Fanfics Brasil - Capítulo 09: Agora, festa! (cont.) Uckermann ♥

Fanfic: Uckermann ♥


Capítulo: Capítulo 09: Agora, festa! (cont.)

481 visualizações Denunciar


Capítulo 09: Agora, festa! (continuação)


...

 Taylor tagarelou sobre vestidos, ou desfiles, ou organização, ou qualquer coisa do gênero enquanto guiava Dul pela casa. Após se trancarem em um quarto, Leighton as recebeu energicamente.
 – Por que demorou, Tay? Temos que deixá-la zerada antes que Maite chegue. Você sabe como ela fica antes do desfile... Além disso, quero que ela faça alguns pequenos ajustes no vestido, porque apesar de ter ficado ótimo em Dul, ele pode ficar deslumbrante.
 – Claro, concordo totalmente.
 – E o que você está fazendo parada aí ainda? – Leighton revirou os olhos para Dul. – Banho, já!
 Dulce realmente precisava de um banho, mas supôs que não teria o banho relaxante que almejava. Taylor e Leighton ficaram no quarto conversando sobre à noite, enquanto Dulce tomava banho na suíte que ela conclui ser de Leighton. O toque dos lábios de Christopher ainda fazia sua pele queimar, por mais que ela tentasse enterrar a sensação. Quanto mais se afastava dele, mais errado aquilo tudo lhe parecia. Como contaria para Taylor? Como Leighton reagiria? Como olharia para Maite depois disso? Como lidaria com Daniel?
 As perguntas continuavam entalhadas na pele dela, por mais que esfregasse e deixasse marcas vermelhas. As lágrimas se confundiram com a água sem que ela sequer houvesse percebido que começara a chorar. Ouviu uma batida na porta, e sem saber a quanto tempo estava ali, decidiu sair de uma vez. De nada adiantaria se lamentar pelo que não podia ser desfeito. Não poderia simplesmente escapar pelo ralo com a água. Teria que encarar e torcer para não ter arruinado seu emprego.
 – Achei que tivesse se afogado! – Leighton a observou atentamente. – Está tudo bem, Dul?
 – Sim, senhora. 
 – Não me venha com “sim, senhora”. – apesar do jeito cortante, Leighton mostrava que se importava. – Você não está falando com a minha mãe. Sabe que pode me contar o que quer que seja, não sabe?
 Dulce não agüentou sustentar o olhar de Leighton, pois sentiu seus olhos arderem novamente. Leighton soltou um suspiro baixo e Taylor ficou tão quieta que poderia ter parado de respirar. 
 – Inacreditável! – a voz de Leighton saiu tão mais alta do que o esperado, que Dulce a olhou novamente, de forma instintiva e surpresa.
 Leighton parecia a ponto de chorar, seu rosto com manchas vermelhas, as mãos trêmulas com os finos dedos nas têmporas, os olhos fechados e as narinas dilatadas.
 Taylor se levantou da cama onde estava sentada e ficou um passo a frente de Leighton.
 – Já entendemos tudo, Dul. Se não quiser falar sobre isso agora, tudo bem, mas quando voltarmos para a capital nós iremos conversar, sem falta. – Dulce ainda olhava tensa para Leighton, que estava da mesma forma, murmurando algo. Taylor olhou a amiga por cima do ombro e depois voltou o olhar para Dul, com um pequeno sorriso. – Não se preocupe, ela não está brava com você. Só desapontada por ele ter feito isso novamente.
 Novamente, porque era assim que Christopher era. Elas realmente sabiam do que se tratava. Aquelas duas foram criadas com ele e já deviam ter visto muitas mulheres com a mesma expressão de culpa e medo que Dulce apresentava. Como ela se esquecera de todos os alertas?
 Apesar de Taylor lhe lançar um sorriso tranqüilizador, Dulce não se sentiu muito melhor. A loira se aproximou de sua quase irmã e tentou acalmá-la também dizendo algo baixinho.
 – Você tem razão. – Leighton concordou e abriu os olhos, decidida. Virou-se para Dul: – Faça o que fizer, não conte nada para Maite.
 – P-perdão?
 – Não sei se você pretendia fazer isso ou não, mas de qualquer forma, agora tem uma desculpa para não fazê-lo. Eu estou te pedindo, Dulce. Por favor, não faça isso. Muito menos hoje.
 – Leighton... – Dulce estava tentando tirar o sentido daquilo. – Eu não sei, uma vez a Maite me disse que gostaria que as pessoas tivessem coragem de contar as coisas para ela. Ela não quer viver com a dúvida e nós podemos libertá-la dessa situação...
 – PARA QUÊ? – Leighton inalou profundamente, tentando se acalmar. – Não acha que o Christopher ficaria com você, não é?
 Silêncio.
 Leighton obviamente não pretendia dizer isso, ou pelo menos, não daquela forma. Dulce realmente não pretendia ser a que mudaria Christopher, mas a forma como estava sendo descartada era dolorosa e humilhante. No fim, talvez Leighton fosse mais parecida com a mãe do que imaginava.
 Taylor fuzilou a outra com o olhar antes de virar-se de forma meiga para Dul.
 – Lembra-se das histórias que te contei antes de você vir para cá, Dul? – a loira finalmente interveio. – De como Christopher estava melhor com Mai do que sem ela? Além disso, esta festa já será bastante conturbada pelo simples fato de Anahí estar nela. Conversaremos sobre isso depois, podemos até colocar os prós e contras na balança, se quiser, mas por enquanto, por favor, não faça nada estúpido. O segredo é uma das regras implícitas desse jogo.
 Dulce jogou a cabeça para trás, tentando não chorar. Apenas alguns dias antes, estava totalmente decidida a não cair. Estava cem por cento focada em passar um final de semana naquela casa sem causar nenhum dano. Acreditava tanto em sua capacidade, que praticamente apostara isso com Taylor!
 – Perdão pela demora! – A voz atravessou o ambiente animada, junto com a porta que se abria, e Dulce se arrepiou ao ouvi-la, dando um pulo. – Olá, meninas! Ei, Dulce, que bom que já está zerada. Vamos começar, porque depois ainda tenho que dar os retoques finais nas minhas modelos!
 Leighton e Taylor olharam para Dulce com a exata mesma expressão, enquanto Maite abria uma maleta na penteadeira. Dulce concordou quase imperceptivelmente, sentindo-se derrotada.

...

 As horas que se seguiram foram longas, confusas e totalmente surreais. Dulce foi colocada em uma cadeira, para que Taylor a maquiasse e penteasse enquanto Leighton e Maite discutiam sobre as roupas.
 – Leighton, não é um tapete vermelho! – Dulce quase conseguia ver Maite revirando os olhos.
 – E daí? É a festa de lançamento!
 – É um desfile, Lê...
 – E festa de lançamento da coleção. Um vestido nunca pode estar errado.
 – Neste caso, pode sim. Acho que as garotas ficariam melhores com algo mais casual. Saias, botas de cano alto, uma camisa e um rabo-de-cavalo bem alto.
 – Mas...
 – Você pediu minha opinião, cunhadinha.
 – Que seja. Você que é a estilista aqui.
 – Não seja rabugenta. – havia um tom divertido na voz de Mai.
 – Não estou sendo, mas esses vestidos são lindos e agora vão ter que ficar aqui em cima, apenas escutando a música da festa! – elas riram, por fim.
 – Elas poderão usar em outra ocasião, isso é o que não falta nesta família!
 – É, você tem razão. Então vamos achar algo para elas, rápido!
 Quando as duas entraram no gigantesco closet de Leighton para procurar as roupas, Dulce já estava começando a se sentir ansiosa.
 – Fique parada, Dul! Você vai botar um ovo, por acaso?
 – Isso não acaba nunca?
 – A maquiagem? As festas? A culpa? Respostas: Um, está acabando; dois, não; três, vai passar.
 Dulce não quis responder. Por sorte, Leighton voltou esbaforida.
 – Tay, já achei a roupa perfeita para você! Maite está escolhendo a da Dulce, porque me expulsou lá para baixo, me apressando para comer e ir encontrar as outras garotas para me arrumar.
 – E deveria mesmo. A recepção começa às 19h00!
 – Mas o desfile só começa às 20h.
 – Pare de argumentar, você está perdendo tempo! – a voz abafada de Maite veio de algum lugar das profundezas do closet.
 Leighton fez careta, mas sorria quando saiu.
 – Até depois, meninas!

...

 Dulce reclamou que deveria estar ajudando, ao invés de brincando de convidada. Taylor ameaçou chamar Christopher para dizer as babaquices que a amiga estava dizendo, então Dulce se calou. As duas se trocaram e Taylor deu dicas para a amiga sobre o evento:
 – Nós somos considerados Uckermanns esta noite. Temos um lugar na primeira fileira, onde fica o resto da família: Christopher, Paul, Nora, Anahí, os meninos e alguns compradores importantes, além de clientes preferenciais. Belinda com certeza estará ali também.
 Os olhos de Dulce se arregalaram.
 – Espera, essa não é a amante do Christopher?
 – Sim, uma delas. Acontece que ela é o que a empresa chama de “cliente assídua”. Para incentivar que as pessoas gastem muito e sejam fiéis à marca, eles fazem esse tipo de coisa. Dar convites VIP e essas coisas. Bom, eu já não sou a sua única fonte de informação sobre a família, então não sei bem o que você ouviu, mas precisa saber que a Belinda é uma prostituta. Algo do tipo, pelo menos. Todos os caras com quem ela se relaciona são pessoas importantes aos olhos da mídia, então eles dão presentes caros e até mesmo dinheiro para que ela fique feliz e quieta. Dizem que o apartamento dela foi comprado por um político. Entende o que eu quero dizer? Enfim, ela nem precisa trabalhar, se não quiser, porque eles realmente a sustentam. O próprio Christopher dá muitas coisas pra ela. Um dia ele até a levou para fazer uma sessão de fotos na empresa, entre o divórcio com a Anahí e o namoro com a Maite.
 Dulce ainda parecia horrorizada com tudo aquilo.
 – O que você precisa saber, é que esta noite será tipo a festa de confraternização das amantes do nosso patrãozinho. Uma tentando puxar o tapete da outra, todas lutando pela atenção dele. – Dulce abaixara os olhos ao ouvir aquilo, e Taylor percebeu. – Mas você não é uma delas, Dulce. Não foi o que eu quis dizer e você bem sabe disso. Só precisa estar ciente, porque... Amiga, é a noite da Maite. Ele tem que demonstrar isso, é o que a mídia espera, e foi isso que ele aprendeu desde sempre, então ele estará com ela. Mas não é improvável que você o veja com outra por aí. Eu quero que você seja forte e não se rebaixe ao nível delas. Anahí vai te provocar, porque você riu na cara dela aquele dia que fomos deixar os meninos. E quando a Belinda vir isso, há chances de que também venha querer saber quem é você e tentar te alfinetar. Independente do que acontecer você não vai dizer nada, vai ser melhor do que elas.
 – O único problema é que eu não sou, não é Taylor? Eu sou exatamente igual a elas. Mais uma das mentiras do Christopher.
 – Dul... Ninguém esperava que você nunca fosse cair em tentação. Leighton sabia disso, eu sabia disso. Tentei usar formas de te manter afastada, mas sempre foi questão de tempo. É quase impossível ficar perto dele sem nunca fraquejar.
 – Você não fraqueja. – Dulce se sentia realmente péssima e Taylor ficou desconcertada com o comentário.
 – É totalmente diferente, Dul... Vamos lá, anime-se, você pode fazer isso. Só não fique muito nos radares. Estarei com você o tempo todo, se quiser. A recepção acontecerá no jardim de entrada. Se você reparou, há uma longa tenda montadas no centro, que leva até a porta. As tendas menores, aos lados da principal, têm aperitivos, champanhe e as mesas com as listas, para que todos possam confirmar a presença sem ficar em filas gigantescas. Após colocar o nome, eles entram na casa, onde um caminho iluminado por luzes fracas guiará até as escadas para o antigo porão, que hoje é usado justamente para este tipo de evento. Lá, haverá a passarela e as cadeiras. Nossos nomes já devem estar lá, embora eu não tenha conferido isso antes, então não faço ideia de quem vai sentar perto de nós. Bom, as luzes lá também serão fracas e as chances de alguém nos incomodar não é tão grande. Infelizmente, o desfile dura por cerca de vinte minutos, no máximo meia hora. Então, depois disso iremos subir para a festa de lançamento. Não é nada muito grandioso, Maite prefere deixas as coisas simples, se possível, e o Paul confia totalmente nela, dando liberdade para que faça o que quiser.
 – Achei que um desfile durava bem mais...
 – Não, a platéia enjoa rápido. Além disso, as modelos do desfile estarão circulando na festa depois, usando os looks, assim os clientes podem dar uma olhada melhor, inclusive sobre outra luz e tudo o mais. A festa também não dura tanto assim, cerca de uma hora. Algumas fotos, Maite e os Uckermann conversando com alguns clientes, além da mídia... Você vai sobreviver, confie em mim.
 Isto era o que Taylor dizia, já Dulce não tinha tanta certeza.

...

 Tecnicamente, elas não precisavam passar pelo jardim, afinal, já estavam dentro da casa mesmo. Além disso, tinham acesso a todos os lugares, mesmo os que ficavam bloqueados para os demais. Porém, Taylor concluiu que Dulce precisava de um champanhe para entrar melhor no clima e deixar a tensão. Então, elas saíram pelos fundos da casa e deram a volta lentamente, misturando-se aos convidados que chegavam. Após comerem alguns aperitivos e tomar uma taça de champanhe, elas entraram. Os seguranças, que já tinham trabalhado em eventos da empresa antes, conheciam Taylor e deixaram-na entrar direto com Dulce.
 Embora Taylor tenha ajudado com a organização, Dulce se surpreendeu com a precisão dos acertos da amiga. Entrando na casa, elas se depararam com um corredor iluminado por uma luz azulada e um caminho de luzes brancas, como holofotes em miniatura no chão. Entrando no porão, a iluminação ainda era baixa, mas com luz amarela comum, e desta vez os pequenos holofotes estavam no teto, alinhados exatamente acima da passarela, que tinha formato de T.
 Os Uckermann, é claro, já estavam em seus lugares, na primeira fileira. Maite era a que sentava mais próxima ao palco, com Christopher segurando a mão dela entre as suas duas. Ao lado dele, Nora e Paul sorriam, e o marido também segurava uma das mãos da esposa; era o maior contato entre os dois que Dulce vira até então. E você poderia mesmo imaginar que eles eram a família dos sonhos, apenas olhando-os ali. A própria Dulce estava paralisada olhando aquela cena. 
 Eles eram a fotografia perfeita, porém, era uma completa farsa. Pela primeira vez ela entendeu o que Christopher lhe dissera durante aqueles dias. Agora realmente fazia sentido, afinal, você não pode saber as tragédias que acontecem dentro de uma casa apenas olhando a fachada. E a dos Uckermann era impecável.
 Dulce sequer percebera seus movimentos após ter entrado no porão, pois ficara hipnotizada pela imagem da família perfeita, que estava do lado oposto à entrada. Mas o suspiro sonoro de Taylor a despertou. A amiga parecia derrotada.
 – Por que não me surpreende? – murmurrou.
 – O que houve?
 – Ficamos com a primeira fila, é claro, ou Leighton, Paul, Christopher e até Maite reclamariam, mas eles nos deixaram deste lado da sala.
 – E?
 – Isto é coisa de Nora. Ela não nos considera família e esta é a forma dela de mostrar isso. “Vocês podem até ter a proteção deles, mas ainda sou eu que mando aqui”, é a mensagem que ela manda.
 – É bobeira, Tay. Que diferença faz de que lado nós vamos ficar? É apenas questão de mídia, não é? Eu até prefiro ficar longe dos flashes. Além isso, nós realmente não somos da família... Vamos, não seja emburrada.
 Dulce puxou a amiga para as cadeiras com a etiqueta que indicava o nome delas. Mas desta vez, era a loira que tinha o olhar fixo nas pessoas sorridentes do outro lado da passarela.
 – Eu tenho consideração por ela, a Nora. – disse Taylor, abaixando os olhos para as mãos que ela retorcia no colo. – Eu não sou ingrata, sabe. Ela acolheu a minha mãe e a mim, e me deixou trabalhar e morar com eles. Mas às vezes eu não a suporto. Saber que eu vivi com os filhos dela durante toda a nossa vida e, ainda assim, eu sou apenas a filha da empregada, apenas a faxineira dos filhos dela é tão... Frustrante. Eu não tive uma família normal, como você ou o próprio Christopher, por mais que vocês possam ter a reclamar das suas, então eles são o que eu penso quando penso em família. Eu não conheci outra coisa. Mas para ela eu nunca serei igual. Sempre inferior, apenas uma boa ação que ela fez.
 – Tay... Eu tenho certeza que não é assim. Ela é uma mulher de ferro, mas isso não significa que não tenha um coração por baixo da armadura.
 – Ela tem, Dul? – Taylor encarou a amiga. – Porque nem eu, nem os filhos ou o marido dela conseguimos ver isso em todos esses anos. Mas talvez nós tenhamos apenas medo de olhá-la e lembrar que ela não é humana. Então me diga você, que acaba de chegar, se conseguiu em pouco tempo encontrar o que nós já desistimos de procurar. Ela tem um coração, Dul?
 As dela eram ácidas e seus olhos tinham um brilho rancoroso, como se pudesse deixar as lágrimas escaparem após aquela confissão. E Dulce não tinha uma resposta para a pergunta, porque a verdade era que mesmo após apenas alguns dias na companhia de Nora, ela também já estava traumatizada.
 – Por que raios me colocaram aqui? – Anahí sussurrou irritada, sentando-se na cadeira ao lado de Taylor. – E por que meus filhos ficam do lado de lá? Com meu ex-marido e a outra?
 – Para começar, “a outra” aqui é você. Que, aliás, foi colocada deste lado porque todos sabem que é apenas uma parasita louca, procurando por atenção, desesperada para sair nas fotos. – rebateu Taylor, também sussurrando e sorrindo. – Ninguém iria te dar esse gostinho mais uma vez, querida.
 – Ah é? E qual é a desculpa de vocês duas então? – Anahí também sorria, inabalável. – Vocês são joguinhos do Christopher e nada mais. Eu, pelo menos, ainda sou a mãe dos filhos dele.
 – Uma golpista, você quer dizer. Afinal, sua gravidez foi apenas isso: um golpe para mantê-lo preso a você e a um casamento totalmente naufragado. Golpe que não funcionou, devo ressaltar. Você sequer dá atenção para aqueles meninos, Anahí. Deveria se envergonhar de ter uma vida medíocre como a que tem.
 – Eu recebo para ter essa vida. Não preciso me sujeitar a lavar as roupas do meu amante e das amantes dele, como você, queridinha.
 – Eu só terei algo com o Christopher quando o inferno congelar. Não sou fácil como algumas.
 Ai.
 Taylor tentou não arregalar os olhos, embora tivesse percebido que Dulce desviou o olhar, desconfortável. Infelizmente, Anahí percebeu.
 – A sua amiguinha arrogante não está mais tão presunçosa quanto quando nos conhecemos. Será porque agora ela tem “culpada” escrito em todo o rosto?
 – Não se meta com ela, eu estou lhe avisando. – Taylor estreitou os olhos e esqueceu de fingir um sorriso.
 – Ou o quê? Você vai derramar uma taça de champanhe em mim? Você sabe tão bem quanto eu que aqui as brigas são apenas verbais, com alfinetadas saindo de trás de sorrisos. E suas palavras realmente não me afetam, empregadinha. Porque, no fim, vocês são tão ruins quanto eu. Por que vocês acham que estão sentadas comigo?
 – Porque é só assim que você tem coragem de entrar numa briga. Você é desprezível.
 – Eu sou inteligente, é diferente. Eu sei o que faço, não jogo para perder.
 Taylor estava com o pescoço vermelho de raiva, mas não podia se dar ao luxo de soltar fumaça pelas orelhas, espumar pela boca e partir para cima de Anahí. Era a mais pura verdade. Ali, as brigas aconteciam em silêncio, ameaças eram feitas com olhares. Inimigos se abraçavam para tirar fotos e sussurravam insultos sem desmanchar o sorriso que exibiam para a câmera. Talvez fosse o tipo mais assustador de briga. Aquela que sequer parece que está acontecendo.
 – Ah, essa não! – foi a vez de Anahí deixar o sorriso vacilar.
 Do outro lado da sala, cumprimentando os Uckermann, chegava uma mulher alta, magra e deslumbrante. Suas feições exibiam um tipo de malícia que a tornava sedutora, misteriosa e interessante. Nenhuma mulher na sala era páreo para aquele sorriso e aquele olhar de quem sabe um segredo que ninguém mais sabe. De certa maneira, isso era verdade.
 – Belinda. – Anahí quase rangia os dentes. – Por que ela está lá? Ela não é nada dele!
 – Caso você não saiba, Any, ela é bem próxima ao Christopher. Aliás, desde que vocês namoravam, se bem me recordo. Em sua lista de infidelidades, Belinda ainda é aquela a quem Christopher é mais fiel, eu acho.
 – Cala a boca, Swift!
 – Sorria para as câmeras, queridinha.
 Belinda neste momento cumprimentava e sorria para Maite. 
 Totalmente inocente. 
 Cumprimentou o resto da família e sentou-se ao lado de um rapaz loiro, que estava ao lado de Paul. Como se sentindo que os olhares ferviam em sua direção, ela se virou e encontrou o olhar de Anahí. Faíscas saíram dos olhos de Anahí e cruzaram a sala, mas apenas refletiram em um lindo sorriso de Belinda, que acenou discretamente.
 – Como ela pode ser tão imoral?
 – Na verdade, você também é, não se preocupe. Só aconteceu de ela ser melhor do que você nisso. Ou em mais isso, eu realmente não sei.
 Antes que começasse outra rodada de alfinetadas, deu-se início o desfile. A coisa toda ainda estava no começo e Dulce já queria dar o fora dali o mais rápido possível. O champanhe embrulhava seu estômago quase vazio e ela nunca se sentira mais infeliz, humilhada e suja em sua vida.
 Em sua memória, mais tarde, tudo seria lembrado como um borrão. Provavelmente era lindo, porque Dulce sentia o quanto Maite era talentosa mesmo antes de ver seus modelos, e pelo pouco que absorvera do desfile, era realmente interessante. Mas seus pensamentos estavam longe e altos demais para registrar mais detalhes. Leighton também era uma ótima modelo, embora mais baixa que as demais. Isto era tudo que ela podia dizer, caso alguém perguntasse suas impressões. No mais, só tinha ciência de que todas as vezes que uma modelo passava e seu olhar recaía do outro lado da passarela, Christopher – que estava exatamente a sua frente – também a estava olhando e nunca era o primeiro a desviar.

...

 Maite foi aplaudida no final, assim como todas as modelos que entraram na passarela juntas e em fila para o encerramento. As modelos prosseguiram, após o fim da rodada de aplausos, saindo pelos degraus na frente do palco, seguidas por Maite e Christopher, que se juntou a ela assim que ela desceu, e Nora e Paul logo atrás, todos subindo às escadas do porão em direção ao salão da próxima festa.
 – Dul! – era a voz de Lucas, que não havia ficado para trás junto com o irmão.
 – Olá, pequeno! – ela fingiu estar animada, pois embora fossem basicamente as únicas pessoas restantes na sala, Anahí e Belinda também estavam lá ainda. – O que achou do desfile?
 – Chato, como sempre. – Guilherme revirou os olhos.
 – Não fale assim, Guille, a Maite é ótima.
 – Eu sei, não disse que ela não era. Mas é chato. Eu detesto essas festas onde todos fingem se amar.
 Dulce entendia o lado dele.
 – Garanto que você se sentirá melhor quando comer alguma coisa. – Taylor sorriu.
 – Vamos logo, Guilherme. – Anahí reclamou. – Vocês dois, não saiam do meu lado. Se o pai de vocês quiser falar com vocês, que venha até nós.
 – Como sempre, usando os meninos para se aproximar do ex-marido. Um caso clássico de Anahí. – Belinda estava perto o suficiente para se meter na conversa agora.
 – Eu só não vou falar o que é “clássico Belinda”, em respeito aos meus filhos.
 – Você tem respeito por alguém? Porque como não tem nem por você mesma, achei que... Bom, não importa. Você não importa, não é mesmo, queridinha? – ela fez biquinho ao prosseguir: – Porque você é notícia antiga, e já foi até rebaixada para o lado da empregadinha.
 – Não caberiam os compradores importantes e a mídia na primeira fila – Anahí sorriu como se fossem cúmplices. –, se colocassem todas as amantes do Christopher de um lado só, não é? 
 Belinda olhou para Taylor com ar de desprezo.
 – Sempre soube – olhando-a de cima a baixo –, embora jamais possa entender o que ele viu nela.
 – Nela não, ela não serve nem para passatempo, pelo jeito. – sorriu. – A novata.
 Belinda virou-se novamente, como se só então visse Dulce. Seus olhos se estreitaram e ela parecia pensativa.
 – O que é ela?
 Céus, existia mesmo pessoas assim na vida real?!
 – Ela é uma pessoa, e tem nome. – Taylor interveio.
 – O que você acha? – Anahí ignorou. – Um brinquedinho, um fetiche barato. A nova empregadinha dele.
 – Literalmente?
 – Em todos os sentidos, creio eu. – concordou.
 – Calem a boca – Taylor irritou-se –, tem crianças aqui!
 Mas ao olharem ao redor, viram que os meninos já haviam saído. Pobrezinhos, isso era um evento comum na vida deles.
 – Bom, parece que só restou o lixo. Vamos sair daqui antes que a gente comece a feder também, Dul.
 – Tarde demais, ela já cheira à The One¹, como todas nós.
 Taylor ignorou o comentário e saiu, arrastando Dulce consigo.

...

 A luz mais forte do salão em que a festa acontecia machucou um pouco os olhos de Dulce ao chegar. A verdade, é que seus olhos ardiam pelas lágrimas que segurava, mas podia controlar isso. Uma parte daquela terrível noite – embora a menor – já havia passado. Era só a festa e, de qualquer forma, não é como se alguém fosse sentir falta dela, caso ela sumisse. Só não o fazia naquele mesmo instante, por medo da reação dos outros.
 – Dul? – Lucas estava novamente ao seu lado, assim que Anahí entrava na sala, caminhando firme em direção a eles. – Guille e eu sempre saímos quando a mamãe começa a falar. Ela nunca diz coisas bonitas. Mas naquela hora, nós queríamos te dizer que você está muito bonita com essa roupa. Você é a mais bonita de todas!
 Infelizmente, Anahí chegara a tempo de ouvir a última frase do filho.
 – O que disse?! – arregalou os olhos na direção do filho.
 – A verdade. – murmurou. 
 – Criança bobinha. – ela riu forçadamente e apertou a bochecha do filho de forma mais forte que o necessário, sendo que ao soltar ele teve que massagear o local avermelhado. – Claro que você não entende nada, portanto, sua opinião não importa.
 Ela jogou o cabelo e subiu seu vestido tubinho preto.
 Era verdade que ela estava bonita daquele jeito, com uma jaqueta curta por cima, e diversas pulseiras além de um salto gigantesco. Só que havia muita pele exposta, especialmente quando ela sentava e cruzava as pernas. Dulce, por outro lado, estava de calça legging preta e um tomara-que-caia vermelho com detalhes, cor que combinava perfeitamente com seu scarpin, além de várias pulseiras – o que já era mais exposição do que ela gostaria.
 – Parece que não é só ele que acha que a Dul está estonteante. – Taylor sorriu, olhando para o outro lado da sala, onde Christopher olhava por cima do ombro de algumas pessoas, em direção ao grupo.
 – Ele provavelmente está preocupado que comece a dar pulgas, com todas vocês reunidas. – Belinda sorriu, encostando se no balcão do bar, com uma taça de champanhe nas mãos. – Além disso, quem usa essa palavra, “estonteante”? Francamente, isso é sinal de algum distúrbio psicótico ou algo do tipo, Taylor.
 – Não me sinto ofendida, porque você nem sabe o que significa isso. Na verdade, estou surpresa que conheça essas palavras. Afinal, você só tem o Ensino Médio completo, não é? E dizem que desde o final do fundamental, conseguia suas notas... bom, da mesma forma que consegue manter sua vida de luxo atualmente.
 – Pelo menos o que aprendi na escola me é útil até hoje. Diferente de você, que tem que lavar privadas.
 – Vocês duas só tem esse argumento mesmo? Sejam criativas, por favor! – Taylor lamentou-se. – Além disso, eu sou formada em música, Belinda. Posso deixar os Uckermann se eu quiser.
 – Eu também posso deixá-los, se eu quiser. Parece que temos algo em comum, afinal.
 – Você não passa de uma aproveitadora barata, sabe disso. Aliás, aonde foi a outra?
 – Nesta festa, querida, a maioria das mulheres são “a outra”. Agora, se me dá licença... – Christopher ainda as olhava e Belinda tirou o morango de sua bebida mordendo-o de forma lenta e provocativa, ao que Christopher desviou o olhar. – Tenho mais o que fazer do que perder meu tempo com vocês.
 – Claro, aposto que tem muitos milionários que precisam de uma noite sem significado e uma queda brusca nas contas bancárias. Volte ao trabalho, Beli.
 Diferente de Anahí, ela nem se preocupou em fuzilá-la com o olhar. Apenas continuou com seu sorriso provocante e levantou a taça, como se brindasse a isso.
 – Tay... – Dul também tinha uma taça em mãos. – Quanto tempo até que eu possa fugir e me esconder no quarto?
 – Se quer saber, não está tão ruim assim.
 – Não quero mais estar aqui quando a coisa estiver ruim então.
 – Aguente mais um pouco. Sei que você pode fazer isso. Além do que, se sumir, Christopher saberá que te abalou.
 – Ele não me abalou. O fato de eu ter agido contra os meus princípios, foi o que me abalou. Eu não poderia me importar menos com ele!
 – Sim... – Taylor a olhava com um sorriso, embora agora fosse apenas condescendência. – Continue dizendo isso para você mesma. Quem sabe funciona.

...

 Maite veio cumprimentá-las, mas não pode ficar, pois devia circular e falar com mídia, compradores e clientes convidados. Leighton ainda estava ocupada com o trabalho de modelo e Christopher, apesar de olhar diversas vezes na direção de Dulce com olhar desejoso, não se aproximou.
 Taylor achava que ele era um bom ator.
 Dulce acreditava que ele se arrependera.
 Qualquer que fosse a situação, era degradante.

...

 Após o que pareceram muitas horas, os convidados começaram a sair e Taylor lançou um olhar doce para Dulce, que indicava que, se ela quisesse, já poderia se retirar. E assim ela o fez. 
 Na verdade, ela não via nem o próprio Christopher nos últimos minutos em que estivera no salão. Embora, com a quantidade de mulheres que estavam naquela sala, ele provavelmente se sentia em um self-service.
 Assim que passou para a parte da sala que era bloqueada e dava acesso ao andar superior, ela já tirou o salto. Detestava o barulho que aquilo fazia e a forma como era difícil se equilibrar, ainda mais agora que a amiga não estava a seu lado para apoiá-la. Então, ela subiu as escadas quase se arrastando, pelos corredores escuros. Sua barriga roncava, visto que além do café da manhã passara o dia apenas à base de álcool e alguns aperitivos. Mas isso não importava. Ela queria trancar a porta do quarto e chorar. Arrancar os lençóis, que cheiravam a ele, e jogar-se de costas na cama, fitando o teto por longos minutos, até que tomasse coragem de pegar o celular e ligar para Daniel. Não pretendia lhe contar nada e tinha medo de como ele a trataria, mesmo assim, mas precisava ouvir uma voz reconfortante. Precisava de alguém que conhecesse quem ela realmente era, a pessoa que ela era antes de entrar no meio daquele fogo-cruzado. Sentia saudades de casa, de seu irmão Alfonso, de sua mãe... De Laura, e da vida como era antes, pois por mais que tivesse conturbações, eram problemas reais. Era totalmente diferente ter que se preocupar com hospitais e com festas. Ela se sentia superficial ali e começara a se tornar parte daquilo.
 Ela finalmente chegava ao quarto, ainda com os pensamentos a mil por hora, mas quando se aproximou o suficiente da porta, ouviu sussurros. Sentiu o estômago revirar perigosamente e, por instinto, aproximou-se mais, lentamente.
 – Achei que não fosse conseguir escapar, com toda a mídia e a marcação cerrada daquela sua mulher... Mas fico feliz que tenha conseguido um tempinho para mim. Você certamente sabe como fazer o tempo valer à pena, Ucker...
 Dulce teve que sair o mais rápido possível, pois não agüentaria lidar com a resposta. Entrou no primeiro quarto que conseguiu e correu para o banheiro, curvando-se sobre a privada e devolvendo o pouco que ingerira até ali. Sua cabeça girava e doía e ela não podia mais controlar o choro.
 Como alguém podia ser tão desprezível?
 Os sons da festa ainda podiam ser ouvido. Maite ainda cumprimentava as pessoas com um sorriso adorável totalmente ingênua e alheia. Lucas e Guilherme brincavam em algum lugar, tentando fugir da falsidade. 
 A irmã dele estava lá, os pais, a empresa, a mídia...
 Enquanto isso, Christopher estava em um quarto com Belinda, confortável o suficiente até para se esquecer de fechar totalmente a porta.

¹ The One: colônia da marca Dolce & Gabbana, e é a fragrância que Christopher usa. Foi uma escolha aleatória, achei que a descrição do perfume combinava com ele, além de ser um dos perfumes masculinos mais populares, segundo a lista em que pesquisei.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): akcardoso

Este autor(a) escreve mais 5 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Nota da autora: Após um longo (realmente longo) período sem posts por questões pessoais, estou conseguindo voltar a escrever. Não posso garantir que esses meus sumiços não voltarão a ocorrer, mas se ainda houver alguém querendo ler, podem ter certeza que eu sempre voltarei! Assim, sem mais delongas... Vamos ao cap&iacut ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 447



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • vondyfforever Postado em 25/05/2016 - 18:56:22

    Eeeei volte

  • ✌Ask✌ Postado em 05/10/2015 - 02:19:30

  • #Pequena_Girl Postado em 20/08/2015 - 19:03:06

    Por que você não continua????

  • jhessyvondy Postado em 18/08/2015 - 01:54:13

    Dulce só pode estar louca de ir falar coma BBelinda , deixa ela saber que a Belinda tem parcela de culpa na parte dela ir embora , ai chorei com a história do Guilherme tadinho , cara ficarei bem feliz se o Christopher desse atenção pra os filhos , pq tenho quase certeza que vondy não voltar a ficar junto por um tempo :((((( cooontinua

  • #Pequena_Girl Postado em 16/08/2015 - 21:03:05

    Oi leitora nova gatita a fanfic eh vondy quer dizer no final de tudo ele vai ficar com a Dul neh

  • vondyfforever Postado em 14/08/2015 - 14:57:32

    Que bom que vc voltoooo! Amandooo postaa maiss! Que bom que eles estao se entendendoo! *-*-*-*-**-*-*-*--*-**-

  • jhessyvondy Postado em 14/08/2015 - 14:45:31

    UAL que bom qe você voltou . Naomi ra viva ? Não creio , adorei os vondys nesse astral lindo , cooooontinu

  • PamLopes Postado em 14/08/2015 - 12:05:43

    Ainda bem que vc voltou a postar adorei....continue

  • vondyfforever Postado em 09/02/2015 - 01:11:37

    Omg! Serioo nao intendi muitok o fiNal estou confusa era o Christopher que ela estava falandoAi meu deus ansiosaa para a parte 2 e ve no que vai dar. Postee logooo

  • luanavondy Postado em 08/02/2015 - 23:39:15

    ansiosíssima pela parte 2.quantas emoções eu não esperava por isso. qual será o destino dos personagens? Posta mais!! estou muito feliz por vc ter voltado a posta. amo sua web


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais