Fanfics Brasil - Capítulo 10: Frio como você Uckermann ♥

Fanfic: Uckermann ♥


Capítulo: Capítulo 10: Frio como você

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Nota da autora: Após um longo (realmente longo) período sem posts por questões pessoais, estou conseguindo voltar a escrever. Não posso garantir que esses meus sumiços não voltarão a ocorrer, mas se ainda houver alguém querendo ler, podem ter certeza que eu sempre voltarei! Assim, sem mais delongas... Vamos ao capítulo, que, aliás, está gigante!


 


Capítulo 10: Frio como você 


 


 A primeira coisa que Dulce teve ciência na manhã seguinte, foi do mal-estar que sentia. Sua cabeça doía e seu estômago ainda estava embrulhado. Sua respiração estava um pouco pesada e, ao abrir os olhos, e acostumar-se com a claridade, percebeu que sua cabeça parecia girar um pouco. Mas quando finalmente percebeu que ainda estava no banheiro, sentiu-se nervosa, afinal, não fazia ideia de em qual quarto entrara. Só em pensar que Christopher ou Nora pudessem estar ao lado, fazia com que ela sentisse ânsia novamente.
 Reuniu forças que não tinha para levantar do chão do banheiro, praguejando a si mesma em silêncio a cada movimento. E, quando finalmente conseguiu chegar até a pia, a porta se abriu, ao que ela se sobressaltou.
 – Taylor! Graças a Deus é você! – ela suspirou aliviada. – Estava com medo de que quarto seria esse...
 – Dul, este não é o meu quarto. Mas acalme-se! – acrescentou, ao ver o nervosismo da amiga voltar. – É o quarto da Leighton. Ela e Maite ficaram conversando mesmo depois de a festa acabar, então ela demorou bastante para subir. Quando ela entrou para tomar banho, te viu caída aí e ainda tentou te acordar, mas não conseguiu. Então, ela foi me buscar no mesmo instante. Como ela estava cansada, falei para que ficasse no meu quarto e eu fiquei aqui. Coloquei uma toalha pra te servir de almofada, mas não podia fazer muito mais do que isso até que você acordasse. Aliás, trouxe seu café, porque não acho uma boa ideia você descer até estar... recuperada.
 Dulce agradeceu, mas ainda estava apreensiva pela forma séria como Taylor falava. Obviamente era inaceitável ser encontrada daquele jeito pela irmã do seu patrão, mas honestamente, não havia tido tempo de pensar no tamanho da encrenca na qual podia estar metida.
 – Precisamos conversar, Dulce. – acrescentou. – Volto assim que o café terminar, certo? Aqui tem toalhas limpas e roupas suas que peguei no seu quarto. Tente não adormecer até lá.
 Dizendo isso, Taylor saiu.
 Dulce foi diretamente para o banho, ainda sem coragem de se olhar no espelho. Estava ciente que estava com a roupa do dia anterior e com o rosto pior ainda. Mesmo assim, não se demorou no banho, pois a fome e o nervosismo estavam levando a melhor. O jeito sério de Taylor tampouco passou despercebido e aquilo sim era algo digno de preocupação.
 Quando Taylor voltou, fechando a porta com chave ao passar, o estômago de Dulce revirou mais uma vez. Definitivamente fora longe demais. Seria despedida. Sua família...
 – Dul. – Taylor sentou-se de frente para a amiga, que empurrou a bandeja para o lado, sem conseguir comer mais. – Eu preciso saber o que aconteceu ontem. Porque eu pensei que você e o Christopher tivessem apenas se beijado, mas pela forma como a encontramos talvez... Tenha sido algo a mais?
 – O quê?! Não, Tay, nunca! – respondeu indignada. – Você acha que eu transei com o Christopher? Pelo amor de Deus! Aqui...? Sério?! O que você pensa de mim?
 – Dulce, acalme-se. Eu sei o que o Christopher pode fazer, está bem? Eu vi mulheres chegando a coisas que nunca imaginaram, fazendo o que juraram jamais fazer. Ele pode ter um encanto persuasivo e...
 – Foi só um beijo. – cortou, firmemente.
 – Tem certeza?
 – Claro que tenho, Taylor!
 – Certo. Bom, menos mal então... – ela esboçou um sorriso. – Mas porque você ficou daquele jeito então? Esses dias aqui não fizeram você se apaixonar por ele, fizeram, Dulce?
 – Não, Taylor! – apressou-se a dizer e sua voz subiu uma oitava, ao que Taylor estreitou os olhos, desconfiada.
 Dulce se ajeitou e continuou, mais calma:
 – Honestamente, quão estúpida você acha que eu posso ser? Não, é que... Eu ouvi a Belinda e ele ontem à noite, entre beijos. Eles foram para o quarto no qual eu dormi nas outras noites. Fiquei indignada que ele fizesse isso com a família, mídia, noiva e convidados logo ali embaixo. Senti-me suja por ter sido mais uma a entrar no jogo. Lembrei da minha família e dos motivos que me trouxeram aqui. Minha mãe, meu irmão que precisa de mim pra continuar seu tratamento... Eu não vim aqui para ser uma ficada fácil e garantida para um garanhão que acha que pode ter o mundo nas mãos.
 – Ufa! Agora sim você falou como a Dulce que eu conheci! – Taylor suspirou aliviada e sorriu. – É bom tê-la de volta, amiga. Mas devo alertá-la: prepare-se. Enquanto nada havia acontecido, ele tentaria te conquistar. Agora que o jogo começou, ele vai querer passar de nível, se é que me entende.
 – Céus, Taylor! De onde você tira suas metáforas? – riu, embora sentisse uma pontada de nervoso com o comentário.
 – Tanto faz. Só esteja esperta, porque se você realmente quiser honrar o que disse, precisará colocar limites. E Christopher é um garoto rico acostumado a ter o que quer, como você mesma disse. Ele não reage bem quando alguém lhe diz “não”. Dulce, se você se afastar agora vai mudar tudo.
 – O que mais eu poderia fazer, Tay?
 – Nada. Esta é a questão. Esteja preparada, porque isto é apenas o começo.
 – Isto deveria me animar? – revirou os olhos.
 – Não se preocupe, eu te ajudarei como puder. Pra começar, vamos arrumar suas malas para voltarmos para a baixada.
 De repente Dulce se sentiu estranha. Havia quase se esquecido que estavam ali apenas para o desfile e que retornariam para o lugar onde tudo começou. De fato, este pensamento lhe causava estranhamento. Muita coisa mudou nos poucos dias que passara na casa dos Uckermann. Porque era verdade o que todos diziam, afinal. Aquela casa tinha atmosfera própria, sobrevivia dos segredos que guardava. E o que acontecia ali, ficava ali... Ou ao menos, Dulce gostaria de acreditar nisso.

...


 As malas estavam prontas e Dulce estava inquieta, andando de um lado para o outro no quarto. Taylor e Leighton estavam deitadas de atravessado na cama, cada uma pra um lado, enquanto Dulce contava exatamente o que acontecera.
 – Dulce! – Leighton se sentou, irritada. – Pare de andar assim, está me deixando enjoada. Não é o fim do mundo, sabe? Você ficou com o meu irmão. Você não foi a primeira nem será a última. Apenas certifique-se de que foi um pequeno deslize e não um desvio permanente no seu rumo.
 – Mas a Maite...
 – Não precisa saber de nada. – ela revirou os olhos. – Por favor, Dulce, já tivemos esta conversa! Ela sabe onde se meteu, sabe o que pode estar acontecendo quando ela não está olhando. E você sabe que sem ela o Christopher ficará pior. Então ao menos que você ache que beija bem o suficiente para que o meu irmãozinho já esteja caindo de amores por você e queira levar você para o altar ao invés da sua atual patroa, mantenha o bico fechado. Aliás, “manter o bico fechado” ao invés de colocar a língua na garganta do Christopher era exatamente o que você deveria ter feito pra evitar essa crise moral, mas fazer o que né.
 – Leighton! – Taylor levantou também, repreendendo a amiga. 
 – Pelo menos ela parou de andar de um lado pro outro. – replicou a outra entediada. – E alguém tem que falar as coisas como são, jogar duro com ela. Eu quero ajudar, mas precisamos ser realistas. Se ela errar de novo, ela pode perder um serviço. Tudo bem, pobrezinha, mas ela poderá encontrar vários outros. De qualquer coisa, a qualquer momento, com qualquer salário. Ela só não quer perder este serviço porque está aqui agora, mas poderá encontrar outro se precisar. Porém, se ela errar de novo, a minha família perde muito mais. Meu irmão perde o limite, a Maite perde o noivo, tudo isso afetará na produtividade da empresa e minha família terá outra mancha em sua reputação. Meus sobrinhos serão jogados de mão em mão enquanto a louca da mãe deles tenta fazer seu caminho de volta para dentro das calças do meu irmão. Enquanto isso eu ainda perco minha melhor amiga, que estará ocupada demais trabalhando para limpar a bagunça emocional e física do meu irmãozinho conquistador. Sinto muito, mas a minha família é a minha prioridade. – seu olhar encontrou o de Dulce. – Você não pensaria igual a mim?
 – Com certeza. – concordou, porque realmente entendia o pensamento da outra. – Obrigada, Leighton. É bom ter a Taylor para me confortar, mas também é estranhamente bom ter você, para me chacoalhar e jogar um pouco de perspectiva.
 Taylor parecia incerta com o elogio da amiga, mas Leighton sorriu.
 – De nada, Dul. Estou às ordens, quando precisar. Você sabe... Só jogo duro com você, porque você é a única que vale à pena não perder. As anteriores eu sabia que era só questão de tempo... Desperdício de tempo. Você é diferente.
 Toc, toc.
 – Taylor o papai está esperando você.
 Dulce sentiu um revirar no estômago ao ouvir a voz de Christopher. Taylor também se levantou de um pulo.
 – Já vou! – respondeu, embora os passos de Christopher já estivessem se afastando. – Leighton, vai conosco?
 – Ah, infelizmente não... Ficarei para descansar um pouco, amanhã estarei de folga então prefiro ficar por aqui mais um dia mesmo.
 – Bom... Então vou ficar com a Dul na casa do Christopher. Te vejo amanhã, amiga. E você Dulce, eu vejo em casa.
 – Espera, o quê? Não! Está maluca, Taylor? Como assim me vê na baixada?
 – Presumo que você vá voltar para...
 – Não com ele! – respondeu numa voz um pouco aguda. – Como você acha que eu posso ficar sozinha no mesmo carro que ele? 
 – Ele não vai tentar nada, prometo.
 – Ah, claro, porque você entende tanto das regras deste “jogo” que...
 – Ele não vai. – Leighton concordou, ao que Dulce a olhou intrigada. – Maite voltará com vocês.
 Os olhos de Dulce se arregalaram.
 – Por favor, esteja brincando...
 – E os meninos. Vai ser uma viagem divertida, não?
 Mas Dulce parecia a ponto de se jogar na cama e chorar.

...


 No fim das contas, porém, as garotas estavam certas. Não foi mesmo tão ruim assim. Maite continuava sendo um amor de pessoa, mesmo com o cansaço e a noite mal dormida. Guilherme estava entretido em seu game boy e Lucas falava animadamente com Maite no começo, fazendo-a rir ao ouvir suas impressões e opiniões (super sinceras) sobre o desfile. Por fim, ele se cansou e dormiu apoiado no braço de Dulce, que estava entre os dois irmãos no banco de trás. Ela mesma, porém, pouco falara, com exceção de quando Maite lhe fazia alguma pergunta direta. Christopher, por sua vez, sequer abrira a boca. Mas os olhares dos dois se cruzaram algumas vezes pelo espelho retrovisor.
 – Espero que não tenhamos lhe assustado logo de início com toda essa história de desfile, Dulce. – Maite sorriu. – Não é assim o tempo todo, prometo.
 – Ahn... Não, foi uma experiência bem interessante. – respondeu tentando sorrir e não olhar para Christopher.
 – Fico feliz em ouvir isso. Bom, se me permitem, acho que vou cochilar um pouquinho...
 Maite bocejou e fechou os olhos. Àquela altura, Guilherme também já dormia, apoiado na janela. O silêncio reinou no carro. Dulce não pretendia quebrá-lo, pois sabia que por mais incômodo que o silêncio pudesse ser, as palavras não melhorariam em nada. Christopher olhou-a mais uma vez pelo retrovisor e ela o viu dar aquele sorrisinho de canto, embora também não tenha dito nada. O que poderia ser divertido naquela situação? Céus, como ele podia não estar se sentindo tão ou até mesmo mais culpado do que ela?
 – Mal posso esperar para chegar em casa... – disse ele, após cerca de meia hora.
 Não era uma pergunta, então Dulce não respondeu. Até porque, não sabia o que dizer a ele. Nunca sabia como ele interpretaria as conversas.
 – Ei, que tal fazermos uma parada na próxima lanchonete? Preciso urgentemente me alongar e um café também não faria mal algum.
 – Certo...
 Dulce se sentia estúpida agindo daquela forma. Simplesmente ela não conseguia assimilar a tranquilidade dele. Claro, ele tinha experiência no assunto, mas ainda assim... De qualquer forma, talvez estivesse mesmo fazendo tempestade em um copo d’água. Talvez ele estivesse agindo normal, porque não houvesse pelo quê fazer drama. Fora um beijo, coisa de momento, nada realmente acontecera e nem aconteceria. Talvez ele já tivesse até desencanado. Talvez estivesse satisfeito com as amantes que já tinha. Talvez tivesse decidido de que precisava mais de uma empregada do que de mais uma mulher em sua lista.
 Talvez, talvez, talvez.
 Talvez a cabeça dela fosse explodir com as possibilidades.
 Na parada seguinte, Christopher estacionou. Dulce acordou Lucas, mas Christopher a impediu de acordar Guilherme ou Maite. Quando ela saiu, o filho mais novo de Uckermann voltou para o carro e voltou a dormir, como se nada tivesse acontecido. Opa, isso não poderia ser um bom sinal.
 – Talvez devêssemos acordá-los. – apontou ela, parcialmente feliz por ser capaz de elaborar uma frase. – Provavelmente só pararemos novamente em casa e eles podem querer algo...
 – Comprarei algo para eles, não se preocupe. Anda, vamos lá. – Ele sorriu para ela, que olhou novamente em dúvida para o carro mais decidiu ir.
 Assim que se aproximaram da lanchonete, Dulce percebeu que eles estavam andando em direção aos fundos. Ia dizer isso, quando Christopher passou o braço ao redor dela e continuou conduzindo-a, a passos mais rápidos.
 – Christopher, a entrada é pelo outro lado...
 – Faremos o caminho mais longo.
 Não tinha como isso terminar bem. Assim que se aproximaram dos fundos do estabelecimento, Christopher pressionou-a contra a parede e beijou-a sem dar tempo para que ela sequer piscasse.
 Ele a beijava com tanta urgência, tanta necessidade, tanto desejo, que apesar da surpresa, ela deixou que o momento e o arrepio causado pelo frescor do hálito dele em sua boca lhe levassem. Parte dela – aquela parte chamada ego – estava feliz que ele não tivesse desistido dela após apenas um beijo. Mas a consciência dela logo a lembrou-a porque o ego deveria ser suprimido: Maite, Guilherme e Lucas dormiam em um carro há alguns metros de distância, enquanto eles se agarravam aos fundos de um estabelecimento de beira de estrada. Foi o suficiente para ela voltar à plena liderança de seu corpo, seus impulsos e seus desejos. Embora a boca quente dele começasse a descer pelo pescoço dela, ela reuniu a força que ainda tinha e o empurrou.
 – Se vocês mulheres soubessem o quanto é chato se fazer de difícil quando estamos...
 – Não. – cortou, fechando os olhos e inalando o ar com força.
 – Dulce, por favor, eu sei quando uma mulher corresponde um beijo. Eu sei quando uma mulher me deseja tanto ou até mais do que eu a desejo.
 O mesmo cafajeste de sempre. Foi a vez de Dulce dar um meio sorriso. Era fácil lembrar-se de manter distância quando ele era aquela pessoa. Se em algum momento se deixou levar pelo Christopher honesto que conhecera nos dias em que passaram sozinhos, ficava grata que ele tivesse partido. Era bem mais fácil controlar seu desejo quando não o desejava; quando o repudiava.
 – Christopher, sua noiva, seus filhos, eles estão logo ali... Poupe-me!
 – Ok, já entendi. – ele levantou as mãos, se rendendo. – Mas quando chegarmos em casa...
 Ele se aproximou, segurando o queixo dela e mordendo o lábio inferior dela.
 Dulce o empurrou com mais força.
 – Não, Christopher. Nem depois nem nunca mais! Não tenho medo que eles nos vejam, eu simplesmente não te quero e pronto!
 Por um instante as palavras pairaram tensas no ar entre eles. Então, os olhos de Christopher pareceram nublar e ele se afastou sem dizer nada. Dulce apoiou as costas novamente na parede onde antes ele a pressionava e suspirou. Quase desejava poder retirar aquelas palavras, pois sabia que o ferira. Mas sabia que precisava afastá-lo tanto quanto possível e estabelecer limites. Quem sabe ele precisasse mesmo de um pequeno machucado na autoestima para deixar de vê-la como uma presa em potencial.

...


 Sabe aquele momento que o silêncio é tão grande que você, literalmente, escuta o som do nada? Foi este o som dentro da Land Rover até chegarem à capital. Uma vez lá, enquanto cortavam a cidade, havia barulho e paisagens o suficiente para disfarçar o desconfortável silêncio e o clima acidamente gelado. Quando começaram a descer para a baixada, Maite acordou e, após algumas tentativas inúteis de estabelecer conversa com Dulce ou com o próprio noivo, ligou o som, baixinho. Não demorou e os meninos acordaram também, o que fez Dulce se sentir um pouco mais aliviada.
 Na baixada, eles fizeram uma pausa para deixar os meninos na casa de Anahí. Esta veio até o carro elogiar a coleção de Maite e trocar algumas palavras, como se ainda fossem amigas. Depois, eles rumaram pra a cobertura à beira-mar, onde Maite pediu desculpas, mas retirou-se diretamente para o quarto, porque ainda estava exausta. Dulce prometeu que levaria algo para ela comer mais tarde, ao que ela agradeceu, despediu-se do noivo e subiu.
 – Quando a Taylor voltar, – Christopher abriu alguns botões da camisa – avise-a para não se preocupar comigo. Comerei na rua.
 – Você está de saída?
 – Achei que isso estivesse implícito. – replicou com frieza. 
 – Ahn, sim...
 – Voltarei tarde, diga a ela que se poupe de me esperar acordada para passar um sermão. Deixe que ela desperdice o tempo dela te adestrando um pouco mais.
 Dulce teria batido nele se não tivesse sido pega tão desprevenida. Isto é o que ganhava por descer ao nível dele, era tratada como mais uma qualquer. Sabia que isso aconteceria, mas seria difícil manter o que restara de sua dignidade se ele fosse passar para a ofensiva. Enquanto isso, ela só podia rezar para que Taylor chegasse rápido para poderem conversar.

...


 – Onde raios você se meteu? – Dulce exigiu assim que Taylor cruzou o elevador.
 – Pelo seu bom-humor, suponho que a viagem de volta tenha sido adorável. – ironizou, ignorando a raiva da amiga e indo em direção ao quarto.
 – Christopher me agarrou!
 – Achei que já tivéssemos tido essa conversa... Dul, supere isso, ok?
 – Não, Taylor, não lá na casa dos Uckermann. Atrás de um bar de beira de estrada! Com os filhos e a noiva dormindo no carro a alguns metros de distância!
 Taylor parara de andar e se virara de olhos arregalados ao ouvir aquilo.
 – Ele o QUÊ?!
 – É... Isso mesmo. Pronto. Viu?
 – Christopher está completamente louco. Ele já passou dos limites do bom senso anos atrás, mas agora está passando até dos limites aceitáveis para ele mesmo!
 – Eu sei! É o que estou tentando dizer! Aliás, isso nos traz de volta a minha pergunta: onde raios você se meteu?
 Taylor deu um sorrisinho amarelo, como que se desculpando. Ela virou-se e continuou o trajeto até o quarto, abrindo a porta e dando passagem para Dulce antes de continuar:
 – Paul e eu fizemos uma parada em São Paulo. Fomos ao shopping tomar um lanche, começamos a conversar e perdemos um pouco a noção do tempo. Ele está preocupado com o Christopher, sabe?
 – Você é tipo a informante do sr. Uckermann? – arqueou as sobrancelhas, sentando-se na cama da amiga.
 – Não! – defendeu-se. – Somos amigos, conversamos. Eu também estou preocupada com Christopher, afinal ele é praticamente meu irmão! Enfim, Paul queria minha opinião sobre a situação. Ele tem medo de passar a empresa para Christopher e ele levá-la à falência, usando o dinheiro para sustentar e conquistar suas amantes.
 – Ele não faria isso, faria? Apesar de ser um imbecil completo, ele me parece bem ciente de todos os sacrifícios que a família já fez pela empresa. Não acho que ele arruinaria isso.
 – É, eu também não. Foi o que eu disse a Paul. – ela sentou-se à penteadeira, soltando o rabo-de-cavalo e escovando os cabelos, observando Dul através do espelho. – Mas depois do que você me disse, não sei mais de nada. Christopher está extrapolando, Dul. Talvez Paul esteja certo, talvez Christopher não tenha amadurecido. Ou talvez queira simplesmente se vingar dos pais, pelas restrições que teve.
 – Restrições que o fizeram ser capaz de sustentar a vida luxuosa que ele leva. – lembrou a outra.
 – Sim, mas para Christopher é diferente, é pessoal. Para nós parece absurdo, mas... Honestamente, o dinheiro que ele tem teve um preço. Acho que se ele pudesse ter escolhido, não teria pagado esse preço. Acho que preferia ter sido comum, mesmo que isso significasse ser comum no sentido financeiro também.
 – Enquanto isso, eu sou vítima de assédio sexual e danos morais no meu serviço de empregada do riquinho mimado, para tentar ganhar dinheiro para sustentar pelo menos a internação do meu irmão. 
 – Você tem um irmão? – Taylor surpreendeu-se. – Ele está internado? O que houve? Como ele está?
 – Tenho, sim. Ele está melhor agora, mas ainda está internado. Mas a questão não é essa. É só que... A vida é tão absurda às vezes!
 – É, eu sei... – ela se virou na cadeira, de modo a olhar de frente para a amiga. – Bom, se não quer falar sobre a sua família, eu entendo. Mas saiba que eu estarei aqui se precisar de algo, certo?
 – Eu sei, obrigada Tay.
 – Bom, sendo assim... se importa de me contar exatamente o que aconteceu entre você e o Christopher?
 E assim Dulce o fez, contando os detalhes da viagem e da forma fria como o patrão a tratara depois que chegaram em casa.

...


 – Uau, Ucker, eu não esperava que você fosse sentir minha falta tão rápido.
 – Fico feliz que não esteja ocupada.
 – Sempre consigo um espaço na minha agenda para você, queridinho.
 – Ótimo... Achei que eu poderia recompensá-la pela festa. Você sabe, eu não pude te dar a atenção que gostaria.
 – Algo que eu nunca entenderei. – ela revirou os olhos. – Eu já te disse que não tenho nada contra incluir mais alguma de suas amantes nas nossas brincadeirinhas.
 – Por favor, Beli! – ele fechou os olhos, fazendo careta.
 – Sempre ficou me perguntando se essa sua reação é você tentando controlar o tesão que a ideia causa, ou se realmente não aprova a ideia.
 – Não aprovo. Você acha o quê? Que eu posso simplesmente chamar minha noiva para passar a noite comigo e minha amante?
 – Claro que não! Ela estava ocupada com o desfile. Aliás, de os parabéns a ela, adorei a coleção... Mas, bem, você poderia chamar a Any. Ou vai dizer que você nunca pensou nisso? Por favor, Ucker, ambos sabemos que você não tem nada de puritano.
 – Belinda?
 – Sim?
 – Você quer mesmo ficar conversando, ou você quer que eu faça o que vim aqui para fazer.
 Ela riu e tirou a fina camisola que usava, já sem nada por baixo.
 – Como resistir quando você fala assim tão romântico?
 Christopher apenas ignorou o sarcasmo dela e a empurrou contra a parede mais próxima, colando seu corpo com o dela, tirando a camisa enquanto ela o ajudava a tirar a calça.

...

 – Se sente melhor agora, queridinho? – Belinda sorriu, apoiando-se em um cotovelo, uma das mãos traçando desenhos no peito nu de Christopher.
 – Muito, obrigada.
 – Não sei por que você continua nessa.
 – Beli...
 – Sua noiva pode até ter um corpão, mas aposto que é tão ruim quanto a anterior. Uma era obsessiva, agora essa nem te dá atenção, sempre ocupada demais com o foco no trabalho. Você sabe, se fosse eu nem te deixaria sair da cama...
 – Claro, – ele apoiou-se em um cotovelo também, encarando-a de frente, com um sorriso maroto no rosto. – só que aí eu iria à falência e você partiria para a próxima vítima.
 Ela sentou-se, olhando-o ofendida.
 – Você não pode estar falando sério.
 – Por que, eu disse alguma mentira?
 – Você sabe perfeitamente que não é assim que funciona.
 – Ah, não? Então como é, Beli? Como você paga esse apartamento de luxo? Como você sempre tem um carro do ano na garagem, um motorista particular, as melhores roupas, os melhores sapatos, viaja para onde bem entende quando quer e sempre frequenta as melhores festas e restaurantes? Diga para mim, queridinha.
 – Você é realmente um imbecil, sabia? Você sabe perfeitamente como eu me sinto em relação a você. Mas você insiste nessas mulheres que jamais te darão o que você precisa. Você sabe que nenhuma delas é a certa, mas prefere ignorar isso. Mas diga-me, Ucker, quem está lá todas as vezes? Quem esteve lá desde o seu primeiro término? 
 – Quem foi a razão do meu primeiro término, você quer dizer?!
 – Perdão, como é mesmo que aquilo foi minha culpa?
 Ele fechou os olhos com força, tentando conter a irritação.
 – Não vamos falar dela, por favor.
 Belinda tinha os olhos marejados e tentava ao máximo segurar as lágrimas e manter-se sob controle.
 – Você foi lá e teve um filho com a Anahí, isso foi o que aconteceu! Não foi minha culpa!
 – Já disse que não quero falar disso, Belinda.
 – Mas eu estive lá, não estive? Na primeira, na segunda, na terceira vez. E eu ainda estou aqui, Christopher. Será que é tão difícil você entender que eu te amo? Nós seríamos bons juntos. Gostamos das mesmas coisas, eu faço parte do seu mundo, o sexo é maravilhoso...
 – Será que é tão difícil você entender que eu nunca vou amar uma prostituta?! – ele cortou, seu tom de voz alterado.
 Ela se calou imediatamente, a boca permanecendo aberta no meio de uma frase. Ela se recompôs lentamente, tentando ignorar as lágrimas que agora estavam caindo por seu rosto. Ela puxou os lençóis para se cobrir e ficou em pé ao lado da cama. A essa altura ele também estava sentado de seu lado da cama, de costas para ela, a cabeça enterrada nas mãos, cotovelos apoiados nos joelhos.
 – Beli...
 – Saia da minha casa, Uckermann.
 – Você sabe que eu...
 – SAIA da minha casa AGORA!
 Ele se levantou, olhando-a de forma suplicante.
 – Beli...
 – Cale-se! Não me dirija a palavra, porque eu não quero ouvir mais a sua voz. Eu não quero mais te ver. Suma daqui, Uckermann. Vá em frente, procure a sua princesa de contos de fada, a garota perfeita que escapou, o grande amor da sua vida. VÁ atrás dela, Ucker! Por que você nunca foi, afinal? Foi você quem desistiu!
 – Você sabe que eu não po...
 – E por que ela não ficou? Ela sabia qual era a sua situação. Ela simplesmente não te amava o suficiente, mas você jamais vai ver isso, não é? Então continue idolatrando a querida e amada Naomi! Mas ela não vai voltar. Não fui eu quem a colocou no avião, Ucker... Ela foi porque quis. Ela queria o que você tinha, não o que você era. E se ela não podia ser uma Uckermann, por que ela ficaria presa com um?
 – Belinda...
 – Não me interessa o que você tem a dizer! – cortou irritada, virando-se de costas. – Se depois de todos esses anos você ainda é cego em relação a ela, é melhor que você simplesmente vá embora. Eu nunca vou ser a Naomi, Ucker, não importa o quanto você queira isso. Eu simplesmente não sou ela... E é por isso que você nunca me escolhe, não é?
 Ele ouviu-a soltar um risinho abafado, como se ela estivesse chorando mais forte.
 – Eu vou entrar no banheiro e quando eu sair eu quero que você esteja fora da minha casa. Entendido?
  E sem esperar por resposta, ela entrou no banheiro e bateu a porta atrás de si.
 Christopher jogou a cabeça para trás e suspirou. Tinha vontade de socar algo. Como as coisas podiam ter ficado tão mal em apenas um dia? Primeiro Dulce, agora Belinda. E pra piorar, Naomi estava de volta em seus pensamentos. Logo aquela lembrança que ele tanto tentava afastar de sua mente...

...


 Após contar para a amiga exatamente o que acontecera, Taylor ficou ainda mais indignada do que já estava. Dulce convenceu a amiga a ir tomar um banho para relaxar, antes que a mesma entrasse em combustão espontânea. Quando Taylor aceitou, a outra decidiu seguir o próprio conselho e ir para o seu próprio quarto e fazer o mesmo.
 Enquanto tomava banho pensava em sua família. A saudade aumentava, seu peito pesava com todas aquelas emoções conflituosas. Tudo o que ela mais queria era deixar aquela casa, aquela vida, aqueles dias de pesadelo em glitter para trás. Mas o amor que sentia por seus familiares não permitia que ela fosse tão egoísta. Ela simplesmente não podia deixar que sua mãe, tão cansada e de idade avançada, voltasse a trabalhar para pagar o hospital de Poncho. E Dulce não podia simplesmente parar de pagar pelo tratamento do irmão. Após todo aquele tempo lutando contra a doença, ele finalmente parecia bem, parecia estar se curando... É verdade que a doença dele era traiçoeira e podia causar recaídas inesperadas, mas ela gostava de acreditar que desta vez ele ficaria bem de verdade. Sendo assim, ela precisava continuar. Aguentar firme, engolir as humilhações e seguir no jogo.
 Se ela pudesse apenas ligar para ter notícia deles! Mas sua mãe nunca se entendera bem com os celulares, Poncho não estava exatamente em condições para isso, e Daniel era a última pessoa com quem ela queria falar no momento. Ironicamente, houvera uma época que Daniel era o único com quem ela podia falar. Mas agora ele estava machucado e chateado com ela, porque ela partira. Bravo porque ele achava que ela estava deixando Laura para trás, simplesmente porque não estava pronta para lidar com a situação. Como ele podia pensar isso? Tudo que ela mais queria era envolver Laura em seus braços e deixá-la saber que estava segura, que nada a machucaria. Tudo que ela sempre fez foi por sua pequena, cada erro, cada falha, cada arrependimento... Tudo fora pensando em melhorar a situação de sua bonequinha. Tudo fora por Laura, e agora ela mal podia ouvir o nome da garota ou pensar nela sem sentir as lágrimas correrem por seu rosto.
 Dulce tentou conter o choro, lavou o rosto e se recompôs antes de desligar o chuveiro. Quando saiu, a ideia de fazer aquela ligação já tinha escapado novamente. Faltava coragem, ainda mais com tudo que acontecera na festa dos Uckermann. Ela não era forte o bastante para viver em dois mundos tão diferentes ao mesmo tempo, simplesmente não podia. Sendo assim, ficou feliz ao ver um bilhetinho em cima da sua cama, com a assinatura de Taylor, dizendo: “Sorvete é o remédio mundial para desilusões; ainda mais o de abacaxi ao vinho, já experimentou? Se estiver afim, estarei na cozinha te esperando.”. E, de fato, talvez fosse apenas o que ela precisasse.

...

 Ao se juntar à amiga na cozinha, as duas dividiram um pote de sorvete inteiro, cada uma se munindo de uma colher, e abriram a pauta do dia: falar mal dos homens. Taylor se queixou de seu homem misterioso – cujo nome ela não revelava e Dulce não conseguia entender a razão disso –, que aparentemente sabia sobre os sentimentos dela e mesmo assim não dava a mínima. Dulce se queixou de homens que são como Christopher, machistas que acham que podem ter o que quiserem, quando quiserem, aqueles que acham que mandam e que os outros têm que obedecer, aqueles que são violentos, aqueles que... Então Dulce começou a chorar e Taylor compreendeu, sem que a amiga precisasse dizer, que ela não falava mais estritamente de Christopher.
 – Mas você sabe, Tay, há uma pessoa que um dia eu adoraria lhe apresentar... – disse Dulce sorrindo, após mais algumas colheradas de sorvete. – O nome dele é Daniel. Ele é meu melhor amigo. Ou era, não sei mais... Acho que vocês formariam um belo casal, sabia?
 – E porque você nunca ficou com ele se ele é tão perfeito? – Tay riu, desconfiada.
 – Porque ele é como um irmão para mim! Além disso, tem muita história entre nós. Nunca daríamos certo... Além disso, ele amava outra pessoa.
 – Portanto ele só é perfeito para essa pessoa.
 O sorriso de Dulce desmanchou aos poucos e ela ficou “cavando” o sorvete com sua colher, sem comer.
 – Não, eles não deram certo. Eu fui tudo o que restou para ele.
 – ... Mas se ele é assim tão perfeito e já teve o coração partido, eu não poderia fazer o mesmo. E apesar de ser um tormento, o sr. Misterioso é a pessoa por quem meu coração acelera.
 – E se ele nunca perceber?
 – A esperança nunca me permitiu pensar nisso. – riu-se a loira. – Mas, ei, se esse tal Daniel Perfeição não é seu namorado... Quem era?
 – Fala sério, Taylor! – ela revirou os olhos. – Não há um namorado na história.
 – Como não? No mínimo um amor. Vamos lá, sempre há um amor...
 – Não no meu caso. Sempre estive ocupada com coisas mais importantes. Desde jovem tive que trabalhar para ajudar a sustentar a casa e a minha família. Namoro nunca foi minha prioridade.
 – Que seja, mas nem um casinho?
 – Bom, sim... Uns três no total.
 – No total? Uau, você é quase uma santa! Ei, espera... Você é virgem?!
 – Infelizmente, não. – ela riu. – Honestamente, minha primeira vez foi péssima. E a segunda. O outro cara que fiquei foi apenas um beijo inocente, quando eu era mais nova...
 – Uau, Dul! – Taylor estava séria agora e parecia fazer algum cálculo mental. – Então a probabilidade estatística de você se apaixonar pelo Christopher...
 – Poupe-me, Tay! – cortou, revirando os olhos – Isso não vai acontecer. Confie em mim. Nunca, jamais!
 – Aham, claro... Disse a que prometera também não cair nos encantos dele e agora já o beijou duas vezes.
 – É diferente. – ela corou.
 – Não sei como, nem em qual universo...
 – É sério, Tay. Cada vez sinto mais aversão a ele. Ele não tem respeito pela família, pelas mulheres que ele fica e nem por ele mesmo. Ele simplesmente não faz o meu tipo.
 – É, ótimo, continue repetindo isso até dissolver a última pontinha de esperança que você tem de que ele não seja tão ruim.
 – Já me convenci!
 – Por favor, ninguém, ninguém fica dias sozinha com ele sem cair pelo menos um pouquinho. É a coisa do vórtice...
 – Lá vamos nós de novo... – Dulce bateu na própria testa, fazendo a amiga lhe mostrar a língua.

...

 Taylor havia ido dormir, mas Dulce não tinha sono. Estava cansada, mas era aquele tipo de cansaço intenso de quando você tem muitos pensamentos e não consegue controlá-los; o tipo de cansaço que não te deixa dormir. Portanto, continuou sentada à mesa da cozinha, com as luzes apagadas, apenas observando o brilho do luar refletido na cozinha e deixando seus pensamentos serem conduzidos para outra época, totalmente diferente...
 As luzes se acenderam repentinamente e Dulce se sobressaltou, ao mesmo tempo que Christopher disse algo que ela não entendeu.
 – Não imaginava que ainda estaria acordada. – disse ele, um pouco desconcertado por um instante.
 – É, eu provavelmente não deveria... Sinto muito.
 – Não... Não tem problema. Só vim pegar um chá gelado, já vou subir. Não se incomode comigo.
 – Não, eu também já estou me retirando. – disse ela se levantando. – Desculpe se o assustei.
 – Não tem problema. Mas da próxima vez você poderia considerar deixar a luz acesa.
 Ele ofereceu um sorrisinho a ela, como se não tivesse agido como um completo canalha horas atrás. Ela apenas engoliu a seco e já ia retirando-se, supondo que aquela conversa era o máximo que podia esperar, mas surpreendeu-se quando ouviu-o novamente, falando com ela:
 – Na verdade, é legal ter alguém acordado quando eu chego. 
 Ele havia fechado a geladeira, mas estava de costas para ela, e sua voz era baixa.
 – Quero dizer, sei que você não estava me esperando, mas... – ele deu uma risada anasalada, um pouco amarga e meneou a cabeça. – Deixa pra lá. Boa noite, Dul.
 Ele se virou para olhá-la, a cabeça inclinada e um sorriso sereno que contradizia o turbilhão intenso que se formava em seus olhos. Mas ela não estava pronta para aquilo. Se ele queria alguém que se importasse, deveria ter pensado antes e se importado com ela primeiro, medido suas palavras e contido suas ações, no mínimo. Ele que não esperasse que fosse ser tão fácil voltar ao que estavam se tornando naqueles dias, na casa dos Uckermann e que, agora no silêncio constrangedor que se estendera demais e reinava entre eles, nunca parecera tão distante.
 Sem responder nada, ela se retirou.

...

 Dulce logo descobriu que estava errada. Na manhã seguinte, assim que acordou e se juntou à Taylor que já preparava o café-da-manhã, foi saudada com a notícia de que o patrão não voltara para casa.
 – Como não? Eu ainda estava aqui quando ele chegou, trocamos algumas palavras até...
 – Estranho. – Taylor franziu o cenho para a resposta da amiga. – Maite levantou cedo e me disse que Christopher já havia saído. Presumi que a coitada estivesse se iludindo e que ele sequer tivesse voltado.
 – Voltar ele voltou, só não sei por quanto tempo, nem se ele chegou a vê-la.
 – Talvez tenha subido na esperança de que ela estivesse acordada, mas quando percebeu que a pobrezinha precisava de mais algumas horas para recuperar o sono que não pudera ter durante a última semana, então foi correr atrás de uma das amantes. Típico Christopher Uckermann.
 – É...
 – Mas tem algo engraçado nisso, interessante até.
 Embora Dulce duvidasse que acharia algo engraçado ou interessante na história, manteve-se em silêncio, sabendo que a amiga continuaria mesmo sem precisar de incentivo para isso. E assim ela o fez:
 – Pense bem: Quando o Christopher te beijou pela primeira vez, você fugiu, certo? Depois disso, você o encontrou com a Belinda, na noite da festa. No dia seguinte, ele tentou investir novamente e mais uma vez você desviou, então chegando à capital ele te insultou e foi atrás de uma das amantes. Ontem de noite você o encontrou e, aparentemente, se manteve fria e distante em relação à ele e o que ele fez? Saiu novamente!
 Dulce revirou os olhos, mas continuou calada, achando que a amiga concluiria, mas ela continuava olhando para Dulce com aquela cara de “você não vê?”.
 – E daí, Tay?
 – E daí que você mexeu com ele, Dul! Não no sentido, “Oh, Céus, ele está perdidamente apaixonado por você”, não. Mas você o evita, e ele não está acostumado com isso, então você está bagunçando a cabeça dele. Ele te quer, mas não suporta ser rejeitado. Portanto, ele precisa te fazer sentir mal, te humilhar, te insultar, te fazer achar que ele não dá a mínima, quando na verdade, ele te quer cada vez mais, porque você está tornando a conquista difícil. Ele te dá o tratamento de gelo, tenta ser frio como você, mas apenas para não inverter os papéis e cair de predador para presa!
 – Aham, fascinante. – Dulce disse em tom sarcástico, tentando ignorar o fluxo de sangue que se acumulava em suas bochechas. – Já pensou em estudar psicologia, Tay?


 


____________


Comentários: Espero que alguém ainda se interesse pela história. Sinto muito pela demora, mas é algo que realmente não consigo controlar... A boa notícia é que já tenho mais um capítulo prontinho, então se ainda tiver algum leitor por aí, deixe um recado e eu postarei em breve! E, se você continua lendo apesar de tudo, muito obrigada por não desistir! E aos novos... sejam bem-vindos!



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Autor(a): akcardoso

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 Apesar de ter desprezado a interpretação de Taylor no começo, Dulce não pode evitar perceber que havia um pouco de verdade em toda aquela maluquice. Christopher se mantinha tão frio e distante quanto possível, sempre dando alfinetadas, criticando e veladamente desdenhando da nova empregada. Simultaneamente, era cada vez mais ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 447



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  • vondyfforever Postado em 25/05/2016 - 18:56:22

    Eeeei volte

  • ✌Ask✌ Postado em 05/10/2015 - 02:19:30

  • #Pequena_Girl Postado em 20/08/2015 - 19:03:06

    Por que você não continua????

  • jhessyvondy Postado em 18/08/2015 - 01:54:13

    Dulce só pode estar louca de ir falar coma BBelinda , deixa ela saber que a Belinda tem parcela de culpa na parte dela ir embora , ai chorei com a história do Guilherme tadinho , cara ficarei bem feliz se o Christopher desse atenção pra os filhos , pq tenho quase certeza que vondy não voltar a ficar junto por um tempo :((((( cooontinua

  • #Pequena_Girl Postado em 16/08/2015 - 21:03:05

    Oi leitora nova gatita a fanfic eh vondy quer dizer no final de tudo ele vai ficar com a Dul neh

  • vondyfforever Postado em 14/08/2015 - 14:57:32

    Que bom que vc voltoooo! Amandooo postaa maiss! Que bom que eles estao se entendendoo! *-*-*-*-**-*-*-*--*-**-

  • jhessyvondy Postado em 14/08/2015 - 14:45:31

    UAL que bom qe você voltou . Naomi ra viva ? Não creio , adorei os vondys nesse astral lindo , cooooontinu

  • PamLopes Postado em 14/08/2015 - 12:05:43

    Ainda bem que vc voltou a postar adorei....continue

  • vondyfforever Postado em 09/02/2015 - 01:11:37

    Omg! Serioo nao intendi muitok o fiNal estou confusa era o Christopher que ela estava falandoAi meu deus ansiosaa para a parte 2 e ve no que vai dar. Postee logooo

  • luanavondy Postado em 08/02/2015 - 23:39:15

    ansiosíssima pela parte 2.quantas emoções eu não esperava por isso. qual será o destino dos personagens? Posta mais!! estou muito feliz por vc ter voltado a posta. amo sua web


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