagem foi silenciosamente agradável. O meu coração batia velozmente quando comecei a ver a minha casa ao fundo. As ruas começaram a ser familiares para mim e começava a ver lojas que eu costumava ir com a Yori nos tempos livres.
Junto da entrava estava o meu pai adoptivo e Yagari. Foi bom voltar a abraça-los e a ouvi-los novamente. Os quatro subimos a longa escadaria que dava para a escola. Enquanto falava com Yagari sobre as novidades da escola e como decorreu a reconstrução, Kaname falava com Kaien.
Decidi voltar par ao meu quarto antigo. Tinha medo de sentir alguma sede junto de Yori enquanto estivéssemos a dormir no dormitório e não puder evitar. Kaname ajudou-me a levar as coisas. Silenciosamente, juntos começámos a arrumar as minhas coisas nos lugares correctos.
“Vê-se na tua cara que estás mais que feliz por estar aqui.”
“É bom voltar a ver as pessoas que nos amamos.”
“Sim, eu sei. Foi bom voltar a ver-te.”
A forma como Kaname falava comigo fazia-me sentir um demónio. Iria deixa-lo, mais uma vez, sozinho. E isso deixava-me angustiada. Abracei-o e dei-lhe um beijo no pescoço. Era difícil chegar até ele sem ele se baixar.
“Desculpa deixar-te sozinho.”
“Desde que estejas bem eu não me importo de estar sozinho.”
Kaname agarrou a minha cintura e juntos saímos do quarto. Os meus pensamentos começaram a dispersar mais uma vez. Voltei a fechar-me no meu mundo e mal reparei na força que Kaname fazia para me manter junto dele. Mal reparei na pessoa que estava à nossa frente. Kaname tapou-me os olhos e começou a falar baixo, mas era possível ouvir quem estivesse cerca de três metros de nos.
“ Só quero que tenhas cuidado com o Kiryu. Sabes que ele ainda não está completamente curado e vai querer voltar a beber do teu sangue. E eu não quero que isso volte a acontecer. És demasiado preciosa para seres magoada por um monstro como ele.”
Sai do meu mundo quando ouvi a voz áspera de Kaname ao dizer aquelas rudes palavras.
“O Zero não é má pessoa. Ele nunca iria obrigar-me a nada. Se ele precisar de sangue eu darei.” Fiz uma pausa e continuei a falar. “ Podes tirar a mão dos meus olhos por favor?”
Kaname tirou agilmente as mãos dos meus olhos… E então eu vi… Os belíssimos olhos roxos que tanto desejei sob mim. A sua expressão era indecifrável mas ainda conseguia ver um pouco de espanto nos seus bonitos olhos.
“Kiryu… Que bom ver-te novamente.” Começou Kaname por dizer.
“Estás com agradáveis cumprimentos para quê?” Perguntou Zero com uma voz que se notava a fúria e ódio que sentia por Kaname. “ Dizes que sou perigoso para a Yuki mas já olhas-te bem para ti? Sempre seguiste e aceitas-te tão bem a ideologia do presidente mas nunca foste capaz de deixar de ficar doido pelo sangue da Yuki. Os comprimidos que te deram não são o suficiente é?” Zero fez uma pausa para recuperar fôlego. “E então tu dizes-me que eu sou um perigo para a vida de Yuki não é? Mas será que ela estará bem junto de ti? Afinal, qual de nós e o sangue puro aqui? Que lhe tirou a vida humana?”
Ao meu lado, Kaname continuava a olhar pacificamente para Zero.
“Pois é Kuran. És tão perigoso quanto eu. E se for preciso, eu prefiro morrer à sede do que beber do sangue da Yuki se ela não querer. Enquanto tu, sem mesmo ela querer, tornaste-a em algo como tu.”
Isto está a começar a ficar feio. Pensei para mim mesma.
Secretamente comecei a puxar a Artemis da minha perna, preparada para o pior.
“Falas dos vampiros como se tu não fosses um.” Kaname usou a mão que tinha livre para puxar o cabelo para trás. Começava a sentir um pequeno nervosismo vindo dele. “Então diz-me Kiryu. Se detestas tanto os vampiros, porque bebeste do sangue da Yuki? Porque não preferiste esperar pela tua morte?”
Os olhos de Zero ficaram sombrios e os dentes semicerraram.
“Tenho as minhas razões.”
Kaname aproximou-se mais de Zero sem me deslargar. Observou-o com os seus olhos estudiosos. “ Que poderia ser? Vingança? Medo? Ou...” Fez uma pausa e sorrio. “Será outra coisa? Sempre te posso mostrar algumas coisas que gostarias que acontecessem…”
Zero parecia agora um monstro furioso. O que acontecera a seguir foi demasiado rápido para eu conseguir acompanhar. De um momento para o outro Kaname soltou-me e empurrou-me cuidadosamente para o lado enquanto Zero lhe apontava a arma que usava contra vampiros.
Sem pensar duas vezes coloquei-me à frente de Zero de modo a que Kaname estivesse protegido.
“Mas que estás a fazer? O Kaname não te fez nada!” Disse eu furiosa por ver a situação a chegar a este ponto.
“Eu estava a preparar-me para disparar contra ele. Ele fez tudo para me provocar!”
Zero colocou a arma dentro do seu casaco e tirou-me a Artemis das mãos colocando-a de novo na minha perna. Dando um olhar feroz a Kaname, Zero foi-se embora sem dizer uma palavra.
“Zero!” Chamei tentando agarrar a sua mão mas a única coisa que consegui agarrar foi o ar. Zero nem sequer voltou a olhar para mim nem a dizer uma única palavra.
“Que fizeste para ele ficar neste estado?!”
“Nada. O Kiryu apenas não gosta de algumas coisas que eu pensei.” Disse Kaname enquanto me agarrava pela cintura. “Está na hora de ir. Tenho um longo dia hoje.”
“Sim. Eu vou-te dando notícias.” Disse eu enquanto Kaname me abraçava e beijava a testa.
“Tem cuidado pequena.”
Fiquei novamente só. Estava completamente chocada com o que acontecera. Nunca vira o Zero desta maneira. Será que está demasiado sedento que não se consegue controlar? Tenho de o procurar! Sem pensar duas vezes corri para o seu quarto. Esperava que o pudesse encontrar lá. Ou no seu antigo quarto ou no quarto dos dormitórios. Eram dois sítios que ele costumava estar todos os dias. Decidi ir primeiro ao seu quarto antigo, não era muito longe do meu. Bati à porta um monte de vezes, mas sem resposta. Decidi entrar, era bem provável que estivesse lá dentro. Os meus olhos arregalaram-se quando vi uma figura esbelta sentada no chão com as costas encostadas à cama. Tinha a tableta com os comprimidos no chão e um copo de água. A cara estava tapada com uma das suas longas mãos. A camisola e o casaco do uniforme que antes usava, estavam espalhados pelo chão, possibilitando-me uma belíssima visão do seu tronco nu. Fechei a porta atrás de mim com cuidado para não fazer muito barulho.
Comecei por pegar na roupa e a arruma-la no armário. De seguida peguei no copo e na tablete dos comprimidos e coloquei na sua mesinha de cabeceira.
Zero continuava na mesma posição sem dizer uma única palavra. Tirei o meu casaco e puxei a minha camisola para baixo, possibilitando a visão do meu pescoço nu. Sentada à frente dele, tirei-lhe a mão da cara para o puder ver. Estava num estado lastimável. Os olhos arregalados faziam sobressair o vermelho à sua volta. Pequenas olheiras começavam a aparecer.
“Zero…” Comecei a acariciar a sua face. Juro que poderia sentir a sua dor só de o ver e tocar. Era tão profunda e dolorosa que quase me fazia chorar. Zero colocou a sua mão por cima da minha.
“Eu quero… Estas mãos suaves, e o sorriso amável que tinhas, mesmo que eu não o mereça.”
Os meus olhos arregalaram-se em choque. Lembrava-me perfeitamente desta frase. No dia que ele tivera um pesadelo comigo e me agarrara com força. No dia que me queria beijar mas não tivera a coragem suficiente.
“Sei que precisas de mim, agora.” Os seus olhos começaram a ficar com cor vermelha. Sabia que não iria aguentar muito mais tempo. “Tens andando muito mal, já me o disseram.”
“Porque não fazes o que o teu querido irmão diz? Porque não te vais embora?”
“Porque pertenço aqui ao teu lado. Porque te prometi desde o inicio que não te iria deixar transformar num nível E.”
Os braços de Zero começaram a agarrar-me e a puxarem-me para si. Cuidadosamente, as suas presas cravaram-se no meu pescoço e sangue começou a escorrer por ele. Era uma dor que já não sentira à muito tempo; mas era uma dor que nunca detestei nem nunca evitei. Gostava de estar ali, nos braços de Zero a dar-lhe algo que ele precisava para viver. Estava completamente sedento. Desta vez bebera mais do que o normal, mas eu não me importava. Senti as suas presas a saírem do meu pescoço e a sua língua a limpar o sangue que tinha escorrido.
“Sentes-te melhor?” Não obtive resposta. Era natural.
“Estou preocupada contigo. Estavas tão furioso que eu já estava a imaginar que pudesses fugir e fazer algo extremamente perigoso.”
“Não tens de estar preocupada. Tenho cuidado de mim desde que te foste embora, lembraste? Deixaste-me.” Os lábios começavam-se a abrir num sorriso irónico e irritante. “Podes-te ir embora e não me voltes a fazer isto.”
“Não fales como se o que te acontecesse não fosse nada!” Disse-lhe dando um morro no seu peito. “ Ambos sabemos que não estás bem. E tem algo a ver com o Kana…”
“Não…Digas…Esse…Nome!” Zero rosnou furiosamente. Tirou-me de cima dele e deitou-se na sua cama. Conseguia ver os músculos a descontraírem-se. Devia estar exausto.
Sentei-me em cima da cama preparada para falar, na tentativa de o acalmar. Mas fui interrompida por ele.
“Não voltes a dizer o nome desse homem quando eu estiver contigo. Só o facto de o pronunciares dá-me vontade de dar um murro na parede.”
Não conseguia mover-me. Sempre soube que Zero detestava Kaname, mas não tinha a ideia de esse ódio ser assim tão grande e forte. Os seus olhos não largavam os meus e isso fazia-me ficar com uma pequena manchinha vermelha em cada bochecha.
“Podes-te ir embora. Quero ficar sozinho.”
“Não te vou deixar, estás com azar.”
Zero colocou as mãos na cara. Notei que estava a tremer e eu não percebia porquê.
“Que se passa?”
“Por favor, saí. Estou a falar a serio!”
“Não!”
Tentei ver a sua cara, puxando as mãos para baixo. Os seus olhos estavam fechados e os seus dentes cerrados. Zero sentou-se na cama, encostado à parede. Pegou em mim e puxou-o para si. Sem conseguir apanhar o que Zero estava a tentar fazer, senti a sua língua a lamber o meu pescoço e as suas presas a cravarem mais uma vez na minha pele magoada.
“Não te disse para ires embora?” Zero sussurrou com a sua voz rouca. Conseguia sentir a sua respiração rápida e descontrolada no meu pescoço que me fez tremer. Um suspiro saiu dele e mais uma vez bebeu do meu sangue.
As minhas mãos agarram as costas de Zero para conseguir suportar a dor. “Pensava que já te tinha dado o suficiente.” Disse com um suspiro.
“Foi o suficiente.” Disse Zero enquanto lambia os restos de sangue que saiam da minha ferida. “ Mas às vezes a raiva dá-me sede.”
“Continua então.”
Zero pegou em mim colocou-me em cima dele para ser mais fácil conseguir chegar ao meu pescoço. Os seus braços estavam em torno da minha cintura e as suas mãos acariciavam as minhas costas enquanto bebia.
A dor começava a ser incómoda mas eu não queria desistir. Comecei a respirar mais rápido e forte para conseguir a suportar. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo ele iria acalmar.
E estava certa. Zero acalmou com o tempo. Limpou cuidadosamente o resto do sangue que escorria pelo meu pescoço e pôs a sua cabeça sob o meu ombro. Agora que Zero estava mais calmo iria perguntar-lhe algo que estava na minha mente à espera de uma resposta.
“Zero… Porque odeias tanto o…Kaname?”
Ele estremeceu ao ouvir o nome daquele homem que detestava. Sem me responder à pergunta, Zero continuou a acaricia-me nas costas e depois o cabelo. Sabia que não me iria responder para já. A minha respiração era acelerada. As suas carícias davam-me arrepios de prazer. Sentia-me bem junto dele e a forma como ele me tratava. Este lado gentil dele me acariciar era uma forma de se desculpar pelo que fez hoje. Zero beijou onde me tinha feito a ferida e lambeu-a de novo por ainda escorrer sangue.
Com os olhos fixos em mim, Zero usou uma das mãos que estavam sobe mim para limpar o resto de sangue que estava no seu queixo. Os seus olhos vermelhos voltaram de novo aos seus lindos olhos de rubi.
Puxando-me mais para perto dele, Zero beijou-me a testa e olhou-me fixamente. “Ainda queres saber como é o sabor do teu sangue?” Perguntou-me com a sua voz rouca e tremulenta.
Sem lhe dar uma resposta ele aproximou a sua cara mais perto da minha até eu sentir o seu respirar ofegante. Lembro-me de lhe ter perguntado porque é que todos gostavam do sabor do meu sangue.
“Bem, sim gostaria de saber… Mas porq…”
As minhas palavras foram cortadas quando o vampiro de cabelos brancos me beijou nos lábios. Os meus olhos piscaram em choque. Um beijo vindo dele…
Era estranho que Zero me estivesse a fazer isto. Ele que crescera comigo como um irmão mais velho. O mesmo rapaz que quando o conheci era frio e solitário. O mesmo rapaz que andava comigo nas aulas e ajudava a estudar para os testes. O mesmo rapaz que esteve sempre do meu lado para me proteger. O mesmo rapaz que eu… Amava desde sempre.
De volta ao que estava a acontecer entre nos, eu senti algo dentro de mim que queria responder aquele beijo. Desastradamente agarrei-lhe e acaricia os cabelos enquanto beijava os seus leves e macios lábios.
Eu queria mais.
Desejando desesperadamente que não estivesse a exagerar, beijei-o ainda mais, conseguindo provar do meu sangue que restava nas suas presas. Tinha o mesmo sabor que os outros sangues – Um sabor metálico e estranho – mas também era doce como o chocolate.
Tentando provar mais do meu sangue, lambi timidamente as suas presas e os seus dentes. O efeito era extremamente bom e potente.
Zero estremeceu violentamente, como se tivesse caído nos mares frios da Antárctida. Apertando-me mais junto de si e acariciando a minha face com as duas mãos, Zero beijou-me mais uma vez. As nossas respirações faziam uma melodia agradável. Estavam em sintonia. Ás vezes saia um gemido vindo de mim ou de ele, mostrando o nosso prazer pelo que se estava a passar. Pos os meus braços em volta do seu pescoço para me encostar mais a ele, conseguindo sentir os seus músculos e o seu calor. Beijei-o de volta com toda a minha força, tentando-lhe dar todo o prazer que conseguisse.
Era como se aquela barreira que havia entre nós se estivesse desmoronado. Conseguia ver agora todos os sentimentos de Zero e isso agradava-me. Era bom puder partilhar com ele estas sensações. Consegui esquecer o Kaname e todas aquelas minhas duvidas que estavam a agustiar-me. A única coisa que eu conseguia pensar era no amor ardente e na paixão frenética que sentia por Zero. Conseguia sentir uma resposta vinda de Zero similar. Todo o amor e a paixão dele vieram para fora.
Os seus longos dedos passeavam pelos meus cabelos, acariciando cuidadosamente para não me magoar com alguma riça que tivessem feito. Os seus lábios estavam delicadamente esmagados contra os meus. Começava a sentir um calor agradável entre nos. Depois de um agradável beijo, o vampiro de cabelos brancos cintilantes lambeu o meu lábio inferior beijando no fim.
A nossa necessidade de ar fez com que parássemos com aquela acção. Zero colocou a sua cabeça encostada a parede e respirou desesperadamente. Os seus braços nunca me largaram a cintura.
“Porque é que fizeste-me…” As minhas palavras foram mais uma vez cortadas por ele.
“Perguntas-me porque detesto o Kaname? É por isto.” Disse Zero fazendo uma pausa para respirar. Aproximou-se de novo. “ Porque tu nunca perguntarias o porquê de ter feito isto se fosse o Kaname que estivesse no meu lugar.” Os seus olhos nunca largaram os meus. Estavam à procura de respostas. Acariciei a sua face enquanto tentava perceber o que se estava a passar.
“Estás-me a confundir Zero. Como é que tu sabes que isso poderia acontecer dessa maneira? Como consegues saber?”
“Ele mostrou-me.” Disse Zero enquanto acariciava-me a cara sem me deixar de olhar nos olhos.
“Ele mostrou-te…?”
Enquanto me beijava a testa, Zero murmurou “Houve apenas uma razão por ter lhe apontado a arma. Normalmente eu não desceria tão baixo. Ele invadiu-me a mente. Era como se me estivesse a ler todos os pensamentos, mas não… Ele estava-me a mostrar os seus pensamentos. Mostrou-me coisas que me deixava muito incomodado e irritado. Coisas que ele sabia que me iam afectar. Mostrou-me pequenos desejos que ele tinha… Desejos que te incluíam…”
“Que tipo de coisas?” Perguntei sem sabe onde é que Kaname poderia chegar. Não estava a compreender o comportamento que ambos tiveram e isso estava-me a irritar profundamente.
Tentando-me mostrar onde queria chegar, Zero beijou-me cuidadosamente a orelha e o pescoço. Conseguia sentir o respirar, agora mais calmo, a passar pelos sítios que beijara. Antes de puder reagir, Zero voltou a olhar-me nos olhos.
“Este tipo de coisas. Não sei o que queres chamar, mas para mim são fantasias sexuais. E eu reagi daquela maneira porque o odeio! Porque odeio que ele pense este tipo de coisas contigo!” Conseguia ver a fúria que vinha dos seus olhos. Uma pequena chama que aumentava quando se falava em Kaname. Zero acariciou a parte nua do meu pescoço. “ Eu não consigo suportar a ideia de o ver a beijar-te.”
Então, como se estivesse a mostrar em acções o que acontecia nos seus pensamentos, Zero abraçou-me e beijou-me delicadamente nos lábios. A sensação agradável voltou a apoderar-se de mim e a minha respiração acelerou quando Zero intensificou o beijo.
“Eu não consigo suportar a ideia de o ver a beber do teu sangue e a lamber o teu pescoço.” Depois do beijo delicado, os lábios de Zero desceram até ao meu pescoço, beijando-o e lambendo-o. Estava com medo de ele voltar a ter sede, sentia-me muito fraca depois de todo este monte de acontecimentos. Fiquei surpreendida quando começou-me a morder o pescoço sem entranhar as suas presas em mim. Era um toque suave e débil que me fazia arrepiar. Começava a respirar demasiado rápido porque o ar me faltava de tanto prazer que sentira. Acariciei os macios cabelos brancos de Zero para lhe dar algum conforto.
“Não consigo suportar a ideia de o ver a tirar te a roupa.” Zero começou-me a puxar a camisola até se ver um pouco do meu sutiã preto. Era a primeira vez que um homem me via deste modo e isso intimidava-me. Nunca pensei em algo deste género, nem em como me comportar neste tipo de situações, mas não me importei. Sabia que estaria bem com Zero e que ele nunca se iria arrepender do que fazia. Beijou-me mais uma vez o pescoço e desceu até ao centro do meu peito. Uma das suas mãos estava por baixo da minha camisola, fazendo pequenos círculos em volta da minha pele.
“Não consigo suportar a ideia de ele tocar no teu delicado peito.” Com a sua respiração acelerada ele voltou a olhar-me nos olhos sem me mostrar como acontecera na sua visão.
“E por fim… Não consigo suportar a ideia de ele fazer amor contigo.”
“Zero…” As minhas palavras fugiram quando vi os seus olhos cheios de tristeza e agonia.
“Nunca irei ser como ele, nem nunca irei ter-te como ele te tem.” Zero colocou a cabeça em cima do meu ombro. Sentia os seus músculos a descontraírem e a sua respiração a acalmar, tal como a minha. Ganhei forças e puxei-o para pudermos os dois ficar ao mesmo nível. Coloquei uma das minhas mãos na sua face e esforcei a minha voz para sair direita. “Estás perturbado com o que ele te mostrou e isso leva-te a conclusões que não estão certas. O Kaname nunca me tocou da maneira que tu me tocaste. A única vez que ele bebeu do meu sangue, foi quando me transformou e nunca mais o deixei fazer de novo. Ele nunca me viu desta forma como tu me viste. E tu sabes tão bem… Às vezes deverias olhar para o que está à tua volta.” Fiz uma pausa para ver a sua reacção, mas era um enigma para mim. A sua expressão era indecifrável. “Por favor Zero, eu voltei para estar contigo!”
“Vais acabar por voltar para aquele sanguessuga…”
“Quem disse?” Os meus lábios dobraram-se e mostraram um pequeno sorriso. Ainda não tinha pensado sobre este assunto, mas bastou-me olhar para Zero para decidir ficar aqui. “ Vou ficar aqui até tu precisares de mim. Quando te fartares irei-me embora. Lembras-te do que disse? Sou uma ajuda muito irri…” Fui interrompida pelos dedos de Zero que estava sob os meus lábios.
“Não digas isso… Sabes que preciso de ti até ao fim da minha vida.”
“Então é até ao fim da tua vida que eu vou ficar.” As minhas bochechas começaram a corar e Zero reparou nisso. Um pequeno sorriso surgiu nos seus lábios e a sua mão direita passou pela minha bochecha esquerda.
“Pareces uma boneca de porcelana quando coras.”
Aquele comentário deve-me ter deixado ainda mais vermelha! Senti um incómodo calor na minha cara. Com as minhas mãos, que estavam um pouco frias, coloquei-as sob as minhas bochechas a ver se as conseguia arrefecer.
Zero tirou-me do seu colo e levantou-se da cama. Pegou na camisa que eu tinha arrumado e vestiu. A sua figura era tão esbelta e atraente. Não dava para acreditar como não tinha reparado antes. Parecia um Deus grego, ou um Deus qualquer perfeito. De volta aos meus obscenos pensamentos, Zero arranjou-me a camisola e colocou o casaco sob mim para não apanhar frio. “Está a ficar tarde, o Kaien deve estar à nossa espera para jantar.” Um débil sorriso surgiu-lhe nos lábios. “Estás toda despenteada, se calhar é melhor passares pelo teu quarto para te arranjares.” Com um braço em volta da cintura, Zero levou-me ao meu quarto.
De volta ao meu antigo quarto. Peguei na minha escova e comecei a pentear o meu cabelo. A verdade é que estava mesmo uma lástima! Tinha nós em tudo o que era sítio. Seria uma tarefa difícil conseguir desembaraçar tudo sem me magoar. Enquanto me penteava, os meus pensamentos levaram-me de volta ao meu pequeno mundo. O mundo onde haviam todas as minhas duvidas, todos os meus problemas e todos os momentos que me marcaram. Todo este tempo que estive com Zero fez com que o amor e a paixão que sentia por ele se intensificassem. Seria um novo começo? Uma ligação entre nos ainda mais forte?
Kaname surgiu nos meus pensamentos. Não sabia como iria explicar o que acontecera, nem deveria estar preparada para lhe contar. A verdade é que ainda tenho alguns dias. E serão estes dias que eu vou utilizar para pensar no que irei fazer e dizer. Sabia que o estava a magoar, ou será que é ele que me anda a magoar?
Sem pensar mais nos meus problemas, coloquei a escova na mesinha de cabeceira. O meu cabelo já estava mais ou menos razoável. É um novo começo. Uma nova vida para mim. Preparada para enfrentar todos os obstáculos da minha nova vida, apertei o casaco e fui ter com Zero para irmos jantar junto do meu pai.
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